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Girl-Friday*

“I mean”, she said, “that one can’t help growing older.” “ One can’t, perhaps”, said Humpty Dumpty; “but two can.” With proper assistance, you might have left off at seven.”

(Through the looking-glass and what Alice found there)

O reverendo Charles Dodgson talvez não quisesse dizer que as mulheres deveriam deixar a vida aos sete anos – com uma pequena ajuda dos amigos – mas ele certamente considerava as mulheres adultas pouco interessantes. Ainda que não cheguem a esse extremo, a maioria dos homens nas sociedades ocidentais vem percebendo as mulheres como crianças há muito tempo – e tratando-as como tais. Delas não se espera que tenham os mesmos direitos ou responsabilidades atribuídos aos homens e, nesse sentido, são ou foram consideradas legalmente menores , tanto como são consideradas uma minoria . Minoridade que elas têm compartilhado com outras minorias, tribais ou étnicas.

Assim, é irônico e talvez significativo que a expressão Girl-Friday tenha sido cunhada (como nos informa o American Heritage Dictionary ) por analogia com o termo Man-Friday , “o devotado criado nativo” de Robinson Crusoé.

Nativa no mundo doméstico, a mulher será uma Girl-Friday natural?

Helen Pierson sentia que era e é como tal que ela descreve a si mesma à época em que viveu no Brasil, nos anos quarenta, ajudando a seu marido, o sociólogo e antropólogo Donald Pierson (e outros) a implementarem suas carreiras. Sua história de vida, sua auto-definição como uma ajudante , me fizeram pensar também a respeito de outras mulheres que fizeram pesquisa no país na época, num tempo que também é percebido como a “infância” da disciplina antropologia.1 1 Elas foram muitas, algumas quase esquecidas hoje, e aqui posso apenas relembrar alguns nomes: Dina Dreyfus, na época Dina Lévi-Strauss, Frances Herskovits, Cecilia Wagley, Yolanda Murphy. O que todas tem em comum é terem sido parceiras de seus maridos, ainda que muitas delas fossem profissionalmente treinadas. Maior, no entanto, é o número das jovens que iniciaram como antropólogas e a abandonaram ao casar.

O que a história de Helen sugere é que existe um dilema embutido nessa auto-representação e na representação externa, ou fantasia, de mulheres como eternas meninas. Levando em conta que em nossa sociedade as mulheres só atingem adequadamente a idade adulta quando se transformam em esposas e mães, uma mulher que não o faça pode descobrir que é vista como uma eterna adolescente – quando vistas sob uma luz favorável. Por outro lado, podemos nos perguntar se as mulheres que não se concebem a si próprias como futuras esposas ou mães não caem elas mesmas na armadilha de se definirem como adolescentes por um tempo mais longo do que a idade o permite.

Assim, a questão colocada pela conferência (“é possível conceber a ‘meninice’ de outro modo que não apenas como um estágio preparatório para a idade adulta no caso das mulheres?”) pode ser respondida através do estudo de um exemplo no qual a meninice será considerada como uma definição alternativa da idade adulta para algumas mulheres.

Helen

Começando com a história de Helen, hoje uma senhora de noventa anos: nunca a encontrei pessoalmente, mas ela me escreveu uma carta muito carinhosa dois anos atrás, na qual contava alguma coisa sobre sua estadia no Brasil. Foi nessa carta que ela se descreveu como uma “Girl-Friday”, dizendo: “O meu marido foi sempre tão ocupado com os principais aspectos dos vários programas dele, que não sobrava tempo para ele cuidar de certos pequenos pormenores a respeito, sem roubar tempo dos afazeres mais importantes.”2 2 Dona Helen escreve em português, mas as entradas de seu diário estão em inglês. Em seguida, ela lista uma série surpreendente desses “pequenos pormenores” – que iam desde seu trabalho como esposa, passando pela ajuda aos estudantes do marido no aprendizado da língua inglesa, ou a ele próprio na preparação de bibliografias e referências, até, e mais importante, suas atividades como como companheira de Pierson em seu trabalho de campo no país.

