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Estudo sobre fatores que influenciaram concluintes do curso de Medicina na futura carreira

Study about factors that influenced Medical school graduates on their future careers

RESUMO

Introdução:

Os avanços da medicina desencadearam um aumento significativo do grau de especialização dos médicos. Entretanto, apesar da crescente procura dos médicos por especialização, existe escassez de profissionais em determinadas áreas, o que torna relevante compreender os fatores e as barreiras que influenciam os alunos de Medicina na tomada da carreira futura. Essa decisão passa por inúmeras reflexões, e o tema tem sido extensamente abordado no mundo tudo.

Objetivo:

Esta pesquisa visou estudar os principais fatores e motivações que levaram os estudantes do sexto ano da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes) a escolher a especialidade médica.

Método:

Trata-se de um estudo observacional transversal com abordagem quantitativa. Foi realizada uma análise estatística não paramétrica em que se utilizaram a linguagem R versão 4.2.3 e o teste exato de Fisher para testar as hipóteses. Dos 106 alunos matriculados, apenas 90 participaram voluntariamente da pesquisa.

Resultado:

Na pesquisa, 57 alunos identificaram-se como do gênero feminino e 33 como do masculino, sendo a maioria entre 23 e 26 anos. A grande área médica mais desejada foi a clínica médica (35,6%), seguida da clínica cirúrgica (23,2%), ginecologia e obstetrícia (22,2%) e pediatria (11,1%), sendo as duas últimas escolhidas, majoritariamente, pelo gênero feminino. Entre as especialidades citadas, destacou-se a anestesiologia (13,3%). Os principais fatores e motivações de influência foram: “qualidade de vida e retorno financeiro” (55,6%) e “presença de docente do internato” (53,3%), porém sem significância estatística como as especialidades escolhidas. A área da clínica médica se correlacionou estatisticamente com “oferecer maior envolvimento integral com o paciente, permitindo melhor assistência, além de prática ambulatorial” e a clínica cirúrgica e ginecologia e obstetrícia com “prática de procedimentos invasivos e atendimento de emergência, e predomínio de prática hospitalar”. Dos concluintes, 30% mudaram de opinião durante a graduação e 32,3% pretendem atuar como médicos generalistas e realizar especialização posterior.

Conclusão:

Este estudo demonstra como diversos fatores dentro da graduação exercem influência direta na escolha da carreira médica pelos estudantes de Medicina. Estudos adicionais são necessários, assim como estratégias de aconselhamento acadêmico, com a finalidade de esclarecer as oportunidades possíveis para cada área médica.

Palavras-chave:
Educação Médica; Especialidades Médicas; Escolha da Profissão; Estudantes de Medicina

ABSTRACT

Introduction:

Advances in medicine have triggered a significant increase in the degree of specialization of doctors. However, despite the growing demand for doctors to specialize, there is a shortage of professionals in certain areas, urging the need to understand the factors and barriers that influence medical students’ decision-making about their future careers. Such decisions are subject to countless reflections and the topic has been extensively discussed worldwide.

Objective:

This research aimed to study the main factors and motivations that led sixth-year students at Medical Sciences College of the Metropolitan University of Santos (UNIMES,2023) to choose their medical specialty.

Method:

This is a cross-sectional, observational study with a quantitative approach. Non-parametric statistical analysis was performed using the R language version 4.2.3 and Fisher’s exact test was used on hypotheses. Of the 106 enrolled students, only 90 voluntarily participated in the study.

Result:

Of the participants, 57 identified as female and 33 as male, with the majority aged between 23 and 26 years. The most desired large medical area was General Internal Medicine (35.6%), followed by Surgery (23.2%), Gynecology and Obstetrics (22.2%), Pediatrics (11.1%), the latter two being favored primarily by women. Prominent among the specialties mentioned was Anesthesiology (13.3%). The main influencing factors and motivations were: “quality of life and financial return” (55.6%) and “presence of teaching staff at the internship” (53.3%), however, with no statistically significance for the chosen specialties. The area of the General Internal Medicine was correlated statistically with “Offers more comprehensive involvement with the patient, allowing better care, in addition to outpatient practice” while Surgery and GO correlated with “Practice of invasive procedures and emergency care, and predominance of hospital practice”. Thirty percent of the graduates changed their minds during undergraduate training and 32.3% intend to work as general practitioners and specialize at a later stage in their career.

Conclusion:

This study demonstrates how several factors within undergraduate training have a direct influence on students’ choice of medical career. Further studies are needed, as well as academic counseling strategies, in order to clarify the possible opportunities for each medical area.

