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O consumismo da desinformação em saúde: os abjetos objetos do desejo

Resumo

O desafio de analisar a distorção infodêmica e o ávido consumo das Fake News (FN) está ligado à complexidade das engrenagens de produção, divulgação e contaminação do imaginário social. As modalidades de situações desinformativas e lacunas no arcabouço conceitual desdobram-se em indeterminações, embora pouca atenção se tenha dedicado à recepção das mensagens. O presente ensaio refere-se às circunstâncias tecnológicas e culturais a partir das quais prospera a produção e consumo incoercível da mentira, não raro justificada sob diversos propósitos. Destaca-se a centralidade do engodo em massa como agressão à política e à saúde pública em um contexto sociocultural no qual o vício na excitação tornou-se estruturante. Serão usadas ferramentas analíticas da Filosofia da Excitação de Christoph Tücker para compreender o fenômeno da ininterrupta produção de estímulos e artefatos imagéticos que incitam ao vício nas narrativas de ludíbrio e das interações sem relacionalidade. Conclui-se que no contexto da atual “Idade Mídia”, novas modalidades de ideologia e alienação estão envolvidas em ciclos de consumo. As necessidades da identidade grupal geram discursos sem diálogo e deterioração dos processos comunicativos a partir do qual o poder da convicção impera sobre o factual.

Palavras-chave:
Comunicação em saúde; Mídias sociais; Internet e saúde; Desinformação; Sociedade Excitada

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