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Aplicação da ICU Mobility Scale em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca

Resumo

Introdução

A mobilização precoce é uma alternativa utilizada em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) na tentativa de reduzir os efeitos decorrentes do imobilis-mo. A escala de mobilidade em UTIs ou Intensive Care Unit Mobility Score (IMS) é aplicada para avaliar o nível de mobilidade.

Objetivo

Verificar por meio da escala IMS o nível de funcionalidade de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca internados em uma UTI.

Métodos

Trata-se de um estudo observacional analítico realizado em UTI com pacientes adultos submetidos à cirurgia car-díaca. Foram coletados da ficha de rotina da fisioterapia informações quanto ao uso de drogas vasoativas, nível funcional por meio da IMS, tempo de ventilação mecânica e de internação na UTI, e registrados em instrumento específico desenvolvido para o estudo. Os dados obtidos do escore da escala IMS nos dias de pós-operatório na UTI foram utilizados para classificar a mobilidade dos pacientes durante o período de internação. Utilizou-se estatística descritiva para a apresentação dos dados.

Resultados

Foram avaliados 69 pacientes, 43% eram do sexo masculino e todos apresentavam IMS 0 no primeiro dia de pós-operatório. A classificação na escala aumentou com o decorrer do período de internação (IMS entre 7 e 10), apesar do uso de drogas vasoativas em 54,6%.

Conclusão

Os pacientes submetidos à cirurgia cardíaca internados na UTI apresentaram níveis de mobilidade de moderado a alto ao longo da internação e na alta da UTI.

Funcionalidade; Imobilização; Unidade de Terapia Intensiva; Mobilização; Cirurgia

Abstract

Introduction

Early mobilization is an alternative used in the Intensive Care Unit (ICU) to reduce the effects of immobility. The Intensive Care Unit Mobility Score (IMS) is applied to assess mobility status.

Objective

To determine the functional level of ICU patients submitted to cardiac surgery using the IMS scale.

Methods

This is an analytical observational study carried out with adult ICU patients submitted to cardiac surgery. Data on the use of vasoactive drugs, functional level through IMS, duration of mechanical ventilation and length of ICU stay were collected from the physiotherapy routine form and recorded on a specific instrument developed for the study. The data obtained from the IMS scale score on the postoperative days in the ICU were used to classify the patients' mobility during the hospitalization period. Descriptive statistics were used to present the data.

Results

A total of 69 patients were evaluated, 43% of whom were men, and all had an SMI of 0 on the first postoperative day. Classification on the scale increased over the course of hospitalization (IMS between 7 and 10), despite the use of vasoactive drugs in 54.6% of the individuals.

Conclusion

Patients submitted to cardiac surgery admitted to the ICU had moderate-to-high mobility levels throughout their stay and at discharge from the ICU.

