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Qualidade visual e desperdício de hortaliças e ervas frescas em um típico mercado varejista no Brasil

RESUMO

Devido à sua alta perecibilidade, hortaliças folhosas e ervas frescas são transportadas para o mercado logo após a colheita. É de esperar que parte dos danos sofridos durante a colheita e o transporte desses produtos resultem em perda somente nos elos seguintes da cadeia, quais sejam, varejo e consumo. O manuseio inadequado e o uso de estratégias de comercialização pouco eficientes no varejo se somam como causas de perda desse grupo de alimentos. O presente estudo foi delineado para responder às perguntas: 1) qual a qualidade visual das hortaliças folhosas e ervas frescas recebidas no mercado varejista; 2) qual o volume de descarte desses produtos no varejo; 3) quais as causas do descarte ; 4) como essas variáveis são influenciadas pela espécie hortícola, fornecedores e lojas avaliadas. O estudo foi realizado em 4 lojas de uma rede regional de supermercados no Distrito Federal, Brasil, pelo período de 6 meses. Foram avaliados: 1) a quantidade de produtos recebidos e descartados na loja; 2) a qualidade visual dos produtos na recepção; 3) a causa do descarte; 4) como essas variáveis foram influenciadas pelas espécies hortícolas, fornecedores e lojas avaliadas. As operações em cada loja foram descritas com base em observações e discussão com os funcionários das lojas. Quando se considerou a soma de todos os produtos, o descarte (expresso em número de unidades por dia e corrigido pela quantidade comprada) foi influenciado por todos os fatores, quais sejam, loja, fornecedor e dia da semana. A entrega de produtos murchos e amarelados foi rara, mas eram frequentes os produtos com danos mecânicos e/ou com folhas velhas que deveriam ter sido removidas na colheita. A durabilidade e a preferência do consumidor foram influenciadas pela qualidade visual mas também pela espécie hortícola em questão e pelo fluxo de trabalho na loja. O descarte variou de 8,7% a 97,0% do número de unidades compradas. Menor descarte foi observado para cebolinha, salsa, coentro, couve, alho porró e alface crespa. Descarte igual ou superior a 50% foi observado para alface mini-romana, chicória, almeirão, mostarda, sálvia e tomilho. O descarte de hortaliças folhosas e ervas frescas foi em grande medida resultante de deficiências tecnológicas juntamente com más práticas gerenciais na loja. Os conceitos de perda e de desperdício de alimento face a essa situação são discutidos.

Palavras-chave:
Perda e desperdício de alimentos; supermercado; qualidade visual; manuseio pós-colheita

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