Vejamos a transcrição de alguns trechos de seu diário dos anos 1947 e 1948 quando ela, o marido e alguns estudantes estavam pesquisando numa cidadezinha perto de São Paulo, preparando um dos famosos “estudos de comunidades” da época.3 3 Ver Donald Pierson, Cruz das Almas, a Brazilian Village , Smithsonian Institution of Social Anthropology, Publication n. 12, Washington D.C., 1951. Suas observações são muito vívidas quando comparadas com as análises mais elaboradas feitas pelos sociólogos do período. Mas não tinha ela mesma se definido como não sendo antropóloga nem socióloga e recebido seu grau universitário em Economia Doméstica? As entradas de seu diário que ela escolheu transcrever na carta mostram uma mulher extremamente disposta – conseguindo comida para a casa dos pesquisadores, entrevistando pessoas da vizinhança, anotando essas entrevistas e discutindo essas notas à noite, no que ela chamava de “conselho de guerra” – mas, sobretudo, sendo a muié do jipe , isto é, a encarregada de dirigir, e consertar, o jipe que a Smithsonian Institution tinha doado a seus pesquisadores.

Algumas das dificuldades que ela encontrava nessas tarefas ainda nos são familiares: estradas lamacentas, compromissos e entrevistas adiados, dias chuvosos no verão... O que é novo é o modo como ela as enfrentava: de uma maneira decidida que parece hoje, retrospectivamente, muito “americana” e que certamente parecia também estranha para os habitantes locais, especialmente para as mulheres da zona rural nos anos quarenta. Com certeza não havia outra muié do jipe na cidade.

Ela escreve em 17 de dezembro de 1947: “De pé às 6:45. Café da manhã atrasado porque não temos leite. Alice finalmente consegue dois litros e, com suco de laranja, pão, café com leite e cereais para Donald e Carlos nos arranjamos. (...) Um pequeno descanso depois do almoço e estamos prontos para o trabalho: Mirtes ocupada datilografando notas, Donald na sua escrivaninha, Carlos fora para visitar dona Ida e eu fazendo ‘uma coisa e outra’. A chuva começou ali pelas 3. Depois do jantar, D. Faustina veio nos visitar. Quando ela se foi, fizemos anotações.”

Dezembro, 18: “Tempo pouco propício para visita aos sítios. Depois do café da manhã fizemos um ‘conselho de guerra’. Trabalho com questionários. À tarde, o Sr. Honório faz uma visita longa. Mirtes toma notas na estrada. Eu começo a fazer as cortinas para nossas cômodas de caixas. Alice consegue fazer o jantar apesar de ter passado a tarde ‘extraindo’ toucinho de um porco que compramos. (...) Na cama às nove, tendo acordado às 5:30”.

Dezembro, 23: “Alice chega às 5:30. O dia promete ser estável e ela volta para casa para matar e trazer três galinhas para Carlos. Fazemos as malas e tomamos café. Saímos às 8:30. Estrada para São Roque ainda muito enlameada em vários lugares. Preciso viajar a maior parte do tempo em marcha lenta e intermediária. Levo 1 hora exata para fazer 20 quilômetros.”

A maior parte das primeiras anotações são desse tipo: as horas do dia num lugar estranho marcado pelas refeições, as tarefas domésticas misturadas às visitas descansadas dos habitantes locais, às entrevistas e ao trabalho de registrá-las e discuti-las. Tudo merece ser registrado porque tudo é novo: o tempo, os animais, a comida, as pessoas na igreja, nas festas. As pessoas parecem fazer desse novo cenário e de fato aparecem nele com a mesma regularidade que os outros itens do discurso. Nenhuma novidade nisto: compare-se essas observações, por exemplo, com as feitas por uma antropóloga profissionalmente treinada, Edith Turner, escrevendo sobre sua primeira visita à África com seu marido Victor Turner.4 4 Ver E. Turner, The spirit and the drum , a memoir of Africa, The University of Arizona Press, Tucson, 1987.

