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Causas Múltiplas de Morte Associadas à Parada Cardiorrespiratória Pediátrica de 1996 a 2019 no Brasil

Resumo

Fundamento:

Em pediatria, a parada cardiorrespiratória (PCR) está associada a alta mortalidade e graves sequelas neurológicas. Informações sobre as causas e mecanismos de morte abaixo de 20 anos poderiam fornecer subsídios teóricos para a melhoria da saúde de crianças e adolescentes.

Objetivos:

Realizar uma análise populacional das taxas de mortalidade por causas primárias e múltiplas de morte abaixo de 20 anos, em ambos os sexos, no período de 1996 a 2019, no Brasil, e identificar a frequência com que a PCR foi registrada nas declarações de óbito (DOs) desses indivíduos e os locais de ocorrência dos óbitos, a fim de promover estratégias para melhorar a prevenção de mortes.

Método:

Estudo ecológico de séries temporais de óbitos em indivíduos menores de 20 anos, no período de 1996 a 2019, avaliando as taxas de mortalidade (TMs) e a mortalidade proporcional (MP) por causa básica de morte. Foram analisados os percentuais de PCR registrados em qualquer linha da DO e o local de ocorrência dos óbitos. Foram calculadas as TMs por 100 mil habitantes e a MP por causa básica de morte nos menores de 20 anos segundo sexo e faixa etária, os percentuais de óbito por causas básicas por faixa etária quando a PCR foi descrita em qualquer linha das Partes I e II da DO, e o percentual de óbitos por causas básicas segundo o local de ocorrência. Os dados foram retirados do DATASUS, IBGE e SINASC.

Resultados:

De 1996 a 2019, ocorreram 2.151.716 óbitos de menores de 20 anos, no Brasil, gerando uma taxa de mortalidade de 134,38 por 100 mil habitantes. A taxa de óbito foi maior entre os recém-nascidos do sexo masculino. Do total de óbitos, 249.334 (11,6%) tiveram PCR registrada em qualquer linha da DO. Especificamente, a PCR foi registrada 49.178 vezes na DO na faixa etária entre 1 e 4 anos e em 88.116 vezes entre 29 e 365 dias, correspondendo, respectivamente, a 26% e 22% dos óbitos nessas faixas etárias. Essas duas faixas etárias apresentaram as maiores taxas de PCR registradas em qualquer linha da DO. As principais causas básicas de óbito quando a PCR foi registrada na sequência de óbitos foram doenças respiratórias, hematológicas e neoplásicas.

Conclusão:

As causas perinatais e externas foram as principais causas de morte, com maior TM nos menores de 20 anos no Brasil de 1996 a 2019. Quando consideradas as causas múltiplas de morte, as principais causas primárias associadas à PCR foram as doenças respiratórias, hematológicas e neoplásicas. A maioria dos óbitos ocorreu no ambiente hospitalar. Melhor compreensão da sequência de eventos nesses óbitos e melhorias nas estratégias de ensino em ressuscitação cardiopulmonar pediátrica são necessárias.

Palavras-chave:
Causas Múltiplas de Morte; Parada Cardiorrespiratória Pediátrica; Brasil

Abstract

Background:

In pediatrics, cardiopulmonary arrest (CPA) is associated with high mortality and severe neurologic sequelae. Information on the causes and mechanisms of death below the age of 20 years could provide theoretical support for health improvement among children and adolescents.

Objectives:

To conduct a population analysis of mortality rates due to primary and multiple causes of death below the age of 20 years in both sexes from 1996 to 2019 in Brazil, and identify the frequency in which CPA was recorded in the death certificates (DCs) of these individuals and the locations where the deaths occurred, in order to promote strategies to improve the prevention of deaths.

Method:

Ecological time-series study of deaths below the age of 20 years from 1996 to 2019, evaluating the mortality rates (MRs) and proportional mortality (PM) by primary cause of death. We analyzed the percentages of CPA recorded in any line of the DC and the location where the deaths occurred. We calculated the MRs per 100,000 inhabitants and the PM by primary cause of death under the age of 20 years according to sex and age group, the percentages of death from primary causes by age group when CPA was described in any line of Parts I and II of the DC, and the percentage of deaths from primary causes according to their location of occurrence. We retrieved the data from DATASUS, IBGE, and SINASC.

