IMAGENS EM DIP
Estrongiloidiose gastrointestinal grave
José Roberto LambertucciI; Mateus Rodrigues WestinI; Alfredo José Afonso BarbosaII
IServiço de Doenças Infecciosas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG
IIDepartamento de Anatomia Patológica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG
Endereço para correspondência Endereço para correspondência Prof. José Roberto Lambertucci Faculdade de Medicina/UFMG Avenida Alfredo Balena 190 30130-100 Belo Horizonte, MG, Brasil E-mail: lamber@uai.com.br
O paciente, de 26 anos, foi admitido ao hospital queixando-se de dor abdominal em cólica, náuseas, vômitos e diarréia de início havia nove dias. Ele vinha sendo tratado com prednisona (80mg/dia), nos últimos dois meses, com o diagnóstico de mielorradiculopatia esquistossomótica e omeprazol para proteção gástrica. Ele havia recebido, ainda, ivermectina (12 mg, em dose única) para o tratamento de estrongiloidíase antes de iniciar a prednisona. Após a admissão hospitalar, o quadro clínico piorou rapidamente, com vômitos persistentes, desidratação, hiponatremia (115mEq/L), hipoalbuminemia (0,9g/dl) e íleo paralítico. Diagnosticou-se infecção urinária, causada pela Escherichia coli, que foi tratada com ciprofloxacina. Iniciou-se nutrição parenteral 15 dias após a internação. O trânsito intestinal evidenciou dilatação do estômago e estenose das luzes do duodeno e jejuno. (Figura A seta). A endoscopia digestiva alta revelou gastrite enantematosa moderada, e, no antro e duodeno, a presença de mucosa friável, sangrante, edematosa e com placas elevadas e esbranquiçadas (Figura B). Os fragmentos de esôfago, estômago e duodeno, obtidos por biópsias, foram encaminhados para exame histológico. Descreveu-se no estômago a presença de larvas de Strongyloides (Figura C a seta aponta uma larva de Strongyloides), envolvidas em processo inflamatório contendo eosinófilos. O paciente foi tratado com ivermectina (12mg, em dose única), seguido de albendazol (400mg/dia) por 10 dias e houve melhora marcante ao longo dos próximos oito dias. Dois meses mais tarde, em ambulatório, ele sentia-se bem. As larvas de Strongyloides ainda foram encontradas nas fezes. Ele recebeu albendazol (400mg/dia) por 30 dias e permanece assintomático.
REFERENCES
1. Benhur Junior A, Serufo JC, Lambertucci JR. Pulmonary strongyloidiasis. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 37: 359-360, 2004.
2. Lambertucci JR, Leão FC, Barbosa AJA. Gastric strongyloidiasis and infection by the human T cell lymphotropic virus type 1 (HTLV-1). Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 36: 541-542, 2003.
3. Porto MAF, Muniz A, Oliveira Júnior J, Carvalho EM. Implicações clínicas e imunológicas da associação entre o HTLV-1 e a estrongiloidíase. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 35: 641-649, 2002.
Recebido para publicação em 7/4/2005
Aceito em 3/5/2005
Endereço para correspondência
Publication Dates
-
Publication in this collection
08 Sept 2005 -
Date of issue
Aug 2005