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O QUE DIZEM CORDELISTAS SOBRE O GÊNERO DISCURSIVO QUE PRODUZEM? UMA ANÁLISE A PARTIR DE REFLEXÕES METALINGUÍSTICAS SOBRE ASPECTOS COMPOSICIONAIS DO CORDEL

RESUMO:

Este artigo objetiva analisar os dizeres de cordelistas acerca das dimensões composicionais (rima e métrica) do gênero cordel. Para tanto, apoiamo-nos, por um lado, em discussões teóricas sobre gêneros discursivos e literatura de cordel e, por outro, em construtos teóricos do campo da consciência metalinguística e, em particular, da consciência metatextual. Foram selecionados como participantes desse estudo seis poetas, com idades e tempos de escolarização distintos, com os quais foram realizadas entrevistas metalinguísticas, cujos dados foram tratados à luz da análise temática de conteúdo. Os resultados revelaram que os cordelistas eram altamente sensíveis às regras de rima e que, no caso dos poetas mais experientes e menos escolarizados, as lógicas do oral e da performance pareciam ser mais importantes que uma obediência estrita a padrões rímicos pré-determinados. Com relação à métrica, percebemos que certos preceitos eram de difícil verbalização, mesmo para aqueles cordelistas com maior nível de escolaridade. Além disso, alguns poetas menos escolarizados recorriam predominantemente ao recurso do “canto” para se certificar de que os versos estavam metrificados. Desse modo, concluímos que, mesmo quando não eram capazes de verbalizar aspectos composicionais dos cordéis, os poetas – inclusive os pouco escolarizados – engajavam-se em um complexo e sofisticado processo de reflexão metalinguística.

PALAVRAS-CHAVE:
Literatura de Cordel; Letramento; Escolarização; Verbalização

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