Open-access Componentes não integrantes da carcaça de cabritos alimentados em pastejo na Caatinga

Noncarcass components of Caatinga grazing-fed goats

Resumos

O objetivo deste trabalho foi avaliar o rendimento de buchada, os pesos e rendimentos de órgãos, vísceras e subprodutos da carcaça de cabritos, sem padrão racial definido, alimentados em pastejo na Caatinga, com ou sem suplementação. Dezoito cabritos machos castrados, com peso vivo inicial de 15±0,55 kg, foram mantidos em área de pastejo na Caatinga durante 105 dias. Os animais foram submetidos a três tratamentos em delineamento inteiramente ao acaso: pastejo à vontade, sem suplementação; pastejo restrito; e pastejo à vontade, com suplementação de farelo de soja e palma forrageira. Animais do tratamento com suplementação apresentaram maior peso vivo ao abate (PVA), maior peso do corpo vazio (PCVZ) e maior peso de língua, pulmões + traqueia, coração, baço, diafragma, pâncreas e rins. Os pesos do fígado, vesícula biliar e do aparelho reprodutor não apresentaram diferença entre os tratamentos. O valor absoluto de peso de buchada foi influenciado pelos tratamentos, e os animais alimentados com suplementação tiveram os maiores pesos. Não houve diferença entre os tratamentos quanto aos rendimentos de buchada em termos de PVA e PCVZ. A suplementação para cabritos criados em pastejo na Caatinga produz animais com maior peso vivo ao abate, maior peso do corpo vazio e maior peso de buchada, mas não influencia os rendimentos da buchada, em termos de PVA e PCVZ.

buchada; caprinos; couro; suplementação; vísceras


The objective of this work was to evaluate the "buchada" - composed of heart, lungs, liver, spleen, intestines, stomach and blood - yields, the weights and yields of organs, visceras, and carcass of undefined breed Caatinga grazing-fed goats, with or without supplementation. Eighteen castrated male goats with initial live weight of 15±0,55 kg, were kept in a grazing area in the Caatinga vegetation, Pernambuco state, Brazil, during 105 days. Animals were subjected to three treatments in a completely randomized design: grazing at will, without supplementation; restricted grazing; and grazing at will, with supplementation of soybean meal and forage cactus. Supplemented animals had higher weight at slaughter (PVA), higher empty body weight (PCVZ), and higher weight of tongue, lungs + trachea, heart, spleen, diaphragm, pancreas and kidneys. The weights of liver, gallbladder and reproductive tract showed no difference between treatments. The absolute value of "buchada" weights was influenced by treatments, and supplemented animals had the higher ones. "Buchada" yields in terms of PVA and PCVZ did not differ between treatments. The supplementation for grazing-goats raised in Caatinga produces animals with higher PVA, PCVZ and "buchada" weights, but does not influence the "buchada" yields, in terms of PVA and PCVZ.

byproduct; caprine; leather; supplementation; viscera


ZOOTECNIA

Componentes não integrantes da carcaça de cabritos alimentados em pastejo na Caatinga

Noncarcass components of Caatinga grazing-fed goats

Sharleny Braz Lobato BezerraI; Antônia Sherlânea Chaves VerasI; Dulciene Karla de Andrade SilvaII; Marcelo de Andrade FerreiraI; Kedes Paulo PereiraI; Josimar Santos de AlmeidaI; Julio César de Araújo SantosIII

IUniversidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Departamento de Zootecnia, Rua Dom Manoel de Medeiros, s/nº, Dois Irmãos, CEP 52171-900 Recife, PE. E-mail: sharlenybraz@gmail.com, sherlanea@dz.ufrpe.br, ferreira@dz.ufrpe.br, kedesp@hotmail.com, almeida_jsa@hotmail.com

IIUFRPE, Unidade Acadêmica de Garanhuns, Avenida Bom Pastor, s/nº, Mundaú, CEP 55296-901 Garanhuns, PE. E-mail: karla@uag.ufrpe.br

IIIInstituto Agronômico de Pernambuco, CEP 56600-000 Sertânia, PE. E-mail: asjcesar@yahoo.com.br

