Acessibilidade / Reportar erro

Correção pelo outro e reparo como domínios distintos na fala-em-interação social

Other correction and repair as distinct domains in talk-in-interaction

RESUMO

A ação de corrigir alguém, já analisada em diversos cenários, principalmente em sala de aula (Garcez, 2006GARCEZ, P. M. 2006. A organização da fala-em-interação na sala de aula: controle social, reprodução de conhecimento, construção conjunta de conhecimento. Calidoscópio, 4(1), 66-80.; McHoul, 1990MCHOUL, A. W. 1990. The organization of repair in classroom talk. Language in Society , 19(3), 349-377.), recebeu atenção de analistas da conversa particularmente como desdobramento do estudo da sistemática de reparo (Schegloff et al., 1977SCHEGLOFF, E. A.; JEFFERSON, G. & SACKS, H. 1977. The preference for self-correction in the organization of repair in conversation. Language , 53(2): 361-383.), sendo por muitos tratada como subtipo de reparo. Questionamentos sobre a pertinência de manter a ação de corrigir no domínio do reparo (Cheng, 2014CHENG, T.-P. 2014. The interactional achievements of repair and correction in a Mandarin language classroom. Chinese as a Second Language Research, 3(2), 175-200.; Hall, 2007HALL, J. K. 2007. Redressing the roles of correction and repair in research on second and foreign language learning. The Modern Language Journal, 91(4), 510-525.; Macbeth, 2004MACBETH, D. 2004. The relevance of repair for classroom correction. Language in Society , 33(5), 703-736.) motivaram retomarmos trabalho anterior (Garcez & Loder, 2005GARCEZ, P. M. & LODER, L. L. 2005. Reparo iniciado e levado a cabo pelo outro na conversa cotidiana em português do Brasil. DELTA , 21(5), 279-312.) e rever a questão. Nesta retrospectiva, além de levantamento bibliográfico de estudos desde então, analisamos dois excertos de fala-em-interação em português brasileiro (um de sala de aula e outro de conversa cotidiana) e evidenciamos os trabalhos interacionais próprios desempenhados mediante as ações de fazer reparo (em sistemática fundamental para abordar e resolver problemas de intersubjetividade) e corrigir o interlocutor (ação despreferida para expor posições epistêmicas desiguais). Afinal adotamos a posição de que, mesmo podendo operar sucessivamente numa mesma sequência, essas são ações em domínios organizacionais distintos.

Palavras-chave:
conversa; correção; fala-em-interação; intersubjetividade; reparo

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP PUC-SP - LAEL, Rua Monte Alegre 984, 4B-02, São Paulo, SP 05014-001, Brasil, Tel.: +55 11 3670-8374 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: delta@pucsp.br