Functionality; Immobilization; Intensive Care Unit; Mobilization; Surgery

Introdução

O tempo de internação, o repouso prolongado e a restrição ao leito estão relacionados diretamente à fraqueza muscular, lesões cutâneas, declínio da mobi-lidade, comprometimento cardiovascular e respiratório, além do aumento dos índices de mortalidade. A melhoria da mobilidade e a mobilização precoce em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) podem minimizar os efeitos negativos de doenças graves.11. Schujmann DS, Lunardi AC, Fu C. Progressive mobility program and technology to increase the level of physical activity and its benefits in respiratory, muscular system, and functionality of ICU patients: study protocol for a randomized controlled trial. Trials. 2018;19:274. https://doi.org/10.1186%2Fs13063-018-2641-4
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,22. Jesus FS, Paim DM, Brito JO, Barros IA, Nogueira TB, Martinez BP, et al. Declínio da mobilidade em pacientes internados em unidade de terapia intensiva. Rev Bras Ter Intensiva. 2016; 28(2):114-9. https://doi.org/10.5935/0103-507X.20160025
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A mobilização precoce é uma alternativa utilizada em UTIs na tentativa de reduzir os efeitos decorrentes do imobilismo, melhorando a força muscular e função, reduzindo complicações e aumentando a qualidade de vida dos pacientes.11. Schujmann DS, Lunardi AC, Fu C. Progressive mobility program and technology to increase the level of physical activity and its benefits in respiratory, muscular system, and functionality of ICU patients: study protocol for a randomized controlled trial. Trials. 2018;19:274. https://doi.org/10.1186%2Fs13063-018-2641-4
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,33. Tipping CJ, Holland AE, Harrold M, Crawford T, Halliburton N, Hodgson CL. The minimal important difference of the ICU mobility scale. Heart Lung. 2018;47(5):497-501. https://doi.org/10.1016/j.hrtlng.2018.07.009
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A mobilização precoce está relacionada com a redução do tempo de ventilação mecânica (VM), da incidência de pneumonia associada à VM, tempo de internação e melhora de função na alta hospitalar.11. Schujmann DS, Lunardi AC, Fu C. Progressive mobility program and technology to increase the level of physical activity and its benefits in respiratory, muscular system, and functionality of ICU patients: study protocol for a randomized controlled trial. Trials. 2018;19:274. https://doi.org/10.1186%2Fs13063-018-2641-4
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Apesar do conhecimento dos profissionais sobre a importância da prática e do número de eventos adversos serem mínimos, as barreiras à mobilização ainda são motivo suficiente para não realizá-la dentro do ambiente de terapia intensiva.44. Goodson CM, Friedman LA, Mantheiy E, Heckle K, Lavezza A, Toonstra A, et al. Perceived barriers to Mobility in a medical ICU: The patient mobilization atitudes & beliefs survey for the ICU. J Intensive Care Med. 2020;35(10):1026-31. https://doi.org/10.1177/0885066618807120
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5. Fontela PC, Forgiarini Jr LA, Friedman G. Clinical atitudes and Perceived barriers to early mobilization of critically ill patients in adult intensive care units. Rev Bras Ter Intensiva. 2018;30(2): 187-94. https://doi.org/10.5935/0103-507x.20180037
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-66. Sibilla A, Nydahl P, Greco N, Mungo G, Ott N, Unger I, et al. Mobilization of mechanically ventilated patients in Switzerland. J Intensive Care Med. 2020;35(1):55-62. https://doi.org/10.1177/0885066617728486
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A aplicação de escalas para avaliar o nível de mobilidade, o impacto da mobilização e a função a longo prazo após a alta hospitalar tem sido bastante frequente em UTIs. Entre os instrumentos desenvolvidos especificamente para UTI, destaca-se a escala Intensive Care Unit Mobility Score (IMS).77. Kawaguchi YMF, Nawa RK, Figueiredo TB, Martins L, Pires-Neto RC. Perme intensive care unit mobility score e ICU mobility scale: tradução e adaptação cultural para a língua portuguesa e falada no Brasil. J Bras Pneumol. 2016;42(6):429-34. https://doi.org/10.1590/s1806-37562015000000301
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Traduzida para o portu-guês como Escala de Mobilidade em UTI, a IMS consiste em uma escala que apresenta escores de capacidades alcançadas pelos pacientes que variam de 0 a 10, ou seja, desde a incapacidade de realizar qualquer ativi-dade até a deambulação independente sem o auxílio de dispositivos de marcha.33. Tipping CJ, Holland AE, Harrold M, Crawford T, Halliburton N, Hodgson CL. The minimal important difference of the ICU mobility scale. Heart Lung. 2018;47(5):497-501. https://doi.org/10.1016/j.hrtlng.2018.07.009
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A IMS avalia o maior nível diário de mobilização do paciente em UTI de maneira rápida, simples e confiá-vel, podendo ser realizada em menos de um minuto e utilizada pela equipe multiprofissional. Sabe-se que os pacientes que apresentam um maior nível de função física na alta da UTI possuem um tempo menor de internação e uma melhora da capacidade funcional.88. Hodgson C, Needham D, Haines K, Bailey M, Ward A, Harrold M, et al. Feasibility and inter-rater reliability of the ICU Mobility Scale. Heart Lung. 2014;43(1):19-24. https://doi.org/10.1016/j.hrtlng.2013.11.003
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A implantação de escalas no ambiente hospitalar tem sido uma estratégia para melhorar o atendimento fisioterapêutico em relação à progressão de exercícios realizados, além de sinalizar para a equipe multiprofis-sional os marcos de mobilidade alcançados pelo indi-víduo.33. Tipping CJ, Holland AE, Harrold M, Crawford T, Halliburton N, Hodgson CL. The minimal important difference of the ICU mobility scale. Heart Lung. 2018;47(5):497-501. https://doi.org/10.1016/j.hrtlng.2018.07.009
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Dessa forma, o presente trabalho tem o intuito de verificar por meio da IMS o nível de funcionalidade de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca internados em uma UTI.

Métodos

Trata-se de um estudo observacional analítico rea-lizado na Unidade de Cuidados Intensivos Cirúrgicos (UCIC) do Hospital Universitário da Universidade Fede-ral do Maranhão (HUUFMA) e aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da instituição (parecer nº 3.694.076). Foram incluídos pacientes adultos submetidos a proce-dimentos cirúrgicos cardíacos no período de fevereiro a dezembro de 2020.

