Open-access Modelos de preceptoria de residência em medicina de família e comunidade: um estudo Delphi

Models of preceptorship in family and community medicine residence: a Delphi study

Resumo

Introdução:   A preceptoria na atenção primária à saúde desempenha papel central na formação do residente, já que 70%-80% da carga horária dos programas de residência de medicina de família e comunidade (PRMFC) acontece na unidade de saúde da família. Como preceptor entende-se o professor que ensina na prática clínica. O cenário atual de expansão dos PRMFC, associado a poucos profissionais especializados em preceptoria, fez com que vários modelos fossem praticados. Uma revisão de literatura feita em estágio anterior a este trabalho, além das contribuições da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, identificou quatro modelos de preceptoria em MFC: ombro a ombro, preceptor da equipe ao lado, preceptor de unidade e preceptor de campo.

Objetivo:  Este estudo teve como objetivos validar esses quatro modelos e identificar outros, determinar, sob a ótica da qualidade de formação dos residentes, a aceitabilidade e o grau de recomendação dos modelos, e reconhecer os pontos positivos e negativos.

Método:  Utilizou-se a técnica Delphi modificada por questionários on-line. O estudo começou com 24 participantes de todo o Brasil na primeira rodada e terminou com 18. Aplicaram-se a técnica de estatística descritiva e a análise de conteúdo. O estudo foi realizado entre fevereiro e abril de 2022.

Resultado:  Validaram-se os quatro modelos apresentados, e nenhum outro foi identificado. Os modelos ombro a ombro, preceptor da equipe ao lado e preceptor de unidade foram considerados aceitáveis; e o modelo preceptor de campo, inaceitável. Os modelos ombro a ombro e preceptor de unidade foram recomendados. Reconheceram-se 92 aspectos como pontos positivos e negativos, dos quais 81 atingiram consenso.

Conclusão:  Obteve-se a validação dos quatro tipos de modelos de preceptoria para PRMFC. Como os modelos ombro a ombro e preceptor de unidade foram elencados como aceitáveis e recomendáveis, é importante que sejam priorizados na implantação e manutenção dos PRMFC. Os modelos preceptor da equipe ao lado e preceptor de campo foram julgados como não recomendados e, portanto, devem ser evitados. O conhecimento das fortalezas e fraquezas de cada modelo prepara os PRMFC para as possíveis dificuldades e os auxilia na escolha do modelo adequado às diversas realidades existentes no país.

Palavras-chave: Preceptoria; Residência Médica; Medicina de Família e Comunidade; Atenção Primária à Saúde; Educação Médica

Abstract

Introduction:  Medical residency preceptorship in primary healthcare plays a major role in the professional qualification of medical residents, since 70-80% of the workload of the Family and Community Medical Residency Program (PRMFC) takes place in primary care clinics. A preceptor is understood as an experienced practitioner who teaches during clinical practice. The current scenario of expansion of PRMFCs in Brazil, associated with the limited number of professionals specialized in preceptorship, has resulted in the practice of different preceptorship models. A literature review performed in the previous stage of this study, added to the contributions of the Brazilian Society of Family and Community Medicine, pointed out four models of preceptorship in family practice: shoulder-to-shoulder, next-door team, clinic preceptor and field preceptor.

Objective:  To validate these four models of preceptorship and identify if there are others models; to determine, from the perspective of the quality of training residents, the acceptability and degree of recommendation of the models and recognize the positive and negative points.

Method:   The Delphi technique modified by online questionnaires was used. It was initiated with 24 participants from all over Brazil in the first round and ended with 18. Descriptive statistics and content analysis method was applied. The study was conducted between February and April 2022.

Result:   The four models presented were validated and no others were identified. The shoulder-to-shoulder, nextdoor team preceptor and clinic preceptor models were considered acceptable and the field preceptor model, unacceptable. The shoulder-to-shoulder and clinic preceptor models were recommended. Ninety-two aspects were recognized as positive and negative points. Of these, 81 achieved consensus.

Conclusion:   The shoulder-to-shoulder preceptor and clinic preceptor models were validated as acceptable and recommended, so it is important to prioritize these models in the implementation and maintenance of PRMFCs. The next-door team preceptor and field preceptor models were deemed as not recommended and, therefore, should be avoided. Information about the strengths and weaknesses of each model prepares the PRMFCs for possible implementation difficulties and helps them to select the appropriate model for the different realities existing in the country.