Results:

From 1996 to 2019, there were 2,151,716 deaths below the age of 20 years in Brazil, yielding a mortality rate of 134.38 per 100,000 inhabitants. The death rate was highest among male neonates. Of all deaths, 249,334 (11.6%) had CPA recorded in any line of the DC. Specifically, CPA was recorded in 49,178 DCs between the ages of 1 and 4 years and in 88,116 of those between the ages of 29 and 365 days, corresponding, respectively, to 26% and 22% of the deaths in these age groups. These two age groups had the highest rates of CPA recorded in any line of the DC. The main primary causes of death when CPA was recorded in the sequence of death were respiratory, hematologic, and neoplastic diseases.

Conclusion:

Perinatal and external causes were the primary causes of death, with highest MRs under the age of 20 years in Brazil from 1996 to 2019. When multiple causes of death were considered, the main primary causes associated with CPA were respiratory, hematologic, and neoplastic diseases. Most deaths occurred in the hospital environment. Better understanding of the sequence of events in these deaths and improvements in teaching strategies in pediatric cardiopulmonary resuscitation are needed.

Keywords:
Multiple Causes of Death; Pediatric Cardiopulmonary Arrest; Brazil


DO: declaração de óbito; PCA: parada cardiorrespiratória.

Introdução

Nas últimas duas décadas, observou-se uma redução de quase 50% na ocorrência de óbitos nos menores de 20 anos em todo o mundo. No mesmo período e faixa etária no Brasil, a taxa de mortalidade caiu de 303,9 para 140,2 por 100 mil habitantes. Essa diminuição da mortalidade pode ser atribuída à redução das causas infecciosas de morte e à melhoria da saúde e da promoção da assistência.11 Salim TR, Andrade TM, Klein CH, Oliveira GMM. Inequalities in Mortality Rates from Malformations of Circulatory System Between Brazilian Macroregions in Individuals Younger Than 20 Years. Arq Bras Cardiol. 2020;115(6):1164-73. doi: 10.36660/abc.20190351.
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2 Shimoda-Sakano TM, Schvartsman C, Reis AG. Epidemiology of Pediatric Cardiopulmonary Resuscitation. J Pediatr. 2020;96(4):409-21. doi: 10.1016/j.jped.2019.08.004.
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3 Sutton RM, Reeder RW, Landis WP, Meert KL, Yates AR, Morgan RW, et al. Ventilation Rates and Pediatric In-Hospital Cardiac Arrest Survival Outcomes. Crit Care Med. 2019;47(11):1627-36. doi: 10.1097/CCM.0000000000003898.
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-44 Bhanji F, Topjian AA, Nadkarni VM, Praestgaard AH, Hunt EA, Cheng A, et al. Survival Rates Following Pediatric In-Hospital Cardiac Arrests During Nights and Weekends. JAMA Pediatr. 2017;171(1):39-45. doi: 10.1001/jamapediatrics.2016.2535.
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Ainda assim, a maioria desses óbitos poderia ter sido evitada por meio de ações que envolvessem diagnóstico, tratamento precoce e reversibilidade do mecanismo final de morte, a parada cardiorrespiratória (PCR).11 Salim TR, Andrade TM, Klein CH, Oliveira GMM. Inequalities in Mortality Rates from Malformations of Circulatory System Between Brazilian Macroregions in Individuals Younger Than 20 Years. Arq Bras Cardiol. 2020;115(6):1164-73. doi: 10.36660/abc.20190351.
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A etiologia da PCR difere entre as populações pediátrica e adulta, com maior mortalidade e sequelas neurológicas graves na primeira. Em pacientes pediátricos, os eventos de PCR ocorrem principalmente nos menores de 1 ano de idade e estão associados a uma taxa de mortalidade de 46,8%. Notavelmente, as chances de reverter um evento de PCR diminuem com a idade, com as taxas de mortalidade aumentando de 58,8% em crianças de 1 a 2 anos para 70% entre indivíduos de 12 a 17 anos.22 Shimoda-Sakano TM, Schvartsman C, Reis AG. Epidemiology of Pediatric Cardiopulmonary Resuscitation. J Pediatr. 2020;96(4):409-21. doi: 10.1016/j.jped.2019.08.004.
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Ainda, na pediatria, a PCR ocorre mais frequentemente no ambiente hospitalar. Estudos internacionais relataram taxas de sobrevida na alta hospitalar após PCR de 32% a 40% em crianças, indicando que, na maioria dos casos, a morte não poderia ter sido evitada mesmo em um ambiente com recursos disponíveis para reversão e tratamento da PCR, apontando preparo inadequado dos profissionais responsáveis.33 Sutton RM, Reeder RW, Landis WP, Meert KL, Yates AR, Morgan RW, et al. Ventilation Rates and Pediatric In-Hospital Cardiac Arrest Survival Outcomes. Crit Care Med. 2019;47(11):1627-36. doi: 10.1097/CCM.0000000000003898.
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,44 Bhanji F, Topjian AA, Nadkarni VM, Praestgaard AH, Hunt EA, Cheng A, et al. Survival Rates Following Pediatric In-Hospital Cardiac Arrests During Nights and Weekends. JAMA Pediatr. 2017;171(1):39-45. doi: 10.1001/jamapediatrics.2016.2535.
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Informações elucidando as causas e os mecanismos de morte em menores de 20 anos poderiam fornecer subsídios teóricos para a melhoria da saúde de crianças e adolescentes e aumentar as taxas de reversibilidade da PCR, uma vez conhecidas as condições mais associadas a esse evento. Estudos sobre o tema estão disponíveis na literatura, mas incluíram amostras pequenas, e nenhum analisou a associação entre PCR e doenças existentes antes da PCR, fatores limitantes para intervir e reverter um evento de PCR.55 Reis AG, Nadkarni V, Perondi MB, Grisi S, Berg RA. A Prospective Investigation into the Epidemiology of In-hospital Pediatric Cardiopulmonary Resuscitation Using the International Utstein Reporting Style. Pediatrics. 2002;109(2):200-9. doi: 10.1542/peds.109.2.200.
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,66 Shimoda-Sakano TM, Paiva EF, Bello FPS, Schvartsman C, Reis AG. Análise Descritiva da Ressuscitação Cardiopulmonar Pediátrica em Hospital Terciário: Estudo Piloto. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Pediatria; 2018.