A coleta de dados foi realizada diariamente durante o turno da manhã enquanto o paciente estivesse internado na UCIC. Os dados foram extraídos da ficha de avaliação diária da rotina do serviço de fisioterapia e registrados em instrumento específico desenvolvido para o estudo. Foram coletados dados demográficos e antropométricos na admissão do paciente, além de informações quanto à cirurgia realizada e fração de ejeção prévia. Foram registradas, durante todo o período de internação, in-formações quanto aos dispositivos invasivos utilizados, quantidade de drenos, uso de drogas vasoativas, como noradrenalina, dobutamina, adrenalina, vasopressina e nitroprussiato de sódio, nível funcional utilizando o escore da escala IMS, tempo de ventilação mecânica e de internação na UTI. Os dados obtidos do escore da escala IMS nos dias de pós-operatório na UTI foram utilizados para classificar a mobilidade dos pacientes durante o período de internação.88. Hodgson C, Needham D, Haines K, Bailey M, Ward A, Harrold M, et al. Feasibility and inter-rater reliability of the ICU Mobility Scale. Heart Lung. 2014;43(1):19-24. https://doi.org/10.1016/j.hrtlng.2013.11.003
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,99. Hodgson CL, Bailey M, Bellomo R, Berney S, Buhr H, Denehy L, et al. A binational multicenter pilot feasibility randomized controlled trial of early goal-directed mobilization in the ICU. Crit Care Med. 2016;44(6):1145-52. https://doi.org/10.1097/ccm.0000000000001643
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Além disso, foram registradas informações sobre óbito.

Aplicou-se estatística descritiva na análise dos dados. As variáveis quantitativas estão expressas por meio de média e desvio-padrão, enquanto as variáveis qualitativas estão expressas sob a forma de valores absolutos e relativos.

Resultados

Foram realizadas 320 avaliações em 69 pacientes submetidos à cirurgia cardiovascular, dos quais 43% eram do sexo masculino, com média de idade de 51 anos. A comorbidade mais frequente foi a hipertensão arterial sistêmica (36%). A maior parte dos pacientes foi submetida à cirurgia de troca valvar, necessitou de até dois drenos e de drogas vasoativas na admissão na UCIC, além de ter permanecido menos de 24 horas sob suporte ventilatório mecânico. O tempo médio de internação na UCIC foi de 5,9 dias (Tabela 1).

Tabela 1
Dados clínicos e demográficos por grupo de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca

Na admissão na UCIC, todos os pacientes apresen-tavam IMS 0, ou seja, não apresentavam mobilidade, condição esperada em virtude do efeito anestésico. No primeiro dia de pós-operatório, a maioria (71%) evoluiu para IMS de 1 a 3 (baixa nível de mobilidade). Níveis moderados e altos de mobilidade foram alcançados a partir do primeiro e segundo dias de pós-operatório, respectivamente (Figura 1). Considerando apenas os pacientes que receberam alta da UCIC até o sétimo dia de pós-operatório (n = 51), 86,2% apresentavam alto nível de mobilidade (IMS 7-10).

Figura 1
Nível de mobilidade alcançado na escala Intensive Care Unit Mobility Score (IMS) durante a internação na Unidade de Terapia Intensiva no pós-operatório imediato (POI) e dias de pós-operatório (PO).

Nota: POI (n = 69), 1PO (n = 69), 2PO (n = 67), 3PO (n = 58), 4PO (n = 43), 5PO (n = 33), 6PO, (n = 23), 7PO (n = 20).


Os pacientes apresentavam algum nível de mobi-lidade mesmo em uso de drogas vasoativas, ou seja, eram mobilizados ativamente. Em 54,6% do total de avaliações realizadas os pacientes encontravam-se em uso de drogas vasoativas (175 de 320). Observou-se que em 53,1% das avaliações os pacientes apresentavam IMS entre 1 e 3, 13,2% entre 4 e 6 e 12,6% maior ou igual a 7 (Figura 2).

Figura 2
Nível de mobilidade (escala IMS) e uso de drogas vasoativas por avaliação.

Nota: IMS = Intensive Care Unit Mobility Score; SIM = pacientes em uso de drogas vasoativas; NÃO = pacientes sem uso de drogas vasoativas. Dados apresentados como frequência absoluta.


