O litoral norte do estado do Rio de Janeiro possui a maior planície deltaica recoberta por restingas do sudeste brasileiro, porém sob intensa ameaça devido è ocupação humana recente. Neste contexto, a realização de inventários torna-se urgente para fortalecer políticas de manejo e conservação ambiental. Esse trabalho teve como objetivo complementar inventários mastofaunísticos do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba através da utilização de pelotas da coruja suindara Tyto furcata. A análise de 4745 fragmentos ósseos de mamíferos (1739 indivíduos) revelou a ocorrência de 17 espécies pertencentes ès ordens Rodentia (9 spp.), Didelphimorphia (2 spp.) e Chiroptera (6 spp.). Os roedores Mus musculus e Cerradomys goytaca foram responsáveis por 77,2% do total de indivíduos predados, sugerindo que a suindara caça tanto em ambientes peridomiciliares perturbados como em formações naturais arbustivas da restinga. A compilação de registros anteriores com os fornecidos pelo presente estudo indica a ocorrência de 44 espécies de mamíferos no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, dentre as quais seis (13.6%) foram exclusivamente detectadas em pelotas. Dentre estes novos registros, destaca-se a presença de espécies adaptadas a formações abertas do interior do Brasil que não tinham sua ocorrência documentada em restingas a partir de espécimes-testemunho, como os roedores Necromys lasiurus e Calomys tener, esta última registrada pela primeira vez no litoral do estado do Rio de Janeiro. Esse estudo corrobora a importância das análises de pelotas de coruja como método complementar e imprescindível em inventários de mamíferos, além de destacar o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba como uma das restingas mais ricas em espécies de mamíferos do sudeste brasileiro.
restingas; riqueza de espécies; métodos de inventário; novos registros; distribuição geográfica