Dessa forma, o objetivo deste estudo foi realizar uma análise populacional para compreender as taxas de mortalidade por causas primárias e múltiplas de morte nos menores de 20 anos, em ambos os sexos, no período de 1996 a 2019 no Brasil, e identificar a frequência de PCR registrada nas declarações de óbito (DOs) desses indivíduos e os locais de ocorrência dos óbitos, a fim de promover estratégias para melhorar a prevenção de mortes.

Material e Métodos

Estudo ecológico de séries temporais de óbitos ocorridos de 1996 a 2019 nos menores de 20 anos no Brasil, avaliando as taxas de mortalidade e a mortalidade proporcional por causa básica de morte. Foram analisados os percentuais de PCR registrados em qualquer linha da DO e o local de ocorrência dos óbitos.

Além de conter informações básicas de identificação do indivíduo, a DO é composta por duas partes. A Parte I, composta por quatro linhas (a, b, c e d), descreve a doença que causou diretamente o óbito e as causas antecedentes, por meio da causa primária, intermediária e imediata do óbito. A Parte II descreve outras condições que não entraram na sequência do óbito, mas que contribuíram para essa morte.

No presente estudo, os dados referentes aos óbitos foram obtidos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), disponível no site do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS).77 Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2024 [cited 2021 Oct 14]. Available from: https://datasus.saude.gov.br/.
https://datasus.saude.gov.br/...
Esses conjuntos de informações compõem uma combinação de todas as DOs registradas no Brasil de 1996 a 2019, ano a ano, por Unidade da Federação. As causas básicas de morte foram registradas utilizando-se códigos da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, 10ª Revisão (CID-10) da Organização Mundial da Saúde.88 Organização Mundial de Saúde. Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde: Classificação Internacional de Doenças. São Paulo: EDUSP; 1995. Todos os arquivos foram convertidos para análise por meio do software Tab for Windows, versão 4.15 (DATASUS). Os dados, de ambos os sexos, foram coletados nas seguintes faixas etárias: (1) neonatos (até 28 dias de vida), (2) 29 a 365 dias de vida, (3) 1 a 4 anos, (4) 5 a 9 anos, (5) 10 a 14 anos e (6) 15 a 19 anos, seguindo o padrão proposto pela Organização Mundial da Saúde.

As informações populacionais, que foram utilizadas no estudo para o cálculo das taxas de mortalidade, são projeções de cálculos estatísticos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).99 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica. Projeções Populacionais Brasil de 1980-2050. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica; 2024. Eles são baseados em censos, que estão disponíveis de 1980 a 2050 por macrorregião brasileira, sexo, faixa etária e por totais. Foram utilizadas projeções de 1996 a 2019 referentes às faixas etárias de 0 a 4 anos (excluindo nascidos vivos ocorridos no período), 5 a 9 anos, 10 a 14 anos e 15 a 19 anos, em ambos os sexos e em cada estado brasileiro. Para as idades menores de 1 ano, utilizou-se o número de nascidos vivos disponível no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC).1010 Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS. Sistema de Informações de Mortalidade - SIM. Brasília: Ministério da Saúde; 2022.

