exenteração orbitária; melanoma; neoplasias oculares; órbita
RELATO DE CASO
Melanoma maligno primário da órbita
Lucas Gomes PatrocínioI; Clauber LourençoII; Cristiane do Prado SilvaII; Daniela Borges BarraII; José Antônio PatrocínioIII
IMédico Residente do Serviço de Otorrinolaringologia da Universidade Federal de Uberlândia
IIAluno da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia
IIIProfessor Titular e Chefe do Serviço de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia
Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Lucas Gomes Patrocínio Rua XV de Novembro 327 apto. 1600 Bairro Centro Uberlândia MG 38400-214. Tel/Fax: (0xx34) 3215-1143 E-mail: lucaspatrocinio@triang.com.br
Palavras-chave: exenteração orbitária, melanoma, neoplasias oculares, órbita.
INTRODUÇÃO
O primeiro caso de melanoma extracutâneo foi descrito na Alemanha (1856) e até 2001 foram publicados aproximadamente 1000 casos1,2. São lesões raras, representando cerca de 0,09% das neoplasias malignas extracutâneas1. Na órbita é freqüentemente secundário à invasão por melanomas da conjuntiva, coróide ou regiões adjacentes, ou metástase hematogênica3. O melanoma orbitário primário representa menos de 1% das neoplasias primárias da órbita4.
RELATO DE CASO
O.S.S., feminino, 64 anos, apresentava proptose progressiva, turvação visual e escotomas em olho direito havia dois meses. Negava queixas otorrinolaringológicas. Apresentava proptose, acuidade visual para movimento de mãos, papiledema e paresia da musculatura extrínseca à direita; sem alterações à nasofibroscopia.
Tomografia computadorizada (TC) evidenciou tumor retro-orbitário à direita (Figura 1a). Biopsia via transconjuntival (fórnice inferior) evidenciou melanoma maligno. TC de crânio, tórax e abdome não encontraram outro acometimento.
Realizada exenteração direita via incisão de Weber-Fergusson ampliada para região supraciliar (Figura 1b). Análise histopatológica comprovou ausência de infiltração de tecidos oculares ou nervo óptico, sem invasão de estruturas adjacentes e margens livres.
Após 4 semanas, iniciou radioterapia com 30 aplicações de 180 cGy. Encontra-se em acompanhamento há 18 meses, com realização de TC periódicas para identificação precoce de metástases e/ou recidiva local.
DISCUSSÃO
Os melanomas extracutâneos são neoplasias de adultos idosos. Séries de melanoma primário de órbita mostram idade variando de 12-84 anos3,5. Há apenas 2 casos na raça negra3-5.
Os melanomas primários de órbita provavelmente se originam de restos congênitos de células da crista neural, podendo ser encontrados ao longo de nervos ciliares, veias emissárias da esclera ou leptomeninge do nervo óptico3-6. Devido ao pequeno número de casos, não existem muitos dados a respeito do seu comportamento clínico, porém proptose associada à dor originada de uma massa orbital difusa é a apresentação mais comum4. Para confirmação diagnóstica são necessários biópsia e imunofenotipagem1.
Para definir se o melanoma orbitário é primário faz-se necessário demonstrar, através de exames de imagem e anatomopatológico, que o mesmo não tenha se originado no globo ocular e que não represente uma metástase3,5,6. O diagnóstico diferencial deve ser feito com tumores benignos e malignos do nariz, cavidades paranasais, órbita e base do crânio, principalmente anomalias vasculares e schwannoma pigmentar5.
O tratamento de escolha consiste na exenteração, ou seja, remoção completa do conteúdo orbital, incluindo globo ocular e pálpebras. A radioterapia e a quimioterapia têm sido utilizadas como tratamento adicional, com resultados incertos3-5.
COMENTÁRIOS FINAIS
O melanoma primário de órbita é um tumor de rara incidência, porém de evolução, na maioria das vezes, fatal. Chamamos a atenção da necessidade da realização de rigorosos exames clínico e de imagem, além de biópsia seguida de imunofenotipagem, quando em face de um quadro de proptose subaguda.
Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da RBORL em 11 de março de 2005. Cod. 112.
Artigo aceito em 01 de maio de 2006.
Serviço de Otorrinolaringologia, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Minas Gerais.
Referências bibliográficas
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
21 Dez 2006 -
Data do Fascículo
Out 2006
Histórico
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Aceito
01 Maio 2006 -
Recebido
11 Mar 2005