RESUMO
Objetivo
Identificar tendência empreendedora geral e competência em comunicação interpessoal de estudantes de enfermagem e correlacioná-las com variáveis pessoais e acadêmicas.
Método
Estudo transversal numa universidade de São Paulo, SP, Brasil. Para coleta de dados realizada, utilizou-se três instrumentos: 1- Questionário com variáveis pessoais e acadêmicas; 2- Teste de Tendência Empreendedora Geral (TEG) e 3 - Escala de Competência em Comunicação Interpessoal (ECCI).
Resultados
A amostra foi de 150 participantes. As maiores médias foram nos Domínios Necessidade de Sucesso do TEG (M=7,88; DP=2,12 e mediana=8,00) e Disponibilidade da ECCI (M=12,50; DP=1,99 e mediana=13,00). Os estudantes dos períodos menos avançados do curso obtiveram maiores médias no domínio Impulso e Determinação do TEG (p=0,032) e aqueles que realizavam atividade remunerada, maior média em “Manejo das Interações” da ECCI (p=0,030).
Conclusão
As Instituições de Ensino Superior devem procurar estratégias para ensinar o conteúdo dessas competências de uma forma mais dinâmica e palatável ao longo da formação, que acompanhe a capacidade do estudante e as necessidades do mercado de trabalho.
Estudantes de Enfermagem; Educação em Enfermagem; Educação Baseada em Competências; Comunicação; Relações Interpessoais; Gestão em Saúde
RESUMEN
Objetivo
Identificar las tendencias empresariales generales y las habilidades de comunicación interpersonal de los estudiantes de enfermería y correlacionarlas con las variables personales y académicas.
Método
Estudio transversal en una universidad de São Paulo, SP, Brasil. Para la recopilación de datos se utilizaron tres instrumentos: 1 - Cuestionario con variables personales y académicas; 2 - Prueba de tendencias empresariales generales (TEG); y 3 - Escala de competencia en comunicación interpersonal (ECCI).
Resultados
La muestra fue de 150 participantes. Las medias más altas se dieron en los dominios de ‘Necesidad de Éxito’ de TEG (M=7,88; SD=2,12 y mediana=8,00) y ‘Disponibilidad’ de ECCI (M=12,50; SD=1,99 y mediana=13,00). Los estudiantes en los períodos menos avanzados del curso tenían mayores medios en ‘Impulso y Determinación’ de TEG (p=0.032) y los que tenían mayor actividad remunerada en ECCI ‘Gestión de la Interacción’ (p=0.030).
Conclusión
Las instituciones de educación superior deben buscar estrategias para enseñar el contenido de estas habilidades de una manera más dinámica y agradable a lo largo de la formación, que siga la capacidad del estudiante y las necesidades del mercado laboral.
Estudantes de Enfermería; Educación em Enfermería; Educación Basada en Competencias; Comunicación; Relaciones Interpersonales; Gestión en Salud
Objective
To identify general enterprising tendency and competence in interpersonal communication of nursing students and correlate them with personal and academic variables.
Method
A cross-sectional study at a university in São Paulo, SP, Brazil. Three instruments were used for data collection: 1 - A questionnaire with personal and academic variables; 2 - The General measure of Enterprising Tendency test (GET); and 3 - The Interpersonal Communication Competence Scale (Escala de Competência em Comunicação Interpessoal – ECCI).
Results
The sample consisted of 150 participants. The highest averages were on the GET ‘Need for Achievement’ dimension (M = 7.88; SD = 2.12 and median = 8.00) and the ECCI ‘Availability’ dimension (M = 12.50; SD = 1.99 and median = 13.00). Students in the less advanced periods of the course obtained higher averages on the GET ‘Drive and Determination’ dimension (p = 0.032), while those who performed paid work a higher average on the ECCI ‘Interaction Management’ dimension (p = 0.030).
Conclusion
Higher Education Institutions should look for strategies to teach the content of these competencies in a more dynamic and engaging way throughout education which encompass the student’s capacity and the needs of the labor market.
