RESUMO
Introdução:
Investigamos, a partir de uma perspectiva interpretativa, a forma pela qual os políticos espanhóis e portugueses administraram a crise da dívida entre 2008 e 2016. Especificamente, exploramos a carreira política e as ações de dois primeiros-ministros da Espanha (Zapareto e Rajoy) e dois de Portugal (Sócrates e Passos Coelho) a fim de verificar como suas biografias influenciaram a forma pela qual eles geriram essa crise.
Materiais e métodos:
A partir do estudo qualitativo desses quatro casos, destacamos as histórias de vida dos primeiros-ministros e comparamos seus habitus, enquadramento mental, capital político, o campo político e suas respectivas atuações na perspectiva do construtivismo estruturalista e da teoria da Nova Liderança.
Resultados:
A negação inicial da crise econômica no discurso público desses líderes prejudicou a capacidade de comando, diminuiu a confiança política e foi a razão da incoerência entre fala e ação na implementação das políticas de austeridade. Geralmente, líderes políticos que implementaram essas políticas econômicas tiveram sérios problemas de continuidade no cargo, independentemente de sua orientação ideológica.
Discussão:
A crise político-institucional provocada pela sobreposição entre a política nacional desses dois países e a orientação política da União Europeia limitou a autonomia dos primeiros-ministros portugueses e espanhois. Concluímos que líderes sinceros, capazes de distinguir responsabilidades e que sabem se comunicar com os eleitores têm maiores chances de sobreviver politicamente.
Palavras-chave
liderança política; primeiro-ministro; crise da dívida; carreira política; sobrevivência política