Discussão

No presente estudo foi avaliado o nível de funcio-nalidade de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca internados em UTI por meio da escala IMS, observando-se níveis moderados a altos de mobilidade durante a internação e na alta da UTI. Além disso, os pacientes apresentavam mobilidade ativa mesmo em uso de drogas vasoativas. A cirurgia cardíaca se trata de um procedimento complexo, com alterações dos meca-nismos fisiológicos, e que impõe estresse orgânico de maneira geral. Dessa forma, são necessários cuidados pós-operatórios intensos para garantir uma boa recupe-ração do paciente. As características pré, intra e pós-operatórias como idade, tipo de cirurgia, anestesia, circulação extracorpórea, tempo de cirurgia, tempo de ventilação mecânica e complicações neurológicas, pulmonares e circulatórias, influenciam diretamente a funcionalidade e mobilidade dos pacientes submetidos ao procedimento cardíaco.1010. Vasconcelos Filho PO, Carmonas MJC, Auler Jr JOC. Pecu-liaridades no pós operatório de cirurgia cardíaca no paciente idoso. Rev Bras Anestesiol. 2004;54(5):707-27. https://doi.org/10.1590/S0034-70942004000500014
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A mobilização precoce, uma das intervenções de grande importância adotadas na UTI, faz parte do pro-cesso de reabilitação e está associada com a redução da fraqueza muscular adquirida na UTI e melhora da recuperação funcional, contribuindo para a redução do tempo de internação e do tempo de uso de ventilação mecânica, além de melhorar a independência funcional desses pacientes.1111. Hodgson C, Bellomo R, Berney S, Bailey M, Buhr H, Denehy L, et al. Early mobilization and recovery in mechanically venti-lated patients in the ICU: a bi-national, multi-centre, prospective cohort study. Crit Care. 2015;19(1):81. https://doi.org/10.1186/s13054-015-0765-4
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A mobilização em pacientes pós-cirurgia cardíaca contribui com a redução dos efeitos deletérios do imobilismo no leito durante a internação e imediatamente após o procedimento cirúrgico por meio do cuidado da funcionalidade.1212. Wilkemann ER, Dallazen F, Bronzatti ABS, Lorenzoni JCW, Windmöller P. Analysis of steps adapted protocol in cardiac rehabilitation in the hospital phase. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2015;30(1):40-8. https://doi.org/10.5935/1678-9741.20140048
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A ventilação mecânica invasiva (VMI) e seu tempo de duração contribui para maior tempo dos pacientes restritos ao leito e, consequentemente, aos efeitos de-correntes do imobilismo.1313. Santos KMS, Cerqueira Neto ML, Carvalho VO, Santana Filho VJ, Silva Jr WM, Araújo Filho AA, et al. Evaluation of peripheral muscle strength of patients undergoing elective cardiac surgery: a longitudinal study. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2014;29(3):355-9. https://doi.org/10.5935/1678-9741.20140043
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Cordeiro et al.1414. Cordeiro ALL, Queiroz GO, Souza MM, Guimarães AR, Araújo TM, Correia Jr MAV, et al. Mechanical ventilation time of peripheral muscle strength in post-heart surgery. Int J Cardiovasc Sci. 2016;29(2):134-8. https://pdfs.semanticscholar.org/e4aa/a9baf559deefc6f443735c2381a00a6d6ca5.pdf
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avaliaram a correlação entre o tempo de VMI e a força muscular periférica em 69 pacientes submetidos à cirurgia car-díaca, em sua maioria revascularização do miocárdio e com tempo médio de 7,3 horas em VMI, e encontraram correlação negativa entre o tempo de VM e a força muscular periférica desses pacientes, o que pode estar associado com os efeitos do imobilismo, além do uso de fármacos sedativos. No presente estudo a maioria dos pacientes (55%) apresentou tempo inferior a 24 horas em VMI, o que pode ter contribuído para um melhor desfecho funcional.

As intervenções que estimulam maior mobilidade fora do leito durante a hospitalização são necessárias e devem ser estimuladas para prevenir desfechos fun-cionais negativos e complicações de natureza clínica.11. Schujmann DS, Lunardi AC, Fu C. Progressive mobility program and technology to increase the level of physical activity and its benefits in respiratory, muscular system, and functionality of ICU patients: study protocol for a randomized controlled trial. Trials. 2018;19:274. https://doi.org/10.1186%2Fs13063-018-2641-4
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,1515. Cordeiro ALL, Melo TA, Ávila A, Esquivel MS, Guimarães ARF, Borges DL. Influence of early ambulation in postoperative hospitalization following cardiac surgery. Int J Cardiovasc Sci. 2015;28(5):385-91. https://pdfs.semanticscholar.org/d12f/95ca106331141ef076463ac337958e7ee867.pdf
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Segundo Bailey et al.1616. Bailey P, Thomsen GE, Spuhler VJ, Blair R, Jewkes J, Bezdjian L, et al. Early activity is feasible and safe in respiratory failure patients. Crit Care Med. 2007;35(1):139-45. https://doi.org/10.1097/01.ccm.0000251130.69568.87
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e Morris et al.,1717. Morris PE, Goad A, Thompson C, Taylor K, Harry B, Passmore L, et al. Early intensive care unit mobility therapy in the treatment of acute respiratory failure. Crit Care Med. 2008;36(8):2238-43. https://doi.org/10.1097/ccm.0b013e318180b90e
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de todos os pa-cientes que recebem alta da UTI, aqueles submetidos à mobilização precoce apresentaram menos complica-ções e melhor funcionalidade, o que condiz com os achados do presente estudo, em que os pacientes obtiveram alta da UTI com níveis de mobilidade de moderado a alto traduzidos em melhora funcional.