Keywords: Preceptorship; Medical Residency; Family and Community Medicine; Primary Health Care; Medical Education

INTRODUÇÃO

Em 1976, nas cidades de Vitória de Santo Antão, em Pernambuco, Rio de Janeiro e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, surgiram os três primeiros programas de residência médica (PRM) em saúde coletiva, sem respaldo normativo ou legal até então. Somente em 1981, por meio da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), os PRM foram formalizados como uma especialidade médica no Brasil, porém sob o nome de medicina geral comunitária (MGC). Cinco anos após, em 1986, o Conselho Federal de Medicina (CFM) reconheceu a MGC como uma especialidade médica, e, apenas em 2001, a nomenclatura medicina de família e comunidade (MFC) foi adotada1. Esse contexto histórico evidencia que a história da MFC no Brasil está entrelaçada com o desenvolvimento dos PRM.

Os PRM têm sido considerados o padrão ouro para a formação de especialistas em todo o mundo2. Conforme a resolução que orienta os programas de residência em MFC no Brasil, a residência conta com dois anos de duração com carga horária distribuída em: de 70% a 80% na unidade da saúde da família (USF), 10% nas atenções secundárias e de 10% a 20% nas atividades teóricas3. Fica claro, assim, que a preceptoria na atenção primária desempenha um papel central na formação do médico de família e comunidade (MFC). Por preceptor entende-se como o professor que ensina a um pequeno grupo de alunos ou residentes, com ênfase na prática clínica e no desenvolvimento de habilidades para tal. Em resumo, seria um “docente clínico”, fazendo referência à expressão clinical teacher citada amplamente na literatura internacional4),(5.

Na literatura, demonstra-se a associação inversamente proporcional entre a quantidade de MFC nos sistemas de saúde e a mortalidade geral na população, destacando, portanto, a importância desses profissionais6. No entanto, apesar de sua relevância, no Brasil, a atração dos médicos recém-formados por residências médicas em MFC é baixa7, e a ociosidade na ocupação das vagas dos programas de residência médica em medicina de família e comunidade (PRMFC) é cerca de 70%8),(9. Nesse sentido, diversas políticas públicas foram desenvolvidas a fim de mudar esse cenário, como Pró-Saúde10, o Pró-Residência11, PET-Saúde12, Programa Mais Médicos (PMM)13, entre outros. Como consequência disso, observou-se uma expansão dos PRMFC: em 2003 existiam 29, com 218 vagas, passando para 285 e 3.587 vagas em 201914)-(16. Essa rápida expansão dos PRMFC conta com uma dificuldade: a falta de preceptoria especializada em quantitativo suficiente8),(17),(18. Diante da demanda crescente de residentes, num cenário de poucos especialistas preceptores, diferentes modelos de preceptoria vêm sendo praticados no Brasil. Entende-se que esses modelos podem exercer influência na assistência à saúde das populações, na rotina de trabalho dos preceptores, na sensação de sobrecarga dos profissionais, além de repercutirem diretamente nas aplicações de estratégias de ensino-aprendizagem e, assim, na qualidade da formação dos residentes15.

Sobre os modelos de preceptoria dos PRMFC, o que se sabe na literatura nacional17)-(19 e na internacional20),(21 é escasso. Dessa forma, em fase anterior a esta pesquisa, em 2019, um grupo de pesquisadores realizou uma revisão integrativa da literatura22 e identificou três modelos de preceptoria: preceptor de equipe (também chamado de “ombro a ombro”), preceptor de unidade e preceptor de campo. Tais arranjos foram elencados a partir de variáveis, como: o modo de vinculação do preceptor à USF, a vinculação do residente à equipe e a assistência à saúde prestada majoritariamente por residente e/ou preceptor22. Além disso, o grupo de trabalho (GT) de educação da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) publicou em 2020 um artigo descrevendo 11 arranjos de inserção do residente e do preceptor nas equipes das USF com variações na quantidade de equipes por USF e na proporção de residentes por preceptor23. Tais arranjos, de forma geral, estão inseridos nos modelos de preceptor de equipe e preceptor de unidade encontrados na revisão integrativa realizada em 2019, mas foi possível identificar um quarto modelo de preceptoria: preceptor da equipe ao lado, totalizando quatro modelos de preceptoria conhecidos na literatura até então.