Students, Nursing; Education, Nursing; Competency-Based Education; Communication; Interpersonal Relations; Health Management
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento de competências para o gerenciamento do cuidado é cada vez mais importante para a inserção do enfermeiro no mercado de trabalho. Nesse sentido, cabe às escolas de enfermagem o desafio de ajudar os estudantes a alcançar altos níveis de competência na prática profissional(11. Farshi MR, Vahidi M, Jabraeili M. Relationship between emotional intelligence and clinical competencies of nursing students in Tabriz Nursing and Midwifery School. Res Dev Med Educ. 2015;4(1):91-5. DOI: 10.15171/rdme.2015.015
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). Por isto, a educação em enfermagem no Brasil vem passando por transformações para a formação de trabalhadores com perfil adequado às demandas de saúde da população(22. Dias MAS, Silva LMS, Silva LCC, Silva AV, Torres RAM, Brito MCC. Caracterização das graduações em enfermagem segundo Exame Nacional de Desempenho de Estudantes. Rev Bras Enferm. 2016;69(2):375-81. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167.2016690222i
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). Com a necessidade de mudanças no perfil do estudante de enfermagem, compete às Instituições de Ensino Superior (IES) adequar os currículos do curso de graduação em enfermagem de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN)(33. Vieira MA, Souto LES, Souza SM, Lima CA, Ohana CVS, Domenico EBL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a área da enfermagem: o papel das competências na formação do enfermeiro. Rev Norte Min Enferm. 2016;5(1):105-21.).
Nessa lógica, a formação profissional do enfermeiro passou a ser baseada em competências, dentre elas a capacidade de ser um profissional crítico-reflexivo, com decisões tomadas a partir de conhecimento científico, com uma comunicação interpessoal efetiva, liderança, administração e educação permanente(44. Treviso P, Peres SC, Silva AD, Santos AA. Competências do enfermeiro na gestão do cuidado. Rev Adm Saúde. 2017;17(69):1-14. DOI: http://dx.doi.org/10.23973/ras.69.59
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). O profissional competente é aquele que apresenta equilíbrio entre o conhecimento, a habilidade e a atitude. Assim, o indivíduo munido de tais características está melhor preparado para o mercado de trabalho. Percebe-se que a educação universitária e a oferta de mão-de-obra qualificada são tópicos interdependentes. Por isso, o investimento no ensino qualificado é benéfico para ambos, e, principalmente, para a população que recebe um serviço de melhor qualidade.
Neste estudo, o objeto de investigação são as competências de empreendedorismo e comunicação interpessoal entre estudantes de enfermagem, pois elas são imprescindíveis para que o futuro enfermeiro responda às necessidades atuais de saúde. Assim questiona-se: como está o empreendedorismo e a comunicação interpessoal entre estudantes de enfermagem? Existe relação destas competências com variáveis pessoais e acadêmicas?
Apesar do empreendedorismo ser inexplorado no ensino em enfermagem(55. Jahani S, Babazadeh M, Haghighi S, Cheraghian B. The effect of entrepreneurship education on self-efficacy beliefs and entrepreneurial intention of nurses. J Clin Diagn Res. 2018;12(6):18-21.) e não ser explicitamente apresentado como uma competência necessária para a formação do profissional enfermeiro, acredita-se que o ensino em enfermagem deve ser pautado na criatividade, inovação e empreendedorismo(66. Copelli FHS, Erdmann AL, Santos JLG, Lanzoni GMM, Andrade SR. Empreendedorismo na gestão universitária pública de enfermagem: entraves e estratégias. Rev Rene. 2017;18(5):577-83.) para atender não somente as necessidades do mercado de trabalho, como também as rápidas mudanças em saúde do mundo cotidiano(77. Paulino VCP, Silva LA, Prado MA, Barbosa MA, Porto CC. Formação e saberes para a docência nos cursos de Graduação em Enfermagem. J Health NPEPS [Internet]. 2017;2(1):272-84.).
O enfermeiro é capacitado para identificar problemas e programar soluções para as adversidades encontradas durante um turno de trabalho. Porém, não são todos os profissionais que resolvem os problemas de forma similar, e o que os diferencia é a capacidade de aplicação dessas características e de inovação para resolver problemas. Indivíduos empreendedores apresentam maior facilidade para elaborar estratégias e atingir objetivos(55. Jahani S, Babazadeh M, Haghighi S, Cheraghian B. The effect of entrepreneurship education on self-efficacy beliefs and entrepreneurial intention of nurses. J Clin Diagn Res. 2018;12(6):18-21.) e, além disto, apresentam maior adaptabilidade na carreira conforme estudo realizado em Istambul(88. Ispir O, Elibol E, Sonmez B. The relationship of personality traits and entrepreneurship tendencies withcareer adaptability of nursing students. Nurse Educ Today. 2019;79:41-7. DOI: https://doi.org/10.1016/j.nedt.2019.05.017
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). Por isto, a inserção do empreendedorismo na educação universitária é uma ótima solução para estimular o desenvolvimento dessa competência e para a formação de profissionais empreendedores, pois o ato de empreender tem sido considerado um caminho imprescindível para as mudanças, tanto no aspecto da área da saúde, quanto para o país como um todo(99. Trifkovič KC, Lorber M, Denny M, Gönc SDV. Attitudes of nursing students towards learning communication skills. Teach Learn Nurs. 2017. DOI: 10.5772/67622
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).