O estudo foi realizado de acordo com os princípios éticos e, por se fundamentar em bases de dados nacionais não identificadas disponíveis no site do DATASUS, foi dispensado de aprovação pelo comitê de ética e pesquisa, de acordo com a resolução 466/2012.

Foram utilizados os seguintes códigos da CID-10 para causas preveníveis por meio de medidas adequadas de prevenção e controle da saúde e atenção às doenças infecciosas e não transmissíveis: doenças infecciosas e parasitárias (A15 a A18, G00.1 a G03, L02 a L08, J00 a J06, J10 a J18, J20 a J22, N70 a N76, N39.0, I00 a I09, A00 a A09, A20 a A28, A30, A50 a A59, A63 a A64, A90 a A99, A75 a A79, A82, B03, B15, B17 a B19, B20 a B24, B50 a B83, B90 e B99), neoplasias (todos os códigos do Capítulo II) e doenças do sangue (todos os códigos do Capítulo III), doenças endócrinas (E01 a E05, E10 a E14 e E66), perturbações mentais (F00 a F99), doenças do sistema nervoso (todos os códigos do Capítulo VI), doenças do aparelho circulatório (Capítulo IX, agrupados em febre reumática I00 a I09, doenças hipertensivas I10 a I15, cardiopatias isquêmicas I20 a I25, cardiopatias pulmonares I26 a I28, doenças do pericárdio I30 a I32, doenças valvares I33 a I39, miocardite I40 a I41, cardiomiopatias I42 a I43, distúrbios de condução I44 a I49, insuficiência cardíaca I50, complicações de doenças cardíacas I51 a I52, doenças cerebrovasculares I60 a I69, doenças vasculares I70 a I89, distúrbios não especificados do sistema circulatório I95 a I99) e parada cardíaca (I46, I46.0, I46.1 e I46.9).1111 Malta DC, Monteiro L, Moura L, Lansky S, Leal MC, Szwarcwald CL, et al. Atualização da Lista de Causas de Mortes Evitáveis por Intervenções do Sistema Único de Saúde do Brasil. Epidemiol Serv Saúde. 2010;19(2):173-6. doi: 10.5123/S1679-49742010000200010.
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,1212 Malta DC, França E, Abreu DX, Oliveira H, Monteiro RA, Sardinha LMV, et al. Atualização da Lista de Causas de Mortes Evitáveis (5 a 74 Anos de Idade) por Intervenções do Sistema Único de Saúde do Brasil. Epidemiol Serv Saúde. 2011;20(3):409-12. doi: 10.5123/S1679-49742011000300016.
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Quanto às causas primárias, foram utilizados todos os códigos dos capítulos I, II, III, IV, V, VI, VII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XVI, XIX, XX, XXI e XXII e os códigos Q00 a Q18, Q30 a Q99 e Q20 a Q28.9.

Foram calculadas as taxas de mortalidade por 100 mil habitantes e a mortalidade proporcional por causa básica de morte, segundo sexo e faixa etária inferior a 20 anos. Também foram estimados, por faixa etária, os percentuais de óbitos por causas básicas quando a PCR foi registrada em qualquer linha das Partes I e II da DO e os percentuais de óbitos por causas básicas, segundo o local de ocorrência, quando a PCR foi registrada na sequência de óbitos. Os locais de óbito foram agrupados em ocorridos (1) no ambiente hospitalar, para óbitos ocorridos em hospital ou outro serviço de saúde; (2) fora do ambiente hospitalar, para óbitos ocorridos no domicílio, em via pública ou em local desconhecido; e (3) perdas, quando o local do óbito não foi mencionado na DO.

Vale ressaltar que a PCR é um mecanismo de morte e deve ter etiologia atribuída, que deve ser descrita como causa básica de morte na DO. Portanto, a PCR foi considerada neste estudo como um evento descrito na DO e assistida pelo médico declarante, a fim de avaliar sua ocorrência na sequência de óbitos. Analisamos o registro da PCR utilizando os códigos I46, I46.0, I46.1 e I46.9 em qualquer uma das linhas das Partes I (a, b, c e d) e II da DO. Ao final da análise, todas as causas registradas independentemente em cada linha foram somadas para análise das causas múltiplas de morte quando a PCR foi descrita em qualquer linha das Partes I e II.