Sendo assim, a partir das variáveis descritas, os quatro modelos foram sintetizados conforme mostra o Quadro 1. Eis os modelos de PRMFC avaliados nesta pesquisa:

  • Modelo 1 - preceptor de equipe: também chamado de “ombro a ombro” ou modelo tradicional, é aquele em que o preceptor é o médico de referência da equipe, e o residente está inserido nessa mesma equipe.

  • Modelo 2 - preceptor da equipe ao lado: o preceptor compõe uma equipe, e o residente, outra equipe diferente, porém ambos na mesma USF.

  • Modelo 3 - preceptor de unidade: também conhecido como “preceptor volante”, o preceptor e o residente estão na mesma USF, mas o residente é o médico de referência da equipe, e o preceptor não está vinculado a nenhuma equipe, ficando “deslocado” para a atividade pedagógica dos residentes da unidade.

  • Modelo 4 - preceptor de campo: o residente é o médico de referência da equipe, e o preceptor não está vinculado nem à USF, nem à equipe, realizando a supervisão por meio de visitas periódicas de residentes em mais de uma unidade de saúde.

Quadro 1
Modelos de preceptoria em residência de medicina de família e comunidade a partir das variáveis vinculação, assistência e composição de equipe.

Vale ressaltar que esses modelos podem originar vários arranjos diferentes a partir da quantidade de equipes por USF e também pela proporção de residentes por equipe e por preceptor.

Dessa forma, o objetivo geral deste trabalho é validar os quatro modelos de preceptoria de PRMFC já especificados anteriormente na literatura22),(23 e identificar a existência de outros possíveis modelos ainda não descritos. Como objetivos secundários, almeja-se determinar, sob a ótica da qualidade de formação dos residentes, a aceitabilidade dos modelos validados e estimar o grau de recomendação de cada um, além de reconhecer os pontos positivos e negativos de cada modelo.

MÉTODO

Para esta pesquisa, foi utilizada a técnica Delphi modificada, a partir de questionários on-line sobre a aceitabilidade, o grau de recomendação e os pontos positivos e negativos dos quatro modelos de preceptoria dos PRMFC identificados a partir da revisão de literatura22),(23.

Diante de uma área em que o conhecimento ainda precisa de melhor exploração, a técnica Delphi tem seu papel24)-(27. É um método reconhecido e aceito, usado para reunir informações de especialistas dentro de um domínio de proficiência28),(29. Em 2018, foi realizada uma revisão de trabalhos brasileiros e internacionais que utilizaram a técnica Delphi na área da educação e demonstrou-se o uso dessa técnica principalmente em estudos de currículo, definição de competências, construção ou melhoramento de cursos30. Suas vantagens incluem: participação de especialistas de diversas regiões geográficas, anonimato entre os participantes, promoção de reflexão entre os especialistas, além de ser um método rápido e de baixo custo29),(31)-(33.

Para a sua aplicação, questionários são respondidos individualmente pelos participantes, e os pesquisadores elaboram um resumo das respostas dos questionários anteriores fornecidas pelo grupo34. Esse processo se dá a cada rodada de questionários em que os resultados são analisados pelos pesquisadores, sistematizados e compilados para reenvio ao grupo. Dessa maneira, cada participante, após conhecer as opiniões dos outros membros (com anonimato garantido entre eles), tem a oportunidade de reavaliar sua resposta e enviar novamente aos pesquisadores para que um novo questionário, a partir dessas novas informações, seja elaborado. De forma geral, esse processo é repetido até um consenso ser atingido35)-(37.