A comunicação interpessoal, entretanto, é uma competência necessária na formação do enfermeiro e reconhecida pelos professores e formuladores de políticas em educação há muito tempo(99. Trifkovič KC, Lorber M, Denny M, Gönc SDV. Attitudes of nursing students towards learning communication skills. Teach Learn Nurs. 2017. DOI: 10.5772/67622
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), estando presente no cotidiano do enfermeiro do início ao fim da sua jornada de trabalho. Portanto, tal competência deve ser aperfeiçoada nas relações profissionais e nas relações profissional-usuário. Cabe ao enfermeiro planejar situações em que a comunicação verbal e não verbal seja estabelecida de maneira eficiente, e que os aspectos que interferem negativamente no processo sejam identificados e corrigidos(44. Treviso P, Peres SC, Silva AD, Santos AA. Competências do enfermeiro na gestão do cuidado. Rev Adm Saúde. 2017;17(69):1-14. DOI: http://dx.doi.org/10.23973/ras.69.59
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).
A junção das competências de comunicação interpessoal e empreendedorismo possibilita ao enfermeiro a promoção de melhorias no seu ambiente de trabalho e auxilia na liderança e envolvimento da equipe com as modificações a serem realizadas, de modo que todos trabalhem em prol desse objetivo. Assim, evidencia-se a importância da realização desta pesquisa no contexto da enfermagem, possibilitando traçar correlações entre o conhecimento incorporado pelos discentes e o que prevê o ensino destas competências ao longo do curso de Graduação em Enfermagem, tendo em vista a escassez de estudos com este enfoque na área da saúde e especificamente na enfermagem(55. Jahani S, Babazadeh M, Haghighi S, Cheraghian B. The effect of entrepreneurship education on self-efficacy beliefs and entrepreneurial intention of nurses. J Clin Diagn Res. 2018;12(6):18-21.-66. Copelli FHS, Erdmann AL, Santos JLG, Lanzoni GMM, Andrade SR. Empreendedorismo na gestão universitária pública de enfermagem: entraves e estratégias. Rev Rene. 2017;18(5):577-83.,1010. Copelli FHS, Erdmann AL, Santos JLG. Empreendedorismo na enfermagem: revisão integrativa da literatura. Rev Bras Enferm. 2019;72 Supl.1:S289-98. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0523
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). Também, neste contexto, pretende-se fazer uma reflexão sobre formação empreendedora dos enfermeiros conforme sugerido nas revisões de literatura(1010. Copelli FHS, Erdmann AL, Santos JLG. Empreendedorismo na enfermagem: revisão integrativa da literatura. Rev Bras Enferm. 2019;72 Supl.1:S289-98. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0523
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-1111. Arnaert A, Mills J, Bruno FS, Ponzoni N. The educational gaps of nurses in entrepreneurial roles: an integrative review. J Prof Nurs. 2018;34(6):494-501. DOI: 10.1016/j.profnurs.2018.03.004
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) contribuindo com o preenchimento desta lacuna do conhecimento.
Portanto, este estudo tem por objetivos: identificar a tendência empreendedora geral e o nível de competência em comunicação interpessoal de estudantes de enfermagem; correlacionar tendência empreendedora geral e comunicação interpessoal com variáveis pessoais e acadêmicas.
MÉTODO
DESENHO DO ESTUDO
Trata-se de um estudo transversal.
CENÁRIO
O cenário do estudo foi o Curso de Graduação em Enfermagem de uma Instituição de Ensino Superior pública localizada no município de São Paulo, SP, Brasil.
POPULAÇÃO
O ano de 2017 foi considerado como ano-base de identificação da série, no qual havia 311 estudantes regularmente matriculados. As referências do tamanho da população foram obtidas por um dos pesquisadores com a secretaria do curso de graduação em Enfermagem, que possui controle direto das matrículas ativas.