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar o rendimento de buchada, os pesos e rendimentos de órgãos, vísceras e subprodutos da carcaça de cabritos, sem padrão racial definido, alimentados em pastejo na Caatinga, com ou sem suplementação. Dezoito cabritos machos castrados, com peso vivo inicial de 15±0,55 kg, foram mantidos em área de pastejo na Caatinga durante 105 dias. Os animais foram submetidos a três tratamentos em delineamento inteiramente ao acaso: pastejo à vontade, sem suplementação; pastejo restrito; e pastejo à vontade, com suplementação de farelo de soja e palma forrageira. Animais do tratamento com suplementação apresentaram maior peso vivo ao abate (PVA), maior peso do corpo vazio (PCVZ) e maior peso de língua, pulmões + traqueia, coração, baço, diafragma, pâncreas e rins. Os pesos do fígado, vesícula biliar e do aparelho reprodutor não apresentaram diferença entre os tratamentos. O valor absoluto de peso de buchada foi influenciado pelos tratamentos, e os animais alimentados com suplementação tiveram os maiores pesos. Não houve diferença entre os tratamentos quanto aos rendimentos de buchada em termos de PVA e PCVZ. A suplementação para cabritos criados em pastejo na Caatinga produz animais com maior peso vivo ao abate, maior peso do corpo vazio e maior peso de buchada, mas não influencia os rendimentos da buchada, em termos de PVA e PCVZ.

Termos para indexação: buchada, caprinos, couro, suplementação, vísceras.

ABSTRACT

The objective of this work was to evaluate the "buchada" - composed of heart, lungs, liver, spleen, intestines, stomach and blood - yields, the weights and yields of organs, visceras, and carcass of undefined breed Caatinga grazing-fed goats, with or without supplementation. Eighteen castrated male goats with initial live weight of 15±0,55 kg, were kept in a grazing area in the Caatinga vegetation, Pernambuco state, Brazil, during 105 days. Animals were subjected to three treatments in a completely randomized design: grazing at will, without supplementation; restricted grazing; and grazing at will, with supplementation of soybean meal and forage cactus. Supplemented animals had higher weight at slaughter (PVA), higher empty body weight (PCVZ), and higher weight of tongue, lungs + trachea, heart, spleen, diaphragm, pancreas and kidneys. The weights of liver, gallbladder and reproductive tract showed no difference between treatments. The absolute value of "buchada" weights was influenced by treatments, and supplemented animals had the higher ones. "Buchada" yields in terms of PVA and PCVZ did not differ between treatments. The supplementation for grazing-goats raised in Caatinga produces animals with higher PVA, PCVZ and "buchada" weights, but does not influence the "buchada" yields, in terms of PVA and PCVZ.

Index terms: byproduct, caprine, leather, supplementation, viscera.

Introdução

A caprinocultura de corte, no Nordeste brasileiro, é uma atividade de grande importância econômica e social, principalmente para os pequenos produtores, em razão da elevada capacidade de adaptação dos caprinos às condições edafoclimáticas da região e pelo aproveitamento da carne, couro e de componentes comestíveis das entranhas.

Os componentes não integrantes da carcaça são constituintes do corpo vazio, ou seja, o conjunto de órgãos, vísceras e outros subprodutos obtidos após o abate dos animais. Esses componentes podem ser utilizados para processamento industrial e no preparo de alguns pratos regionais. Portanto, é necessário que a comercialização do animal leve em consideração a carcaça e os componentes não integrantes da carcaça. De acordo com Carvalho et al. (2005), esses componentes apresentam estreita relação com o rendimento de carcaça.

Monte et al. (2007) estudaram o rendimento das vísceras em caprinos mestiços Boer, Anglo-Nubiano e sem padrão racial definido e concluíram que 15% do peso do corpo vazio (PCVZ) é representado por vísceras destinadas ao consumo humano. Costa et al. (2003) destacaram que as vísceras comestíveis chegam a atingir 5% da receita obtida com a comercialização da carcaça.

No Nordeste brasileiro, é comum a utilização de vísceras (rúmen, retículo, omaso e intestino delgado) e de alguns órgãos (pulmões, coração, fígado, baço, rins e língua), além de outros componentes como o sangue, omento, diafragma, cabeça e patas, para a preparação de pratos tradicionais como a buchada (Medeiros et al., 2008). Em estudo realizado por Costa et al. (2003), a buchada ovina ou caprina pode atingir até 57,5% de receita adicional, em relação ao valor da carcaça.