De forma mais abrangente, o objetivo da técnica Delphi não é apenas chegar a uma resposta única, como em outros métodos de previsão, mas também obter o maior número possível de respostas e opiniões de qualidade de um grupo de especialistas no tema para subsidiar tomadas de decisão38. Em uma revisão de literatura, publicada em 2014, acerca da definição de consenso em estudos Delphi, foi evidenciado que as definições de consenso variam de forma ampla e não há consonância sobre qual é o critério mais adequado a ser utilizado, pois esses cortes são fundamentalmente arbitrários39. De acordo com Osborne et al.34, o consenso é atingido quando pelo menos dois terços dos participantes classificam um item com quatro ou cinco na escala de Likert de cinco pontos; no caso da estabilidade, o consenso ocorre quando menos de um terço muda as suas respostas entre as rodadas. Seguindo essa linha, nesta pesquisa foi estabelecido como consenso o valor de 66% (dois terços da amostra) da mesma resposta.

O quadro de painelistas (ou seja, os participantes) deste estudo foi formado com base no tempo de experiência com PRMFC, na publicação de artigos sobre o tema e no interesse intrínseco no assunto. Convidaram-se MFC de todas as regiões do país a fim de ter uma grande heterogeneidade e representatividade no grupo. De acordo com Adler et al.40 os critérios para a seleção dos painelistas podem variar dependendo dos objetivos e do contexto em que a técnica Delphi é realizada, no entanto a experiência é geralmente o requisito-chave nessa escolha. Somam-se a isso o conhecimento e envolvimento prático com as questões sob investigação, a capacidade e disposição em contribuir para a exploração do problema e a habilidade na comunicação. Powell24 defende que, apesar de não haver consenso quanto ao número de participantes, não é necessário organizar um painel de especialistas com um número representativo estatisticamente, uma vez que a representatividade para a técnica Delphi está na qualidade do painel formado.

Esta pesquisa foi realizada entre fevereiro de 2022 e abril de 2022, por meio de questionários on-line (Google Forms). A literatura aponta que o uso de questionários é um dos melhores formatos para a realização da técnica Delphi, porém não há um padrão para a construção deles41),(42. O que se sabe até então é que não se recomendam questionários muito longos, para evitar a desistência dos participantes, mas também não tão curtos, a ponto de não promoverem reflexões30),(41),(43.

O primeiro questionário (Q1) desta pesquisa foi formado por perguntas sobre os dados sociais e institucionais dos participantes. Além disso, contou com a apresentação dos quatro modelos de preceptoria para validação e identificação de modelos adicionais ainda não identificados pelos pesquisadores. Também foi solicitado que determinassem, por meio de perguntas fechadas, a aceitabilidade dos modelos apresentados (sim ou não) e o grau de recomendação (escala Likert com cinco opções), e, por meio de perguntas abertas, discorressem livremente sobre os pontos positivos e negativos de cada modelo. O questionário dois (Q2) foi formado pela síntese das reflexões do grupo trazidas na fase anterior, acrescido novamente do questionamento sobre a aceitabilidade e o grau de recomendação do modelo 2 (preceptor da equipe ao lado), pois foi o único que não obteve consenso na primeira rodada. O questionário número três (Q3) foi formado a partir da análise de conteúdo das respostas discursivas do grupo levantadas no Q1. A partir disso, foram formulados 92 itens, com mínimas alterações gramaticais nas respostas abertas, divididos em categorias temáticas (aprendizado, assistência, estrutura física, financiamento, carga de trabalho). Então, solicitou-se aos painelistas que apontassem se concordavam ou não com a representação de aspecto sendo algo positivo ou negativo de cada modelo. O quarto, e último, questionário (Q4) foi construído com os itens que não obtiveram consenso na rodada anterior. Esse processo está ilustrado na Figura 1.

Figura 1
Fluxograma da metodologia Delphi modificada utilizada neste estudo.

Conforme já descrito, a técnica Delphi conta com análise mista. Para a parte quantitativa (respostas fechadas e escala Likert), foi usada a técnica de estatística descritiva (médias aritméticas e percentagens). Já para as perguntas abertas (pontos positivos e negativos), aplicou-se a análise qualitativa utilizando a análise de conteúdo das respostas, especificamente a análise temática, já que é a mais simples e apropriada para as investigações qualitativas em saúde44. As respostas foram submetidas à leitura exaustiva por dois pesquisadores, e, em seguida, realizaram-se a codificação e a enucleação de sentidos com distribuição nas categorias temáticas descritas anteriormente. Por fim, realizaram-se análises e reflexões integradas dos dados, aplicando operações estatísticas simples e produzindo interpretações que, correlacionadas com as teorias iniciais, despertaram novas perspectivas sobre o tema45.

