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Avaliação de habilidades clínicas: limitações à introdução de um exame clínico objetivo estruturado ("OSCE") em uma escola médica brasileira tradicional

CONTEXTO: A avaliação das habilidades clínicas tem um papel central na educação médica, sendo importante o uso de métodos apropriados para esta finalidade. O exame clínico objetivo estruturado ("OSCE") constitui um dos mais válidos, fidedignos e efetivos meios de avaliação de habilidades clínicas. OBJETIVOS: Descrever as percepções de estudantes e professores frente à introdução de um exame "OSCE" em uma escola médica tradicional. TIPO DE ESTUDO: Estudo descritivo, semiquantitativo. LOCAL: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. PARTICIPANTES: Um total de 258 estudantes de Medicina que terminaram um curso sobre habilidades clínicas básicas e seis professores que se envolveram na administração da "OSCE". PROCEDIMENTOS: Aplicou-se aos estudantes um questionário estruturado para a medida da sua percepção sobre vários aspectos do exame. As opiniões dos professores foram colhidas com outro questionário, cuja aplicação foi seguida por uma entrevista pessoal. PRINCIPAIS MEDIDAS: Percentuais de estudantes satisfeitos ou insatisfeitos com os vários aspectos do exame e opiniões globais positivas ou negativas dos professores sobre a avaliação. RESULTADOS: Os estudantes mostraram-se satisfeitos com os casos e as tarefas clínicas solicitadas, mas 48% deles criticaram aspectos organizacionais do exame. Proporções substanciais dos estudantes relataram dificuldades em controlar o tempo (70%) e o estresse emocional (70%) durante o exame. O aperfeiçoamento de vários aspectos do exame associou-se à redução do percentual de estudantes insatisfeitos com a sua organização (5%), mas as proporções de estudantes relatando dificuldades com o controle do tempo (40%) e do estresse (75%) permaneceram inalteradas. Os professores reconheceram a acurácia do exame, mas criticaram a sua limitação em prover avaliação mais integral da abordagem do paciente. Houve, também, queixas de que o exame era consideravelmente dispendioso em termos do tempo e do esforço necessários para a sua aplicação. O impacto educacional do exame foi percebido como sendo limitado, visto que outros professores, não diretamente envolvidos com a sua administração, não mostraram interesse em discutir os seus resultados. CONCLUSÕES: Junto com a falta de recursos e a complexidade organizacional, particularidades de ordem cultural e a ausência de um ambiente educacional mais favorável podem dificultar o aperfeiçoamento dos métodos de avaliação nas escolas médicas tradicionais.

Estudantes de Medicina; Educação médica; Avaliação educacional; Ensino; Medicina; Faculdades de Medicina


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