Resumo em Português:

Resumo Após um tenso processo de renegociação dos termos do NAFTA (Acordo de Livre Comércio Norte-Americano), os governos dos Estados Unidos, México e Canadá estabeleceram um novo acordo regional: o USMCA (Acordo Estados Unidos, México e Canadá), cujo objetivo é superar problemas criados desde a entrada em vigor do NAFTA em 1994. A ratificação deste documento pelos respectivos congressos nacionais gerou novas tensões e instabilidades no cenário político destes países, especialmente devido às assimetrias que existem entre eles. Este trabalho visa analisar o impacto deste desequilíbrio no processo de renegociação do NAFTA, considerando o comportamento dos Estados Unidos em relação a seus parceiros, especialmente o México.

Resumo em Inglês:

Abstract After a tense process of renegotiating the terms of the NAFTA (North American Free Trade Agreement), the governments of the United States, Mexico and Canada established a new regional agreement, the USMCA (United States, Mexico and Canada Agreement), whose purpose is to overcome problems that emerged since the NAFTA came into force in 1994. The ratification of this document by the national congresses of the referred countries has generated new tensions and instabilities in their political scenario, especially due to the existing structural asymmetries between them. This work aims to analyse the impact of that imbalance in the NAFTA renegotiation process, considering the behaviour of the United States in relation to its partners, especially Mexico.

Resumo em Português:

Resumo Este documento procura contribuir com uma perspectiva neoinstitucionalista para a atual discussão disciplinar sobre os BRICS. Aqui entendemos os BRICS como uma instituição internacional que aprofundou a sua dinâmica técnico-burocrática após o efeito de confiança criado a partir de experiências de coordenação e consistência em torno de aspectos da agenda econômica internacional durante a crise econômico-financeira de 2008/2009. Portanto, a nossa proposta analítica aborda os BRICS a partir dos seus três elementos institucionais: os seus espaços de deliberação, o seu sistema de informação e o seu sistema de incentivos institucionais. Em resumo, consideramos que a abordagem proposta nos permitirá compreender mais detalhadamente quais são os fatores e elementos institucionais que afetam a probabilidade de alcançar consenso e cooperação entre os países membros dos BRICS, além de nos permitir identificar mais detalhadamente as particularidades institucionais que diferenciam os BRICS de experiências semelhantes

Resumo em Inglês:

Abstract This article seeks to contribute to the current disciplinary discussion about the BRICS from a neoinstitutionalist perspective. Here, we understand BRICS as an international institution which has deepened its technical-bureaucratic dynamics after the trust effect that was created from coordination and consistency experiences around aspects of the international economic agenda during the 2008/2009 economic-financial crisis. Therefore, our analytical proposal approaches the BRICS from its three institutional elements: its deliberation spaces; its information system; and its institutional incentive system. In summary, we consider that the proposed approach will allow us to understand in greater detail what institutional factors and features affect the probability of reaching consensus and cooperation among the BRICS member countries, as well as to identify in greater detail the institutional particularities that differentiate the BRICS from similar institutional experiences.

Resumo em Português:

Resumo A disciplina das relações internacionais na América Latina ainda é dominada por pesquisas positivistas e ocidentalizadas, o que gera desafios para os estudos internacionais, tais como visualizar os sujeitos ou ‘sujetas’ que participam da política nacional e internacional, mas que são ignorados nesse campo, e como valorizar o pós-colonial atual, que oferece perspectivas críticas que equilibram o equilíbrio epistêmico e ajudam a construir ferramentas adequadas para compreender diferentes fenômenos regionais. Este artigo esclarece como uma abordagem pós-colonial enriquece o campo das relações internacionais, por meio de um estudo de caso da Associação de Mulheres Empregadas Domésticas do Paraguai. Argumenta-se que o pós-colonialismo contribui para esse campo ao tornar visíveis sujeitos cognitivos e ‘sujetas’, que oferecem uma alternativa de construção de conhecimento para repensar as relações internacionais com extensão metateórica. O pós-colonialismo é a base teórica desta pesquisa qualitativa. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas e observações participantes. O estudo conduzido neste artigo constata que, enquanto “sujeitos políticos”, as trabalhadoras domésticas enriquecem as relações internacionais ao oferecer visões críticas às pesquisas realizadas nos subcampos de análise de política externa, economia política internacional e regionalismo.