Keywords:
Medical Education; Medical Specialties; Career Choice; Medical Students

INTRODUÇÃO

Os avanços tecnológicos da medicina desencadearam um aumento significativo do grau de especialização dos médicos11. Yıldız MS, Khan MM. Factors affecting the choice of medical specialties in Turkiye: an analysis based on cross-sectional survey of medical graduates. BMC Med Educ. 2024;24(1):373.. Em 2011, o Conselho Federal de Medicina reconheceu 53 especialidades médicas e 52 áreas de atuação22. Corsi PR, Fernandes ÉL, Intelizano PM, Montagnini CCB, Baracat FI, Ribeiro MCS de A. Fatores que influenciam o aluno na escolha da especialidade médica. Rev Bras Educ Med. 2014;38(2):213-20. doi: https://doi.org/10.1590/S0100-55022014000200008.
https://doi.org/https://doi.org/10.1590/...
. Apesar da existência de especialidades e subespecialidades diversas e da crescente procura dos médicos por especialização, existe escassez de profissionais em determinadas áreas, o que torna relevante compreender os fatores e as barreiras que influenciam os alunos de Medicina na difícil tomada de decisão referente à futura carreira11. Yıldız MS, Khan MM. Factors affecting the choice of medical specialties in Turkiye: an analysis based on cross-sectional survey of medical graduates. BMC Med Educ. 2024;24(1):373..

Tal cenário de desigualdade na distribuição de profissionais em cada área de atuação é influenciado pelas experiências positivas e negativas que os estudantes sofrem nos meios acadêmico e familiar, no que concerne à escolha de uma carreira que satisfaça as expectativas deles de vida, sem perder de vista as necessidades do sistema público de saúde33. Olsson C, Kalén S, Mellstrand Navarro C, Ponzer S. Swedish doctors’ experiences and personality regarding medical specialty choice: a qualitative study. Int J Med Educ. 2019;10:36-42..

No contexto brasileiro, o Sistema Único de Saúde (SUS) necessita de médicos generalistas em níveis primário e secundário, a serem distribuídos por todo território. Para tanto, adotam-se ferramentas como o Programa “Mais Médicos” para atingir esse objetivo, sem dispensar a presença de especialistas para retaguarda terciária, obviamente concentrada nos maiores centros urbanos regionais33. Olsson C, Kalén S, Mellstrand Navarro C, Ponzer S. Swedish doctors’ experiences and personality regarding medical specialty choice: a qualitative study. Int J Med Educ. 2019;10:36-42.. Entretanto, apesar do grande aumento de médicos no país associado à crescente procura por especialização, não há uma quantidade adequada de programas de residência e estágios qualificados para a demanda de alunos em formação33. Olsson C, Kalén S, Mellstrand Navarro C, Ponzer S. Swedish doctors’ experiences and personality regarding medical specialty choice: a qualitative study. Int J Med Educ. 2019;10:36-42.)-(66. Scheffer M, Guilloux AGA, Miotto BA, Almeida CJ, Guerra A, Cassenote A et al. Demografia médica no Brasil 2023. São Paulo: FMUSP, AMB; 2023 [acesso em 25 de maio de 2024]. Disponível em: Disponível em: https://amb.org.br/wp-content/uploads/2023/02/DemografiaMedica2023 .
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A tomada da decisão referente à escolha da especialidade médica durante o curso de Medicina passa por inúmeras reflexões e é influenciada por diversos fatores, como características da personalidade, aptidões, necessidades financeiras, qualidade de vida desejada, experiências marcantes, interesse acadêmico, influência de docentes, envolvimento com o paciente, entre outros5. Esse tema tem sido extensamente abordado principalmente por faculdades norte-americanas e europeias desde a metade do século XX, porém é muito pouco discutido no Brasil77. Martins JB, Rodriguez FP, Coelho ICMM, Silva E de M e. Fatores que influenciam a escolha da especialização médica pelos estudantes de Medicina em uma instituição de ensino de Curitiba (PR). Rev Bras Educ Med . 2019;43(2):152-8. doi: https://doi.org/10.1590/1981-52712015v43n2RB20180158.
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O presente estudo visou relacionar a escolha feita aos fatores que mais influenciaram os futuros médicos ou que os motivaram na tomada de decisão final, na suposição de contribuir para o estudo do tema e, associadamente, com o intuito de oferecer à gestão acadêmica subsídios para proporcionar maior orientação na gestão pedagógica aos discentes, de modo que eles possam compreender o mercado de trabalho e as necessidades dos sistemas do país.

MATERIAL E MÉTODO

O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes) em 2 de outubro de 2023, com Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) n° 74855723.4.0000.5509, e aprovado em 16 de outubro de 2023. O presente estudo foi orientado pelo último autor como iniciação científica dos acadêmicos de Medicina.

