Este estudo relata a primeira ocorrência da fauna Ediacarana no Nordeste do Brasil (Município de Pacujá, noroeste do Estado do Ceará) e apresenta interpretações preliminares de seu significado. A correlação regional indica que os fósseis se originaram na Bacia do Jaibaras e que podem representar um novo sistema geológico. O ambiente de deposição pode ser atribuído a um sistema transicional. Nove espécies Ediacaranas podem ser identificadas, incluindo membros de grupos pandêmicos (ex. Charniodiscus arboreus Glaessner, 1959; ?Charniodiscus concentricus Ford, 1958; Cyclomedusa davidi Sprigg, 1947; Ediacaria flindersi Sprigg, 1947; e Medusinites asteroides Sprigg, 1949) e grupos endêmicos (ex. Kimberella quadrata Glaessner & Wade, 1966Glaessner MF and Wade M. 1966. The late Precambrian fossils from Ediacara, South Australia. Paleontology 9: 599-628.; Palaeophragmodictya reticulata Gehling & Rigby, 1996Gehling JG and Rigby JK. 1996. Long expected sponges from the Neoproterozoic Ediacara Fauna of South Australia. J Paleontol 70: 185-195.; Parvancorina minchami Glaessner, 1958; e Pectinifrons abyssalis Bamforth, Narbonne, Anderson 2008Bamforth EL, Narbonne GM and Anderson MM. 2008. Growth and ecology of multi-branched Ediacaran Rangeomorph from Mistaken Point assemblage, Neufoundland. J Paleontol 82: 763-777.). Três icnogêneros também estão presentes: Arenicolites Salter, 1857; Palaeophycus Hall, 1987; e Planolites Nicholson, 1873. A idade relativa dos depósitos está entre o ?Ediacarano e Cambriano, e a fauna assemelhase a Assembleia White Sea. A bioturbação apresenta típicos icnogêneros Ediacara não ramificados com pouca profundidade no substrato. Esta ocorrência até então desconhecida da fauna de Ediacarano reforça a importância do Estado do Ceará para a paleontologia brasileira e global.
Brasil; estado do Ceará; fauna de Ediacara; ambiente transicional; Assembleia White Sea.