Resumo em Inglês:

Abstract The discipline of International Relations (IR) in Latin American is still dominated by positivist and Westernized research. This creates challenges for international studies such as how to visualise the subjects or ‘sujetas’ who participate in national and international politics but are ignored in this field, and how to value the current postcolonial research, which offers critical perspectives that equilibrate the epistemic balance and help build adequate tools to understand different regional phenomena. By analysing a case study of the Association of Women Domestic Employees of Paraguay, this article clarifies how a postcolonial approach enriches the field of IR. This study argues that postcolonialism contributes to this field by making visible cognitive subjects and ‘sujetas’, who offer an alternative knowledge construction to rethink international relations with a meta-theoretical extension, visible. Postcolonialism is the theoretical basis of this qualitative research. Data was collected through semi-structured interviews and participant observations. This article suggests and concludes that women domestic workers as ‘political subjects’ enrich international relations by offering critical views to the research carried out in the subfields of foreign policy analysis, international political economy, and regionalism.

Resumo em Português:

Resumo O regionalismo na América do Sul já foi descrito ao autor por um diplomata brasileiro sênior como uma “ferramenta pragmática para resolver problemas específicos”. No entanto, em resposta à pandemia de COVID-19 na América do Sul, – a região mais atingida do mundo pela doença – o regionalismo tem se destacado por sua ausência como tal ferramenta, apesar do fato de organizações internacionais e outros atores apontarem para a necessidade urgente de cooperação regional acerca do tema. Isso pode explicar a falta de cooperação regional no assunto? Utilizando os marcos conceituais da Complexidade e da Dinâmica de Sistemas Humanos, este artigo argumenta que o regionalismo na América do Sul sofre de falta de coerência. Dessa forma, serão feitas algumas sugestões sobre como abordar esta incoerência na resposta ao COVID-19 e, para tal, conseguir dar resposta a alguns dos desafios específicos trazidos pela pandemia. O artigo argumenta que o foco da política deve ser muito estreito e deve focar no impacto econômico e nas vacinas. Além disso, a cooperação regional deve acontecer abaixo do nível dos governos nacionais. Algumas sugestões sobre como isso pode ser alcançado são feitas ao longo do artigo. Mostra-se que esse foco estreito e, muitas vezes, subnacional, pode restaurar alguma coerência, que permitirá uma resposta regional mais eficaz à pior pandemia vista em 100 anos.

Resumo em Inglês:

Abstract Regionalism in South America was once described to the author by a senior Brazilian Diplomat as a ‘pragmatic tool to address specific problems’. Yet, in response to the COVID-19 pandemic in South America – the worst-hit region in the world – regionalism has been conspicuous by its absence as such a tool, despite the fact that international organizations and other actors have pointed to the urgent need for regional cooperation on the subject. What explains this lack of regional cooperation? Utilizing the conceptual frameworks of Complexity and Human Systems Dynamics, this article argues that regionalism in South America actually suffers from a lack of coherence. As such, some suggestions will be made throughout the article as to how to address this incoherence in response to COVID-19 and, as such, be able to address some of the specific challenges brought about by the pandemic. It is argued that the policy-focus should be very narrow, and that the focus should be on the economic impact and vaccines. Furthermore, the article suggests that regional cooperation should happen below the level of national governments. Some suggestions are made as to how this can be achieved. It is shown throughout the article that such narrow, and often sub-national focus can restore some coherence, which will allow for a more effective regional response to the worst pandemic experienced in 100 years.

Resumo em Português:

Resumo Este documento tem como objetivo identificar as respostas que as instituições regionais (Mercosul e Aliança do Pacífico) tiveram à pandemia da Covid-19. Levando em consideração as perspectivas do regionalismo sul-americano, o documento analisa as respostas institucionais que esses arranjos regionais tiveram entre o início da pandemia, em março de 2020, e março de 2022. Apesar da governança regional sul-americana já estar em crise antes da chegada da pandemia, este documento tem como objetivo destacar como as consequências sanitárias, econômicas e sociais trazidas pela pandemia do Covid-19 teriam sido melhor administradas com a coordenação de políticas regionais, tirando vantagens das capacidades institucionais regionais anteriores. Primeiramente, o documento analisa a situação da governança regional no contexto pré-pandêmico. A crise do regionalismo se manifesta na convergência ideológica fragmentada entre os governos da região. Posteriormente, seguirá uma análise centrada no exercício empírico de mapeamento das respostas do Mercosul e da Aliança do Pacífico. As diferenças entre as respostas dos dois casos às crises, e suas consequências para a governança regional, serão destacadas com dados da estratégia de análise de conteúdo utilizada para estudar os dois casos.