Os sujeitos da pesquisa foram incluídos no estudo após sua aprovação dos procedimentos e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Adotaram-se todas as normas éticas da Lei nº 466/2012, e o Comitê de Ética do Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) aprovou o projeto: Parecer nº 3.440.656.

RESULTADOS

Inicialmente, este trabalho contava com 24 participantes, e, ao fim, havia 18 painelistas (perda de seis, equivalente a 25%). O painel de especialistas foi formado por 15 participantes do sexo masculino e nove do feminino, apresentando média de idade de 42 anos. Dezessete anos da formação médica foi a média encontrada no grupo e nove anos na inserção da atividade de preceptoria em MFC. Em relação à região do país em que estavam inseridos em um PRMFC, obteve-se a seguinte distribuição: quatro do Norte, quatro do Sul, quatro do Centro-Oeste, seis do Nordeste e seis do Sudeste (Tabela 1).

Tabela 1
Perfil socioepidemiológico e acadêmico dos painelistas

Os quatro modelos identificados e descritos anteriormente foram validados e reconhecidos pelo painel de especialistas como sendo modelos praticados em PRMFC no Brasil. Não foram mencionados outros, considerando as variáveis descritas anteriormente. No entanto, foi levantado pelos painelistas que vários arranjos dentro do mesmo modelo são possíveis a depender da quantidade de residentes por preceptor e por USF, da presença de residentes de outras especialidades e/ou de acadêmicos na mesma unidade. Além disso, também foi mencionado que é possível existir no mesmo programa vários modelos de preceptoria concomitantes.

Em relação à aceitabilidade, consideraram-se aceitáveis os modelos 1, 2 e 3 (respectivamente 91,7%, 76,2% e 100%), apenas o modelo 4 foi julgado como não aceitável (79,2%). Sobre o grau de recomendação, evidenciou-se que os modelos 1 (83,3%) e 3 (79,2%) foram avaliados como recomendados, ao contrário dos modelos 2 e 4, que obtiveram respectivamente 71,5% e 91,7% de não recomendação. Vale salientar que o modelo 4 obteve o grau de não recomendação máxima de 54,2% (Tabela 2).

Tabela 2
Aceitabilidade e grau de recomendação de cada modelo de preceptoria em residência de medicina de família e comunidade.

Sobre os pontos positivos e negativos dos modelos relatados pelos participantes, formularam-se 92 aspectos (que estão descritos no Quadro 2) categorizados em aprendizado (41 itens), assistência (19 itens), carga de trabalho (15 itens), financiamento (13 itens) e estrutura física (quatro itens), representando as fortalezas e as fraquezas de cada modelo. Desses, 81 itens atingiram o consenso (88,04%) e 11 (11,96%) não.

Quadro 2
Pontos positivos e negativos dos modelos de preceptoria em residência de medicina de família e comunidade, agrupados por categorias temáticas.

DISCUSSÃO

Os quatro modelos de preceptoria apresentados no Quadro 1 foram validados e reconhecidos como existentes pelos painelistas, e não se apontou nenhum outro, o que valida as variáveis escolhidas, a partir da revisão de literatura, utilizadas na estruturação do primeiro questionário. Considerou-se apenas um modelo inaceitável (modelo 4 - “preceptor de campo”), e dois (modelo 1 - “ombro a ombro” e modelo 3 - “preceptor de unidade”) foram julgados como recomendados.

Alguns painelistas citaram possíveis ajustes nos modelos com a inserção de residentes de outras especialidades médicas (que não MFC) e dos estudantes de graduação médica, já que muitas vezes também estão no cenário da USF. No entanto, tais arranjos propostos não alteram as duas principais variáveis (a vinculação do preceptor à USF e à equipe, e ter o residente compondo equipe sem preceptor). Também foi citada a possibilidade da coexistência de diferentes arranjos dentro do mesmo PRMFC. Fica claro, assim, que a aplicação dos modelos de preceptoria é dinâmica e influenciada por diversos fatores particulares de cada cenário, de forma que não se almeja a indicação de um único modelo como o melhor, mas o direcionamento para os coordenadores de PRMFC adequarem o modelo à sua realidade local.