O critério de inclusão utilizado foi estar regularmente matriculado no curso de graduação em Enfermagem. Foram critérios de exclusão os participantes que tivessem com o curso trancado, ausentes ou indisponíveis durante o período de coleta de dados.
Do total de 311 estudantes abordados, 150 (48,23%) responderam os instrumentos de coleta de dados constituindo assim a amostra por conveniência.
COLETA DE DADOS
O período de coleta de dados foi de novembro de 2017 a fevereiro de 2018. No início das aulas curriculares, no período vespertino, com a autorização do professor responsável pelo conteúdo daquele dia, os estudantes eram abordados sobre os objetivos da pesquisa. Após esclarecerem suas dúvidas, que foram sanadas por um dos pesquisadores, receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Aqueles que aceitaram participar, assinaram o TCLE e, imediatamente, receberam os instrumentos de coleta impressos para serem preenchidos manualmente na própria sala de aula e devolvidos ao pesquisador que permaneceu em sala aguardando. Não houve nenhuma identificação dos participantes e recompensa pela adesão ao estudo.
Para a caracterização dos estudantes, foram definidas as variáveis pessoais e acadêmicas (sexo, idade, estado civil, ano de ingresso no curso, período do curso, graduação anterior, presença de nível técnico em enfermagem, realização de atividade remunerada, realiza iniciação científica, programas de extensão, programa de monitoria e se tinham bolsa de pesquisa/extensão).
A coleta de dados consistiu na utilização de três instrumentos: 1) questionário, elaborado pelos autores, com: variáveis pessoais e acadêmicas; 2) Teste de Tendência Empreendedora Geral (TEG); e 3) Escala de Competência em Comunicação Interpessoal (ECCI).
O TEG apresenta uma metodologia própria para identificar traços empreendedores e características psicológicas dos participantes. Foi desenvolvido na Unidade de Formação Empresarial e Industrial da Durham University Business School, e já utilizado em estudos brasileiros(1212. Russo RFSM, Sbragia R. Tendência empreendedora do gerente: uma análise de sua relevância para o sucesso de projetos inovadores. Gestão Produção. 2007;14(3):581-93. DOI: https://dx.doi.org/10.1590/S0104-530X2007000300012
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13. Carvalho DP, Vaghetti HH, Dias JS, Rocha LP. Entrepreneurial characteristics of nurses: a study in southern Brazil. Rev Baiana Enferm. 2016;30(4):1-11. DOI 10.18471/rbe.v30i4.16803
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-1414. Costa FG, Vaghetti HH, Martinello DFG, Mendes DP, Terra AC, Alvarez SQ, et al. Enterprising tendencies of nurses in a university hospital. Rev Gaúcha Enferm. 2013;34(2):147-54.), porém não validado. O teste consiste em assinalar “Concordo” ou “Discordo” para cada uma das 54 afirmações, que são divididas em cinco dimensões: necessidade de sucesso, necessidade de autonomia/independência, tendência criativa, propensão a riscos calculados e impulso e determinação. Para cada dimensão, é atribuída uma pontuação, de acordo com a seguinte regra: nas questões ímpares, soma-se um ponto para cada desacordo assinalado; nas pares, soma-se um ponto para a concordância assinalada. Assim, a pontuação de cada pergunta é somada e tem-se a somatória final de cada dimensão. Para a dimensão Necessidade de Realização, a pontuação máxima do TEG é 12 e pontuação média é 9. Na dimensão Necessidade de Autonomia/Independência, a pontuação máxima é 6 e a média é 4. Para as demais dimensões, a pontuação máxima é 12 e a média é 8. No fim, analisa-se a quantidade de pontuações máximas que o respondente atingiu: em cinco dimensões, muito alto, nível de tendência empreendedora; em quatro, alto nível; em três, médio; em dois, nível baixo; em uma ou nenhuma, nível muito baixo.