Resumo em Inglês:

Abstract This paper aims to identify the responses that regional institutions (MERCOSUR and the Pacific Alliance) have had to the Covid-19 pandemic. Taking into consideration perspectives from South American Regionalism Studies, the paper analyses the institutional responses of these regional arrangements from the onset of the pandemic in March 2020 up to March 2022. Despite South American regional governance having already been in crisis before the pandemic’s arrival, this paper aims to highlight firstly the incapacity of these institutions to take advantage of previous regional institutional capacities, and secondly that intergovernmental ideological convergence or divergence is crucial to reach regional agreements. The health, economic and social consequences brought on by the Covid-19 pandemic would have been better managed with regional policy co-ordination. First, the paper analyses the situation of regional governance in the pre-pandemic context. Regionalism’s crisis is made manifest on the fragmentation of previous ideological intergovernmental convergence. Subsequently, an analysis centred on the empirical exercise of mapping the MERCOSUR and Pacific Alliance responses will follow. The differences between the two cases’ responses to the crisis and their consequences for regional governance will be highlighted with data from the content analysis strategy used to study the cases.

Resumo em Português:

Resumo O objetivo deste artigo é analisar as respostas das organizações regionais da América Latina e Caribe à pandemia causada pelo Covid-19, através de uma análise comparativa entre as políticas adotadas pelo MERCOSUL, Comunidade Andina e CARICOM. Mapeamos as discussões, iniciativas e políticas adotadas por essas organizações regionais a fim de compreender os principais elementos que determinaram a adoção da coordenação regional nas estratégias para enfrentar os efeitos da pandemia. Argumentamos que aquelas organizações que tinham canais institucionais específicos dedicados a lidar com questões de saúde e já tinham enfrentado outras crises de saúde, tiveram menos dificuldade em coordenar as ações de seus estados membros e adotar políticas regionais. Além disso, pode ser afirmado que o nível de interdependência econômica e convergência política entre os governos dos estados membros desempenhou um papel significativo. Assim, este artigo procura contribuir para uma compreensão mais ampla do estado atual da cooperação em saúde nas organizações regionais da América Latina e do Caribe, bem como para acrescentar à discussão sobre seu potencial na coordenação e promoção de políticas regionais de saúde.

Resumo em Inglês:

Abstract The aim of this article is to analyse the responses of Latin American and Caribbean regional organisations to the pandemic caused by COVID-19 through a comparative analysis between the policies adopted by Mercosur, the Andean Community, and CARICOM. We have mapped the discussions, initiatives, and policies adopted by these regional organisations in order to understand the main elements that determined the adoption of regional co-ordination in the strategies to face the pandemic’s effects. We argue that those organisations which had specific institutional channels dedicated to dealing with health issues and had already faced other health crises have had less difficulty in coordinating their member states’ actions and adopting regional policies. Moreover, it can be affirmed that the level of economic interdependence and political convergence between member state governments played a significant role. Thus, this article seeks to contribute to a broader understanding of the current state of health co-operation in Latin American and Caribbean regional organisations, as well as to add to the discussion about its potential in coordinating and promoting regional health policies.