Trata-se de um estudo observacional transversal com abordagem quantitativa. Os dados foram obtidos por meio de um questionário previamente elaborado pelos próprios autores, com um total de sete perguntas, sendo quatro fechadas e três abertas, no qual havia um tempo estimado de resposta de dez minutos.

A aplicação do questionário foi realizada pelos alunos da iniciação científica no dia 19 de outubro de 2023. Inicialmente, o questionário continha perguntas sobre dados demográficos, como gênero, faixa etária e situação financeira. Em uma segunda etapa, o respondente deveria assinalar a especialidade médica pretendida separada em grandes áreas (clínica médica, clínica cirúrgica, ginecologia e obstetrícia ou pediatria) ou outras áreas de atuação (anestesiologia, patologia, medicina militar, radiologia, psiquiatria e medicina preventiva). Havia ainda espaço aberto para o respondente informar a especialidade desejada caso não estivesse entre as opções oferecidas.

Apresentaram-se aos alunos diversos fatores e motivações relacionados à tomada de decisão, sendo permitido optar por mais de um quesito ou adicionar, ao final da pergunta, algum fator ou motivação que não estava no questionário. Dentro do formulário, havia as seguintes alternativas:

  1. Fatores de influência: docentes do curso; médico conhecido; mentor familiar; amigos, colegas ou namorado; escolha pessoal sem qualquer influência externa; estágio ou experiências extracurriculares.

  2. Motivações para tomada de decisão: parentes com clínica em atividade na especialidade; retorno financeiro; afinidade por saúde pública e comunitária; planejamento familiar futuro; afinidade pela área acadêmica; qualidade de vida; facilidade de entrar na residência/no estágio assinalados; afinidade por procedimentos invasivos e emergenciais; resolução do tratamento mais rápido e efetivo, com pouco envolvimento continuado com os problemas do paciente; predomínio de prática hospitalar; desafios nos resultados terapêuticos, de modo a estimular o respondente a participar dos progressos da especialidade; o respondente ou algum familiar apresenta uma determinada condição de morbidade, que estimula muito o futuro médico a estudar essa área; envolvimento integral do paciente; prática ambulatorial; descrença das práticas médicas modernas, as quais provocam grandes efeitos colaterais; médico generalista na cidade natal; medicina em alto nível em hospital e/ou universidades de ponta; atuação em uma área que permita ao respondente permanecer na cidade natal; carreira militar; mudança na escolha da especialidade ao longo do curso porque o respondente reviu a percepção que tinha ao cursar a disciplina ou atuar na prática assistencial no internato.

Compararam-se as variáveis estudadas por meio de análise estatística não paramétrica utilizando a linguagem R versão 4.2.3 (R Core Team, 2023). Devido à baixa contagem nas tabelas de contingência, utilizou-se o teste exato de Fisher para testar as hipóteses, em vez do teste qui-quadrado. O nível de significância foi estabelecido em 5%.

RESULTADOS

De 106 alunos que concluíram o curso médico, 90 responderam voluntariamente ao questionário e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Após orientação sobre a forma adequada de preencher o questionário, não restaram dúvidas da parte dos alunos, visto que tais perguntas eram simples, diretas e autoexplicativas.

Quanto aos dados demográficos, a amostra foi formada, predominantemente, pelo gênero feminino (63,3%, n = 57), faixa etária de 23 a 26 anos (62,2%, n = 56) e com renda familiar classificada como classe B (44,4%, n = 40).

Em relação às grandes áreas médicas, a maioria dos estudantes optaram pela clínica médica (42,2%, n = 38), seguida de clínica cirúrgica (26,7%, n = 24), ginecologia e obstetrícia (11,1%, n = 10) e pediatria (7,8%, n = 7). As “outras áreas” - anestesiologia, medicina militar, medicina legal, radiologia, psiquiatria e medicina preventiva - foram assinaladas por 12,2% dos alunos (n = 11).

A significância estatística na correlação entre gênero e grandes áreas médicas mostrou que não são independentes (p = 0,02219). Nesse ponto, chama a atenção que a pediatria foi escolhida somente por discentes do gênero feminino, assim como ocorreu com grande parte dos alunos que escolheram ginecologia e obstetrícia. Em sentido contrário, as especialidades que não se encaixam dentro das grandes áreas predominaram no gênero masculino (Tabela 1).

Tabela 1
Teste de Fisher - associação entre as grandes áreas médicas escolhidas pelos estudantes de Medicina e as variáveis (gênero, faixa etária e classes socioeconômicas declaradas).

Em relação às faixas etárias, a clínica médica predominou em todas as idades, e os alunos com 30 a 39 anos foram os que mais selecionaram a especialidade (75%, n = 3). Entretanto, não houve evidências dessa associação (p = 0,64813). Da mesma forma, as classes socioeconômicas não se associam estatisticamente às grandes áreas médicas (Tabela 1).

