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Fragilidade e espacialização de pessoas idosas do município de Uberlândia com IVCF-20

RESUMO

OBJETIVO

Descrever o perfil clínico funcional dos idosos vinculados à atenção primária à saúde, por meio do Índice de Vulnerabilidade Clínico Funcional (IVCF-20) e realizar a espacialização dos de maior declínio funcional por unidades de atenção primária à saúde no município de Uberlândia-MG, no ano de 2022.

MÉTODOS

Estudo transversal com dados secundários da Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia-MG. As variáveis foram comparadas através de testes de t de Student, Mann Whitney, qui-quadrado de Pearson e regressão logística multinomial para obter o efeito independente de cada variável. O nível de significância adotado foi de 5% (p < 0,05). Utilizou-se o banco de dados georreferenciado no ArcGIS®.

RESULTADOS

Foram avaliados 47.182 idosos com idade média de 70,3 anos (60 a 113 anos), sendo 27.138 mulheres (57,52%) e observou-se franco predomínio de idosos de baixo risco ou robustos (69,40%). Todavia, 11,09% são idosos de alto risco e 19,52% estão em risco de fragilização. Idosos do sexo masculino tiveram chance independentemente inferior de risco moderado e alto comparados às mulheres idosas (OR = 0,53; p < 0,001). Foi observado alta prevalência de polifarmácia, 21,40% da população idosa, particularmente nos idosos frágeis, com prevalência de 63,08%. Houve maior distribuição dos idosos frágeis em torno da região central do município e nas unidades de saúde com maior área de abrangência. O IVCF-20 permitiu realizar o rastreio da fragilidade na atenção primária à saúde.

CONCLUSÃO

O instrumento é capaz de estratificar o risco dos idosos nas redes de atenção à saúde pela atenção primária à saúde, possibilitando a aplicação de intervenções preventivas, promocionais, paliativas ou reabilitadoras individualizadas, conforme o estrato clínico funcional do idoso e os domínios funcionais comprometidos. A estratificação de risco e a distribuição espacial dos idosos mais frágeis pode ser uma boa estratégia de qualificação dos profissionais de saúde com o objetivo de maximizar a autonomia e independência dos idosos.

Saúde do Idoso; Fragilidade; Atenção Primária à Saúde; Saúde Pública

ABSTRACT

OBJECTIVE

To describe the functional clinical profile of elderly people linked to primary health care, using the Functional Clinical Vulnerability Index (IVCF-20) and to spatialize those with the greatest functional decline by primary health care units in the municipality of Uberlândia, in the state of Minas Gerais (MG), in the year 2022.

METHODS

A cross-sectional study with secondary data from the Municipal Health Department of Uberlândia-MG. The variables were compared using Student’s t-test, Mann Whitney test, Pearson’s chi-square, and multinomial logistic regression to obtain the independent effect of each variable. The significance level adopted was 5% (p < 0.05). The georeferenced database in ArcGIS® was used.

RESULTS

47,182 older adults were evaluated with a mean age of 70.3 years (60 to 113 years), 27,138 of whom were women (57.52%), with a clear predominance of low-risk or robust older adults (69.40%). However, 11.09% are high-risk older adults and 19.52% are at risk of frailty. Older men had independently lower odds of moderate and high risk compared to older women (OR = 0.53; p < 0.001). A high prevalence of polypharmacy was observed, 21.40% of the older adult population, particularly in frail older adults, with a prevalence of 63.08%. There was a greater distribution of frail older adults around the central region of the municipality and in health units with a larger coverage area. The IVCF-20 made it possible to screen frailty in primary health care.

CONCLUSION

The instrument is capable of stratifying the risk of older adults in health care networks through primary health care, enabling the application of individualized preventive, promotional, palliative, or rehabilitative interventions, according to the clinical functional stratum of the older adult and the compromised functional domains. Risk stratification and spatial distribution of the frailest older adults can be a good strategy for qualifying health professionals with the aim of maximizing the autonomy and independence of the older adults.