A Escala de Competência em Comunicação Interpessoal, validada no Brasil em 2014(1515. Puggina AC, Silva MJP. Interpersonal Communication Competence Scale: brazilian translation, validation and cultural adaptation. Acta Paul Enferm. 2014;27(2):108-14. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201400020
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), visa à avaliação da capacidade do indivíduo de trocar informações de forma efetiva entre duas ou mais pessoas, por meio da comunicação verbal e não verbal e os códigos da linguagem. É composta por 17 itens, agrupados em cinco domínios: Controle do Ambiente, Autorrevelação, Assertividade, Manejo das Interações e Disponibilidade. O domínio Controle do Ambiente avalia a adequação do indivíduo a um ambiente para atingir seus objetivos. O domínio Autorrevelação representa a capacidade de demonstrar ideias e pensamentos através da comunicação. O domínio Assertividade avalia a firmeza e decisão nas palavras e atitudes. O domínio Manejo das Interações está relacionado ao manejo e interpretação das reações, verbais ou não verbais, do receptor da mensagem durante a conversa. O domínio Disponibilidade avalia se o indivíduo se apresenta aberto e disponível para comunicação. A escala de medida utilizada originalmente foi a escala Likert de cinco pontos. Para a obtenção do escore total, os itens inversos (“Tenho dificuldade em me defender” e “É difícil encontrar as palavras certas para me expressar”) foram recodificados.
ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS
Utilizou-se a estatística descritiva com uso de média, mediana, desvio padrão e Intervalo de Confiança de 95%. Para as variáveis com distribuição normal, foram utilizados os testes paramétricos t de Student e correlação de Pearson. Para as outras optou-se pelos testes não paramétricos U de Mann-Whitney e correlação de Spearman. Os coeficientes de Cohen ou Rosenthal foram empregados para verificar o efeito das diferenças entre as variáveis. Sendo para os coeficientes de Rosenthal (pequeno entre 0,200 e 0,499; médio entre 0,500 e 0,799 e grande acima de 0,800) e para Cohen (pequeno entre 0,100 e 0,299; médio entre 0,300 e 0,500 e grande acima de 0,500)(1616. Espírito-Santo H, Daniel F. Calcular e apresentar tamanhos do efeito em trabalhos científicos (2): guia para reportar a força das relações. Rev Portug Investig Comport Soc. 2017;3(1): 53-64.). O valor de significância estatística adotado foi igual a 5% (p<0,05). Também se adotou o alfa de Cronbach para verificar a confiabilidade do TEG e ECCI. Utilizou-se o software IBM SPSS Statistics, versão 23.0.
ASPECTOS ÉTICOS
Este estudo foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital São Paulo da Universidade Federal de São Paulo e aprovado sob parecer nº 2.156.843 de 05 de julho de 2017. A fim de atender aos aspectos éticos, o presente trabalho seguiu as recomendações da Resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde. Todos os sujeitos do estudo tiveram seus direitos assegurados através do esclarecimento dos objetivos e do método proposto e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Destaca-se que este estudo faz parte de um projeto multicêntrico em que outras universidades brasileiras foram pesquisadas. Todavia, aqui são apresentados os dados de apenas uma delas.
RESULTADOS
Foi identificado que, dos 150 participantes do estudo, 126 (84%) são do sexo feminino e 24 (16%) do sexo masculino. A faixa etária dos estudantes foi de M=22,57 anos (DP=3,04, mediana=22,00, mínimo de 18 anos e máximo de 41 anos). Quanto ao estado civil, 140 (93,33%) eram solteiros e 9 (6,67%) estavam casados ou em união estável. Em relação ao período do curso, tendo 2017 como ano-base, 26 (17,33%) estavam cursando a 1ª série do Curso, 53 (35,34%) estavam na 2ª série, 48 (32,00%) na 3ª e 23 (15,33%) na 4ª série. Em relação aos dados acadêmicos, 8 (5,33%) dos estudantes possuem alguma graduação anterior e 14 (9,33%) possuem nível técnico em enfermagem, e 10 (6,67%) realizam atividade remunerada. Participam de iniciação científica ou projetos de extensão 96 estudantes (64,00%), sendo que 30 (20,00%) são bolsistas de pesquisa e 16 (10,67%) são bolsistas de grupo de extensão; 10 (6,67%) desenvolvem atividades como monitor.
A Tabela 1 apresenta as medidas de tendência central e de dispersão da pontuação total e para cada dimensão do Teste de Tendência Empreendedora Geral (TEG).
De acordo com a Tabela 1, a Dimensão “Tendência criativa” foi a menor. Além disso, vale ressaltar que, nas dimensões “Tendência criativa” e “Propensão a riscos calculados”, nenhum dos participantes atingiu a nota máxima (12,00), e que pelo menos um dos estudantes, na dimensão “Tendência criativa”, não obteve essa pontuação.