A especialidade mais procurada foi anestesiologia (13,3%, n = 12), seguida por cardiologia (11,1%, n = 10), oftalmologia (10%, n = 9) e dermatologia e ortopedia (8,9%, n = 8). Outras especialidades que não se enquadram nas grandes áreas médicas foram escolhidas por 11 alunos (12,2%). Somente 5,6% dos alunos optaram pela especialização em medicina de família e comunidade (n = 5). Entretanto, apesar de a grande maioria já ter planos de iniciar a residência no início da carreira (67,8%, n = 61), cerca de 32,2% dos alunos (n = 29) afirmaram que pretendem atuar inicialmente como médicos generalistas e, talvez, realizar posteriormente uma residência.

Os gráficos 1 e 2 mostram, em percentuais, as motivações e os fatores que influenciaram os concluintes do curso médico nas especialidades futuras. Nota-se que a qualidade de vida e o retorno financeiro (55,6%, n = 50) e a presença de docente do internato (53,3%, n = 48) foram as motivações mais citadas.

Gráfico 1
Motivações que os estudantes de Medicina associaram, em 2023, à escolha da especialidade entre as opções oferecidas.

Gráfico 2
Fatores que os estudantes de Medicina associaram, em 2023, à escolha da especialidade entre as opções oferecidas.

De acordo com a Tabela 2, não foi identificada nenhuma relação estatística entre as variáveis qualitativas (fatores influenciadores e áreas de atuação médica). Contudo, chama a atenção na pediatria que 42,9% (n = 3) citaram “influência de mentor familiar”, porém com valor de p igual a 0,62407. Após a avaliação de quais seriam as motivações vinculadas às grandes áreas estudadas, vistas na Tabela 3, algumas associações foram estatisticamente comprovadas:

  1. Em relação a variável “oferecer maior envolvimento integral com o paciente, permitindo melhor assistência, além de prática ambulatorial”, os alunos mais motivados por esse fator foram os que escolheram clínica médica (54,1%, n = 20), com valor de p igual a 0,00418.

  2. Os concluintes que declararam a pretensão de seguir a ginecologia e obstetrícia tiveram associação com a motivação “predomínio de prática hospitalar e alto prestígio junto à classe médica, além de retorno financeiro” (p = 0,01533).

Tabela 2
Teste de Fisher - associação entre os fatores que influenciam na escolha da especialidade médica e a grande área pretendida.
Tabela 3
Teste de Fisher - associação entre as motivações que levaram à escolha da especialidade médica e a grande área pretendida.

Quando se analisou isoladamente a especialidade mais desejada, anestesiologia, houve associação estatisticamente relevante com “influência de docente do curso clínico” (p = 0,01531) e com os fatores “resolução de tratamento mais rápido e efetivo com pouco envolvimento continuado com os problemas do paciente” (p = 0,00539) e “oferece maior envolvimento integral, permitindo melhor assistência, além de prática ambulatorial” (p = 0,00115).

Aproximadamente 30% dos alunos mudaram de especialidade durante o curso (n = 28). Entre as áreas substituídas, destacam-se ortopedia (50%, n = 4), anestesiologia (50%, n = 6), neurologia clínica (42,9%, n = 3) e cardiologia (40%, n = 4), sem predomínio de gênero.

DISCUSSÃO

A literatura brasileira apresenta pequeno número de estudos a respeito das especialidades médicas escolhidas pelos estudantes que estão terminando o curso de Medicina, o que justifica o objeto deste estudo. Publicações realizadas em outros países pouco nos orientam em razão de realidades distintas do nosso meio, entretanto a quase totalidade dos estudos nacionais foi realizada em universidades federais22. Corsi PR, Fernandes ÉL, Intelizano PM, Montagnini CCB, Baracat FI, Ribeiro MCS de A. Fatores que influenciam o aluno na escolha da especialidade médica. Rev Bras Educ Med. 2014;38(2):213-20. doi: https://doi.org/10.1590/S0100-55022014000200008.
https://doi.org/https://doi.org/10.1590/...
),(55. Sousa IQD, Silva CPD, Caldas CAM. Especialidade médica: escolhas e influências. Rev Bras Educ Med . 2014;38(1):79-86. doi: https://doi.org/10.1590/S0100-55022014000100011.
https://doi.org/https://doi.org/10.1590/...
),(77. Martins JB, Rodriguez FP, Coelho ICMM, Silva E de M e. Fatores que influenciam a escolha da especialização médica pelos estudantes de Medicina em uma instituição de ensino de Curitiba (PR). Rev Bras Educ Med . 2019;43(2):152-8. doi: https://doi.org/10.1590/1981-52712015v43n2RB20180158.
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)-(1313. Cruz EMTN. A escolha da especialidade em medicina [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 1976.) e, em sua maioria, em décadas anteriores. Este estudo revela as tendências em uma universidade privada com estrutura pedagógico-curricular tradicional.