Health of the Elderly; Frailty; Primary Health Care; Public Health

INTRODUÇÃO

O envelhecimento da população está associado a maior risco de desfechos adversos, como maior prevalência de condições crônicas e agudas de saúde, dependência funcional, hospitalização, institucionalização e óbito11. Passos VMA, Champs AP, Teixeira R, Lima-Costa MF, Kirkwood R, Veras R, et al. The burden of disease among Brazilian older adults and the challenge for health policies: results of the Global Burden of Disease Study 2017. Popul Health Metr. 2020 Sep;18(S1 Suppl 1):14. https://doi.org/10.1186/s12963-020-00206-3
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. Essa maior vulnerabilidade da pessoa idosa ao adoecimento e ao declínio funcional é conhecido como fragilidade22. Gordon AL, Masud T, Gladman JR. Now that we have a definition for physical frailty, what shape should frailty medicine take? Age Ageing. 2014 Jan;43(1):8-9. https://doi.org/10.1093/ageing/aft161
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. Diversas formas de operacionalização do conceito de fragilidade são reconhecidas, dificultando sua aplicação na prática clínica e, consequentemente, a replicação e comparação dos diversos modelos existentes em estudos de base populacional55. Rodríguez-Mañas L, Féart C, Mann G, Viña J, Chatterji S, Chodzko-Zajko W, et al. Searching for an operational definition of frailty: a Delphi method based consensus statement: the frailty operative definition-consensus conference project. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2013 Jan;68(1):62-7. https://doi.org/10.1093/gerona/gls119
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,66. Pialoux T, Goyard J, Lesourd B. Screening tools for frailty in primary health care: a systematic review. Geriatr Gerontol Int. 2012 Apr;12(2):189-97. https://doi.org/10.1111/j.1447-0594.2011.00797.x
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. O consenso atual é que a fragilidade é uma síndrome geriátrica multidimensional, com caráter dinâmico, associada à redução das reservas homeostáticas, que limita progressivamente a capacidade de resistir a potenciais agressores agudos, provocando déficits cumulativos e auto perpetuantes, culminando com o declínio funcional, internação, institucionalização e óbito77. Clegg A, Young J, Iliffe S, Rikkert MO, Rockwood K. Frailty in elderly people. Lancet. 2013 Mar;381(9868):752-62. https://doi.org/10.1016/S0140-6736 (12)62167-9
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,88. Morley JE, Vellas B, Van Kan GA, Anker SD, Bauer JM, Bernabei R, et al. Frailty consensus: a call to action. Journal of the American Medical Directors Association. 2013; 14(6):392-7. https://doi.org/10.1016/j.jamda.2013.03.022
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.

A variabilidade no conceito de “idoso frágil” reflete-se diretamente na utilização de diversos instrumentos diagnósticos99. Faller JW, Pereira DD, Souza S, Nampo FK, Orlandi FS, Matumoto S. Instruments for the detection of frailty syndrome in older adults: A systematic review. PLoS One. 2019 Apr;14(4):e0216166. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0216166
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,1010. Caldas CP, Veras RP, Motta LB, Lima KC, Kisse CB, Trocado CV, et al. Rastreamento do risco de perda funcional: uma estratégia fundamental para a organização da Rede de Atenção ao Idoso. Cien Saude Colet. 2013 Dec;18(12):3495-506. https://doi.org/10.1590/S1413-81232013001200006
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. No intuito de padronizar a estratificação de risco de fragilidade na população idosa brasileira e o reconhecimento do “idoso frágil” pela atenção primária à saúde (APS), o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), em parceria com o Ministério da Saúde e Sociedade Beneficente Israelita Brasileira (Hospital Albert Einstein), publicou nota técnica sugerindo a utilização do Instrumento de Avaliação do Índice de Vulnerabilidade Clínico Funcional, IVCF-20a a Disponível em: http://www.ivcf20.org . A escolha do IVCF-20 baseou-se na sua simplicidade e rápida aplicação, podendo ser utilizado por qualquer profissional de saúde, incluindo o agente comunitário de saúde1111. Ministério da Saúde(BR), Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. Nota técnica para organização da rede de atenção à saúde do foco na atenção primária à saúde e na atenção ambulatorial especializada: saúde da pessoa idosa. São Paulo: Hospital Israelita Albert Einstein, Ministério da Saúde. 2019.. O instrumento é composto por 20 questões que avaliam os principais determinantes clínicos funcionais da saúde do idoso, cuja pontuação varia de 0 a 40 pontos. Quanto mais alto o valor obtido, maior o risco de vulnerabilidade clínico-funcional1212. Moraes EN, Lanna FM, Santos RR, Bicalho MA, Machado CJ, Romero D. A new proposal for the clinical-functional categorization of the elderly: Visual Scale of Frailty (VS-Frailty). J Aging Res Clin Pract. 2016;5(1):24-30. https://doi.org/10.14283/jarcp.2016.84
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. Segundo Faller et al.99. Faller JW, Pereira DD, Souza S, Nampo FK, Orlandi FS, Matumoto S. Instruments for the detection of frailty syndrome in older adults: A systematic review. PLoS One. 2019 Apr;14(4):e0216166. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0216166
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, o IVCF-20 foi reconhecido como sendo um dos quatro melhores instrumentos do mundo capazes de reconhecer a fragilidade na população idosa.