Destaca-se que a consistência interna do TEG pelo alfa de Cronbach, obtido neste estudo, foi de 0,80.
A tabela 2 mostra as correlações estatisticamente significantes das dimensões do TEG com as variáveis pessoais e acadêmicas, bem como os testes utilizados e as medidas dos coeficientes de Cohen ou Rosenthal.
Para as Dimensões “Necessidade de Autonomia/Independência” e “Tendência Criativa”, nenhuma das variáveis apresentou correlação ou diferença estatisticamente significante.
A tabela 3 apresenta as medidas de tendência central e de dispersão da pontuação total e para cada dimensão da Escala de Competência em Comunicação Interpessoal (ECCI).
A consistência interna do ECCI, neste estudo pelo alfa de Cronbach, foi de 0,75.
A Tabela 4 mostra as correlações e diferenças estatisticamente significantes das dimensões da ECCI com as variáveis pessoais e acadêmicas bem como os testes utilizados e as medidas dos coeficientes de Cohen ou Rosenthal.
Para as demais variáveis e domínios da ECCI não citados, não houve correlações ou diferenças estatisticamente significantes.
DISCUSSÃO
O estudo realizado apresentou limitações quanto ao tamanho da amostra tendo em vista que houve uma adesão de 48,23% do total de estudantes. Todavia avança no conhecimento ao correlacionar duas competências importantes para a formação do enfermeiro: empreendedorismo e comunicação interpessoal contribuindo para o ensino em enfermagem.
De maneira geral, pode-se dizer que os estudantes desta pesquisa tiveram um nível médio-alto de tendência empreendedora geral. Estudo realizado em Istambul concluiu que estudantes de enfermagem com este resultado possuem melhor adaptação à profissão(88. Ispir O, Elibol E, Sonmez B. The relationship of personality traits and entrepreneurship tendencies withcareer adaptability of nursing students. Nurse Educ Today. 2019;79:41-7. DOI: https://doi.org/10.1016/j.nedt.2019.05.017
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). Contudo, destaca-se que a maior média atingida foi na dimensão “Impulso e Determinação”, sendo assim, os estudantes apresentam características definidoras dessa dimensão, como ter confiança em si mesmo, movimentar-se diante de um obstáculo significativo e procurar estratégias alternativas. Resultado semelhante foi obtido em uma pesquisa(1717. Ferreira AMD, Rossancis MA, Oliveira JLC, Haddad MCFL, Vannuchi MTO. Perfil empreendedor entre residentes de enfermagem. Rev Baiana Enferm. 2018:32:e27365. DOI: 10.18471/rbe.v32.27365
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) com o objetivo de identificar o perfil empreendedor de residentes de enfermagem de uma universidade pública. A maior média obtida na dimensão “Impulso e Determinação” sugere que os estudantes de enfermagem, de graduação ou residência, são otimistas e determinados quanto a busca de novas oportunidades e conhecimentos. Além disso, a análise da presença dessas características nos estudantes é essencial para o desenvolvimento de uma cultura de formação de enfermeiros empreendedores, capazes de mudar seu campo de atuação conforme a necessidade do mercado.
Em contrapartida, a menor média atingida foi na dimensão “Tendência Criativa”. Estudo sobre as representações sociais do empreendedorismo revela que a criatividade, juntamente com a inovação são elementos centrais do empreendedorismo(1818. Parreira PM, Pereira FC, Arreguy-Sena C, Salgueiro A, Gomes AMT, Marques SC, et al. Representações sociais do empreendedorismo: o papel da formação na aquisição de competências empreendedoras. Rev Ibero Am Saúde Env. 2015;1(3):266-85.). Ademais, um estudo realizado em uma universidade privada da cidade de São Paulo também evidenciou a Tendência Criativa como a menor média atingida pelos alunos, o que permite supor que exista uma deficiência no estímulo da criação, da imaginação e da resolução de problemas, por parte das IES(1919. Roncon PF, Munhoz S. Estudantes de enfermagem têm perfil empreendedor? Rev Bras Enferm. 2009;62(5):695-700. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672009000500007
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). Nesse sentido, é necessário formar enfermeiros, que, além de conhecimento técnico-científico e de sua aplicação, estejam empenhados em desenvolver competências gerenciais e intrapessoais, como versatilidade, percepção de situações e intuição(2020. Kilimnik ZM, Oliveira LCV, Santos Neto SP. Transição da docência para o empreendedorismo: motivos e dinâmicas de inserção. RECAPE. 2016;4(1):2-18. DOI: https://doi.org/10.20503/recape.v6i1.28020
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) além de conteúdos relacionados ao mundo dos negócios(1111. Arnaert A, Mills J, Bruno FS, Ponzoni N. The educational gaps of nurses in entrepreneurial roles: an integrative review. J Prof Nurs. 2018;34(6):494-501. DOI: 10.1016/j.profnurs.2018.03.004
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).
