A gravioleira (Annona muricata L.) é uma planta frutífera afetada por vários fungos fitopatogênicos, responsáveis por até 63% de perdas de frutos em campo (2). Grande parte da microflora superficial das sementes de gravioleira é constituída pelos fungos: Lasioplodia theobromae (Pat.) Griff., Aspergillus sp., Penicillium sp., Rhizopus stolonifer (Ehrenb.: Fr.) Vuill., Colletotrichum gloeosporioides (Penz.) Penz. & Sacc, Cladosporium sp., Pestalotiopsis sp., Fusarium sp., Curvularia sp., Alternaria sp. e Acremonium sp. (3) Entre esses, L. theobromae é uma ameaça à fruticultura tropical, principalmente pela sua ampla gama de hospedeiras e diversas formas de dispersão (1). Métodos alternativos de manejo de fungos são essenciais para a agricultura, uma vez que produtos químicos têm perdido sua eficiência pelo aumento da resistência de alguns patógenos. O tratamento de sementes das fruteiras com produtos alternativos tem se mostrado eficiente no controle de patógenos. Este trabalho teve por objetivo verificar a sanidade e a eficiência de diferentes tratamentos alternativos no controle de fungos em sementes de gravioleira. Para tanto, sementes de gravioleira foram coletadas de frutos maduros da cultivar FAO II, assintomáticos, em pomar comercial e avaliadas conforme metodologia do Blotter test. As sementes foram submetidas aos tratamentos: a) arroz colonizado por Trichoderma harzianum (Rifai) nas doses de 12 g L-1 e 36 g L-1, b) mancozeb na dose de 3 g L-1, c) formaldeído (CH2O) a 5% v/v); d) extrato de alho (Allium sativum L.) a 10% v/v, preparado através da trituração de 5 g de bulbo vegetal, e) óleo de hortelã – (Mentha sp.) a 25 µl mL-1, f) óleo de citronela (Cymbopogon sp.) na concentração de 25 µl mL-1 e g) testemunha com água destilada esterilizada-ADE. As sementes foram imersas em 100 mL de cada produtos por 10 minutos, e após secagem em bancada, acondicionadas em caixas plásticas do tipo Gerbox, contendo 20 sementes cada e incubadas por sete dias em câmara tipo BOD, regulada à temperatura de 25 ± 2 ºC e fotoperíodo de 12 horas. Após sete dias, as sementes foram avaliadas individualmente, em microscópio estereoscópico, para determinar o percentual de incidência fúngica pela expressão:
Porcentagem de incidência e controle de fungos em sementes de graviola tratadas com produtos alternativos e químicos.
Nas análises foram identificadas, em todos os tratamentos, espécies dos gêneros Penicillium sp., Fusarium sp., L. theobromae e Rhizopus sp. (Tabela 1). Houve diferenças estatísticas entre os tratamentos avaliados. O tratamento com T. harzianum nas doses 12 g e 36 g L-1 apresentaram os maiores percentuais de controle fúngico, sendo esses superiores a 26% em relação à testemunha, na incidência total dos patógenos. Esses tratamentos também reduziram a incidência do Penicillium sp., assemelhando-se aos valores do produto químico amplamente utilizado no tratamento de sementes como o fungicida mancozeb, além de reduzir também a incidência de L. theobromae e Fusarium sp. Sua aplicação não foi eficiente apenas para controlar o Rhizopus sp. Os tratamentos contendo formaldeído, mancozeb e extrato de alho proporcionaram as maiores reduções na incidência de L. theobromae e Fusarium sp., sendo esses patógenos causadores de doenças na cultura. Os tratamentos avaliados, com exceção de T. harzianum, proporcionaram aumento na incidência de Rhizopus sp. e Penicillium sp. quando comparado à testemunha. A baixa eficiência no controle desses patógenos pode ser devido às baixas concentrações dos produtos avaliados no ensaio e/ou o tempo de exposição das sementes aos produtos. Os dados apresentados demonstram um grande potencial do uso de produtos biológicos e naturais no controle de fungos em sementes de gravioleira, porém, há necessidade de entender as dinâmicas envolvendo produtos e patógenos, uma vez que a microbiolização de sementes de gravioleira com T. harzianum ou outros agentes de controle alternativo pode ser viável na redução ou eliminação de patógenos associados às sementes de espécies frutíferas.
REFERENCES
- 1 CARDOSO, J.E.; BEZERRA, M.A.; VIANA, F.M.P.; SOUSA, T. R. M.; CYSNE, A.Q.; FARIAS, F.C. Ocorrência endofítica de Lasiodiplodia theobromae em tecidos de cajueiro e sua transmissão por propágulos. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.35, n.4, p.262-266, 2009.
- 2 JUNQUEIRA, N. T. V.; CUNHA, M. M.; JUNQUEIRA, K. P. Doenças e Pragas de anonáceas. In: MANICA, I. et al. Frutas anonáceas: ata ou pinha, atemólia, cherimólia e graviola: tecnologia de produção, pós-colheita e mercado. Porto Alegre: Cinco Continentes Editora, v.1, p.387-440, 2003.
- 3 SANTOS, A. A.; CARDOSO, J. E.; FREIRE, F. C. O. Fungos associados a sementes de gravioleira e de ateira no Estado do Ceará. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, Boletim de Pesquisa 33, 2000. 11p.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
08 Maio 2020 -
Data do Fascículo
Jan-Apr 2020
Histórico
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Recebido
01 Mar 2017 -
Aceito
15 Out 2019