Por meio de convênio firmado com o CONASS, o município de Uberlândia atua como Centro Colaborador da Planificação da Atenção à Saúde (PAS) desde 2017. Com uma população estimada de 706.597 habitantes, dos quais 108.793 são idosos (15,39%)1616. Ministério da Saúde (BR). Datasus. População residente: estudo de estimativas populacionais por município, idade e sexo 2000-2021: Brasil. [cited 2023 July 14]. Available from: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?ibge/cnv/popsvsbr.def
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, a partir de dezembro de 2018 iniciou a organização da Rede de Atenção da Pessoa Idosa (RASPI) sob a ótica da PAS. A organização da RASPI se deu a partir do Modelo de Atenção as Condições Crônicas (MACC), desenvolvido para se adaptar as exigências de um sistema de atenção à saúde público e universal como o SUS1717. Mendes EV. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo da consolidação da estratégia da saúde da família. Brasília, DF: Organização Pan-Americana da Saúde; 2012..

O objetivo deste estudo é avaliar a prevalência de fragilidade e descrever o perfil clínico funcional dos idosos residentes no município de Uberlândia, identificados por meio da estratificação de risco realizada pelo IVCF-20, assim como analisar a distribuição espacial da fragilidade no município por unidades de atenção primária.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo transversal com o emprego de dados secundários, desenvolvido no município de Uberlândia, localizado na região do Triângulo Mineiro, estado de Minas Gerais.

A atenção primária é oferecida em 56 unidades básicas de saúde da família (UBSF) que abrigam 88 equipes de saúde da família (ESF) e 14 unidades básicas de saúde (UBS) com 78 equipes de atenção primária1818. Secretaria Municipal de Saúde (Uberlânida). Carteira de serviços da atenção primária 2018 [cited 2023 Jul 25]. Available from: http://docs.uberlandia.mg.gov.br/wp-content/uploads/2019/07/carteira-de-serviços.pdf
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.

A Secretaria de Saúde do município, tem trabalhado com o IVCF-20 para a estratificação de risco dos idosos e capacita, sistematicamente, profissionais de saúde, desde 2018, com supervisão clínica regular, por equipe especializada.

Através do IVCF20 é possível fazer uma avaliação clínica e funcional das pessoas com 60 anos e mais99. Faller JW, Pereira DD, Souza S, Nampo FK, Orlandi FS, Matumoto S. Instruments for the detection of frailty syndrome in older adults: A systematic review. PLoS One. 2019 Apr;14(4):e0216166. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0216166
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, o escore final é calculado a partir soma dos valores atribuídos a cada resposta (0 ou 1), sendo definidos três estratos: robustos (< 6 pontos), em risco de fragilização (7 a 14 pontos) e frágeis (≥ 15 pontos).

O cruzamento dos dados considerou dimensão, subdimensão, perguntas e respostas do IVCF20 empregadas na estratificação de risco. A idade foi trabalhada por faixa etária.

Foram trabalhados dados de estratificação de risco pelo IVCF-20 registrados, de 21/06/2018 a 30/04/2022, em prontuário eletrônico próprio, Fast Medic, usado durante os atendimentos nas unidades de saúde.

Por ser se tratar de estudo utilizando base de dados secundários, sem identificação dos usuários, que não seja o campo natural para cruzamento (Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), tratado, exclusivamente, dentro do banco de dados, sem divulgação no estudo), consideramos ser dispensável a submissão do projeto para comitê de ética, conforme a Resolução Nº 674, de 6 de maio de 2022, no Capítulo IX.

A massa de dados foi gerada a partir de dois relatórios extraídos do sistema de informação, com as respostas do IVCF20 e a estratificação de risco dos idosos atendidos nas UBSF e UBS:

  1. Relatório de idosos: apresenta a relação de todos os idosos cadastrados no programa de idoso e a correspondente estratificação de risco;

  2. Relatório de questionários: inclui os usuários e as respectivas perguntas e respostas dadas ao IVCF20.

Os relatórios foram extraídos no formato Excel (@Microsoft) e incluídos, cada um, como tabela em um banco de dados do Access (@Microsoft), onde foi realizado o processamento, os campos usados no estudo estão descritos no Quadro.

Quadro
Relação, descrição e origem dos campos que compuseram a massa de dados do estudo.

