O esquema de imunização anti-rábica pré-exposição mais comumente utilizado no Brasil é o chamado 3+1, com emprego de vacina produzida em tecido cerebral de camundongos recém-nascidos (3 doses em dias alternados e uma dose no dia 30). Embora tenham sido obtidos bons resultados em grupos experimentais bem controlados com este esquema de vacinação, no Laboratório de Sorologia do Instituto Pasteur, São Paulo, são encontrados, com frequência, resultados inferiores a 0,5 Ul/ml de anticorpos neutralizantes. Estudamos o esquema pré-exposição 3+1 em condições de campo, em diferentes cidades do Estado de São Paulo, em condições variáveis e talvez adversas, tais como a utilização de diferentes lotes de vacinas, com diferentes títulos, entregues, estocadas e administradas nas condições locais. Cinquenta das 256 amostras de soro (19,5%) apresentaram títulos inferiores a 0,5 UI/ml, sem que houvesse, no entanto, uma distribuição homogênea entre as cidades estudadas. Enquanto em algumas cidades os resultados foram amplamente satisfatórios, em outras quase 40% deles deixaram de atingir o nível mínimo desejável. Os resultados aqui apresentados, se considerados isoladamente, tornam questionáveis nossos procedimentos atuais de vacinação anti-rábica humana pré-exposição. As razões determinantes desta situação são discutidas no trabalho.