Em relação aos dados demográficos do presente estudo, há predomínio do gênero feminino dentro da área médica, evidentemente devido às mudanças do cenário do mercado de trabalho atual, com alterações significativas no perfil dos novos médicos, tal como a feminização da procura pela profissão e o direcionamento das alunas para áreas antes quase restritas ao gênero masculino. Cru1313. Cruz EMTN. A escolha da especialidade em medicina [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 1976., em 1976, constatou que 82,8% dos formandos em oito faculdades de Medicina do estado de São Paulo eram do gênero masculino, contra 36,6% na nossa casuística. Essa condição de gênero parece se consolidar na última década no padrão brasileiro das Regiões Sudeste e Sul99. Purim KSM, Borges LDMC, Possebom AC. Profile of the newly graduated physicians in southern Brazil and their professional insertion. Rev Col Bras Cir . 2016;43(4):295-300.),(1111. Cruz JAS da, Sandy NS, Vannucchi TR, Gouveia ÉM, Passerotti CC, Bruschini H, et al. Fatores determinantes para a escolha da especialidade médica no Brasil. Revista de Medicina. 2010;89(1):32-42.)-(1313. Cruz EMTN. A escolha da especialidade em medicina [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas; 1976.. Em estudo recente realizado em Belém, capital do Pará55. Sousa IQD, Silva CPD, Caldas CAM. Especialidade médica: escolhas e influências. Rev Bras Educ Med . 2014;38(1):79-86. doi: https://doi.org/10.1590/S0100-55022014000100011.
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, verificou um predomínio de quase 60% do gênero masculino, mas revelou uma tendência de mudança na Região Norte.

O nosso estudo confirma também uma mudança nacional de procura preferencial por áreas clínicas, uma redução acentuada de procura pela pediatria e quase restrita ao gênero feminino, e, ainda, o interesse pelas áreas cirúrgicas e pela ginecologia e obstetrícia. Em sentido oposto, outras especialidades que não se enquadram nas grandes áreas médicas predominaram em alunos do gênero masculino22. Corsi PR, Fernandes ÉL, Intelizano PM, Montagnini CCB, Baracat FI, Ribeiro MCS de A. Fatores que influenciam o aluno na escolha da especialidade médica. Rev Bras Educ Med. 2014;38(2):213-20. doi: https://doi.org/10.1590/S0100-55022014000200008.
https://doi.org/https://doi.org/10.1590/...
),(55. Sousa IQD, Silva CPD, Caldas CAM. Especialidade médica: escolhas e influências. Rev Bras Educ Med . 2014;38(1):79-86. doi: https://doi.org/10.1590/S0100-55022014000100011.
https://doi.org/https://doi.org/10.1590/...
),(77. Martins JB, Rodriguez FP, Coelho ICMM, Silva E de M e. Fatores que influenciam a escolha da especialização médica pelos estudantes de Medicina em uma instituição de ensino de Curitiba (PR). Rev Bras Educ Med . 2019;43(2):152-8. doi: https://doi.org/10.1590/1981-52712015v43n2RB20180158.
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)-(1111. Cruz JAS da, Sandy NS, Vannucchi TR, Gouveia ÉM, Passerotti CC, Bruschini H, et al. Fatores determinantes para a escolha da especialidade médica no Brasil. Revista de Medicina. 2010;89(1):32-42..

A qualidade de vida e o retorno financeiro têm sido abordados como os principais determinantes da escolha da especialidade22. Corsi PR, Fernandes ÉL, Intelizano PM, Montagnini CCB, Baracat FI, Ribeiro MCS de A. Fatores que influenciam o aluno na escolha da especialidade médica. Rev Bras Educ Med. 2014;38(2):213-20. doi: https://doi.org/10.1590/S0100-55022014000200008.
https://doi.org/https://doi.org/10.1590/...
),(77. Martins JB, Rodriguez FP, Coelho ICMM, Silva E de M e. Fatores que influenciam a escolha da especialização médica pelos estudantes de Medicina em uma instituição de ensino de Curitiba (PR). Rev Bras Educ Med . 2019;43(2):152-8. doi: https://doi.org/10.1590/1981-52712015v43n2RB20180158.
https://doi.org/https://doi.org/10.1590/...
),(1414. Sarikhani Y, Ghahramani S, Bayati M, Lotfi F, Bastani P. A thematic network for factors affecting the choice of specialty education by medical students: a scoping study in low-and middle-income countries. BMC Med Educ . 2021 Feb 10;21(1):99., o que condiz com os resultados deste estudo, apesar da ausência de associação estatística com as especialidades. O desejo de um estilo de vida mais controlável foi considerado papel central na mudança da tendência da escolha da especialidade nos Estados Unidos1515. Enoch L, Chibnall JT, Schindler DL, Slavin SJ. Association of medical student burnout with residency specialty choice. Med Educ. 2013 Jan 16;47(2):173-81..

