RESUMO
Usinas hidrelétricas estão entre as obras de infraestrutura que provocam grandes impactos na biodiversidade. Muito se tem discutido sobre as diferentes maneiras de mitigar ou compensar estes impactos e o Planejamento Sistemático de Conservação (PSC) destaca-se como uma ferramenta para abordar estes impactos de modo integrado e em escala regional. O presente estudo visa analisar e quantificar o impacto dos grandes empreendimentos hidrelétricos na Região Hidrográfica do Araguaia-Tocantins sobre grupos indicadores para a conservação da biodiversidade: espécies consideradas ameaçadas (conforme classificados pela IUCN) e espécies endêmicas de vertebrados, visando propor subsídios a estratégias mais adequadas e sistêmicas de planejamento territorial e conservação. Foram considerados dois cenários, um apenas com as usinas hidrelétricas em operação (oito usinas) e outro com usinas em operação e previstas (26 usinas). Foram selecionados 42 alvos de conservação, entre espécies endêmicas e ameaçadas de extinção de vertebrados. Para cada espécie alvo foram selecionadas metas de conservação, e tais metas se dividiram em três níveis de acordo com o tamanho da distribuição geográfica de cada alvo. Para o processo de priorização de áreas foi utilizado o software ConsNet. Os resultados indicam que, considerando o cenário atual, seria necessário o incremento de 6,1 milhões de ha em área de UC de Proteção Integral na região hidrográfica, ou um incremento de 450%, e o cenário futuro indica um acréscimo de quase 100 mil ha a esse valor. O trabalho também indica que o PSC pode ser uma poderosa ferramenta na busca do consenso entre atores com diferentes interesses nas bacias hidrográficas.
Palavras-chave:
Planejamento ambiental; Impacto ambiental; Região Hidrográfica