Os modelos considerados aceitáveis pelo painel de especialistas do estudo foram o 1, 2 e 3, com destaque para o fato de que 100% do grupo considerou o modelo 3 (preceptor de unidade) como aceitável. Fato que chama a atenção, uma vez que a literatura aponta o modelo 1 (ombro a ombro) como exemplo a ser seguido7),(19),(46),(47. Alguns fatos podem explicar esse achado: pode ser o modelo em que a maioria dos painelistas está inserida, gerando um viés de informação do tipo memória48 ou que consideraram o mais possível diante do cenário atual brasileiro de escassez de preceptores MFC, como em: “Acho prudente considerar que a imagem objetiva de um modelo pedagógico ideal pode não ser realístico para o nosso momento histórico” (P20).

Sobre os aspectos positivos e negativos levantados pelos painelistas acerca dos modelos de preceptoria, observou-se uma predominância nos itens relacionados ao aprendizado (44,6%), evidenciando que os respondentes refletiram sob a ótica da qualidade de formação dos residentes conforme foi orientado e reforçado pelos autores desde o primeiro questionário.

Analisando os aspectos positivos e negativos de cada modelo de preceptoria

O modelo 1 (ombro a ombro) obteve a maior taxa de recomendação (83,3%), apesar de o modelo 3 ter recebido a maior taxa de aceitabilidade. Esse achado está em consonância com a literatura, a qual recomenda, sempre que possível, dar preferência ao modelo ombro a ombro pelo fato de ele garantir o desenvolvimento mais abrangente e seguro das competências pelo residente49. Em várias falas dos painelistas, esse maior foco pedagógico foi citado como fortaleza do modelo 1: “Considerando se tratar de um processo formativo, que as atividades do programa não são exclusivas dentro da unidade e a realidade do número de pessoas cadastradas por equipes, esse modelo é o ideal para garantir a formação” (P7). Vale destacar ainda que o ponto positivo considerado como fortaleza por 100% dos painelistas foi manutenção da longitudinalidade do cuidado da população na figura do preceptor, o que pode contribuir para a discussão de casos, uma vez que ele tende a ter maior conhecimento do contexto e das histórias de vida das pessoas e de suas famílias. Todavia, não foram levantados pontos positivos acerca de financiamento nem de estrutura física, o que pode representar fragilidades desse modelo.

O modelo 2 (preceptor da equipe ao lado) foi eleito como aceitável, porém não recomendado, mostrando que tal arranjo de preceptoria cabe em alguns cenários e conta com algo positivo: preceptor e residente na mesma unidade50. Isso fica claro em uma das falas: “Não é o melhor, mas está longe de ser o pior cenário. Ter o preceptor na mesma unidade de saúde é nosso atual desafio no Brasil” (P23). Nesse sentido, tal modelo tem seu papel em cenários transitórios dentro de PRMFC com poucos preceptores, como foi levantado por um dos painelistas: “Esse modelo pode ser adotado inicialmente, em uma UBS recém-criada na expansão da ESF no município, e, ao término do programa, o residente pode permanecer em sua equipe” (P19). Além disso, não foi elencado nenhum ponto negativo nas categorias de estrutura física e financiamento nesse modelo, o que aponta para fortalezas desse arranjo.

No entanto, não houve pontos positivos relacionados à carga de trabalho, o que pode ser justificado pelo fato de que nesse modelo há uma quantidade de funções acumuladas pelo preceptor, já que, além de ser médico assistente de sua equipe, desempenha supervisão do residente da outra equipe na mesma unidade, o que foi exemplificado pela fala de um dos painelistas: “Esse modelo parece ser insustentável para o preceptor” (P14). Algumas sugestões foram feitas para melhorar as dificuldades desse modelo: “Neste modelo uma sugestão é que a área adscrita do preceptor e [a do] residente sejam de menor tamanho que o padrão, para permitir os espaço protegidos de ensino e aprendizado e menor pressão assistencial” (P10).