As análises foram realizadas utilizando-se os programas Microsoft Excel1313 Microsoft Corporation. Microsoft Excel. Version 2016. Redmond: Microsoft; 2016. e Stata, versão 14.1414 Statistics/Data Analysis. STATA, Version 14. Austin: University of Texas; 2013.

Resultados

De 1996 a 2019, ocorreram 2.151.716 óbitos de menores de 20 anos no Brasil, gerando uma taxa de mortalidade de 134,38 por 100 mil habitantes. A taxa de óbito foi maior entre os recém-nascidos do sexo masculino, independentemente da causa básica de morte. Do total de óbitos, 249.334 (11,6%) tiveram a PCR registrada em qualquer linha da DO, como mostra a Figura Central. Especificamente, a PCR foi registrada 49.178 vezes na DO na faixa etária entre 1 e 4 anos e em 88.116 vezes entre 29 e 365 dias, correspondendo, respectivamente, a 26% e 22% dos óbitos nessas faixas etárias. Essas duas faixas etárias apresentaram as maiores taxas de PCR registradas em qualquer linha da DO.

As Tabelas 1 e 2 mostram as taxas de mortalidade e a mortalidade proporcional por causa básica de óbito segundo faixa etária no sexo masculino e feminino, respectivamente. Entre as causas básicas de morte no sexo masculino, os maiores percentuais de mortalidade proporcional foram as causas perinatais em neonatos e as doenças infecciosas e parasitárias nos menores de 1 ano, exceto para os neonatos. As causas externas de morte predominaram nas demais faixas etárias. No sexo feminino, as doenças do aparelho respiratório foram pronunciadas entre as idades de 1 a 4 anos, e as causas externas foram as principais causas de morte acima dos 5 anos.

Tabela 1
Mortalidade proporcional e taxas de mortalidade segundo grupos de causas primárias e de idade, em menores de 20 anos, no sexo masculino, no Brasil, de 1996 a 2019
Tabela 2
Mortalidade proporcional e taxas de mortalidade segundo grupos de causas primárias e de idade, em menores de 20 anos, no sexo feminino, no Brasil, de 1996 a 2019

A Figura 1 mostra as causas básicas de óbito quando a PCR foi registrada em qualquer linha da DO, ou seja, quando o indivíduo apresentou esse evento na sequência de óbito. As principais causas de morte no Brasil nos menores de 20 anos foram as doenças do aparelho respiratório, seguidas pelas doenças do sistema nervoso. No entanto, quando cada faixa etária foi analisada individualmente, observaram-se diferenças entre as causas básicas de óbito. Especificamente, as principais causas de morte foram as perinatais no período neonatal (Suplemento – Figura 1) e as doenças do aparelho respiratório em crianças menores de 5 anos (Suplemento – Figuras 2 e 3).

Figura 1
Taxas de causas múltiplas de óbito associadas à parada cardiorrespiratória em menores de 20 anos, no Brasil, de 1996 a 2019. DAC: doenças do aparelho circulatório; MAC: malformações do aparelho circulatório; Outras MC: outras malformações congênitas, excluindo as MAC.

As principais causas básicas de morte quando a PCR foi registrada na sequência do óbito foram as doenças neoplásicas e hematológicas na faixa etária de 5 a 14 anos (Suplemento – Figuras 4 e 5) e as causas externas em adolescentes de 15 a 19 anos (Suplemento – Figura 6). Assim, em indivíduos maiores de 5 anos, a PCR ocorreu principalmente por causas não respiratórias.

Quando analisamos a frequência das causas básicas de óbito, segundo o local de ocorrência, quando a PCR foi registrada na sequência de óbitos, no mesmo período, no Brasil e nos menores de 20 anos de idade, observamos que 83% dos óbitos ocorreram no ambiente hospitalar, enquanto 16% ocorreram fora do ambiente hospitalar. Em 1% dos casos, o local do óbito não foi informado. As principais causas básicas de morte no ambiente hospitalar foram as neoplásicas e hematológicas, as malformações do aparelho circulatório e as doenças infecciosas e parasitárias, enquanto as que ocorreram fora do ambiente hospitalar foram as doenças do sistema nervoso e as doenças do aparelho circulatório, como mostra a Figura 2.

Figura 2
Taxas de causas múltiplas de óbito associadas à parada cardiorrespiratória segundo o local de ocorrência, no Brasil, de 1996 a 2019, em menores de 20 anos. DAC: doenças do aparelho circulatório; MAC: malformações do aparelho circulatório; Outras MC: outras malformações congênitas, excluindo as MAC.

