Resumo
Objetivo:
Verificar se a prevalência de demência difere entre viúvos e não viúvos, e analisar se há associação com características sociodemográficas e clínicas, bem como diferenças entre os sexos.
Método:
Estudo observacional transversal retrospectivo que analisou prontuários de pacientes atendidos em um ambulatório de Neurologia do Comportamento de 1999 a 2009 através de anamnese, exame físico e neurológico, Clinical Dementia Rating Scale (CDR) e Miniexame do Estado Mental (MEEM). Avaliou-se variáveis sociodemográficas (escolaridade e idade) e clínicas (idade e tempo do início dos sintomas, MEEM e CDR). As diferenças foram avaliadas pelo teste de Mann Whitney, admitindo-se p<0,05.
Resultados:
Dos 208 pacientes com diagnóstico de demência, 73 (35,1%) eram viúvos e 135 (64,9%) não viúvos. Os viúvos eram mais velhos que os não viúvos (p<0,001) quando foram diagnosticados com demência. Essa diferença na idade manteve-se comparando os sexos (p<0,001), mulheres viúvas e não viúvas (p<0,001) e homens viúvos e não viúvos (p<0,001). O tempo do início dos sintomas até o diagnóstico foi maior em homens viúvos quando comparado aos não viúvos [55,6 (±86,3) vs 43,4 (±44,8) meses] mas sem significância estatística. Os viúvos com demência tinham menor escolaridade, independente do sexo (p<0,05).
Conclusão:
A prevalência de demência diferiu entre viúvos e não viúvos, sendo maior nos não viúvos. Houve associação da viuvez com características clínicas e sociodemográficas com diferença entre os sexos. A perda do cônjuge pode gerar diferentes desfechos entre homens e mulheres, necessitando de medidas com enfoque específico na prevenção e estratégias de cuidado na demência.
Palavras-chave:
Demência; Doença de Alzheimer; Epidemiologia; Viuvez