OBJETIVO: Este estudo buscou caracterizar o comércio e a qualidade microbiológica de ovos de codorna cozidos, na orla de Salvador, Bahia, na perspectiva do trabalho infantil. MÉTODOS: Realizou-se estudo transversal, com aplicação de questionários semi-estruturados, junto a 40 vendedores menores de idade, e análise microbiológica de 40 amostras, submetidas aos procedimentos que seguem: contagem de micro-organismos aeróbios mesófilos, estafilococos coagulase-positiva e estimativa do número mais provável de coliformes totais e termotolerantes/Escherichia coli e pesquisa de Salmonella spp. Os resultados foram comparados com padrões da Resolução RDC nº 12/2001, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RESULTADOS: Os vendedores eram predominantemente meninas (57,5%), tinham faixa etária entre 8 e 17 anos e estudavam (95.0%). A complementação da renda familiar foi a razão mais apontada para o trabalho (57,5%), sendo a renda média na atividade de R$38,31/dia. A maioria não observava requisitos de higiene pessoal, porém considerou que os alimentos poderiam veicular doenças. Quanto à frequência de lavagem das mãos, a maioria (47,5%) declarou lavá-las até duas vezes/dia. As contagens de micro-organismos aeróbios mesófilos e estafilococos coagulase-positiva registraram valores médios de 2,43 e 2,01 log unidade formadora colônia/g, respectivamente, enquanto a estimativa de termotolerantes foi de 0,98 log número mais provável/g; identificou-se Escherichia coli em 15,0% das amostras e ausência de Salmonella spp. Entre as amostras, 55,0% classificaram-se como não conformes. CONCLUSÃO: Os resultados evidenciam a inclusão de menores de idade no comércio de ovos de codorna, nas praias e sugerem riscos aos consumidores, devido à contaminação registrada e ao desconhecimento dos vendedores quanto aos princípios de higiene.
Trabalho de menores; Ovos; Comida de rua