Discussão

Foram identificados quatro padrões de distribuição das principais causas básicas de morte nos menores de 20 anos de 1996 a 2019 no Brasil, quando a PCR foi registrada na sequência do óbito: causas perinatais no período neonatal, doenças do aparelho respiratório abaixo de 5 anos, doenças neoplásicas e hematológicas entre 5 e 14 anos, e causas externas em adolescentes de 15 a 19 anos. O principal local de ocorrência dos óbitos foi em ambiente hospitalar.

Apesar do declínio global da mortalidade infantil nas últimas décadas, particularmente com a redução do componente pós-neonatal, o componente neonatal sofreu poucas variações, o que se reflete na maior mortalidade proporcional por causas perinatais de óbito e maior taxa de mortalidade neonatal, em ambos os sexos, como encontramos no presente estudo.1515 GBD 2019 Under-5 Mortality Collaborators. Global, Regional, and National Progress Towards Sustainable Development Goal 3.2 for Neonatal and Child Health: All-cause and Cause-specific Mortality Findings from the Global Burden of Disease Study 2019. Lancet. 2021;398(10303):870-905. doi: 10.1016/S0140-6736(21)01207-1.
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Maior mortalidade em jovens do sexo masculino também foi observada em outro estudo.1616 GBD 2019 Adolescent Mortality Collaborators. Global, Regional, and National Mortality Among Young People Aged 10-24 years, 1950-2019: A Systematic Analysis for the Global Burden of Disease Study 2019. Lancet. 2021;398(10311):1593-618. doi: 10.1016/S0140-6736(21)01546-4.
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No sexo masculino, as maiores taxas de mortalidade proporcional são as causas perinatais e externas, sendo que as causas externas ganham maior importância com o avançar da idade, o que pode ser explicado pela maior exposição desse sexo à violência interpessoal e aos acidentes automobilísticos.11 Salim TR, Andrade TM, Klein CH, Oliveira GMM. Inequalities in Mortality Rates from Malformations of Circulatory System Between Brazilian Macroregions in Individuals Younger Than 20 Years. Arq Bras Cardiol. 2020;115(6):1164-73. doi: 10.36660/abc.20190351.
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Quando analisados os óbitos em que a PCR foi registrada na sequência de óbito, as principais causas básicas de óbito foram as doenças respiratórias, neoplásicas e hematológicas, exceto para as faixas etárias incluindo neonatos e adolescentes de 15 a 19 anos, nas quais as principais causas foram perinatais e externas, respectivamente. Quando excluídas as causas perinatais e externas de óbito nessas faixas etárias, as causas respiratórias, neoplásicas e hematológicas voltaram a se destacar, sugerindo que a alta mortalidade por causas perinatais e externas, nas respectivas faixas etárias, pode ser fator de confusão, encobrindo as principais causas básicas de morte quando se registra PCR.

Assim, excluindo-se da análise as causas perinatais e causas externas de óbito, observaram-se dois padrões em que a PCR foi registrada na sequência de óbitos: causas respiratórias, principalmente abaixo de 5 anos, e causas neoplásicas e hematológicas, acima de 5 anos. As causas respiratórias também se destacaram como comorbidades pré-existentes em dois estudos prospectivos realizados no Malawi e nos EUA com populações comparáveis à do presente estudo em termos de faixa etária; no entanto, ambos os estudos incluíram uma pequena amostra restrita a um hospital terciário.1717 Del Castillo J, López-Herce J, Cañadas S, Matamoros M, Rodríguez-Núnez A, Rodríguez-Calvo A, et al. Cardiac Arrest and Resuscitation in the Pediatric Intensive Care Unit: A Prospective Multicenter Multinational Study. Resuscitation. 2014;85(10):1380-6. doi: 10.1016/j.resuscitation.2014.06.024.
https://doi.org/10.1016/j.resuscitation....

18 Kuzma GSP, Hirsch CB, Nau AL, Rodrigues AM, Gubert EM, Soares LCC. Assessment of the Quality of Pediatric Cardiopulmonary Resuscitation Using the in Situ Mock Code Tool. Rev Paul Pediatr. 2020;38:e2018173. doi: 10.1590/1984-0462/2020/38/2018173.
https://doi.org/10.1590/1984-0462/2020/3...