Resumo em Português:

Resumo A pandemia do COVID-19 vem (re)criando novas geografias globais da morte, que impactam especificamente o Sul Global e expõem seu continuum de vulnerabilidades – distribuídas desigualmente em termos de raça, gênero, classe e assim por diante. Nas Américas, podemos identificar o surgimento de uma nova governança regional da morte, associada a um conjunto de recomendações práticas da Organização dos Estados Americanos (OEA) restringindo as respostas políticas dos Estados à COVID-19 e instalando um novo léxico de governança global. As recomendações sobre o descarte de cadáveres, o pleno respeito ao luto coletivo e familiar e as indicações de formas alternativas de realizar funerais e velórios, por exemplo, parecem evocar novas respostas multilaterais, abrindo caminho para um novo modelo de governança: aquele que centra a morte na formulação de políticas regionais. Isso aponta para uma mudança no tratamento da morte de uma questão puramente privada para uma questão politicamente infundida. Teoricamente, este artigo visa preencher a lacuna entre os Estudos da Morte e as literaturas de Governança Global. Apoiado no método genealógico de Michel Foucault, o objetivo é reconceituar criticamente os significados e enquadramentos das paisagens da morte nas Américas, apontando para a correlação de forças que possibilitaram a emergência normativa da morte na OEA neste momento histórico particular.

Resumo em Inglês:

Abstract The COVID-19 pandemic has been (re)creating new global geographies of death, which specifically impact the Global South and expose its continuum of vulnerabilities – unequally distributed in terms of race, gender, class, and so on. In the Americas, we can identify the emergence of a new regional governance of death, associated with a set of practical recommendations by the Organization of American States (OAS) constraining states’ policy responses to COVID-19 and installing a new global governance lexicon. Recommendations concerning the disposal of dead bodies, full respect for both collective and family grief, and indications of alternative ways to conduct funerals and memorial services, for instance, seem to evoke new multilateral responses, paving the way for a new governance model: one that centres death within regional policymaking. This points to a change in the treatment of death from a purely private to a politically infused issue. Theoretically, this article aims to bridge the gap between Death Studies and Global Governance literatures. Supported by Michel Foucault’s genealogical method, the goal is to critically reconceptualise the meanings and framings of death landscapes in the Americas, pointing us to the correlation of forces that enabled the normative emergence of death in the OAS in this particular historical moment.

Resumo em Português:

Resumo A pandemia de COVID-19 tem mostrado uma variedade de respostas dos países das duas regiões, que vão desde o negacionismo até a cooperação regional em saúde. Este artigo tem como objetivo avaliar como essas reações impactaram as relações inter-regionais UE-ALC, considerando as múltiplas e às vezes incompatíveis abordagens adotadas por atores nacionais e regionais. O artigo afirma que a existência de abordagens contrastantes – juntamente com os desafios institucionais e políticos anteriores enfrentados pelas organizações regionais da UE e da ALC – prejudicaram a convergência das políticas nacionais de saúde em ações regionais, e a promoção de respostas e instituições multilaterais em um mundo pós-pandemia. Em primeiro lugar, é dado foco às principais características institucionais das relações UE-ALC contemporâneas, usualmente concebidas como uma relação multidimensional e multicamadas. Em segundo lugar, apresenta como os países e organizações regionais da UE e da ALC responderam à pandemia de COVID-19, indicando formas distintas de envolvimento dos atores UE-ALC com o surto e os principais desafios e sucessos da cooperação regional nesse respeito. Por último, são indicados os principais desenvolvimentos e desafios para as relações globais UE-ALC em tempos de pandemia, destacando como os atores UE-ALC tentaram cooperar para desenvolver uma parceria inter-regional mais positiva e sustentável para o futuro.

Resumo em Inglês:

Abstract The COVID-19 pandemic has shown a variety of responses from countries of the two regions, ranging from denialism to regional health cooperation. This article aims to assess how these reactions have impacted European Union (EU) and Latin American and Caribbean (LAC) inter-regional relations, considering multiple and sometimes incompatible approaches taken by national and regional actors. The article contends that the existence of contrasting approaches – coupled with previous institutional and political challenges faced by the EU and LAC regional organisations – have undermined the convergence of national health policies into regional ones, and the promotion of multilateral responses and institutions in a post-pandemic world. First, focus is given to the main characteristics and institutional features of contemporary EU-LAC relations, usually conceived as a multidimensional and multi-tier relationship. Second, it introduces how EU and LAC countries and regional organisations have responded to the COVID-19 pandemic, indicating distinct ways that EU-LAC actors have engaged with the outbreak and the main challenges and successes for regional cooperation in this respect. Lastly, the main developments and challenges for EU-LAC overall relations in pandemic times are indicated, highlighting how EU-LAC actors have attempted to cooperate in order to develop a more positive and sustainable inter-regional partnership for the future.