Inicialmente, selecionaram-se os registros usando-se o CPF como identificador, para lincar os dados das duas tabelas, respeitando-se o disposto na Lei 13.709 de 20181919. BRASIL. Lei nº. 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Diário Oficial União, 2018 Ago 15..

Na sequência foram selecionados na tabela de relatórios de questionários os registros com as respostas mais recentes, pois o IVCF20 pode ter sido respondido em mais de um momento, pelo mesmo indivíduo, no período do estudo, pois a base de dados é acumulativa.

Os critérios de inclusão no estudo foram:

  1. Usuário das unidades de saúde com 60 anos ou mais que tivesse o risco registrado no relatório de idosos;

  2. Usuário que tivesse respondido no mínimo 15 perguntas do questionário do IVCF20;

  3. Usuário cujo CPF estivesse informado nos dois relatórios;

  4. Usuário com Dt. Classificação igual a Dt. Resposta mais recente.

Os testes estatísticos foram realizados pelo Bioestat 5.0. A amostra foi composta por 47.182 indivíduos de 60 anos e mais, sendo a população estimada de 108.793 da mesma faixa etária1616. Ministério da Saúde (BR). Datasus. População residente: estudo de estimativas populacionais por município, idade e sexo 2000-2021: Brasil. [cited 2023 July 14]. Available from: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?ibge/cnv/popsvsbr.def
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. O teste de qui-quadrado para aderência foi significativo (p = 0,99), indicando que a representatividade da amostra.

Os testes t de Student e Mann Whitney foram usados para as variáveis idade e sexo; o qui-quadrado de Pearson na análise de prevalências de risco em cada sexo.

A regressão logística multinomial simples (Biostat 5.0), para obter o efeito independente, foi aplicada as variáveis idade, sexo, autopercepção negativa da saúde, cognição, humor e polifarmácia sobre a chance de ocorrência em dado estrato de risco, sendo comparadas com o estrato robusto, que por ser a melhor condição foi considerada como padrão ouro, o nível de significância foi de 5% (p < 0,05).

O mapeamento foi realizado para as 73 unidades de saúde (UBS e UBSF) da cidade de Uberlândia-MG. Foram identificados 5.175 casos de idosos frágeis, sendo 3.555 mulheres e 1.620 homens. Foi produzido um banco de dados georreferenciado no ArcGIS®, adotando-se como referência as unidades de saúde por área de abrangência e por bairros de Uberlândia. Na elaboração dos mapas temáticos foi adotada a técnica das figuras geométricas proporcionais, círculos, diretamente proporcional à intensidade de risco de vulnerabilidade, contendo 3 classes conforme o número de idosos: 1 a 10; 10 a 100; 100 a 500.

RESULTADOS

Atualmente, cerca de 63.784 idosos encontram-se estratificados pelo IVCF-20, representando 58,61% da população idosa. Após a aplicação dos critérios de seleção, a amostra final foi de 47.182 idosos. A prevalência de robustos foi superior a 80% daqueles com 60 a 69 anos, decrescendo com o avanço da idade, chegando a 4,20% entre pacientes com 100 anos ou mais. Houve predomínio de mulheres (27.138) em relação aos homens (20.044) (Tabela 1).

Tabela 1
Distribuição da amostra segundo aspectos demográficos e de saúde, em idosos no município de Uberlândia (n = 47.182).

As idades variaram entre 60 e 113 anos, com média de 70,3 anos (DP = 7,8), Houve predomínio de mulheres, 57,52% e a maioria dos idosos foram considerados robustos, 69,40%. A prevalência de robustos foi superior a 80% daqueles com 60 a 69 anos, decrescendo com o avanço da idade, chegando a 4,20% entre pacientes com 100 anos ou mais (Tabela 2).

Tabela 2
Descrição de idade e sexo segundo categorias de classificação de risco.

Houve correlação significativa entre idade e fragilidade (p < 0,001), sendo a fragilidade mais prevalente nas mulheres (p < 0,001). A prevalência de baixo risco foi maior entre os homens (75,60%) e moderado e alto risco foi mais prevalente entre as mulheres (p < 0,001) (Tabela 2).

A percepção da saúde regular ou ruim foi elevada, presente em 31,54% da população idosa. A dependência em atividades da vida diária (AVD) instrumental e básica estiveram presentes em 13,67% e 4,85% dos idosos, respectivamente. Queixas cognitivas consistentes foram presentes em 24,83% da população caracterizando uma forte suspeita de transtorno neuro cognitivo maior. A suspeita de demência esteve presente em 7,60% dos idosos. A prevalência de suspeita de transtorno do humor foi elevada, 27,40% (Tabela 1).