Conforma a pesquisa avança, entretanto, as pessoas começam a dominar a cena e cada vez mais vemos Helen e as pesquisadoras, estudantes do professor Pierson, dedicando seu tempo a visitar ou ajudar as mulheres da “comunidade”.

Janeiro, 7: “O tempo continua claro e muito quente. (...) Hoje acordamos cedo e fomos ao sítio de Antonio Vieira e Goes a poucos quilômetros na direção de São João. Donald e Carlos fizeram uma longa e quente caminhada no campo para falar com o senhor, mas o acharam um bom informante. Mirtes e eu também obtivemos dados interessantes com D. Joaquina, D. Julieta e Tereza. Passamos a tarde como de hábito, tomando notas.”

Janeiro, 23: “Lisette e eu compramos chapéus de palha de abas largas e com Mirtes vamos as três ver D. Gertrudes e de lá até D. Benedita, onde entregamos a ampliação da foto das crianças.”

Janeiro, 24: “Entrevista muito boa com D. Francisca.”

Janeiro, 28: “D. Carmelita precisava consultar uma parteira em São Roque (...). Outra sobrinha de seu Honório também precisava consultar uma parteira – será que eu podia levar as duas e um menino? Saímos todos às 7:45.”

Dados interessantes: para descobrir o que havia de interessante nos dados, precisamos ler o trabalho publicado que resultou essa pesquisa – mas, lá, todos os traços de sua prosa vívida desaparecem e aquelas experiências foram transformadas em frases do tipo:

“O papel da mulher, quase sem exceção, é exercido no interior e como parte da família. Seu status deriva quase inteiramente de sua atividade ali. Os casos em que pelo menos uma parte do papel feminino se estende para além dos limites da família são poucos: o das parteiras, as duas professoras, as benzedeiras, a principal ajudante da igreja da cidade, que tem o papel preeminente na preparação das procissões, as duas moças que cantam em cerimônias religiosas, a carteira, as poucas mulheres que lavam roupa de vez em quando para outras famílias e as duas moças que trabalham como empregadas. (...) A expectativa fundada nos costumes locais é que todas as moças se casarão.” ( Pierson, 1951PIERSON, Donald. Cruz das Almas, a Brazilian Village. Smithsonian Institution of Social Anthropology, Publication n. 12, Washington D.C., 1951.: 134; 140).

É inevitável que isso ocorra, refletindo a passagem da experiência vivida para o discurso científico. E, ao contrário, de muitos maridos-autores de sua época, o professor Donald Pierson reconheceu a participação de sua esposa como pesquisadora, nomeando-a não apenas por sua ajuda na datilografia ou como esposa. Sob seu próprio nome, no trabalho publicado, estão listados nomes de todos os seus colaboradores, inclusive Helen Batchelor Pierson5 5 Ver Gertrude, “Postface a quelques préface”, Cahiers d’Étude Africaines/65, XVIII (1), 1979, trabalho no qual um coletivo de autoras faz observações irônicas a respeito do uso (então) corrente dos agradecimentos a esposas nos prefácios de seus livros. . O diário de Helen, escrito mais de quarenta anos atrás, e as reminiscências de Pierson sobre sua vida em São Paulo, escritas há pouco tempo6 6 Ver M. Corrêa (org.), História da Antropologia , vol.1, Donald Pierson e Emilio Willems: depoimentos. Ed. Vértice/Ed. da Unicamp, São Paulo/Campinas, 1987. , nos ajudam, entretanto, a perceber alguns traços da comunidade científica da época, tanto quanto seu trabalho nos ajuda a entender as comunidades que ambos estudaram. Com poucas exceções, a pesquisa antropológica era feita por homens: os nomes femininos que sobreviveram em documentos da época eram de esposas, irmãs ou filhas de pesquisadores que eram ou se tornaram conhecidos desde então.