Outro dado estatístico interessante extraído do TEG é que estudantes de períodos menos avançados do curso obtiveram média maior que discentes de períodos mais avançados do curso na Dimensão “Impulso e Determinação”, ou seja, os estudantes, ao entrarem na universidade, possuem características empreendedoras como pensar em estratégias alternativas, procurar soluções e gostar de novos desafios, mas, durante o curso, perdem essas características. É necessário que o currículo das IES inclua unidades curriculares que estimulem o estudante a ter características empreendedoras e competências interpessoais, porque isso faz diferença nos processos seletivos das instituições empregadoras(11. Farshi MR, Vahidi M, Jabraeili M. Relationship between emotional intelligence and clinical competencies of nursing students in Tabriz Nursing and Midwifery School. Res Dev Med Educ. 2015;4(1):91-5. DOI: 10.15171/rdme.2015.015
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).
De acordo com estudo(2121. Flores AADM, Santos LF. O perfil empreendedor de acadêmicos em administração em uma cidade do sul do país. Rev Acad São Marcos. 2014;4(1):71-88.) realizado numa IES do Rio Grande do Sul, que entrevistou estudantes do curso de graduação em Administração e também utilizou o TEG como instrumento de coleta de dados, foi evidenciado que os estudantes obtiveram melhor resultado na dimensão Impulso e Determinação, assim como no presente estudo. Tal dado permite concluir que estudantes de graduação possuem as características inerentes à essa dimensão, como ser proativo e convicto de suas determinações e não medir esforços para realizar seus sonhos. As IES devem ter ciência desse perfil de estudantes ingressantes e elaborar estratégias que aproveitem esse potencial para formar profissionais mais dedicados e cientes de seu papel na sociedade(2222. Mello AL, Brito LJS, Terra MG, Camelo SH. Estratégia organizacional para o desenvolvimento de competências de enfermeiros: possibilidades de educação permanente em saúde. Esc Anna Nery. 2018;22(1):e20170192. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2017-0192
http://dx.doi.org/10.1590/2177-9465-ean-...
).
Os estudantes tiveram médias na ECCI elevadas, tanto por dimensão quanto no resultado final da escala. A maior média atingida foi no Domínio “Disponibilidade”. De acordo com o estudo de validação da escala no Brasil(1515. Puggina AC, Silva MJP. Interpersonal Communication Competence Scale: brazilian translation, validation and cultural adaptation. Acta Paul Enferm. 2014;27(2):108-14. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201400020
http://dx.doi.org/10.1590/1982-019420140...
), esse domínio é responsável por apontar indivíduos que se disponibilizam e mostram-se abertos para comunicação interpessoal. Neste domínio, o olhar é importante para o processo de comunicação, pois, para mostrar-se disponível, é preciso olhar para o outro, prestar atenção e demonstrar interesse. Estudo(2323. Azevedo A L, Araújo STC, Pessoa Júnior JM, Silva J, Santos BTU, Bastos SSF. A comunicação do estudante de enfermagem na escuta de pacientes em hospital psiquiátrico. Esc Anna Nery. 2017;21(3):e20160325. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2016-0325
http://dx.doi.org/10.1590/2177-9465-ean-...
) “com o objetivo de analisar a comunicação do estudante de enfermagem na escuta de pacientes em sofrimento psíquico internados em um hospital psiquiátrico”, mostrou que para o diálogo entre estudantes e pacientes ser efetivo é fundamental o estudante se apresentar aberto e disponível à comunicação. Entretanto, recomenda-se que a abertura para a comunicação efetiva seja fortalecida no ensino de enfermagem.
