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Avaliação estrutural das unidades de atenção integral às doenças inflamatórias intestinais no Brasil

RESUMO

Contexto:

A forma mais eficiente de prevenir complicações da doença inflamatória intestinal (DII) é proporcionar aos pacientes cuidados otimizados. Contudo, no Brasil não existe uma metodologia validada para avaliação de serviços de saúde reconhecidos como unidades de atenção integral (UAI), dificultando a avaliação da qualidade da assistência prestada.

Objetivo:

Compreender o cenário atual, mapear a distribuição dos polos e identificar pontos fortes e fracos, considerando as características locais e regionais.

Métodos:

O estudo foi realizado em três fases. Inicialmente, a Organização Brasileira para Doença de Crohn e Colite (GEDIIB) desenvolveu 22 questões para caracterizar as UAI no Brasil. Na segunda fase, todos os membros do GEDIIB foram convidados a responder ao inquérito com as 11 questões consideradas mais relevantes. Na última fase foi realizada uma análise dos resultados, utilizando o software IBM SPSS Statistics v 29.0.1.0. Estatísticas descritivas foram utilizadas para caracterizar o perfil do centro. O teste qui-quadrado foi utilizado para comparar variáveis categóricas.

Resultados:

Houve 53 respostas de centros públicos (11 excluídas). A maioria das UAI concentrou-se na região sudeste (n=22/52,4%) e apenas 1 (2,4%) na região norte do Brasil. Trinta e nove centros (92,9%) realizam procedimentos endoscópicos, mas apenas 9 (21,4%) têm acesso à enteroscopia e/ou cápsula endoscópica. Trinta e três centros (78,6%) oferecem terapia de infusão localmente, 26 (61,9%) mantêm registros de pacientes com DII, 13 (31,0%) relataram ter uma enfermeira para DII, 34 (81,0%) têm protocolos específicos baseados em evidências e apenas 7 (16,7%) %) possuem uma metodologia de satisfação do paciente. No cenário privado houve 56 respostas (10 excluídas). Há também concentração nas regiões sudeste e sul. Trinta e nove centros (84,8%) têm acesso a procedimentos endoscópicos e 19 realizam enteroscopia e/ou cápsula endoscópica, mais do que o observado no ambiente público. A terapia infusional está disponível em 24 centros (52,2%). Trinta e nove centros (84,8%) mantêm um banco de dados específico de pacientes com DII, 17 (37%) têm uma enfermeira para DII, 36 (78,3%) têm protocolos específicos baseados em evidências e 22 (47,8%) aplicam uma metodologia de satisfação do paciente.

Conclusão:

As UAI do DII no Brasil estavam localizadas principalmente nas regiões sudeste e sul do país. A maioria dos centros possui equipes multidisciplinares dedicadas e médicos com experiencia em DII. Ainda há uma necessidade atual de melhorar a proporção de enfermeiros no tratamento de DII no Brasil.

Palavras-chave:
Doença de Crohn; colite ulcerativa; assistência médica; acreditação de unidades de saúde; avaliação de resultados e processos

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