O que a carta de Helen ajuda a explicitar é que, para começar a carreira de pesquisadora, era preciso ser (ou ser vista como) uma menina – quando não se era ainda uma esposa. Tornar-se uma esposa, entretanto, não garantia a continuidade nessa carreira. Os depoimentos de antropólogos da época estão cheios de nomes de mulheres que começaram suas carreiras quando meninas e que, uma vez casadas, as deram por terminadas.7 7 Examinando a lista de nomes femininos que o professor Pierson e outros antropólogos da época relembram como integrantes de suas equipes de pesquisa, é fácil verificar que a maior parte delas era parente, ou tornou-se esposa, dos homens que as acompanhavam no trabalho de campo inicial. Para ficar apenas nos nomes citados aqui, Mirtes era irmã de um dos pesquisares e Lisette veio a se casar com outro.

Duas outras citações do diário de Helen tornam isso mais claro.

Domingo 25 de Janeiro: “Dormimos tarde, Mirtes, Lisette e eu vamos a missa. Mais tarde as meninas e Carlos vão à cerimônia de batismo dos Evangelistas.”

Quinta-feira, 19 de fevereiro: “Nós, as meninas , fomos primeiro à casa de Honorio Camargo. Apenas as duas menininhas estavam em casa e conversamos com elas. Logo D. Antonia chegou. (...) Voltei para visitar D. Josefa e mais tarde as meninas e eu voltamos para casa (...).”

Note-se que todas as senhoras casadas da cidade são chamadas de dona , sinal de respeito mas também de sua posição nas casas visitadas pelos pesquisadores: esposa e mãe, dona é também o diminutivo de dona de casa . Alice, a empregada, e outras jovens eram sempre referidas por seus nomes: Lisette, Mirtes e assim por diante. Helen era provavelmente chamada de dona pelas pessoas da cidade mas refere-se a si mesma como menina , na ocasião e quarenta anos mais tarde, o que parece ser um modo de colocar seu trabalho em pé de igualdade ao feito pelas estudantes orientadas por seu marido.

Antes que se possa dizer que estou lendo demais numa simples carta (ainda que ela tenha doze páginas), examinemos uma outra história antes de voltar ao começo.

Helena

Helena Morley, cujo verdadeiro nome era Alice Dayrell Caldeira Brant, é a autora famosa de um único livro: Minha vida de menina .8 8 O livro foi traduzido para o inglês, pela poeta Elisabeth Bishop, como The Diary of Helen Morley e, por uma dessas coincidências, era um dos livros expostos na feira de livros realizada durante a conferência onde este trabalho foi apresentado. Foi publicado pela primeira vez em 1942 e é uma bela memória da vida de uma menina de treze anos numa cidade pequena do Brasil rural no final do século passado. Seu livro é uma espécie de contraponto ao diário de Helen já que ela registra situações muito parecidas com aquelas anotadas por Helen, mas as registra do ponto de vista dos que eram observados pela esposa de Pierson. Mas ela é também uma excelente observadora e algumas de suas observações são surpreendentes vindas de uma menina de seu tempo e lugar: vivendo numa sociedade caipira exatamente como descrita por Pierson e outros, ela a descreve como uma forasteira como Helen poderia ter feito, com a vantagem de ser uma local. O livro começa quando ela tem treze anos e termina quando ela completa quinze e começa a aprender as boas maneiras de uma mocinha que terminará se casando como a maioria das outras.

Mas no livro ela é sempre uma menina e ainda que a foto da contracapa seja a de uma senhora de seus setenta anos, é como uma menina que ela sobrevive em nossa memória. Uma menina muito diferente das outras que ela descreve e talvez esta seja a razão para o lugar privilegiado que este livro ocupa na literatura brasileira de e sobre mulheres. Seu apelido no colégio era tempestade e sua mãe costumava repetir um ditado popular quando ela vinha para casa, já que passava a maior parte do seu tempo na rua: “A mulher e a galinha/ nunca devem passear;/ a galinha bicho come,/ a mulher dá que falar.” Ela respondia que ninguém poderia mesmo falar de quem ficasse em casa...