A menor média atingida pelos estudantes foi no Domínio “Controle do Ambiente”. Esse Domínio é responsável por mostrar a capacidade da pessoa em se adaptar a diferentes ambientes para atingir seus objetivos. Além disso, avalia como o espaço e o ambiente influenciam na conversa, na expressão e na persuasão das pessoas. Em estudo realizado na região central de Portugal(2424. Lopes RCC, Azeredo ZAS, Rodrigues RMC. Competências relacionais: necessidades sentidas pelos estudantes de enfermagem. Rev Latino Am Enfermagem. 2012;20(6):1081-90.), também com estudantes de enfermagem, ficou evidenciado que a grande maioria dos estudantes (85%) considerou mais importantes as competências profissionais e técnicas do cuidado, em detrimento do desenvolvimento das relações interpessoais. Sendo assim, é evidenciada a importância das IES desenvolverem competências interpessoais em seus currículos, como comunicação e empreendedorismo, pois elas são tão importantes quanto as competências profissionais e mostram-se necessárias para o enfermeiro realizar o cuidado e gerenciar o ambiente no qual o cuidado acontece(1111. Arnaert A, Mills J, Bruno FS, Ponzoni N. The educational gaps of nurses in entrepreneurial roles: an integrative review. J Prof Nurs. 2018;34(6):494-501. DOI: 10.1016/j.profnurs.2018.03.004
https://doi.org/10.1016/j.profnurs.2018....
,2525. Leal LA, Camelo SHH, Soares MI, Santos FC, CR, Chaves LDP. Competências profissionais para enfermeiros: a visão de discentes de graduação em Enfermagem. Rev Baiana Enferm. 2016;30 (3):1-12. DOI: http://dx.doi.org/10.18471/rbe.v30i3.16380.
http://dx.doi.org/10.18471/rbe.v30i3.163...
).
Outro dado importante extraído da ECCI é que estudantes que realizam atividade remunerada possuem média maior em relação aos que não a realizam no Domínio “Manejo das Interações”. Esse domínio representa a capacidade do indivíduo em demonstrar compreensão durante a conversa e perceber através do não verbal o que as pessoas sentem. Essa diferença, entre os estudantes que realizam atividades remunerada e os que não realizam, pode ser atribuída ao fato de os estudantes com atividade remunerada terem acesso a diferentes oportunidades fora da sala de aula do que aqueles que não trabalham. Isso porque o ensino da comunicação em sala de aula possui limitações, em especial, na relação da teoria-prática(2626. Dalcól C, Garanhani ML, Fonseca LF, Carvalho BG. Polaridades vivenciadas por estudantes de enfermagem na aprendizagem da comunicação: perspectivas do pensamento complexo. Cienc Cuid Saúde. 2017;16(1):1-8. DOI: 10.4025/cienccuidsaude.v16i1.34517
https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v...
).
A realização de estudos com o objetivo de analisar tendência empreendedora e comunicação interpessoal em outras áreas, além da saúde, enriquecem as pesquisas sobre tais tópicos, permitindo comparações e inferências mais sólidas cientificamente, e evidenciam a importância de estudar a compreensão dos estudantes sobre a relevância, o ensino e a aplicabilidade dessas competências. Assim, pode-se entender como os estudantes enxergam os conteúdos, para que sejam ensinados de forma mais adequada a cada curso, de modo que compreendam a necessidade do aprendizado para sua formação profissional.
CONCLUSÃO
No cenário deste estudo, as maiores médias atingidas foram na Dimensão Necessidade de Sucesso do TEG e no Domínio Disponibilidade da ECCI. Além disto, destaca-se que os períodos menos avançados do curso obtiveram maiores médias no domínio Impulso e Determinação do TEG e que os estudantes que realizavam atividade remunerada obtiveram maior média no domínio “Manejo das Interações” da ECCI. Assim, devido à importância do Empreendedorismo e da Comunicação Interpessoal no ambiente de trabalho do enfermeiro, as empresas empregadoras devem estimular o profissional a aperfeiçoá-las, por meio do apoio ao ensino continuado, congressos, simpósios e alternativas que mantenham seu empregado atualizado e competente para realização do cuidado. Do mesmo modo, as IES devem procurar estratégias para ensinar o conteúdo dessas competências de uma forma mais dinâmica e palatável ao longo da formação, que acompanhe a capacidade do estudante e as necessidades do mercado de trabalho.
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Apoio financeiro
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Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Projeto Universal – Chamada MCTIC/CNPq Nº 28/2018. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
18 Set 2020 -
Data do Fascículo
2020
Histórico
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Recebido
03 Jan 2019 -
Aceito
03 Mar 2020