COMUNICAÇÃO
Não transmissibilidade do CABMV do maracujazeiro por sementes*
Nobuyoshi NaritaI,**,***; Valdir A. YukiII; Marcelo Agenor PavanIII
IAPTA/Pólo Regional da Alta Sorocabana, Presidente Prudente-SP, narita@aptaregional.sp.gov.br;Instituto Biológico, Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento-Marília, SP
IIIAC/APTA, Campinas-SP, vayuki@iac.sp.gov.br;Instituto Biológico, Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento-Marília, SP
IIIFCA/UNESP, Botucatu-SP, mapavan@fca.unesp.com.br.Instituto Biológico, Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento-Marília, SP
No Brasil, o PWV foi descrito primeiramente em Feira de SantanaBA (Yamashiro et al., Congresso Brasileiro de Fruticultura, 5., 1979, Pelotas, Anais. SBF, 1979, p.915-917), causando perdas significativas, e já foi relatado nos principais estados produtores de maracujá (Chagas, et al. - Fitopatologia Brasileira, v. 6, p. 259-268, 1981.; Chagas et al. - Revista Brasileira de Fruticultura, v. 14, n. 3, p. 187-190, 1992; Bezerra et al. - Fitopatologia Brasileira, v. 20, p. 553-560, 1995). Em todos os casos, o PWV foi identificado como agente etiológico da doença, com base em características biológicas e sorológicas. Mas estudos recentes com análise da seqüência de aminoácidos da proteína capsidal de isolados de diversas regiões têm indicado que isolados deste vírus estão mais relacionados ao Cowpea aphid-borne mosaic virus, (CABMV), do que com o próprio PWV (Nascimento et al. - Fitopatologia Brasileira, v. 29, p.378-383, 2004; Archives of Virology, Published on line, April 07, 2006).
Até o momento se desconhece a transmissão via semente deste vírus. Em observações em mudas de maracujá com propósitos comerciais ou experimentais demonstraram que não há evidências da transmissão via semente (Taylor & Greber - Fainhani Royal: Commomwealth Mycological Institute, 1973. (Description of Plant Viruses, 122).). Estudos realizados por Inoue et al. (Fitopatologia Brasileira, v. 20, n. 3, p. 479-487, 1995) com o objetivo de avaliar a transmissão, do total de 418 semeadas, germinaram somente 180, e nas avaliações visuais realizadas durante dois meses, não se observou nenhuma planta com sintomas.
Nos anos de 2001 e 2002, foram coletados frutos de maracujá azedo em 51 plantações comerciais em municípios da região da Alta Paulista (Marília, Vera Cruz, Garça, Ocauçu, Lupércio, São Pedro do Turvo, Guaimbê e Getulin). Os frutos foram coletados nos meses de abril, maio e junho de 2001 e janeiro, fevereiro e março de 2002. De cada propriedade foram coletados frutos de 10 plantas com sintomas visuais nas folhas (mosaico, "embolhamento") e nos frutos (endurecimento, casca coriácea) (Figura 1).
Após maturação uniforme dos frutos, as sementes foram extraídas e após fermentação por um período de 24 a 36 horas, foram lavadas numa peneira, secas sobre papel toalha na sombra e selecionadas visualmente.
De cada propriedade, foram semeadas 256 sementes em bandejas de poliestireno com 128 lóculos preenchidas com substrato (Plantmax® ) e adubadas com adubo de liberação lenta (Osmocot® 18-09-27) na proporção de 150 gramas para cada saco. Após semeadura as bandejas foram mantidas em casa de vegetação com as laterais providas com telas anti-afídeos. As bandejas foram regadas diariamente e semanalmente pulverizadas com inseticida (Imidacloprid - 30 g/100 L água) e fungicida (Carbendazin - 100 mL/100 L de água).
Dois meses após a emergência foram contados o número de plantas por bandeja e realizado a análise visual das folhas. As plantas suspeitas e oito plantas escolhidas aleatoriamente de cada bandeja foram levadas para o laboratório do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fitossanidade IAC-Campinas para teste sorológico de ELISA, do tipo PTA e testes através de inoculação mecânica em plantas indicadoras.
Do total de 13056 sementes utilizados no teste, germinaram 10592 e nas avaliações realizadas visualmente dois meses após a germinação, não foram observadas nenhuma planta sintomática. Nos teste sorológico (ELISA) e de inoculação em plantas indicadoras os resultados foram negativos. Resultados semelhantes aos citados por TAYLOR et al. (1973) e obtidos por INOUE et al. (1995).
Os dados revelam que o CABMV não é transmitido por sementes, assim não é esta a via de introdução em áreas indenes e sim através de afídeos vetores.
Data de chegada: 21/04/2007.
Aceito para publicação em: 10/10/2011. 1484
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
06 Jan 2012 -
Data do Fascículo
Dez 2011