Quedas de repetição estiveram presentes em 8,12% dos idosos e foi observado alta prevalência de alterações significativas da marcha (16,06%). Problemas nutricionais foram observados em 5,65% dos idosos e forte suspeita de sarcopenia foi observada em 11,69%, pela lentificação na velocidade da marcha, considerada principal preditor de sarcopenia em idosos. A incontinência esfincteriana teve prevalência de 10,61%. Problemas visuais significativos estiveram presentes em 15,93% dos idosos, além de alterações da audição (9,13%). O destaque maior foi a alta prevalência de polifarmácia, presente em 21,40% da população idosa, particularmente nos idosos frágeis, 63,08% (Tabela 1).

Os homens quando comparados às mulheres tiveram chance inferior de risco moderado (OR = 0,63; IC95% 0,60–0,66; p < 0,001) e alto (OR = 0,53; IC95% 0,50–0,57; p < 0,001). Em comparação com idosos robustos, os resultados apontaram que autopercepção negativa da saúde teve chances maiores em idosos em risco de fragilização (OR = 6,48; IC95% 6,16–6,81; p < 0,001) e idosos frágeis (OR = 19,95; IC95% 18,53–21,49; p < 0,001). Já a chance de ocorrência de queixas cognitivas foi 6,69 (IC95% 6,34–7,06) vezes maior entre os em risco de fragilização e 19,78 (IC95% 18,45–21,20; p < 0,001) entre os frágeis. A suspeita de depressão foi maior nos idosos em fragilização (OR = 8,69; IC95% 8,24–9,17; p < 0,001) e nos frágeis (OR = 20,12; IC95% 18,75–21,59; p < 0,001). A chance de uso diário de múltiplos medicamentos (polifarmácia) foi maior nos idosos em fragilização (OR = 8,55; IC95% 8,07–9,05; p < 0,001) e nos idosos frágeis (OR = 18,84; IC95% 17,57–20,19; p < 0,001) (Tabela 3).

Tabela 3
Razões de chance para fragilidade e risco de fragilização em relação aos indivíduos robustos no município de Uberlândia–MG.

O mapeamento identificou as unidades de saúde com maior prevalência de fragilidade, a espacialização dos dados evidenciou que a distribuição geográfica e as áreas de concentração dos idosos frágeis é aleatória, com maior concentração em torno da área central urbana e nas unidades de saúde com maior população adscrita. Observou-se o predomínio de fragilidade nas mulheres, cerca de duas vezes superior, particularmente nas UBS Tocantins, UBS Brasil, UBS D. Zulmira, UBS Luizote, UBS Martins, UBS Pampulha, UBS Patrimônio, UBS Planalto, UBS Roosevelt e UBS Tibery (Figura).

Figura
Espacialização dos idosos frágeis, considerando-se a unidade de atenção primaria de cadastro e o sexo, no município de Uberlândia-MG.

DISCUSSÃO

Este trabalho é pioneiro no Brasil, representa o primeiro estudo brasileiro de base populacional que avaliou toda a população idosa de um município de médio porte, utilizando o Índice de Vulnerabilidade Clínico Funcional-20 (IVCF-20). A prevalência de fragilidade foi de 30,61%, (IVCF-20 ≥ 7pontos), enquanto idosos com alta vulnerabilidade clínico funcional (IVCF ≥ 15 pontos), esteve presente em 11,09%. Outros estudos utilizando o mesmo instrumento demonstraram variação de 12% a 20% em idosos de alto risco2020. Maia LC, Moraes EN, Costa SM, Caldeira AP. Fragilidade em idosos assistidos por equipes da atenção primária. Cien Saude Colet. 2020 Dec;25(12):5041-50. https://doi.org/10.1590/1413-812320202512.04962019
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.

