RESUMO
Introdução
A análise de conteúdo (AC) tem sido normativamente definida a partir de três princípios fundamentais: validade, replicabilidade e confiabilidade. Neste trabalho, identificamos que os estudos empíricos, no Brasil e no exterior, têm negligenciado esses princípios, em especial o último (confiabilidade).
Métodos
Diante disso, oferecemos uma contribuição tanto operacional quanto crítica à AC. Em relação à contribuição operacional, o trabalho apresenta uma listagem detalhada de procedimentos sobre como se realizar um teste de confiabilidade em diferentes circunstâncias de pesquisa (com um ou mais pesquisadores).
Resultados
Já a contribuição crítica é uma reflexão epistemológica acerca das vantagens e limites dos usos mais comuns desse tipo de teste, usos esses que, no limite, podem comprometer a própria confiabilidade científica dos resultados publicados.
Discussão
De modo a evitar esse risco, propomos que pesquisas com AC podem reivindicar a presunção de confiabilidade quando (a) oferecem plenas condições de replicabilidade e (b) quando oferecem um teste de confiabilidade realizado por um ou mais codificadores, teste esse que seja aceitável como significativamente não-aleatório. Por fim, concluímos que, nos periódicos de alto impacto, predomina a importância de (b) em detrimento de (a), o que demonstra que, mesmo na elite da produção científica, ainda prevalece uma compreensão pouco exigente sobre a confiabilidade na AC.
PALAVRAS-CHAVE:
análise de conteúdo; teste de confiabilidade; replicabilidade; validade; métodos quantitativos