Yamamoto et al. (2004) relataram que, além do retorno econômico, os componentes não integrantes da carcaça podem melhorar o nível nutricional das populações menos favorecidas, já que as vísceras utilizadas para o consumo humano constituem uma importante fonte de proteína animal, com valores nutricionais semelhantes aos da carcaça.

Este trabalho teve como objetivo avaliar o peso e o rendimento dos componentes não integrantes da carcaça e o rendimento da buchada de cabritos, sem padrão racial definido, alimentados em pastejo na Caatinga, com ou sem suplementação.

Material e Métodos

O experimento foi realizado durante a época seca (setembro a dezembro de 2008), no Centro de Treinamento e Profissionalização em Caprino-Ovinocultura, do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), na cidade de Sertânia, a 08º04'25"S e 37º15'52"W, na microrregião do Moxotó, a 600 m de altitude, com clima semiárido quente e temperatura anual média de 25ºC (Santos et al., 2009).

Foram utilizados 18 cabritos machos, sem padrão racial definido (SPRD), com peso vivo inicial de 15±0,55 kg e aproximadamente 90 dias de idade. No início do experimento, os animais foram pesados, identificados, castrados pelo método burdizzo, tratados contra endo e ectoparasitas e submetidos à adaptação ao ambiente e ao manejo durante 15 dias. O período experimental teve duração de 105 dias.

Os animais foram alocados em três tratamentos: pastejo à vontade, sem suplementação (PA), com acesso ao pasto durante nove horas por dia; pastejo restrito (PR), com acesso ao pasto durante aproximadamente quatro horas por dia, ou de acordo com as pesagens intermediárias para manutenção do peso vivo em torno dos 15 kg, realizadas a cada oito dias; e pastejo à vontade, com suplementação (PAS), com acesso ao pasto durante 9 horas por dia e fornecimento da suplementação ao final da tarde.

Os tratamentos apresentaram lotação contínua (0,49 animal por ha), em área correspondente a 37 ha de Caatinga, onde as principais espécies vegetais encontradas foram as das famílias Euphorbiaceae, Malvaceae, Leguminosae e Poaceae. Durante o período de pastejo, os animais tiveram livre acesso à água e a sal mineral comercial. No final da tarde, os animais dos tratamentos PA e PR eram recolhidos a uma baia coletiva de terra batida, provida com bebedouro e saleiro coletivos. Os animais do tratamento PAS eram recolhidos a um galpão de 18 m de comprimento por 6 m de largura, constituído de 20 baias individuais com 2,10 m de comprimento, 1,50 m de largura e 1,30 m de altura, equipadas com comedouros onde a suplementação era fornecida.

A suplementação utilizada foi de 1% do peso vivo dos animais, constituida de 50% de palma forrageira (Opuntia fícus-indica Mill.), picada manualmente, e 50% de farelo de soja [Glycine max (L.) Merr.], com base na matéria seca. Semanalmente, os animais foram pesados, após jejum de 16 horas, com o objetivo de se uniformizar o conteúdo do trato gastrointestinal. As pesagens foram efetuadas para o acompanhamento do ganho em peso e ajuste na suplementação.

Ao término do período experimental, os animais foram pesados (peso vivo final) e submetidos a jejum de sólidos por 18 horas. Decorrido esse tempo, os animais foram novamente pesados para obtenção do peso vivo ao abate (PVA).

O abate foi realizado no Abatedouro Municipal de Sertânia, PE. Os animais foram insensibilizados por atordoamento na região atlas-occipital, seguido por sangria, por aproximadamente 4 min, através da secção da carótida e jugular. O sangue foi recolhido em recipiente previamente tarado, para posterior pesagem. Foram realizadas esfola e evisceração, e foram retiradas a cabeça, as patas e a cauda; cada componente foi pesado individualmente. Os componentes do trato gastrintestinal foram pesados cheios e, logo após, esvaziados, lavados e novamente pesados, para determinação do conteúdo do trato gastrintestinal. O peso do corpo vazio (PCVZ) foi obtido pela diferença entre os pesos vivo ao abate e do conteúdo gastrintestinal.

