RESUMO
OBJETIVO:
A fibrilação atrial pós-operatória de início recente (Poaf) é a arritmia mais comum após a cirurgia de revascularização do miocárdio (CABG) e associada a hospitalização prolongada, acidente vascular cerebral e mortalidade. O ângulo QRS-T [f(QRS-T)] do plano frontal, que é definido como o ângulo entre as direções da despolarização ventricular (eixo-QRS) e repolarização (eixo-T), é um novo marcador da heterogeneidade da repolarização ventricular. O ângulo f(QRS-T) está associado a desfechos cardíacos adversos. À luz desses achados, neste estudo, objetivamos investigar a relação potencial entre o ângulo f(QRS-T) e a Poaf.
MéTODOS:
Cento e oitenta pacientes submetidos a CABG entre agosto de 2017 e setembro de 2018 foram incluídos no estudo retrospectivamente. Dois grupos foram estabelecidos como pacientes com ritmo sinusal pós-operatório (n=130) e com Poaf (n=50). O ângulo f(QRS-T) e todos os dados foram comparados entre os grupos.
RESULTADOS:
Ângulo f(QRS-T) (p<0,001), escore Syntax (p=0,039), níveis séricos de PCR de alta sensibilidade (p=0,026), idade média (p<0,001), taxa de hipertrofia ventricular esquerda eletrocardiográfica (LVH) (p=0,019) e taxa de hipertensão (p=0,007) foram maiores; a fração de ejeção média do ventrículo esquerdo (LVEF) (p<0,001) foi menor no grupo com Poaf. As análises de regressão logística multivariável demonstraram que menor LVEF (p=0,004), LVH (p=0,041), maior idade (p=0,008) e maior ângulo f(QRS-T) (p<0,001) foram independentemente associados à Poaf.
CONCLUSÕES:
Níveis de ângulo altos f(QRS-T) estão intimamente associados à Poaf. O ângulo f(QRS-T) pode ser um indicador potencial de Poaf.
PALAVRAS-CHAVE:
Fibrilação atrial; Ponte de artéria coronária; Revascularização miocárdica; Complicações pós-operatórias; Eletrocardiografia