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Reis negros, cabanos, e a Guarda Negra: Reflexões sobre o monarquismo popular no Brasil oitocentista1 1 As seguintes abreviaturas são usadas nas notas: AFCRB (Arquivo da Fundação Casa de Rui Barbosa), AHEx (Arquivo Histórico do Exército), AHMI (Arquivo Histórico do Museu Imperial), APAl (Arquivo Público de Alagoas), APEPe (Arquivo Público do Estado de Pernambuco), BN/SM (Biblioteca Nacional, Seção de Manuscritos), BPBL (Biblioteca Pública Benedito Leite), NARS (United States, National Archives and Records Service), PRO/FO (Great Britain, Public Record Office, Foreign Office). Uma versão preliminar deste texto foi apresentada ao colóquio “Popular Royalism in the Revolutionary Atlantic World”, na Yale University, 28-29 de outubro de 2016. Agradeço o convite e os comentários dos participantes. A revisão do português é de Pedro Falk e de Isabel Fandino.

Resumo

Analisando três casos de monarquismo popular no final da Colônia e no Império brasileiro, este artigo sustenta que o monarquismo popular constituía um elemento importante, embora nem sempre reconhecido, da política popular. O apoio popular à monarquia e os esforços dos integrantes das classes baixas para se associarem aos reis e aos imperadores eram, com frequência, vistos como ameaças radicais aos detentores do poder. Baseado nos trabalhos de estudiosos da cultura e da política popular brasileira, manuscritos, periódicos e observações de estrangeiros, este artigo focaliza no costume, do final da época colonial, das irmandades negras em eleger reis (e outros indícios de visões afro-brasileiras da monarquia), na Revolta dos Cabanos em Pernambuco (1832-1835), e na onda do apoio popular à monarquia que varreu o Brasil nos dezoito meses entre a Abolição da escravidão (13 de maio de 1888) e a proclamação da República (15 de novembro de 1889). Cada um desses episódios demonstra como a compreensão popular da monarquia com frequência estruturava demandas radicais.

Palavras-chave
império brasileiro; monarquismo popular; política popular

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