Lembro desse livro aqui porque ele parece representar tudo o que é permitido a uma menina por contraste com tudo o que não é permitido a uma mulher: nesse sentido, este livro, de autoria de uma Alice tem um significado semelhante ao de Alice in Wonderland .

Voltando, então, ao começo. Mesmo que a meninice seja um estágio preparatório para a vida adulta das mulheres na maioria dos casos, é também vista como um tempo de liberdade das determinações da vida adulta – o que não é muito diferente do que ocorre com os meninos, só que a literatura sobre eles é mais ampla e mais amplamente divulgada. Mas há uma diferença: no mundo de Peter Pan tudo parece estar de acordo com o mundo real, mesmo as definições de gênero; no mundo de Alice tudo é irreal, inclusive as relações de gênero.

Aqui não é o lugar para desenvolver essa comparação que, de qualquer modo, os críticos literários estão mais capacitados para continuar, mas a referência sugere que a fuga à vinda adulta para as mulheres – com tudo o que a acompanha: casamento, maternidade, trabalho doméstico – é vista como uma impossibilidade lógica e deve ser apresentada na ficção de acordo com a realidade, apenas em ponto menor, a menos que se trate de um mundo tão ilógico como o de Alice.9 9 Não conheço o trabalho de Jean Wyatt, Reconstructing desire: the role of unconscious in women’s reading and writing (U. of N. Carolina Press, 1990), mas parece que em sua análise de Little Women, Heidi e The Wizard of Oz ela tenta justamente captar indícios de uma rebelião contra tal definição.

Em outras palavras, se o mundo da fantasia produzido pelos homens, com a possível exceção de Alice , uma menina é sempre uma mulher em miniatura (como as pintadas por Debret no Brasil colonial), no “mundo real”, uma mulher que não cresce até atingir seu estatuto de adulta, assumindo tudo o que o acompanha, é sempre uma menina. (O tema “crescer e encolher” é por demais conhecido dos leitores de Carroll para necessitar maior ênfase.) O que pode explicar porque era também mais fácil aceitar meninas – ainda que sua idade real estivesse em torno dos vinte anos – como auxiliares nas pesquisas de campo: quando elas crescessem, isto é, casassem, mas especialmente, se tornassem mães, a maioria abandonaria o campo para seus colegas masculinos. O que pode explicar porque Helen chamava a si mesma e às estudantes com quem trabalhava de meninas no seu diário, mas se descrevia, para um olhar estranho, como uma Girl-Friday – não propriamente uma menina, mas ainda parte daquele coletivo de pessoas não inteiramente adultas. O que pode explicar porque ainda nos encantamos com o livro de Helena, ou com Alice: textos que nos abrem um mundo de possibilidades que apenas a lógica ilógica do reverendo Dodgson permite vislumbrar. Isto é, que num mundo diferente deste até as classificações de gênero deverão submeter-se a outras lógicas. Ou, como o Unicórnio disse para Alice: “Well, now that we have seen each other, if you’ll believe in me, I’ll believe in you. Is that a bargain?”10 10 As citações são de The annotated Alice- Alice’s adventures in wonderland & Through the looking glass by Lewis Carroll, with Introduction and notes by Martin Gardner, Forum Books, N.Y., 1970.

Agradecimento

Este texto, com o título “A girl-friday in Brazil & other girls in the woods” foi apresentado na Alice in Wonderland – first international conference on girls and girlhood , em Amsterdam, junho de 1992. Agradeço o apoio do FAEP que permitiu a minha participação e a de outras duas pesquisadoras do PAGU na conferência. O texto é parte de uma pesquisa mais ampla, “Antropólogas e antropologia no Brasil” que vem sendo realizada com o apoio do CNPq.

