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Biópsia do epitélio olfatório do septo nasal superior: é possível obter neurônios sem prejudicar o olfato? Como citar este artigo: Garcia EC, Luz LA, Anzolin LK, Barbosa da Silva JL, Doty RL, Pinna FR, et al. Biopsy of the olfactory epithelium from the superior nasal septum: is it possible to obtain neurons without damaging olfaction? Braz J Otorhinolaryngol. 2022;88:786-92.

DESTAQUES

  • Biópsias olfatórias da parte superior do septo nasal não afetaram de modo significativo a capacidade olfativa.

  • Essas biópsias obtêm altas taxas de neurônios olfatórios.

  • procedimento descrito também permite a obtenção de epitélio olfatório adequado para análise morfológica.

Resumo

Introdução

A biópsia do epitélio olfatório tem sido útil para estudar diversas doenças otorrinolaringológicas e neurológicas, incluindo seu potencial para melhor compreender a fisiopatologia por trás das manifestações olfatórias na COVID‐19. No entanto, a segurança e eficácia da técnica de obtenção de epitélio olfatório humano ainda não estão totalmente estabelecidas.

Objetivos

Este estudo teve como objetivo determinar a segurança e eficácia da coleta de células do epitélio olfatório, feixes nervosos e epitélio olfatório adequados para análise morfológica, no septo nasal superior.

Método

Durante a cirurgia nasal, 22 indivíduos sem queixas olfatórias foram submetidos a biópsias de epitélio olfatório do septo nasal superior. A eficácia da obtenção de epitélio olfatório, a verificação de epitélio olfatório íntegro e a presença de feixes nervosos nas biópsias foram avaliadas por imunofluorescência. A segurança da função olfatória foi testada psicofisicamente usando testes unilaterais e bilaterais antes e um mês após o procedimento cirúrgico.

Resultados

Epitélio olfatório foi encontrado em 59,1% dos sujeitos. Das amostras, 50% apresentaram a qualidade necessária para a caracterização morfológica e 90,9% continham feixes nervosos. Não houve diferença nos escores psicofísicos obtidos no teste olfatório bilateral (University of Pennsylvania Smell Identification Test [UPSIT®]) entre as médias antes da biópsia: 32,3 vs. pós‐operatório: 32,5, p = 0,81. Além disso, nenhuma diminuição significante ocorreu no teste unilateral (escore médio do teste unilateral 6 vs. 6,2, p = 0,46). Não houve redução significante na identificação de nenhum dos 56 odorantes diferentes (p > 0,05).

Conclusão

A técnica descrita para biópsia de epitélio olfatório é altamente eficaz na obtenção de tecido olfatório neuronal, mas tem eficácia moderada na obtenção de amostras adequadas para análise morfológica. A capacidade olfativa permaneceu intacta.

Palavras‐chave
Olfato; Mucosa olfatória; Imunofluorescência; Biópsia; Neurônios

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