O modelo 3 (preceptor de unidade) foi o que apresentou o maior quantitativo de itens tanto positivos quanto negativos levantados pelos painelistas (30,4%), demonstrando ser o modelo que gerou maior debate. Notou-se a maior concentração de aspectos sem consenso, distribuídos predominantemente em seus pontos negativos. Essa dificuldade em concordar com as fraquezas pode ser explicada pelo fato de que esse modelo foi bem avaliado pelo grupo tanto em relação à aceitabilidade quanto no que concerne à recomendação: “Esse é o modelo ideal, com o preceptor fazendo retaguarda” (P9).

Além disso, esse modelo obteve o maior quantitativo de aspectos positivos na categoria aprendizado, em que três pontos foram unânimes, destacando o foco pedagógico nesse arranjo. Esse achado é condizente com um relato de experiência publicado em 201851. Também se observou a ausência de pontos negativos na categoria estrutura física, demonstrando outra potencialidade do modelo.

O modelo 4 (preceptor de campo) foi o de maior concentração de aspectos negativos na categoria aprendizado, tendo três itens com unanimidade das respostas. Tal achado evidencia que o grupo não acredita no potencial pedagógico desse modelo. Uma vez que foi avaliado como inaceitável e não recomendado, torna-se mais fácil concordar com suas fraquezas. Esse fato pode ser evidenciado na fala de um dos painelistas: “Não existe aspecto positivo neste modelo. Concordar com as afirmações faz com que pareça que concordemos com algo que claramente a maioria absoluta não concorda” (P7). Além disso, não houve pontos positivos relacionados à assistência, demonstrando outra fragilidade desse arranjo. Apesar disso, não houve pontos negativos nas categorias de financiamento e de estrutura física nesse modelo, indicando fortalezas específicas. Alguns participantes enxergaram a possibilidade desse arranjo principalmente para cenários com pouquíssimos preceptores52, como exemplificado em: “É a possibilidade quando, por questões de vínculo empregatício e em programas grandes, não se consegue garantir preceptor e residente na mesma unidade” (P9).

Sabe-se que a ausência do preceptor na mesma unidade que o residente representa uma fragilidade legal do modelo 4 segundo a normativa da CNRM³. Além disso isso, a falta da presença diária do preceptor desencadeia inúmeras perdas para o processo de formação do residente53, como exemplificado por um dos painelistas:

Se focarmos no bem-estar do residente, na inspiração que venha a ter do preceptor, que exerce um role model, é mais difícil que as competências sejam alcançadas quando tem um preceptor visitante. Também há maior risco de desinteresse e desânimo por parte do residente. Neste caso o risco de desgaste é maior para o residente. Este modelo parece ser pouco factível para o residente, embora possível para o preceptor (P14).

Limitações e potencialidades do estudo

Uma revisão de literatura publicada em 2020 destacou algumas limitações relacionadas à técnica Delphi: a seleção dos especialistas, o erro de transcrição ou de percepção das respostas, a decisão arbitrária do percentual para se caracterizar consenso, a perda de seguimento de especialistas54. Além disso, é válido lembrar que alguma dificuldade de análise pode surgir por causa da grande quantidade de dados gerada pelos questionários Delphi, principalmente nas questões abertas55. Este estudo foi unicego, não havendo cegamento dos pesquisadores, o que pode enviesar a análise dos autores. Por fim, é válido ressaltar também a dificuldade que alguns painelistas encontraram em avaliar os arranjos de preceptoria longe das outras variáveis que compõem a atenção primária à saúde (APS), como fica claro em uma das falas do painelistas: “Tenho dificuldade de pensar modelos ideais e sim modelos reais e possíveis na dinâmica local” (P5).

Em uma revisão narrativa da literatura, realizada em 2018, acerca das características da técnica, sinalizou-se que, normalmente, no máximo metade das pessoas responde ao primeiro contato que é feito pelos pesquisadores aos painelistas30. Nesta pesquisa, observou-se uma adesão acima da média ao primeiro contato (82,75%). Este trabalho contou inicialmente com 24 participantes e foi concluído com 18, o que está em conformidade com a literatura, a qual aponta 17 como o número médio de painelistas em um estudo Delphi56.