19 Edwards-Jackson N, North K, Chiume M, Nakanga W, Schubert C, Hathcock A, et al. Outcomes of In-hospital Paediatric Cardiac Arrest from a Tertiary Hospital In a Low-income African Country. Paediatr Int Child Health. 2020;40(1):11-5. doi: 10.1080/20469047.2019.1570443.
https://doi.org/10.1080/20469047.2019.15...
-2020 Wetsch WA, Spelten O, Hellmich M, Carlitscheck M, Padosch SA, Lier H, et al. Comparison of Different Video Laryngoscopes for Emergency Intubation in a Standardized Airway Manikin with Immobilized Cervical Spine by Experienced Anaesthetists. A Randomized, Controlled Crossover Trial. Resuscitation. 2012;83(6):740-5. doi: 10.1016/j.resuscitation.2011.11.024.
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Assim, é possível inferir que a presença de doenças respiratórias pode ser um fator de risco para PCR nessa faixa etária.

A maior taxa de causas neoplásicas e hematológicas acima de 5 anos pode ser explicada pelo aumento da incidência de PCR intra-hospitalar em pacientes pediátricos com doenças crônicas, com maior mortalidade entre as doenças oncológicas e hematológicas.22 Shimoda-Sakano TM, Schvartsman C, Reis AG. Epidemiology of Pediatric Cardiopulmonary Resuscitation. J Pediatr. 2020;96(4):409-21. doi: 10.1016/j.jped.2019.08.004.
https://doi.org/10.1016/j.jped.2019.08.0...
,1717 Del Castillo J, López-Herce J, Cañadas S, Matamoros M, Rodríguez-Núnez A, Rodríguez-Calvo A, et al. Cardiac Arrest and Resuscitation in the Pediatric Intensive Care Unit: A Prospective Multicenter Multinational Study. Resuscitation. 2014;85(10):1380-6. doi: 10.1016/j.resuscitation.2014.06.024.
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Assim, pode-se inferir também que a presença de doenças neoplásicas e hematológicas nessa faixa etária pode ser um fator de risco para PCR.

Em relação aos óbitos extra-hospitalares associados à PCR, as principais causas básicas de morte foram as doenças do sistema nervoso e as doenças do aparelho circulatório. Esses dados corroboram os encontrados em estudo realizado na Austrália com indivíduos menores de 50 anos, que demonstrou que, em indivíduos menores de 18 anos, as principais causas básicas de morte associadas à PCR extra-hospitalar foram respiratória e doenças do aparelho circulatório.2121 Somma V, Pflaumer A, Connell V, Rowe S, Fahy L, Zentner D, et al. Epidemiology of Pediatric Out-of-hospital Cardiac Arrest Compared with Adults. Heart Rhythm. 2023;20(11):1525-31. doi: 10.1016/j.hrthm.2023.06.010.
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Isso mostra que precisamos explorar melhor os fatores de risco e as causas associadas à PCR nessa faixa etária.

Ainda em relação ao ambiente extra-hospitalar no Brasil, o desfecho está relacionado ao ritmo da PCR. Os ritmos chocáveis são responsáveis por 80% dos casos, com sobrevida de 50% a 70%. Enquanto os ritmos não chocáveis têm uma taxa de sobrevivência inferior a 17% em todas as idades. Em metanálise que incluiu 141 estudos realizados na América do Norte, Europa, Ásia e Oceania sobre PCR em adultos no ambiente extra-hospitalar, encontraram taxas de retorno à circulação espontânea de 29,7%, com sobrevida inferior a 10%.2222 Hamzah M, Othman HF, Almasri M, Al-Subu A, Lutfi R. Survival Outcomes of In-hospital Cardiac Arrest in Pediatric Patients in the USA. Eur J Pediatr. 2021;180(8):2513-20. doi: 10.1007/s00431-021-04082-3.
https://doi.org/10.1007/s00431-021-04082...

23 França E, Ishitani LH, Teixeira R, Duncan BB, Marinho F, Naghavi M. Changes in the Quality of Cause-of-death Statistics in Brazil: Garbage Codes Among Registered Deaths in 1996-2016. Popul Health Metr. 2020;18(Suppl 1):20. doi: 10.1186/s12963-020-00221-4.
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24 Gräsner JT, Wnent J, Herlitz J, Perkins GD, Lefering R, Tjelmeland I, et al. Survival After Out-of-hospital Cardiac Arrest in Europe - Results of the EuReCa TWO Study. Resuscitation. 2020;148:218-26. doi: 10.1016/j.resuscitation.2019.12.042.
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25 Yan S, Gan Y, Jiang N, Wang R, Chen Y, Luo Z, et al. The Global Survival Rate Among Adult Out-of-hospital Cardiac Arrest Patients Who Received Cardiopulmonary Resuscitation: A Systematic Review and Meta-analysis. Crit Care. 2020;24(1):61. doi: 10.1186/s13054-020-2773-2.
https://doi.org/10.1186/s13054-020-2773-...

