Tendência da mortalidade fetal e infantil segundo evitabilidade das causas de morte e escolaridade materna

Kale, Pauline Lorena; Fonseca, Sandra Costa; Oliveira, Pedro Willian Marques de; Brito, Alexandre dos Santos

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Revista Brasileira de Epidemiologia

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Sumário

Artigo Original • Rev. bras. Epidemiol. 24 (suppl 1) • 2021 • https://doi.org/10.1590/1980-549720210008.supl.1 copiar

Tendência da mortalidade fetal e infantil segundo evitabilidade das causas de morte e escolaridade materna

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO:

Objetivo:

Estimar a tendência das taxas de mortalidade fetal (TMF) e neonatal (TMN) por causas evitáveis e escolaridade materna no município do Rio de Janeiro (RJ) (2000–2018).

Métodos:

Estudo ecológico de séries temporais. Dados do Sistemas de Informações sobre Mortalidade e Nascidos Vivos. Utilizou-se a Lista Brasileira de Evitabilidade para óbitos neonatais, e sua adaptação para óbitos fetais, segundo indicadores de escolaridade materna (baixa < 4 e alta ≥ 12 anos de estudo). Utilizaram-se modelos de regressão Joinpoint para estimar tendência da TMF por mil nascimentos e TMN por mil nascidos vivos.

Resultados:

A TMF passou de 11,0 para 9,3‰, e a TMN de 11,3 para 7,8‰ (2000–2018). Em 2006, a TMF (10,5‰) ultrapassou a TMN (9,0‰), mantendo-se superior. Entre 2000 e 2018, o decréscimo anual da TMF foi de 0,8% (2000 a 2018), e o da TMN de 3,8% até 2007, desacelerando para 1,1% até 2011, seguindo com estabilidade. Causas evitáveis, principalmente aquelas reduzíveis por atenção à gestação, apresentaram taxas mais elevadas. Tanto a TMF como a TMN de mulheres com baixa escolaridade foram superiores às de alta, bem mais acentuada a diferença para TMF e no final do período: TMF de baixa e alta escolaridade foram, respectivamente, 16,4 e 4,5‰ (2000) e 48,5 e 3,9‰ (2018); para TMN, 18,2 e 6,7‰ (2000) e 28,4 e 5,0‰ (2018).

Conclusão:

A tendência favorável de decréscimo da mortalidade não foi observada para filhos de mães com baixa escolaridade, revelando desigualdades. As causas foram majoritariamente evitáveis, relacionadas à assistência pré-natal e no parto.

Palavras-chave
Mortalidade fetal; Mortalidade infantil; Estudos de séries temporais; Causa básica de morte; Escolaridade; Monitoramento das desigualdades em saúde

Taxas de mortalidade	Períodos de tendências	TM^ mortalidade fetal por mil nascimentos e neonatal por mil nascidos vivos.		Estimativas
Taxas de mortalidade	Períodos de tendências	Início	Final	VPA	IC95%		AC
Fetal total	2000–2018^* * p < 0,05;	11,1	9,3	−0,8	−1,2	−0,4	–
Fetal evitáveis	2000–2002^* * p < 0,05;	9,1	4	−34,3	−45,5	−20,8	−0,5
	2002–2011^* * p < 0,05;	4	6	4,6	3	6,3
	2011–2018	6	6,2	0	−1,8	1,9
Fetal mal definidas	2000–2002^* * p < 0,05;	1,4	5,6	95,8	26,2	203,8	−0,1
	2002–2007	5,6	4,5	−3,8	−11,3	4,3
	2007–2011	4,5	2,6	−12,4	−25,6	3,1
	2011–2018	2,6	2,4	−2,2	−6,9	2,8
Fetal demais	2000–2018^* * p < 0,05;	0,4	0,7	3,7	2,5	4,9	–
Fetal — baixa escolaridade	2000–2005	16,4	15,1	2,4	−5,8	11,2	−0,4
	2005–2015^* * p < 0,05;	15,1	67,1	13,9	10,1	17,8
	2015–2018	67,1	48,7	−9,4	−30,2	17,6
Fetal alta escolaridade	2000–2018	4,5	3,9	0,4	−0,4	1,3	−0,5
Neonatal total	2000–2007^* * p < 0,05;	11,3	8,2	−3,8	−5,2	−2,3	–
	2007–2018^* * p < 0,05;	8,2	7,8	−1,1	−2	−0,3
Neonatal evitáveis	2000–2007^* * p < 0,05;	9,0	6,1	−4,1	−5,6	−2,6	−0,3
	2007–2018^* * p < 0,05;	6,1	6,0	−1	−1,8	−0,1
Neonatal mal definidas	2000–2013^* * p < 0,05;	0,3	0,1	−9,9	−12	−7,7	−0,5
	2013–2016	0,1	0,1	21,2	−53,8	217,6
	2016–2018	0,1	0	−48,7	−88,4	126,7
Neonatal demais	2000–2004^* * p < 0,05;	2,0	3,0	7,6	2,9	12,4	−0,3
	2004–2007	3,0	1,9	−10,6	−26,2	8,4
	2007–2018	1,9	1,8	−0,5	−1,5	0,5
Neonatal baixa escolaridade	2000–2009	18,2	18,2	0,5	−1,2	2,2	−0,4
	2009–2015^* * p < 0,05;	18,2	34,6	10,9	5,1	17,0
	2015–2018	34,6	28,4	−6,3	−21,3	11,7
Neonatal alta escolaridade	2000–2009^* * p < 0,05;	6,7	3,9	−4,4	−7,4	−1,3	−0,2
	2009–2018	3,9	5,0	2,0	−1,3	5,3