Referências bibliográficas

  • CARROLL, Lewis. Alice’s adventures in wonderland & Through the looking glass. Introduction and notes by Martin Gardner, Forum Books, N.Y., 1970.
  • CORRÊA, M. (org.) História da Antropologia, vol.1, Donald Pierson e Emilio Willems: depoimentos. São Paulo/Campinas, Ed. Vértice/Ed. da Unicamp, 1987.
  • GERTRUDE. Postface a quelques préface. Cahiers d’Étude Africaines, 65, XVIII (1), 1979 [Postface à quelques préfaces. - Persée (persee.fr) – acesso em: 21 dez. 2023].
  • PIERSON, Donald. Cruz das Almas, a Brazilian Village. Smithsonian Institution of Social Anthropology, Publication n. 12, Washington D.C., 1951.
  • TURNER, E. The spirit and the drum, a memoir of Africa, The University of Arizona Press, Tucson, 1987.
  • WYATT, Jean. Reconstructing desire: the role of unconscious in women’s reading and writing. U. of N. Carolina Press, 1990.
  • 1
    Elas foram muitas, algumas quase esquecidas hoje, e aqui posso apenas relembrar alguns nomes: Dina Dreyfus, na época Dina Lévi-Strauss, Frances Herskovits, Cecilia Wagley, Yolanda Murphy. O que todas tem em comum é terem sido parceiras de seus maridos, ainda que muitas delas fossem profissionalmente treinadas. Maior, no entanto, é o número das jovens que iniciaram como antropólogas e a abandonaram ao casar.
  • 2
    Dona Helen escreve em português, mas as entradas de seu diário estão em inglês.
  • 3
    Ver Donald Pierson, Cruz das Almas, a Brazilian Village , Smithsonian Institution of Social Anthropology, Publication n. 12, Washington D.C., 1951.
  • 4
    Ver E. Turner, The spirit and the drum , a memoir of Africa, The University of Arizona Press, Tucson, 1987.
  • 5
    Ver Gertrude, “Postface a quelques préface”, Cahiers d’Étude Africaines/65, XVIII (1), 1979, trabalho no qual um coletivo de autoras faz observações irônicas a respeito do uso (então) corrente dos agradecimentos a esposas nos prefácios de seus livros.
  • 6
    Ver M. Corrêa (org.), História da Antropologia , vol.1, Donald Pierson e Emilio Willems: depoimentos. Ed. Vértice/Ed. da Unicamp, São Paulo/Campinas, 1987.
  • 7
    Examinando a lista de nomes femininos que o professor Pierson e outros antropólogos da época relembram como integrantes de suas equipes de pesquisa, é fácil verificar que a maior parte delas era parente, ou tornou-se esposa, dos homens que as acompanhavam no trabalho de campo inicial. Para ficar apenas nos nomes citados aqui, Mirtes era irmã de um dos pesquisares e Lisette veio a se casar com outro.
  • 8
    O livro foi traduzido para o inglês, pela poeta Elisabeth Bishop, como The Diary of Helen Morley e, por uma dessas coincidências, era um dos livros expostos na feira de livros realizada durante a conferência onde este trabalho foi apresentado.
  • 9
    Não conheço o trabalho de Jean Wyatt, Reconstructing desire: the role of unconscious in women’s reading and writing (U. of N. Carolina Press, 1990), mas parece que em sua análise de Little Women, Heidi e The Wizard of Oz ela tenta justamente captar indícios de uma rebelião contra tal definição.
  • 10
    As citações são de The annotated Alice- Alice’s adventures in wonderland & Through the looking glass by Lewis Carroll, with Introduction and notes by Martin Gardner, Forum Books, N.Y., 1970.
  • Nota das editoras: a lista de referências bibliográficas não compõe o texto original, que é uma conferência. Foi acrescentada por imposição da Scielo, como condição para publicá-lo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Jan 2024
  • Data do Fascículo
    2023
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