A maioria dos idosos é de baixa vulnerabilidade clínico funcional, conforme vários autores77. Clegg A, Young J, Iliffe S, Rikkert MO, Rockwood K. Frailty in elderly people. Lancet. 2013 Mar;381(9868):752-62. https://doi.org/10.1016/S0140-6736 (12)62167-9
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e Moraes2424. Moraes EN. A arte da (des)prescrição no idoso: a dualidade terapêutica. Ed Folium; 2018., cuja gestão da saúde pode ser realizada pela APS, seguindo os princípios do modelo da pirâmide de riscos, preconizado2525. Mendes EV. Desafios do SUS. Brasília, DF: Conass; 2019., no MACC1010. Caldas CP, Veras RP, Motta LB, Lima KC, Kisse CB, Trocado CV, et al. Rastreamento do risco de perda funcional: uma estratégia fundamental para a organização da Rede de Atenção ao Idoso. Cien Saude Colet. 2013 Dec;18(12):3495-506. https://doi.org/10.1590/S1413-81232013001200006
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Estudos realizados em idosos demonstram prevalência de idosos robustos, pré-frágeis e frágeis de, respectivamente, 45%, 49,9% e 5,2% utilizando-se os critérios propostos por Fried et al.2626. Fried LP, Tangen CM, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2001 Mar;56(3):M146-56. https://doi.org/10.1093/gerona/56.3.M146
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Essas variações podem ser explicadas devido a influência de fatores demográficos, sociais, econômicos, bem como o acesso, utilização e estrutura assistencial dos serviços de saúde1414. Colares LM, Moraes EN, Costa SM, Caldeira AP. Fragilidade em idosos assistidos por equipes da atenção primária. Cienc Saude Colet. 2020 dez;25(12):5041-50. https://doi.org/10.1590/1413-812320202512.04962019
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. Pesquisa que comparou Uberlândia com mais dois municípios brasileiros evidenciou alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e expectativa de vida2727. Tasca R, Carrera MBM, Malik AM, Schiesari LMC, Bigoni A, Costa CF, et al. Gerenciando o SUS no nível municipal ante a Covid-19: uma análise preliminar. Saude Debate. 2022;46(spe1):15-32. https://doi.org/10.1590/0103-11042022E101
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.

As variáveis relacionadas com maior frequência de fragilidade foram idade e sexo feminino. Outros estudos obtiveram o mesmo achado, o que pode ser explicado pela menor concentração de massa magra e força muscular nas mulheres idosas em relação aos homens idosos77. Clegg A, Young J, Iliffe S, Rikkert MO, Rockwood K. Frailty in elderly people. Lancet. 2013 Mar;381(9868):752-62. https://doi.org/10.1016/S0140-6736 (12)62167-9
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,88. Morley JE, Vellas B, Van Kan GA, Anker SD, Bauer JM, Bernabei R, et al. Frailty consensus: a call to action. Journal of the American Medical Directors Association. 2013; 14(6):392-7. https://doi.org/10.1016/j.jamda.2013.03.022
https://doi.org/10.1016/j.jamda.2013.03....
,1010. Caldas CP, Veras RP, Motta LB, Lima KC, Kisse CB, Trocado CV, et al. Rastreamento do risco de perda funcional: uma estratégia fundamental para a organização da Rede de Atenção ao Idoso. Cien Saude Colet. 2013 Dec;18(12):3495-506. https://doi.org/10.1590/S1413-81232013001200006
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.

Autopercepção negativa da saúde esteve presente em um terço dos idosos e apresentou gradiente dose-resposta com a pontuação no IVCF-20, confirmando sua importância como marcador de fragilidade. Este achado esteve presente em, respectivamente, 42,6%, 42,4%, 30,3% e 28,8% de vários estudos55. Rodríguez-Mañas L, Féart C, Mann G, Viña J, Chatterji S, Chodzko-Zajko W, et al. Searching for an operational definition of frailty: a Delphi method based consensus statement: the frailty operative definition-consensus conference project. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2013 Jan;68(1):62-7. https://doi.org/10.1093/gerona/gls119
https://doi.org/10.1093/gerona/gls119...
reforçando a importância desse marcador de qualidade de vida no idoso. Entretanto outro estudo evidenciou 70% de autopercepção negativa. Ressalta-se que esse achado está associado principalmente a perda da autonomia e declínio de funcionalidade1515. Carneiro JA, Souza AS, Maia LC, Costa FM, Moraes EM, Caldeira AP. Fragilidade em idosos comunitários: comparando instrumentos de triagem. Rev Saude Publica. 2020;54:119. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054002114
https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020...
. Outra explicação é a diferença de opções de respostas, socioeconômicas e demográficas de cada local. Pesquisa realizada demonstrou a associação da prevalência de autoavaliação negativa de saúde com piores indicadores de renda, escolaridade e classes de consumo2828. Antunes JL, Chiavegatto Filho AD, Duarte YA, Lebrão ML. Desigualdades sociais na autoavaliação de saúde dos idosos da cidade de São Paulo. Rev Bras Epidemiol. 2019 Feb;21(21 Suppl 02):e180010. https://doi.org/10.1590/1980-549720180010.supl.2
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. A percepção de saúde apesar de ser uma medida subjetiva é considerada como bom indicador do estado de saúde dos idosos, pode indicar necessidade de vigilância da saúde geral e efetivação das políticas públicas para melhoria da qualidade de vida.