Os componentes não integrantes da carcaça foram constituídos por órgãos (língua, pulmões + traqueia, coração, fígado, vesícula biliar, pâncreas, rins, baço, diafragma, testículos + pênis, bexiga + glândulas sexuais anexas); vísceras vazias (esôfago, rúmen, retículo, omaso, abomaso e intestinos delgado e grosso) e subprodutos (sangue, pele, cabeça, patas e depósitos adiposos: gorduras omental, mesentérica, pélvica + renal), conforme Silva Sobrinho & Gonzaga Neto (2001).

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com três tratamentos, em que o PAS teve oito repetições e os demais cinco, em virtude de perdas por morte de alguns indivíduos. Foi feita a análise de variância e, para a comparação das médias, foi utilizado o teste de Student-Newman-Keuls (SNK), a 10% de probabilidade. Foi utilizado o Sistema de Análises Estatísticas e Genética SAEG 9.1 (SAEG, 2007).

Resultados e Discussão

Observou-se que os animais alimentados com suplementação tiveram maior peso vivo ao abate (PVA) e maior peso do corpo vazio (PCVZ) do que os animais dos tratamentos PR e PA (Tabela 1).

A análise dos resultados do conteúdo do trato gastrintestinal (TGI) mostra que sua participação nos componentes não integrantes da carcaça é importante, com média dos tratamentos de 3,838 kg.

Os pesos absolutos do fígado, vesícula biliar e aparelho reprodutor não apresentaram diferença entre os tratamentos.

Yamamoto et al. (2004) relataram que mudanças na alimentação, durante o período de crescimento do animal, alteram a ingestão e a digestibilidade e podem influenciar o desenvolvimento dos órgãos. Isso pode explicar o fato de os animais que receberam suplementação terem apresentado maior peso de língua, pulmões+traqueia, coração, baço, diafragma, pâncreas e rins (Tabela 1).

Embora o fígado geralmente reflita a taxa metabólica dos animais, o respectivo peso absoluto e o rendimento em relação ao PCVZ não diferiram entre os tratamentos, provavelmente pelo fato de a ingestão de alimentos, nas condições experimentais da época seca na Caatinga, não ter elevado substancialmente o metabolismo animal, ainda que caprinos sejam bastante seletivos.

Coração e pulmões, segundo Ferreira et al. (2000), são órgãos essenciais à vida e prioritários na utilização de nutrientes, independentemente do nível de alimentação, o que pode justificar o fato de não se terem observado diferenças entre os tratamentos, quando seus pesos foram expressos em percentagem em relação ao PCVZ. Os animais do tratamento PAS tiveram maior rendimento de baço do que os animais dos tratamentos PA e PR.

Rins e fígado tiveram maior proporção nos animais mantidos em condições de pastejo restrito. Isto pode ser atribuído à possível ingestão rápida de alimentos e com menor seletividade dos animais submetidos a esse tratamento, o que pode ser corroborado pela observação da proporcionalidade de rúmen/retículo em relação ao PCVZ dos animais em condições de pastejo restrito. Bezerra (2010) constatou que o menor rendimento de carcaça foi observado nos animais do tratamento PR. Assim, pode-se justificar o maior rendimento de rúmen/retículo no mesmo tratamento, uma vez que ambos foram expressos em função do PCVZ.

Observa-se que o rendimento de língua, diafragma, e pâncreas não sofreram influência dos tratamentos. A suplementação, no entanto, afetou os pesos absolutos do rúmen/retículo, omaso, intestino delgado e o peso total das vísceras. O esôfago, abomaso e intestino grosso não sofreram influência dos tratamentos (Tabela 2).

Monte et al. (2007) relataram que aproximadamente 15% do peso do corpo vazio de caprinos é representado pelas vísceras destinadas ao consumo humano. Os resultados referentes às vísceras, em percentagem, estão apresentados na Tabela 2.

O maior rendimento em percentagem do rúmen/retículo, nos animais do tratamento PR, pode ser explicado pela necessidade de esses animais ingerirem uma quantidade maior de forragem para atender suas necessidades nutricionais. Santos et al. (2005) relataram que dietas com menor densidade energética têm maiores teores de fibra e menor digestibilidade, o que aumenta o tempo de retenção do alimento no rúmen e proporciona maior desenvolvimento desse órgão.

