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Do empreendedor de si mesmo à medicalização da performance: reflexões sobre a flexibilização no mundo do trabalho

Resumo

O presente ensaio crítico-reflexivo busca discutir a medicalização da performance a partir de reflexões sobre a flexibilização no mundo do trabalho e o fenômeno do empreendedorismo de si. Em um contexto de financeirização da economia, reestruturação produtiva e fragilização do Estado como esfera garantidora dos direitos sociais, impera a precarização e a informalidade, onde a flexibilização do trabalho ocorre em consonância com estratégias político-ideológicas de inspiração neoliberal. Emergem então, modos de individualização atrelados à construção de um trabalhador disposto a desenvolver variadas habilidades, que passa a ser um potencial empreendimento e ter como princípio a mesma dinâmica mercadológica deste. O empreendedor de si mesmo precisa investir em si para manter-se valorizado e em boas condições de funcionamento, de modo a evitar a sua descapitalização. Para dar condições ao sujeito de sustentar a imagem de sucesso e de autor de sua própria história, a utilização de medicamentos, estimulantes e polivitamínicos, tem sido usada como estratégia em busca de alta performance. Problematizar os “empreendedores de si”, as novas formas de subjetivação e o sofrimento advindo destas, bem como a maquinaria que os produzem é necessário, e se constitui um desafio para a saúde coletiva.

Palavras-chave:
Mercado de trabalho; Substâncias para melhoria do desempenho; Saúde Pública

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