A prevalência de dependência funcional em pelo menos uma AVD instrumental (fazer compras, controlar finanças e realizar pequenos trabalhos domésticos) foi de 13,67%, enquanto a dependência para o banho foi de 4,85%. Pesquisas realizadas utilizando mesmo instrumento demonstraram a prevalência de dependência em alguma AVD variando de até 55,9% a 21,6%. Essa variação pode ser explicada pela região do país e metodologias para mensuração. Em relação às AVD básicas (deixaram de tomar banho sozinhos) estudos semelhantes evidenciaram pouca variação corroborando com os nossos resultados1414. Colares LM, Moraes EN, Costa SM, Caldeira AP. Fragilidade em idosos assistidos por equipes da atenção primária. Cienc Saude Colet. 2020 dez;25(12):5041-50. https://doi.org/10.1590/1413-812320202512.04962019
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,2020. Maia LC, Moraes EN, Costa SM, Caldeira AP. Fragilidade em idosos assistidos por equipes da atenção primária. Cien Saude Colet. 2020 Dec;25(12):5041-50. https://doi.org/10.1590/1413-812320202512.04962019
https://doi.org/10.1590/1413-81232020251...
.

A capacidade cognitiva é um dos domínios da capacidade intrínseca e deve ser avaliada rotineiramente pela APS, segundo o Programa de Atenção Integrada para a Pessoa Idosa (ICOPE)2929. Organização Pan-Americana da Saúde. Atenção Integrada para a Pessoa Idosa (ICOPE): orientações sobre a avaliação centrada na pessoa e roteiros para a atenção primária. Washington, DC: Organização Pan-Americana da Saúde; 2020.. Houve alta prevalência de queixas cognitivas nos idosos avaliados e a suspeita de transtorno neurocognitivo maior foi de 7,6%, que coincide com o estudo, no qual a prevalência de demência no Brasil foi de 7,1%3030. Herrera E Jr, Caramelli P, Silveira AS, Nitrini R. Epidemiologic survey of dementia in a community-dwelling Brazilian population. Alzheimer Dis Assoc Disord. 2002;16(2):103-8. https://doi.org/10.1097/00002093-200204000-00007
https://doi.org/10.1097/00002093-2002040...
.

Por sua vez, a prevalência de suspeita de depressão foi elevada (27,4%), em um estudo, observou-se uma prevalência de depressão em 14,5% dos idosos3131. Lourenço RA, et al. Prevalência e fatores associados à fragilidade em uma amostra de idosos que vivem na comunidade da cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil: estudo FIBRA-JF. Cienc Saude Coletiva. 2019;24(1):35-44. https://doi.org/10.1590/1413-81232018241.29542016
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. Outro achado relevante do nosso estudo foi a alta correlação entre suspeita de depressão e aumento na pontuação do IVCF-20, confirmando a alta associação entre essas duas condições crônicas de saúde.

Evidências de subnutrição e lentificação da velocidade da marcha foram observados em, respectivamente, 5% e 11,69% dos idosos de Uberlândia. Ambos os critérios são altamente sugestivos da presença de sarcopenia. Perda de peso, baixo IMC, circunferência da panturrilha menor que 31 cm e, principalmente, lentificação da marcha são instrumentos sugeridos para o diagnóstico precoce3232. Cruz-Jentoft AJ, Bahat G, Bauer J, Boirie Y, Bruyère O, Cederholm T, et al. Sarcopenia: revised European consensus on definition and diagnosis. Age Ageing. 2019 Jan;48(1):16-31. https://doi.org/10.1093/ageing/afy169
https://doi.org/10.1093/ageing/afy169...
. A prevalência de sarcopenia é também heterogênea, dependendo dos critérios diagnósticos utilizados, variando de 10 a 27% dos idosos. Observamos a prevalência de instabilidade postural (presença de alguma dificuldade para caminhar capaz de impedir a realização de alguma atividade do cotidiano) e de quedas de repetição em, respectivamente, 16,06% e 8,12% dos idosos avaliados. Carneiro et al.1515. Carneiro JA, Souza AS, Maia LC, Costa FM, Moraes EM, Caldeira AP. Fragilidade em idosos comunitários: comparando instrumentos de triagem. Rev Saude Publica. 2020;54:119. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054002114
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encontraram prevalência de quedas de repetição mais elevada (27,9%), assim como de limitação para caminhar (27,7%), provavelmente atribuídas ao desenho do estudo. O World Falls Guidelines (WFG) Task Force, publicado recentemente3333. Montero-Odasso M, Velde N, Martin FC, Petrovic M, Tan MP, Ryg J, et al. World guidelines for falls prevention and management for older adults: a global initiative. Age Ageing. 2022 Sep;51(9):1-36. https://doi.org/10.1093/ageing/afac205
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, reforça a importância da avaliação da marcha no idoso e da presença de quedas. No nosso estudo, a presença de declínio significativo da visão e da audição foi de, respectivamente, 15,93% e 9,13%, mais baixas do que foi observado por Carneiro et al.1515. Carneiro JA, Souza AS, Maia LC, Costa FM, Moraes EM, Caldeira AP. Fragilidade em idosos comunitários: comparando instrumentos de triagem. Rev Saude Publica. 2020;54:119. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054002114
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, que foi de cerca de 20% para ambas.

