RESUMO
Introdução:
A acidose metabólica está associada à elevada mortalidade observada em pacientes em hemodiálise. O panorama da acidose metabólica na hemodiálise no Brasil perdeu visibilidade em 1996, ano em que a análise dos níveis de bicarbonato deixou de ser obrigatória. Nosso objetivo foi estabelecer a prevalência da acidose metabólica em uma população em hemodiálise e analisar os fatores associados a baixos níveis de bicarbonato.
Métodos:
O presente estudo transversal avaliou a prevalência de acidose metabólica em adultos regularmente submetidos a hemodiálise de janeiro a abril de 2017, em quatro centros de diálise situados em Niterói e arredores no Estado do Rio de Janeiro. Para análise de gasometria, foram colhidas amostras de 2 mL em seringas heparinizadas antes das sessões de diálise do meio de semana.
Resultados:
Foram incluídos 384 pacientes com idade média de 58,1 ± 15,8 anos (54,5% homens; 63,0% não brancos). Aproximadamente 30% tinham diabetes e 48% apresentavam hipertensão. Cerca de 88% usavam fístula arteriovenosa primária como acesso vascular. A concentração sérica média pré-diálise de tCO2 na sessão do meio de semana foi de 22,7 ± 3,0 mEq/L. A taxa de prevalência de bicarbonato sérico abaixo do valor recomendado no DOQI (22 mEq/L ou superior) foi de 40,3%; 6,5% dos pacientes apresentaram bicarbonato sérico < 18 mEq/L. Os níveis séricos de bicarbonato apresentaram associações negativas com número de usos do dialisador e uso de dialisadores de baixo fluxo e associações positivas com idade e valores do Kt/V standard.
Conclusão:
Os resultados foram concordantes com dados globais relatados em estudos anteriores. Contudo, como a amostra era relativamente pequena e não representativa da população brasileira, são necessários estudos mais abrangentes que venham a abordar dados nacionais para consubstanciar nossos achados.
Descritores:
Diálise Renal; Terapia de Substituição Renal; Acidosis