A anestesiologia foi a especialidade mais escolhida entre os participantes do estudo, no qual predominou, para a maioria, a influência do docente do curso. Segundo estudos realizados na Nigéria e em Uganda, a maioria dos estudantes tomou a decisão sobre a especialidade futura de acordo com as suas experiências durante os rodízios clínicos, o que mostra a relevância da orientação profissional adequada1616. Ossai EN, Uwakwe KA, Anyanwagu UC, Ibiok NC, Azuogu BN, Ekeke N. Specialty preferences among final year medical students in medical schools of southeast Nigeria: need for career guidance. BMC Med Educ . 2016 Oct 4;16(1):259.),(1717. Kuteesa J, Musiime V, Munabi IG, Mubuuke AG, Opoka R, Mukunya D, et al. Specialty career preferences among final year medical students at Makerere University College of health sciences, Uganda: a mixed methods study. BMC Med Educ . 2021 Apr 16;21(1):215..

Fritz et al.1818. Fritz EM, van den Hoogenhof S, Braman JP. Association between medical student debt and choice of specialty: a 6-year retrospective study. BMC Med Educ . 2019;19(1):395. doi: https://doi.org/10.1186/s12909-019-1797-2.
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constataram uma forte influência da escolha em relação à classe econômica a que pertencem os discentes, assim como ao endividamento deles, porém tais condições também não mostraram associação estatística no nosso estudo. A nossa preocupação reside nos egressos que acabam se tornando médicos generalistas sem especialização e assumindo subempregos. Há ainda outros que se aventuram na medicina “lucrativa” e exercem uma medicina que não necessita de tantos conhecimentos adquiridos no curso médico.

Quanto aos fatores psicossociais, a exaustão emocional é bastante descrita em estudantes de Medicina. O burnout é geralmente caracterizado como um esgotamento emocional relacionado ao trabalho que gera uma baixa realização pessoal. Várias formas de burnout já foram associadas a sintomas depressivos, consideração séria de abandono do curso e menor autoestima baseada no desempenho entre os estudantes da graduação1919. Costa EF, Santos SA, Santos AT, Melo EV, Andrade TM. Burnout syndrome and associated factors among medical students: a cross-sectional study. Clinics (Sao Paulo). 2012;67(6):573-80. doi: https://doi.org/10.6061/clinics/2012(06)05.
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)-(2222. Scheffer M, Biancarelli A, Cassenote A, Guilloux AGA, Miotto BA, Mainardi GM, et al. , Aet al. Demografia médica no Brasil 2018. São Paulo: FMUSP, CFM, Cremesp; 2018 [acesso em 25 de maio de 2024]. Disponível em: Disponível em: https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/DemografiaMedica2018.pdf .
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. Nesse contexto, nossa pesquisa revelou que 33% dos alunos não pretendiam realizar a residência no início da carreira, o que pode estar relacionado ao sentimento de esgotamento e à incapacidade de passar no programa de especialização. Em nível nacional, Scheffer et al.66. Scheffer M, Guilloux AGA, Miotto BA, Almeida CJ, Guerra A, Cassenote A et al. Demografia médica no Brasil 2023. São Paulo: FMUSP, AMB; 2023 [acesso em 25 de maio de 2024]. Disponível em: Disponível em: https://amb.org.br/wp-content/uploads/2023/02/DemografiaMedica2023 .
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mostram um enorme desequilíbrio entre o ensino de graduação médica e a formação especializada no Brasil. Em 2023, um estudo realizado sobre a demografia médica no Brasil constatou mais de 40 mil formandos em 2021, entretanto houve somente cerca de 16 mil médicos inscritos nos programas credenciados pela Comissão Nacional de Residência Médica em 2022.

