Acessibilidade / Reportar erro

Violência e profilaxia: os preventórios paulistas para filhos de portadores de hanseníase

Esse artigo analisa como que a prática do isolamento compulsório dos pacientes de hanseníase no Estado de São Paulo contribuiu para que o estigma da hanseníase atingisse pessoas que nunca portaram a doença, como foi o caso das crianças sadias filhas de portadores de hanseníase. Discute como que os ideais eugênicos contribuíram para a formação de uma postura médica que, mesmo a revelia dos progressos científicos e das recomendações internacionais, perpetuaram medidas de discriminação e segregação dessas crianças. Demonstra como estas acabaram por se tornar portadoras de um "estigma congênito" que as acompanharia por toda a vida e como isto resultou na diminuição de possibilidades de vida, obrigando-as a esconder sua situação de internas ou egressas de Preventório se quisessem competir em igualdade de condições quando da procura de emprego ou no estabelecimento de relações sociais. Analisa ainda a vida dentro dos Preventórios, a separação da família e o quotidiano de centenas de vidas moldadas dentro de estruturas de controle, nas quais a violência e o arbítrio se faziam em nome de uma visão distorcida de profilaxia.

estigmatização; marginalidade; hanseníase; preventórios; políticas de saúde


Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. Associação Paulista de Saúde Pública. Av. dr. Arnaldo, 715, Prédio da Biblioteca, 2º andar sala 2, 01246-904 São Paulo - SP - Brasil, Tel./Fax: +55 11 3061-7880 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: saudesoc@usp.br