A alta prevalência de polifarmácia (uso de cinco ou mais medicamentos por dia) deve ser destacada no nosso estudo, percebido em 21,4% dos idosos e foi altamente correlacionada com a pontuação no IVCF-20 (gradiente dose-resposta). A polifarmácia é o principal fator de risco para a prescrição inapropriada em idosos, presente em 20 a 79%, dependendo do critério utilizado, sendo, portanto, bastante frequente na prática clínica2525. Mendes EV. Desafios do SUS. Brasília, DF: Conass; 2019. e é considerado importante marcador dos custos assistenciais3434. Hamilton H, Gallagher P, Ryan C, Byrne S, O'Mahony D. Potentially inappropriate medications defined by STOPP criteria and the risk of adverse drug events in older hospitalized patients. Arch Intern Med. 2011 Jun;171(11):1013-9. https://doi.org/10.1001/archinternmed.2011.215
https://doi.org/10.1001/archinternmed.20...
.

O mapeamento dos idosos frágeis permitiu o diagnóstico situacional da distribuição espacial no município, com a identificação das UBS com maior concentração. A distribuição foi heterogênea, com maior concentração em torno da área central da cidade, provavelmente pela maior população adscrita às UBS e por serem bairros mais antigos. Outro ponto relevante foi a maior tendência da fragilidade no sexo feminino, confirmando os dados da literatura. Este padrão de distribuição foi semelhante ao observado por Freitas et al.2121. Freitas FF, Rocha AB, Moura AC, Soares SM. Fragilidade em idosos na Atenção Primária à Saúde: uma abordagem a partir do geoprocessamento. Cien Saude Colet. 2020 Nov;25(11):4439-50. https://doi.org/10.1590/1413-812320202511.27062018
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, que realizou trabalho semelhante no município de Pombal, Paraíba.

O estudo apresenta limitações, como a utilização de um questionário baseado em respostas autorreferidas, que podem sofrer viés de memória. Todavia, todas as respostas foram confirmadas pelo acompanhante da pessoa idosa. O IVCF-20 não substitui a avaliação geriátrica ampla, considerada o padrão ouro para o diagnóstico geriátrico-gerontológico3535. Veronese N, Custodero C, Demurtas J, Smith L, Barbagallo M, Maggi S, et al. Comprehensive geriatric assessment in older people: an umbrella review of health outcomes. Age Ageing. 2022 May;51(5):1-9. https://doi.org/10.1093/ageing/afac104
https://doi.org/10.1093/ageing/afac104...
. Por fim, a estratificação de risco foi realizada em 58,61% da população idosa e foram excluídos cerca de 30% dos IVCF-20 avaliados, pela presença de inconsistência nos resultados.

CONCLUSÃO

A estratificação de risco pelo IVCF-20 permite realizar o rastreio da vulnerabilidade clínico funcional da população idosa e conhecer as suas principais demandas, facilitando o desenvolvimento de diretrizes e políticas públicas mais específicas. Permite também a definição de fluxos e contrafluxos na rede de atenção à saúde, com a definição mais clara de critérios de encaminhamento para a atenção ambulatorial especializada e do seu dimensionamento. A estratificação de risco e a distribuição espacial dos idosos mais frágeis pode ser uma boa estratégia para qualificação dos profissionais de saúde com o objetivo de maximizar a autonomia e independência dos idosos.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Abr 2024
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    21 Dez 2022
  • Aceito
    27 Out 2023
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