No presente estudo, o nível de mobilidade obser-vado por meio da escala IMS apresentou aumento desde a admissão até a alta dos pacientes. Camargo et al.1818. Camargo JBG, Cavenaghi OM, Mello JRC, Brito MVC, Ferreira LL. Mobilidade funcional de pacientes críticos em Terapia Intensiva: um estudo piloto. Rev Aten Saude. 2020;18(63):14-20. https://doi.org/10.13037/ras.vol18n63.6101
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avaliaram o IMS de pacientes críticos internados em UTI e observaram que os pacientes não obtiveram melhora funcional em termos clínicos, apesar da melhora estatística, quando comparadas a admissão e a alta da UTI. No estudo de Wilkemann et al.,1212. Wilkemann ER, Dallazen F, Bronzatti ABS, Lorenzoni JCW, Windmöller P. Analysis of steps adapted protocol in cardiac rehabilitation in the hospital phase. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2015;30(1):40-8. https://doi.org/10.5935/1678-9741.20140048
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em que foi avaliado um protocolo de reabilitação cardíaca em pacientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca, observou-se média de cinco dias de internação na UTI, o que demonstra a importância da mobilização dos pa-cientes durante a estadia na UTI. No presente estudo, os pacientes apresentaram média de 5,9 dias de inter-nação, corroborando achados prévios.

As drogas vasoativas são utilizadas pela maioria dos pacientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca durante internação na UTI e representam um dos aspectos que interferem na adesão à mobilização. Seu uso é considerado umas das três barreiras mais comuns relatadas em pacientes que não são mobilizados.1111. Hodgson C, Bellomo R, Berney S, Bailey M, Buhr H, Denehy L, et al. Early mobilization and recovery in mechanically venti-lated patients in the ICU: a bi-national, multi-centre, prospective cohort study. Crit Care. 2015;19(1):81. https://doi.org/10.1186/s13054-015-0765-4
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No presente estudo, a maioria dos pacientes em uso de drogas vasoativas apresentava níveis baixos de mobi-lidade e, ainda assim, foram mobilizados ativamente.

Rebel et al.,1919. Rebel A, Marzano V, Green M, Johnston K, Wang J, Neeman T, et al. Mobilisation is feasible in intensive care patients receiving vasoactive therapy: An observacional study. Aust Crit Care. 2019;32(2):139-46. https://doi.org/10.1016/j.aucc.2018.03.004
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ao descreverem a prática de mobili-zação em UTI, observaram que 119 pacientes foram submetidos ao uso de drogas vasoativas e que em 195 episódios de mobilização, 61% dos pacientes foram mobilizados em pelo menos um dia de uso de droga vasoativa. O nível de mobilidade alcançado foi moderado em 51% e alto em 18% dos dias de uso das drogas sem a ocorrência de eventos adversos graves associados à mobilização. Além disso, os autores constataram que não se deve considerar as drogas vasoativas uma con-traindicação absoluta para a mobilização.1919. Rebel A, Marzano V, Green M, Johnston K, Wang J, Neeman T, et al. Mobilisation is feasible in intensive care patients receiving vasoactive therapy: An observacional study. Aust Crit Care. 2019;32(2):139-46. https://doi.org/10.1016/j.aucc.2018.03.004
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Dessa forma, a intervenção precoce em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca tem impacto relevante sobre o nível de mobilidade, que pode ser mensurado pela escala IMS em pacientes internados em UTI.

Conclusão

Pacientes submetidos à cirurgia cardíaca internados em UTI apresentaram níveis de mobilidade de modera-do a alto ao longo da internação e na alta da UTI. É importante destacar que a mobilização precoce é de suma importância na melhora e independência funci-onal desses pacientes após o período de internação hospitalar, refletida através da escala IMS.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Fev 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    12 Jul 2023
  • Revisado
    22 Jan 2024
  • Aceito
    22 Jan 2024
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