De acordo com Scheffer et al.2222. Scheffer M, Biancarelli A, Cassenote A, Guilloux AGA, Miotto BA, Mainardi GM, et al. , Aet al. Demografia médica no Brasil 2018. São Paulo: FMUSP, CFM, Cremesp; 2018 [acesso em 25 de maio de 2024]. Disponível em: Disponível em: https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/DemografiaMedica2018.pdf .
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, em 2018 apenas 1,4% dos médicos atuantes no Brasil estava trabalhando em medicina de família e comunidade. Entretanto, Miranda et al.1212. Miranda CZ de, Santos FF dos, Pertile KC, Costa S de M, Caldeira AP, Barbosa MS. Fatores associados à intenção de carreira na atenção primária à saúde entre estudantes de Medicina. Rev Bras Educ Med . 2021;45(3):e146., ao estudarem universidades de Minas Gerais, encontraram 10% de interessados inicialmente em atenção primária à saúde. Cerca de 6% dos estudantes do nosso estudo informaram que deverão fazer residência de medicina de família e comunidade, tendo como motivação uma experiência bem-sucedida durante o curso médico, contemplando uma necessidade do SUS. Estudos de outros países citados por Miranda et al.1212. Miranda CZ de, Santos FF dos, Pertile KC, Costa S de M, Caldeira AP, Barbosa MS. Fatores associados à intenção de carreira na atenção primária à saúde entre estudantes de Medicina. Rev Bras Educ Med . 2021;45(3):e146. revelam interesse de alunos de Medicina pela atenção primária à saúde: 14% nos Estados Unidos, 12% na Alemanha, 20% na França e 25% no Paquistão2323. Brian S, Freeman MD. The Ultimate Guide to Choosing a Medical specialty. 3th ed. Chicago: 2013.. Raleigh et al.2424. Raleigh MF, Seehusen DA, Phillips JP, Prunuske J, Morley CP, Polverento ME, et al. Influences of Medical school admissions practices on primary care career choice. Fam Med. 2022 July;54(7):536-41. doi: https://doi.org/10.22454/FamMed.2022.260434.
https://doi.org/https://doi.org/10.22454...
recomendam um esforço institucional em busca de vocações para atenção primária à saúde, atualmente uma área prioritária no sistema público de saúde do Brasil.

Cerca de 30% dos participantes deste estudo afirmaram que mudaram de especialidade durante o curso, o que pode ser explicado pela ausência de conhecimento prévio das diferentes especialidades ao ingressarem na Medicina, gerando incertezas ao longo da graduação11. Yıldız MS, Khan MM. Factors affecting the choice of medical specialties in Turkiye: an analysis based on cross-sectional survey of medical graduates. BMC Med Educ. 2024;24(1):373.),(1010. Bellodi PL. Surgery or general medicine: a study of the reasons underlying the choice of medical specialty. Sao Paulo Med J. 2004 May;122(3):81-6. doi: https://doi.org/10.1590/S1516-31802004000300002.
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),(2525. Saigal P, Takemura Y, Nishiue T, Fetters MD. Factors considered by medical students when formulating their specialty preferences in Japan: findings from a qualitative study. BMC Med Educ . 2007 Sept 11;7:31.)-(2727. Pooe A, Ntuli ST, Masango S, Rab A, Mudau T, Moloko P, et al. Specialties preference by gender among medical students at Sefako Makgatho Health Sciences University, South Africa. S Afr Fam Pract. 2024 Apr 23;66(1):e1-e6. Vol 66, No 1:Part 2| a5858.. Diversos estudos mostram a necessidade de desenvolvimento de programas adequados para o planejamento de carreiras futuras dos estudantes nas escolas médicas, sendo benéfico para uma distribuição de força de trabalho equilibrada da força de trabalho entre os departamentos da medicina, de acordo com as necessidades nacionais2828. El Naggar MA, Mohamed RA, Almaeen AH. The effect of career guidance on undergraduate medical students’ specialty preferences. J Pak Med Assoc. 2021 Jul;71(7):1808-1813.),(2929. Wang S, Deng X. The role of different educational programs in specialty preference among Chinese medical students: a cross-sectional study. BMC Med Educ . 2023 Sept 28;23(1):711 [acesso em 27 maio 2024]. Disponível em: Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37770852/ .
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37770852...
.

No Reino Unido, foi desenvolvido um instrumento psicométrico com escala de prioridades preferenciais em relação a 59 especialidades britânicas no auxílio à escolha da especialidade médica pelos alunos. Esse instrumento denominado Specialty Choice Inventory, idealizado para mídia eletrônica, contém 130 itens com frases de sentido positivo ou negativo de elevada capacidade discriminatória entre as diversas especialidades, com opções de resposta, cujos escores refletem o perfil do usuário na comparação desse perfil com os perfis médios dos profissionais de cada especialidade escolhida99. Purim KSM, Borges LDMC, Possebom AC. Profile of the newly graduated physicians in southern Brazil and their professional insertion. Rev Col Bras Cir . 2016;43(4):295-300.. Baseado nesse estudo, um grupo de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, com apoio financeiro da Fapesp, avaliou os itens recomendados pela proposta britânica a centenas de estudantes e médicos especialistas brasileiros, e concluiu pela validade do teste3030. Caires I da S, Goldberger BU, Colares M de FA, Gale R, Grant J, Troncon LE de A. Tradução, adaptação, validação e avaliação para uso no Brasil de um instrumento britânico de auxílio à escolha da especialidade médica. Rev Bras Educ Med . 2017;41(4):540-50., o qual merece avaliações posteriores de real aplicabilidade e eficácia no nosso meio.

