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ENEGRECENDO OS ESTUDOS CRÍTICOS DISCURSIVOS: CONTRIBUIÇÕES EPISTEMOLÓGICAS AFROPERSPECTIVISTAS PARA O CAMPO DA ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO NO BRASIL

BLACKENING CRITICAL DISCURSIVE STUDIES: AFROPERSPECTIVIST EPISTEMOLOGIES CONTRIBUTIONS TO THE FIELD OF CRITICAL DISCOURSE ANALYSIS IN BRAZIL

RESUMO

Apresento, neste artigo, algumas reflexões acerca da relevância das epistemologias afroperspectivistas para construções teóricas e metodológicas dos estudos críticos do discurso. No campo da Análise Crítica do Discurso (ACD), estas pesquisas buscam compreender as relações entre discurso, raça e outras interseccionalidades em nosso contexto brasileiro. Ao discutir sobre práticas racistas nas manifestações discursivas na contemporaneidade, são necessárias perspectivas epistemológicas que assimilem as múltiplas formas de opressão que atingem negras/os em nossa sociedade - opressões que são frutos da colonialidade (NASCIMENTO, 2019NASCIMENTO, G. (2019). Racismo Linguístico: os subterrâneos da linguagem e do racismo. Belo Horizonte: Letramento.; RESENDE, 2017RESENDE, V. M. (2017). Análise do Discurso Crítica: reflexões teóricas e epistemológicas quase excessivas de uma analista obstinada. In RESENDE, Viviane de Melo, REGIS, Jacqueline Fiuza da Silva (Orgs). Outras perspectivas em análise de discurso crítica. Campinas. Pontes Editores., 2019RESENDE, V. M. (2019). Perspectiva latino-americana para decolonizar os estudos críticos do discurso. In: RESENDE, Viviane de Melo (org.). Decolonizar os estudos críticos da linguagem. Campinas: Pontes Editores, Cap. 1, p. 19-46.; SANTOS, 2019SANTOS, G. (2019). Linguagem e decolonialidade: discursos e(m) resistência na trilha da aquilombagem crítica. In: RESENDE, Viviane de Melo (org.). Decolonizar os estudos críticos da linguagem. Campinas: Pontes Editores. Cap. 6, p. 117-144.). Além disso, é urgente pensar em produções locais de teorias e metodologias a fim de superar o falso ‘conhecimento universalizante’ tão consolidado na ciência moderna (RESENDE, 2017RESENDE, V. M. (2017). Análise do Discurso Crítica: reflexões teóricas e epistemológicas quase excessivas de uma analista obstinada. In RESENDE, Viviane de Melo, REGIS, Jacqueline Fiuza da Silva (Orgs). Outras perspectivas em análise de discurso crítica. Campinas. Pontes Editores., 2019RESENDE, V. M. (2019). Perspectiva latino-americana para decolonizar os estudos críticos do discurso. In: RESENDE, Viviane de Melo (org.). Decolonizar os estudos críticos da linguagem. Campinas: Pontes Editores, Cap. 1, p. 19-46.; PARDO, 2011PARDO, M. L. (2011). Teoría y metodología de la investigación lingüística: método sincrónico-diacrónico de análisis lingüístico de textos. Buenos Aires: Tersites., 2019PARDO, M. L. (2019). Decolonização do conhecimento nos Estudos do Discurso. In: RESENDE, Viviane de Melo (org.). Decolonizar os estudos críticos da linguagem. Campinas: Pontes Editores, Cap. 3, p. 47-62.; VIEIRA, 2019VIEIRA, V. C. (2019). Perspectivas decoloniais feministas do discurso na pesquisa sobre educação e gênero-sexualidade. In: RESENDE, Viviane de Melo (org.). Decolonizar os estudos críticos da linguagem. Campinas: Pontes Editores, Cap. 5, p. 83-116.). Por isso, em um primeiro momento, apresento algumas considerações quanto as premissas básicas sobre a ACD e a perspectiva decolonial latina da ACD (ACD-LA). Em seguida, discorro sobre as contribuições dos pensamentos afroperspectivistas e decoloniais para ACD, os quais formulam reflexões conceituais acerca do discurso, as relações entre linguagem e racismo, dentre outros aspectos (GONZALEZ, 1988GONZALEZ, L. (1988). A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n. 92/93, p. 69-82, jan./ jun.; CARNEIRO, 2005CARNEIRO, A. S. (2005). A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. Universidade de São Paulo: São Paulo., 2011CARNEIRO, S. (2011). Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo Negro. (Consciência em debate).; GOMES, 2005GOMES, N. L. (2005). Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve discussão. Secretaria de educação continuada, alfabetização e diversidade. Brasília: Ministério da Educação. (Coleção pra todos).; RIBEIRO, 2017RIBEIRO, D. (2017). O que é lugar de fala?. Belo Horizonte: Letramento. (Feminismos Plurais)., 2019RIBEIRO, D. (2019). Pequeno Manual Antirracista. São Paulo: Companhia das Letras.; ALMEIDA, 2019ALMEIDA, S. L. (2019). Racismo Estrutural. São Paulo: Pólen. (Feminismos Plurais).; NASCIMENTO, 2019NASCIMENTO, G. (2019). Racismo Linguístico: os subterrâneos da linguagem e do racismo. Belo Horizonte: Letramento.; COLLINS, 2019COLLINS, P. H. (2019). Epistemologia feminista negra. In: BERNARDINO-COSTA, J.; MALDONADO-TORRES, N.; GROSFOGUEL, R. (org.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica Editora, Cap. 6. p. 139-170.; HOOKS, 2015HOOKS, B. (2015). Mulheres negras: moldando a teoria feminista. Revista Brasileira de Ciência Política, [S.L.], n. 16, p. 193-210. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0103-335220151608.
http://dx.doi.org/10.1590/0103-335220151...
; KILOMBA, 2019KILOMBA, G. (2019). Memórias da plantação: episódios do racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó.; FANON, 2008FANON, F. (2008). Pele negra, mascaras brancas. Salvador: Edufba.; BERNADINO-COSTA; MALDONADO-TORRES; GROSFOGUEL, 2018; MAKONI ET AL, 2003MAKONI, S. et al (2003). Black Linguistics: language, society and politics in Africa and the Americas. Nova Iorque: Routledge Press.). Para finalizar, através de um levantamento de pesquisas que abordem racismo e discurso publicadas nos últimos anos no Brasil sob a perspectiva da ACD, busco apontar os caminhos percorridos com o intuito de contribuir para uma visão geral dos estudos locais acerca dessa temática.

Palavras-chave:
análise crítica do discurso; racismo; epistemologias afroperspectivistas

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