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Armadilhas no diagnóstico da síndrome de Cushing

Entre as doenças endócrinas, a síndrome de Cushing (SC) é certamente uma das mais desafiadoras para o endocrinologista, devido às dificuldades que comumente surgem durante a investigação. O diagnóstico de SC envolve dois passos: a confirmação do hipercortisolismo e a determinação de sua etiologia. A confirmação bioquímica do excesso de cortisol precisa ser estabelecida antes de qualquer tentativa de diagnóstico diferencial; caso contrário, poderá resultar em diagnóstico incorreto, tratamento impróprio e manejo insuficiente. Deve também ser lembrado que hipercortisolismo pode ocorrer em certos pacientes com depressão, alcoolismo, anorexia nervosa, resistência generalizada aos glicocorticóides e no final da gravidez. Além disso, hipercortisolismo exógeno ou iatrogênico deverá ser sempre excluído. Os três testes mais úteis para a confirmação do hipercortisolismo são: a medida do cortisol livre em urina de 24 h, os testes de supressão com dexametasona (TSD) em doses baixas e a determinação do cortisol sérico à meia-noite ou do cortisol salivar no final da noite. Contudo, nenhum deles é perfeito, cada um com sua sensibilidade e especificidade, sendo vários deles usualmente necessários para fornecer uma melhor acurácia diagnóstica. O maior desafio na investigação da SC envolve a diferenciação entre a doença de Cushing e a síndrome do ACTH ectópico. Esta tarefa requer a medida dos níveis plasmáticos de ACTH, testes dinâmicos não-invasivos (TSD com doses altas e testes de estímulo com CRH ou desmopressina) e estudos de imagem. Nenhum desses testes tem 100% de especificidade e muitas vezes é necessário seu uso combinado. Amostragem venosa do seio petroso inferior está indicada principalmente quando os testes não-invasivos não permitem uma definição diagnóstica. Neste artigo, revisaremos as mais importantes armadilhas na investigação da SC.

Síndrome de Cushing; Hipercortisolismo; Cortisol livre urinário; Teste de supressão com dexametasona; Cortisol da meia-noite; ACTH; Amostragem venosa do seio petroso inferior


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