26 Važanić D, Prkačin I, Nesek-Adam V, Kurtović B, Rotim C. Out-of-hospital Cardiac Arrest Outcomes - Bystander Cardiopulmonary Resuscitation Rate Improvement. Acta Clin Croat. 2022;61(2):265-72. doi: 10.20471/acc.2022.61.02.13.
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-2727 Downing J, Al Falasi R, Cardona S, Fairchild M, Lowie B, Chan C, et al. How Effective is Extracorporeal Cardiopulmonary Resuscitation (ECPR) for Out-of-hospital Cardiac Arrest? A Systematic Review and Meta-analysis. Am J Emerg Med. 2022;51:127-38. doi: 10.1016/j.ajem.2021.08.072.
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A literatura ainda carece de dados semelhantes relacionados à faixa etária pediátrica.

Chama a atenção a maior mortalidade em ambientes hospitalares, geralmente dotados de recursos estruturais e humanos para a realização de RCP. Estudo realizado nos EUA com a faixa etária pediátrica mostrou taxa de mortalidade superior a 60% por PCR em hospitais.2222 Hamzah M, Othman HF, Almasri M, Al-Subu A, Lutfi R. Survival Outcomes of In-hospital Cardiac Arrest in Pediatric Patients in the USA. Eur J Pediatr. 2021;180(8):2513-20. doi: 10.1007/s00431-021-04082-3.
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Além disso, como mostrado em um estudo observacional brasileiro que incluiu cuidados de RCP realizados em nível individual e de equipe em um hospital pediátrico, há baixa adesão ao protocolo de Suporte Avançado de Vida em Pediatria entre os profissionais de saúde. Esse dado está alinhado com os resultados de mortalidade encontrados no presente estudo, uma vez que a qualidade da reanimação impacta diretamente na sobrevida desses indivíduos.1818 Kuzma GSP, Hirsch CB, Nau AL, Rodrigues AM, Gubert EM, Soares LCC. Assessment of the Quality of Pediatric Cardiopulmonary Resuscitation Using the in Situ Mock Code Tool. Rev Paul Pediatr. 2020;38:e2018173. doi: 10.1590/1984-0462/2020/38/2018173.
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A análise comparativa entre causas básicas de morte e PCR como evento notificado em amostra populacional é pioneira na literatura científica e permite o entendimento das comorbidades e etiologias mais associadas a esse evento, traçando um perfil de indivíduos com maior risco de apresentar PCR e evoluir para óbito, para que esses óbitos possam ser prevenidos. Ainda assim, é necessário conhecer a sequência mais comum de eventos que culmina em tais mortes para que possam ser prevenidas de forma mais específica.

As limitações deste estudo incluem o uso de dados secundários e DOs preenchidos com informações incompletas. No entanto, estudos recentes têm mostrado uma melhora na qualidade da codificação dos óbitos no Brasil e uma diminuição no uso do garbage code, principalmente nos últimos 20 anos.2323 França E, Ishitani LH, Teixeira R, Duncan BB, Marinho F, Naghavi M. Changes in the Quality of Cause-of-death Statistics in Brazil: Garbage Codes Among Registered Deaths in 1996-2016. Popul Health Metr. 2020;18(Suppl 1):20. doi: 10.1186/s12963-020-00221-4.
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Esses são os dados disponíveis com maior impacto na saúde no Brasil, além de retratarem nossa população, justificando sua ampla utilização na literatura científica brasileira.

Conclusão

As maiores taxas de mortalidade por causas básicas de morte nos menores de 20 anos no Brasil de 1996 a 2019 foram perinatal e causas externas. Quando avaliamos as causas múltiplas de morte, as principais causas primárias relacionadas à PCR foram as doenças respiratórias, hematológicas e neoplásicas. A maioria dos óbitos ocorreu no ambiente hospitalar. Faz-se necessária uma maior compreensão da cadeia de eventos desses óbitos e a ampliação e aprimoramento das estratégias de ensino em RCP pediátrica, voltadas principalmente para os profissionais de saúde.

  • Fontes de financiamento
    O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.
  • Vinculação acadêmica
    Este artigo é parte de tese de doutorado de Thayanne Mendes de Andrade pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
  • Aprovação ética e consentimento informado
    Este artigo não contém estudos com humanos ou animais realizados por nenhum dos autores.

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Editado por

Editor responsável pela revisão: Marcio Bittencourt

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Abr 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    23 Jul 2023
  • Revisado
    22 Nov 2023
  • Aceito
    18 Jan 2024
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