Para o rendimento do intestino delgado, em relação ao peso do corpo vazio, os animais alimentados com suplementação não diferiram estatisticamente daqueles dos tratamentos PA e PR.

Os animais mantidos em condições de pastejo restrito tiveram maior rendimento, em termos de PCVZ, de fígado, rins, aparelho reprodutor, esôfago, rúmen/retículo, abomaso e intestino delgado (Tabela 1, 2), o que pode ter ocorrido em razão do menor peso vivo ao abate e, consequentemente, do menor rendimento de carcaça, o que acarretaria maiores proporções de componentes não integrantes da carcaça.

Com relação aos pesos absolutos dos subprodutos sangue, couro, cabeça e patas houve efeito significativo entre os tratamentos (Tabela 3). De acordo com Oliveira et al. (2008), o couro representa de 10 a 12% do valor do animal. Osório et al. (2001) observaram que a pele se desenvolve na mesma velocidade do peso vivo, é o maior órgão do corpo, de maior elasticidade e cresce à medida que o animal aumenta de tamanho. Isto explica o maior peso em quilogramas do couro dos animais alimentados com suplementação. Os maiores valores para os pesos absolutos do sangue e cabeça foram encontrados nos animais submetidos à suplementação, que favoreceu maior crescimento e maior peso vivo ao abate (22,74 kg) e, consequentemente, maior aporte sanguíneo (Tabela 1). Os rendimentos do sangue, cabeça e patas, no entanto, não foram influenciados pelos tratamentos.

Nos animais do tratamento PAS, a suplementação proporcionou maior quantidade de gordura mesentérica, em peso absoluto e em percentagem, do que nos cabritos com acesso livre ao pasto sem suplementação e nos mantidos em pastejo restrito (Tabela 3). Esse resultado é explicado pelo fato de que a gordura é o componente não integrante da carcaça que mais varia em razão do tipo de alimentação. A maior quantidade de gordura mesentérica é considerada por Monte et al. (2007) um aspecto positivo, já que constitui fonte de reserva energética que pode ser utilizada pelo animal durante o período de seca, o que reduziria a degradação de proteína muscular durante essa época do ano.

A gordura pélvico-renal apresentou peso médio de 0,101 kg e não houve diferença em relação à gordura acumulada nos órgãos. Essa similaridade ocorreu, provavelmente, em consequência da característica intrínseca da espécie caprina de depositar mais gordura perirrenal e pélvica do que de cobertura.

A suplementação influenciou significativamente o peso da buchada, que foi maior nos animais do tratamento PAS do que nos animais dos tratamentos PA e PR (Tabela 4). Contudo, os rendimentos da buchada, em termos de PVA e PCVZ, não apresentaram diferença entre os tratamentos. Costa et al. (2003) citaram que os rendimentos de buchada, encontrados na literatura, variam de 17,74 a 20,13% do peso do animal ao abate. Os resultados encontrados no presente trabalho estão próximos dos 14,2% encontrados por Amorim et al. (2008), em caprinos mestiços Anglo-Nubianos.

Em relação ao peso absoluto de cabeça + patas, os maiores valores foram encontrados nos animais alimentados com suplementação. Não foi verificado, entretanto, efeito significativo dos tratamentos sobre os rendimentos de cabeça + patas, em termos de PVA e PCVZ, que tiveram médias de 9,75 e 12,26%, respectivamente.

Conclusões

1. A suplementação de cabritos, sem padrão racial definido, criados em pastejo na Caatinga, produz animais com maior peso vivo ao abate, maiores pesos absolutos de órgãos, vísceras, subprodutos e constituintes da buchada.

2. A suplementação não influencia os rendimentos da buchada quanto ao peso vivo ao abate e ao peso do corpo vazio.

3. Os animais mantidos em pastejo restrito, por apresentarem menor peso vivo ao abate, tem maior rendimento de órgãos e vísceras.

Agradecimentos

Ao Instituto Agronômico de Pernambuco, por ceder suas instalações e animais para realização do experimento; ao Banco do Nordeste do Brasil, pelo financiamento do projeto de pesquisa.

Recebido em 24 de março de 2010 e aprovado em 15 de junho de 2010

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Set 2010
  • Data do Fascículo
    Jul 2010

Histórico

  • Recebido
    24 Mar 2010
  • Aceito
    15 Jun 2010
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