Neste artigo, se apresentam dados de uma pesquisa que traçou o perfil de mulheres e homens envolvidos em situações de violência conjugal, realizada a partir de queixas notificadas em uma delegacia do interior do estado do Rio de Janeiro, no período de 1997 a 2001. Dados dos registros foram cruzados com falas de casais no balcão de atendimento. Os resultados mostram que determinantes culturais têm papel fundamental na construção dos papéis masculinos e femininos, legitimam o poder masculino sobre as mulheres, tornando-os violentos, quando por algum motivo perdem o controle das situações familiares. Mais da metade das queixas das mulheres sobre violência conjugal (53%) ocorreu por lesão corporal, e o restante configura ameaça e tentativa de homicídio (39%) e abuso psicológico (8%) por injúrias e difamações. O rosto é o lugar preferido dos homens para dar socos e provocar lesões que afetaram, especialmente, os olhos e os dentes. O artigo traz informações sobre perfil, status profissional, cor e raça dos agressores e vítimas. O texto conclui que, apesar do movimento de mulheres e de todas as conquistas, a violência conjugal continua a se reproduzir, necessitando de investimentos para ser compreendida, denunciada e superada.
Violência conjugal; Saúde Pública; Cultura