	Fetais^* * Lista Brasileira de Causas de Mortes Evitáveis adaptada para óbitos fetais				Neonatais^ Lista Brasileira de Causas de Mortes Evitáveis (0–4 anos); 1.1 Reduzíveis por ações de imunoprevenção; 1.2.1 Reduzíveis por adequada atenção à mulher na gestação; 1.2.2 Reduzíveis por adequada atenção à mulher no parto; 1.2.3 Reduzíveis por adequada atenção ao feto e ao recém-nascido; 1.3 Reduzíveis por ações adequadas de diagnóstico e tratamento; 1.4 Reduzíveis por ações adequadas de promoção à saúde, vinculadas a ações adequadas de atenção à saúde.
Ano	1.1	1.2.1	1.2.2	total	1.1	1.2.1	1.2.2	1.2.3	1.3	1.4	total
	%	%	%	n	%	%	%	%	%	%	n
2000	0,1	44,2	55,7	910	0,0	46,9	17,1	33,9	1,7	0,5	885
2001	0,0	39,4	60,6	568	0,0	43,1	16,7	38,8	0,9	0,4	737
2002	0,0	54,3	45,7	348	0,0	51,5	14,8	31,5	1,5	0,7	718
2003	0,0	55,7	44,3	357	0,0	43,2	16,5	38,1	1,8	0,4	683
2004	0,0	69,4	30,6	445	0,0	51,4	14,0	33,8	0,7	0,2	615
2005	0,0	70,0	30,0	343	0,0	50,9	12,8	34,2	1,2	0,8	593
2006	0,0	75,6	24,4	381	0,0	51,7	14,4	31,8	1,0	1,0	578
2007	0,0	66,3	33,7	406	0,0	52,5	20,1	26,0	1,0	0,4	507
2008	0,0	69,3	30,7	440	0,0	53,0	17,8	27,7	0,6	0,9	534
2009	0,0	68,8	31,2	443	0,0	57,2	16,6	25,3	0,0	0,8	589
2010	0,0	78,1	21,9	484	0,2	59,4	16,1	23,0	0,6	0,8	527
2011	0,2	73,4	26,4	522	0,0	62,2	16,2	20,1	1,4	0,0	487
2012	0,0	80,9	19,1	560	0,5	63,3	14,1	19,0	1,5	1,6	547
2013	0,0	81,6	18,4	522	0,0	62,2	13,1	23,3	1,2	0,2	571
2014	0,0	74,8	25,2	532	0,0	59,8	14,5	24,9	0,6	0,2	502
2015	0,0	74,9	25,1	529	0,0	56,9	15,9	26,5	0,7	0,0	554
2016	0,0	75,2	24,8	491	0,0	58,7	12,7	26,1	0,8	1,7	521
2017	0,0	75,8	24,2	517	0,0	57,2	16,8	23,1	1,3	1,7	477
2018	0,0	76,2	23,8	513	0,0	59,7	18,2	21,1	0,4	0,6	494

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