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LINGUAGEM INCLUSIVA EM CONTEXTO DIDÁTICO-DIGITAL: UMA ANÁLISE DE IDEOLOGIAS LINGUÍSTICAS EM VIDEOAULA E COMENTÁRIOS ON-LINE

RESUMO

Este artigo objetiva identificar e analisar ideologia linguística subjacente ao tratamento teórico concedido à linguagem inclusiva em contexto didático-digital (videoaula e comentários on-line) de Língua Portuguesa, a partir de perspectivas teóricas da Linguística Antropológica (Irvine; Gal, 2000IRVINE, J. T.; GAL, S. Language ideology and linguistic differentiation. In: KROSKRITY, P. V. (org.). Regimes of language: ideologies, polities, and identities. Santa Fe: School of American Research Press, 2000. p. 35–84.; Kroskrity, 2004KROSKRITY, P. Language ideologies. In: DURANTI, A. (org.) A companion to Linguistic Anthropology. Oxford: Blackwell, 2004. p. 496–517.), de teorias queer (Butler, 2003; Pinto, 2014PINTO, J. P. Linguagem, feminismo e efeitos de corpo. In: SILVA, D. N.; FERREIRA, D. M. M.; ALENCAR, C. N. (org.). Nova pragmática: modos de fazer. São Paulo: Cortez, 2014. p. 207–230.) e da Linguística (Câmara Jr., 1970; Castilho; Elias, 2015CASTILHO, A. T.; ELIAS, V. M. Pequena gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2015.). A justificativa desse estudo está no enfoque em contextos didático-digitais de larga audiência, enquanto espaços para difusão e embate de ideologias linguísticas que regulam publicamente a língua, tornando relevante a discussão empreendida. O contexto didático-digital pesquisado se dá pela publicação de videoaulas sobre linguagem inclusiva através do canal Português com Letícia, no YouTube. Considerando que os objetos empíricos estão inseridos na virtualidade com registros textuais e audiovisuais, a investigação é documental sob inspiração netnográfica. Os resultados apontam a existência de confronto entre ideologias linguísticas, uma em favor da linguagem inclusiva, outra apoiada numa perspectiva conservadora para o tratamento da língua. O embate entre ambas é tensionado por uma ordem prescritivista que anula variedades possíveis nos usos linguísticos para fins comunicativos e inclusivos, tomando como base percepções enraizadas e naturalizadas na mentalidade do senso do comum, desde a formulação dos ideais do colonialismo.

PALAVRAS-CHAVE
linguagem inclusiva; contexto didático-digital; ideologias linguísticas

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