Fragilidade e espacialização de pessoas idosas do município de Uberlândia com IVCF-20

Barra, Rubia Pereira; Moraes, Edgar Nunes de; Lemos, Maria Margaret de Vasconcellos; Bonati, Poliana Castro de Resende; Castro, José Flávio Morais; Jardim, André Augusto

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Sumário

Artigo Original • Rev. Saúde Pública 57 (Suppl 3) • 2023 • https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2023057005273 copiar

Fragilidade e espacialização de pessoas idosas do município de Uberlândia com IVCF-20

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO

OBJETIVO

Descrever o perfil clínico funcional dos idosos vinculados à atenção primária à saúde, por meio do Índice de Vulnerabilidade Clínico Funcional (IVCF-20) e realizar a espacialização dos de maior declínio funcional por unidades de atenção primária à saúde no município de Uberlândia-MG, no ano de 2022.

MÉTODOS

Estudo transversal com dados secundários da Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia-MG. As variáveis foram comparadas através de testes de t de Student, Mann Whitney, qui-quadrado de Pearson e regressão logística multinomial para obter o efeito independente de cada variável. O nível de significância adotado foi de 5% (p < 0,05). Utilizou-se o banco de dados georreferenciado no ArcGIS®.

RESULTADOS

Foram avaliados 47.182 idosos com idade média de 70,3 anos (60 a 113 anos), sendo 27.138 mulheres (57,52%) e observou-se franco predomínio de idosos de baixo risco ou robustos (69,40%). Todavia, 11,09% são idosos de alto risco e 19,52% estão em risco de fragilização. Idosos do sexo masculino tiveram chance independentemente inferior de risco moderado e alto comparados às mulheres idosas (OR = 0,53; p < 0,001). Foi observado alta prevalência de polifarmácia, 21,40% da população idosa, particularmente nos idosos frágeis, com prevalência de 63,08%. Houve maior distribuição dos idosos frágeis em torno da região central do município e nas unidades de saúde com maior área de abrangência. O IVCF-20 permitiu realizar o rastreio da fragilidade na atenção primária à saúde.

CONCLUSÃO

O instrumento é capaz de estratificar o risco dos idosos nas redes de atenção à saúde pela atenção primária à saúde, possibilitando a aplicação de intervenções preventivas, promocionais, paliativas ou reabilitadoras individualizadas, conforme o estrato clínico funcional do idoso e os domínios funcionais comprometidos. A estratificação de risco e a distribuição espacial dos idosos mais frágeis pode ser uma boa estratégia de qualificação dos profissionais de saúde com o objetivo de maximizar a autonomia e independência dos idosos.

Saúde do Idoso; Fragilidade; Atenção Primária à Saúde; Saúde Pública

Item	Campo	Descrição	Relatório de origem
1	CPF usuário	CPF do usuário	Comum aos dois relatórios
2	Resp. acompanhamento	Unidade de acompanhamento do usuário	Relatório de idosos
3	Resp. cadastro usuário	Unidade de cadastro do usuário	Relatório de idosos
4	Classificação	Estratificação do risco no Programa do Idoso	Relatório de idosos
5	Sexo	Sexo do usuário (M ou F)	Relatório de idosos
6	Idade	Idade do usuário (idade em anos)	Relatório de idosos
7	Dt. nascimento	Data de nascimento do usuário	Relatório de idosos
8	Dt. classificação	Data de realização da atual estratificação de risco	Relatório de idosos
9	Dt. resposta	Data em que foi realizado o questionário do IVCF–20	Relatório de questionários
10	Pergunta	Pergunta do questionário (uma linha para cada pergunta)	Relatório de questionários
11	Resposta	Resposta a respectiva pergunta do questionário	Relatório de questionários

