Resumo
Este estudo tem como fio condutor a circulação, pelo Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX, de três mestres de gymnastica: Paulo Vidal, Vicente Casali e Arthur Higgins. Ao trazê-los para o centro desta história, temos como objetivo compreender, a partir de suas trajetórias, qual gymnastica foi por eles forjada e, ao mesmo tempo, compartilhada no Collegio de Pedro II no decorrer dos anos oitocentistas. Nossa hipótese é que o trânsito e a atuação em variadas e distintas instituições contribuíram de forma significativa com o processo de sistematização da gymnastica naquele colégio. Para tanto, além de analisarmos os programas de ensino por eles elaborados, faremos um cruzamento com demais fontes e dados obtidos nos jornais da época, que nos permitem identificar não só as instituições pelas quais circularam, mas também elementos constitutivos dessa prática corporal. Como conclusões, destacamos que, no processo de sistematização da gymnastica no Pedro II, ocorreram negociações e partilhas entre seus mestres, os quais, para que a gymnastica fosse legitimada, lançaram mão de diferentes elementos obtidos nas instituições escolares e não escolares pelas quais circularam. Assim, ao verificarmos que a prática de ginástica fez parte do percurso formativo do Collegio de Pedro II, não podemos afirmar que se tratou de uma única gymnastica. Diante disso, as gymnasticas forjadas e compartilhadas pelos três professores estiveram encarnadas em suas experiências e trajetórias, e, por isso, comportavam uma dimensão transformativa que se adequava ao tempo e ao espaço em que eram conformadas.
Gymnastica; Trajetórias; Professores de gymnastica; Collegio de Pedro II