Uma revisão sistemática sobre a aplicabilidade da técnica Delphi publicada em 2020 mostrou que uma taxa de permanência de 72% no decorrer do processo contribui para a confiabilidade das decisões de consenso e a consolidação da estruturação do método54. Obteve-se uma taxa de permanência de 75% ao fim da quarta rodada nesta pesquisa. Essa diminuição de participantes conforme o aumento do número de rodadas já é relatada na literatura como algo a que os pesquisadores que usam a técnica Delphi devem estar atentos57),(58.

Dessa forma, foram realizadas quatro rodadas da técnica Delphi neste estudo, o que está em concordância com a literatura que, embora não estabeleça um limite, aponta para duas a quatro rodadas como usual e afirma que um número maior não é aconselhável em virtude de não existirem mudanças de opinião significativas nas rodadas posteriores24),(27),(30),(42),(43),(58. Além disso, outros fatores também orientaram a decisão pela parada da técnica Delphi após o Q4 nesta pesquisa: o alcance de consenso do objetivo principal (validação dos modelos) e dos secundários (aceitabilidade e grau de recomendação), a percepção de exaustão dos painelistas a partir da demora no envio das respostas e a necessidade de lembretes mais frequentes.

Reflexões adicionais

Pontos que fugiam aos objetivos deste trabalho, mas que são relevantes para a temática de preceptoria nos PRMFC, foram levantados em livres comentários pelos painelistas, representando variáveis que interferem na aquisição de competências e que devem ser levadas em consideração pela coordenação dos PRMFC na escolha do modelo de preceptoria, como:

  1. A importância da relação interpessoal entre preceptor e residente no desenvolvimento de competências do residente: “Parece que a relação preceptor residente é algo crucial no sentido de motivação e sustentabilidade de um programa de residência” (P14).

  2. A influência das características singulares do profissional que assume o papel de preceptor: “Há aspectos que são inerentes ao modelo, como a carga de trabalho maior quando há mais residentes, e outros que dependem do preceptor” (P16).

  3. A dificuldade existente pela ausência de um sistema de avaliação uniforme da aquisição de competências do residente:

[...] penso que na realidade é difícil dizer se o modelo de preceptoria influencia mais ou menos quando não temos competências bem definidas a serem alcançadas e um bom sistema de avaliação. Tudo isso fica no feeling dos preceptores e supervisores que avaliam os residentes, mas é difícil dizer que o residente que passou por modelo A ou B teve melhor alcance das competências. Isso é uma fragilidade da nossa avaliação (P14).

CONCLUSÕES

O grupo de painelistas validou os quatro modelos de preceptoria em PRMFC, e nenhum outro modelo foi apontado. Desses, os modelos ombro a ombro e preceptor de unidade foram elencados como aceitáveis e recomendáveis, sob a ótica da qualidade de formação dos residentes, sendo importante, portanto, que sejam priorizados pelos gestores na implantação e coordenação de PRMFC. Também foi julgado pelo grupo que os modelos preceptor da equipe ao lado e preceptor de campo não são recomendados, apesar de o modelo 2 ter sido considerado aceitável. Além disso, o reconhecimento dos pontos positivos e negativos de cada modelo prepara os PRMFC para as possíveis dificuldades que podem ser enfrentadas e auxilia na escolha do modelo que mais se adapta à situação de cada programa. Por fim, é válido lembrar que não se almeja a adoção de um único modelo como o melhor, mas, reconhecendo a dinâmica dos PRMFC dentro dos diversos cenários de APS brasileira, objetiva-se auxiliar os gestores locais e coordenadores de PRMFC a adequar o modelo de preceptoria à sua realidade local. É sabido que o modelo de preceptoria é apenas uma variável dentro da complexa equação multifatorial da qualidade na formação do residente59, e o impacto dessa variável poderá ser reduzido se o preceptor não utilizar ferramentas de ensinagem adequadas18. Dessa forma, além da escolha do modelo de preceptoria, devem-se destinar também investimentos em treinamentos de habilidades de educação permanente aos preceptores dos PRMFC.

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  • 2
    Avaliado pelo processo de double blind review.
  • FINANCIAMENTO
    Declaramos não haver financiamento.

Editado por

  • Editora-chefe: Rosiane Viana Zuza Diniz. Editor associado: Roberto Esteves.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Fev 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    04 Abr 2023
  • Aceito
    24 Out 2023
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