Dimensão da saúde	Robusto		Em fragilização		Frágil		Total

	n	%	n	%	n	%	n	%
Idade (anos)
60–69	20.646	80,1	3.796	14,7	1.338	5,2	25.780	100
70–79	9.758	66,1	3.353	22,7	1.648	11,2	14.759	100
80–89	2.172	39,3	1.762	31,9	1.598	28,9	5.532	100
90–99	164	15,4	287	27	613	57,6	1.064	100
≥ 100	2	4,2	10	21,3	35	74,5	47	100
Total	32.742	69,4	9.208	19,52	5.232	11,09	47.182	100
Sexo
Feminino	17.956	64,8	5.952	21,9	3.590	13,2	27.138	100
Masculino	15.146	75,6	3.256	16,2	1.642	8,2	20.044	100
Autopercepção da saúde
Excelente, muito boa ou boa	27.124	83,26	3.972	43,41	1.040	19,95	32.136	68,46
Regular ou ruim	5.454	16,74	5.177	56,59	4.174	80,05	14.805	31,54
Atividades de vida diária
Dependência funcional em AVD instrumental	505	1,55	2.145	23,45	3.767	72,25	6.417	13,67
Dependência funcional em AVD básica	33	0,1	284	3,11	1.953	37,52	2.270	4,85
Cognição
Queixas cognitivas	3.678	11,32	4.227	46,09	3.730	71,63	11.635	24,83
Suspeita de demência	183	0,59	889	10,12	2.350	46,33	3.422	7,6
Humor
Suspeita de depressão	3.946	12,24	4.991	54,8	3.813	73,72	12.750	27,4
Mobilidade
Declínio no alcance, preensão e pinça	618	1,91	995	10,95	1.753	33,87	3.366	7,23
Capacidade aeróbia e/ou muscular
Perda de peso	474	1,68	808	10,24	1.020	22,49	2.302	5,65
IMC < 22	527	2,14	428	6,64	455	12,89	1.410	4,07
CP < 31 cm	430	1,78	475	7,56	576	16,73	1.481	4,38
Velocidade da marcha > 5s	729	2,99	1.376	21,49	1.918	52,98	4.023	11,69
Marcha
Alteração da marcha	915	2,84	2.686	29,61	3.860	74,6	7.461	16,06
Quedas de repetição	634	1,99	1.303	14,57	1.797	35,16	3.734	8,12
Continência
Incontinência esfincteriana	920	2,87	1.635	18,2	2.347	45,65	4.902	10,61
Comunicação
Declínio significativo da visão	2.650	8,24	2.536	28,03	2.199	42,66	7.385	15,93
Declínio significativo da audição	1.062	3,33	1.492	16,61	1.644	32,12	4.198	9,13
Comorbidade múltipla
Polipatologia	489	1,54	1.077	12,1	1.292	25,68	2.858	6,27
Polifarmácia	2.624	8,31	3.924	43,68	3.219	63,08	9.767	21,4
Internação recente	507	1,63	944	10,83	1.106	22,19	2.557	5,72

Categoria	Estratificação do risco				valor de p

	Baixo	Moderado	Alto	Total

	n (%)	n (%)	n (%)	n (%)
Idade (intervalar; anos)
Média (DP)	68,5 (6,4%)	72,8 (8,3%)	77,4 (9,7%)	70,3 (7,8%)	< 0,001
Mediana (IIQ)	67 (9%)	72 (13%)	77 (16%)	68 (11%)	< 0,001
Mínimo; máximo	60; 104	60; 113	60; 109	60; 113
Idade (categoria; anos)
60–69	20.646 (80,1)	3.796 (14,7)	1.338 (5,2)	25.780 (100)	< 0,001
70–79	9.758 (66,1)	3.353 (22,7)	1.648 (11,2)	14.759 (100)
80–89	2.172 (39,3)	1.762 (31,9)	1.598 (28,9)	5.532 (100)
90–99	164 (15,4)	287 (27,0)	613 (57,6)	1.064 (100)
≥ 100	2 (4,2)	10 (21,3)	35 (74,5)	47 (100)
Sexo
Feminino	17.956 (64,8)	5.952 (21,9)	3.590 (13,2)	27.138 (100)	< 0,001
Masculino	15.146 (75,6)	3.256 (16,2)	1.642 (8,2)	20.044 (100)

Categoria	Razão de chance (IC95%)	Valor de p
Em fragilização (referência robusto)
Autopercepção negativa da saúde	6,48 (6,16–6,81)	< 0,0001
Presença de queixas cognitivas	6,69 (6,34–7,06)	< 0,0001
Presença de queixas depressivas	8,69 (8,24–9,17)	< 0,0001
Polifarmácia	8,55 (8,07–9,05)	< 0,0001
Frágil (referência robusto)
Autopercepção negativa da saúde	19,95 (18,53–21,49)	< 0,0001
Presença de queixas cognitivas	19,78 (18,45–21,20)	< 0,0001
Presença de queixas depressivas	20,12 (18,75–21,59)	< 0,0001
Polifarmácia	18,84 (17,57–20,19)	< 0,0001
Em fragilização (referência robusto)
Idade (referência: 60–69 anos)
70–79	1,89 (1,79–1,99)	< 0,001
80–89	4,43 (4,12–4,76)	< 0,001
90–99	9,42 (7,74–11,5)	< 0,001
≥ 100	27,70 (6,05–127)	< 0,001
Sexo masculino (referência: sexo feminino)	0,63 (0,60–0,66)	< 0,001
Frágil (referência robusto)
Idade (referência: 60 a 69 anos)
70–79	2,64 (2,44–2,84)	< 0,001
80–89	11,4 (10,5–12,4)	< 0,001
90–99	56,9 (47,4–68,3)	< 0,001
≥ 100	277 (66,5–1.153 )	< 0,001
Sexo masculino (referência: sexo feminino)	0,53 (0,50–0,57)	< 0,001

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