Os docentes do curso foram o principal fator de influência entre os nossos estudantes. Nesse contexto, é necessário realizar um aconselhamento sobre os melhores estágios extracurriculares e residências médicas, e também mostrar áreas de atuação e subespecialidades atrativas que se abrem devido às novas tecnologias médicas, visto que exposições positivas às especialidades poderão favorecer na tomada de decisão3131. Hohf-nova M, Hun-pacheco R, Muñoz-bustos D, Soto-carriel A, Pérez-villalobos C. When it is time to decide: factors associated to the choice of a medical specialty. Rev Med Chil . 2021 Sept 1º;149(9):1352-9 [acesso em 27 de maio de 2024]. Disponível em: Disponível em: https://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-98872021000901352&lng=en&nrm=iso&tlng=en .
https://www.scielo.cl/scielo.php?script=...
. Apesar de o docente familiar ter sido relevante e citado em diversos estudos1010. Bellodi PL. Surgery or general medicine: a study of the reasons underlying the choice of medical specialty. Sao Paulo Med J. 2004 May;122(3):81-6. doi: https://doi.org/10.1590/S1516-31802004000300002.
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),(1111. Cruz JAS da, Sandy NS, Vannucchi TR, Gouveia ÉM, Passerotti CC, Bruschini H, et al. Fatores determinantes para a escolha da especialidade médica no Brasil. Revista de Medicina. 2010;89(1):32-42.),(3232. Offernbeek MAG, Kiewiete DJ, Oosterhuis MJ. The compatibility of future doctor’s carre intentions with changing health care demands. Med Educ .2006;40(6):530-8 [acesso em 4 jul 2013].)-(3535. Kruijthof CJ, Van Leeuwen CD, Ventegovel P, Van der Horst HE, Van Staveren G. Career perspectives of women and men medical students. Med Educ Online.1992;26(1):21-6 [acesso em 2 maio 2013]. Disponível em: Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1538651 .
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15386...
, de acordo com os nossos dados, não foi essencial para determinar a escolha da especialidade médica entre os estudantes que participaram da pesquisa.

Finalmente, há de se considerar o prejuízo pedagógico causado pela pandemia de Covid-19 nos cursos médicos3636. Deng J, Que J, Wu S, Zhang Y, Liu J, Chen S, et al. Effects of Covid-19 on career and specialty choices among Chinese medical students. Med Educ Online. 2021 Jan 1;26(1):1913785.),(3737. Ahmed H, Allaf M, Elghazaly H. Covid-19 and medical education. Lancet Infect Dis. 2020 Jul;20(7):777-778., em que pesem todos os esforços desenvolvidos pelas instituições para minimizá-los, mas que, de alguma forma, possa ter influenciado na escolha pela especialidade. Há necessidade de estudos posteriores para uma avaliação adequada.

CONCLUSÕES

Este estudo realizado em 2023, numa universidade privada com contexto pedagógico-curricular tradicional, revelou a dificuldade que os alunos do curso de Medicina ainda apresentam em escolher as carreiras futuras. Em comparação com publicações anteriores de autores nacionais e do exterior, foram nítidas algumas fortes tendências de mudanças ocorridas nesse cenário, tais como a opção de alunas por especializações antes tipicamente masculinas, como áreas cirúrgicas, a baixa demanda por residências médicas, a forte procura pelas áreas clínicas e o reduzido interesse pela pediatria.

Em que pese o fato de que a decisão final é de cada aluno, sugerimos estratégias institucionais de aconselhamento acadêmico, individual ou em grupos, seminários, painéis de discussão e oficinas que permitam aos alunos obter informações diretas de médicos e docentes experientes em múltiplas áreas, de modo a colaborar no desenvolvimento da carreira dos discentes da graduação em Medicina.

Estudos semelhantes são necessários para confirmar tendências e comparar resultados entre universidades oficiais e privadas, e entre faculdades que adotam orientações curriculares distintas.

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    Avaliado pelo processo de double blind review.
  • FINANCIAMENTO

    Declaramos não haver financiamento.

Editado por

Editora-chefe: Rosiane Viana Zuza Diniz. Editora associada: Daniela Chiesa.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Set 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    13 Fev 2024
  • Aceito
    21 Jun 2024
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