Desfechos de curto prazo da cirurgia de carótida: experiência no “mundo real” em um centro único de formação profissional

Oliveira, Tércio Ferreira; Centellas, Carlos Diego Ribeiro; Dalio, Marcelo Bellini; Joviliano, Edwaldo Edner

doi:10.1590/1677-5449.202300331

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Sumário

ARTIGO ORIGINAL • J. Vasc. Bras. 23 • 2024 • https://doi.org/10.1590/1677-5449.202300331 copiar

Desfechos de curto prazo da cirurgia de carótida: experiência no “mundo real” em um centro único de formação profissional

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Resumo

Contexto

A abordagem cirúrgica para estenose carotídea sintomática está consolidada na literatura para a prevenção de eventos neurológicos, devendo seguir padrões ótimos de qualidade. Entretanto, há uma crescente preocupação relacionada à possibilidade ou não de replicar os dados dos trabalhos controlados no mundo real.

Objetivos

Avaliar a população com estenose carotídea sintomática submetida a cirurgia e seus desfechos de curto prazo em um contexto de mundo real em um centro de formação profissional.

Métodos

Tratou-se de um estudo observacional realizado por meio de coleta de dados em prontuário de janeiro de 2012 a janeiro de 2023. Foram excluídos pacientes operados por outras etiologias e com cirurgia cardíaca concomitante.

Resultados

Foram incluídos 70 pacientes submetidos a angioplastia ou endarterectomia carotídea. Os subgrupos populacionais submetidos a angioplastia ou endarterectomia foram semelhantes. Houve diferença estatisticamente relevante quanto à modalidade anestésica e ao tempo cirúrgico maior para o subgrupo de endarterectomia carotídea. Houve quatro casos de acidente vascular encefálico isquêmico, e três deles estavam relacionados à lesão, sendo dois menores e um maior. Dessa forma, a taxa de acidente vascular encefálico maior relacionado à lesão foi de 1,43% e de qualquer acidente vascular encefálico relacionado à lesão, de 4,29%. A taxa total de eventos adversos cardiovasculares maiores foi de 5,71%. Houve um caso de infarto agudo do miocárdio no grupo angioplastia e nenhum óbito. Não houve diferença estatística entre os grupos de endarterectomia e angioplastia quanto aos desfechos principais.

Conclusões

Os desfechos acidente vascular encefálico isquêmico, infarto agudo do miocárdio, óbito e eventos adversos cardiovasculares maiores neste centro são semelhantes aos encontrados em estudos clínicos randomizados, demonstrando viabilidade da manutenção deste tratamento em centros com programas de ensino.

Palavras-chave:
endarterectomia de carótida; estenose carotídea; angioplastia carotídea

		CAS (N = 26)	CEA (N = 44)	P (< 0,05) ^* * Teste exato de Fisher para variáveis categóricas e teste t de Student para variáveis contínuas;	Total (N = 70)
Idade média (DP)		66,9 (±11,8)	67,0 (±7,7)	0,957	67,0(±9,3)
Sexo feminino		9 (34,6%)	13 (29,5%)	0,790	22 (31,4%)
Fatores de risco
	Hipertensão arterial	25 (96,2%)	40 (90,9%)	0,644	65 (92,9%)
	Diabetes	13 (50,0%)	14 (31,8%)	0,203	27 (38,6%)
	Dislipidemia	11 (42,3%)	18 (40,9%)	> 0,99	29 (41,4%)
	Tabagismo	18 (69,2%)	27 (61,4%)	0,609	45 (64,3%)
	Doença aterosclerótica manifesta	8 (30,8%)	5 (11,4%)	0,059	13 (18,6%)
Grau de estenose
	Grave (> 70%)	19 (73,1%)	40 (90,9%)	0,085	58 (82,9%)
	Moderada (50-69%)	7 (26,9%)	4 (9,1%)	0,085	12 (17,1%)
Estenose contralateral		13 (50,0%)	18 (40,9%)	0,619	31 (44,3%)

		CAS (N = 26)	CEA (N = 44)	P (< 0,05)	Total (N = 70)
Anestesia geral		1 (3,84%)	44 (100,0%)	< 0,001^* * Teste do qui-quadrado para variáveis categóricas e teste (não paramétrico) de Mann-Whitney para variáveis contínuas;	45 (64,3%)
Uso de shunt		-	10 (22,7%)	-	-
Uso de patch		-	43 (97,7%)	-	-
Uso de dispositivo de proteção		26 (100,0%)	-	-	-
Tempo de clampeamento médio (min.)		-	38,10 (±14,4)^ Foram registrados 47,7% dos dados, com intervalo de confiança de 95% (33,0-45,7).	-	-
Tempo cirúrgico médio (min.)		77,2 (±31,9)	141,5 (±31,9)	< 0,001*	117,7 (±45,6)
Tempo de internação médio (dias)		4,0 (±3,02)	3,1 (±1,42)	0,714	3,5 (±2,2)
Complicações de acesso		4 (15,4%)	4 (9,09%)	0,457	8 (11,42%)
	Hematoma sem reabordagem	3 (11,5%)	1 (2,27%)		4 (5,71%)
	Hematoma com reabordagem	0 (0,0%)	3 (6,81%)		3 (4,29%)
	Pseudoaneurisma	1 (3,84%)	0 (0,0%)		1 (1,43%)

				CAS (N = 26)	CEA (N = 44)	P (< 0,05) ^* * Teste do qui-quadrado para variáveis categóricas	Total (N = 70)
AVEi
	Qualquer			2 (7,69%)	2 (4,55%)	0,624	4 (5,71%)
		Relacionado à lesão		2 (7,69%)	1 (2,27%)	0,55	3 (4,29%)
			AVEi maior	1 (3,85%)	0 (0,0%)	0,371	1 (1,43%)
			AVEi menor	1 (3,85%)	1 (2,27%)	> 0,999	2 (2,86%)
		Não relacionado à lesão		0 (0,0%)	1 (2,27%)	> 0,999	1 (1,43%)
			AVEi maior	0 (0,0%)	1 (2,27%)	> 0,999	1 (1,43%)
			AVEi menor	0 (0,0%)	0 (0,0%)	-	0 (0,0%)
IAM				1 (3,85%)	0 (0,0%)	0,371	1 (1,43%)
Óbito				0 (0,0%)	0 (0,0%)	-	0 (0,0%)
MACE				3 (11,53%)	1 (2,27%)	0,106	4 (5,71%)

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[1] Conflito de interesse: Os autores declararam não haver conflitos de interesse que precisam ser informados.