Resumos
A incidência de traumatismo é uma realidade crescente nos dias de hoje. O acometimento dos reina ocorre em cerca de 10% dos pacientes com trauma abdominal fechado ou penetrante, podendo elevar muito a morbimortalidade quando não bem conduzido. Os autores fizeram um levantamento de artigos recentes para esclarecimentos no diagnóstico e na conduta no traumatismo renal, desde os detalhes anatômicos até o tratamento definitivo. A correta condução do paciente é fundamental para a preservação e manutenção da função do órgão, sobretudo da vida, após o evento traumático.
Rim; Ferimentos e lesões
Trauma incidence is increasing nowadays. Kidney injuries occur in about 10% of patients with blunt or penetrating trauma, and those lesions add morbidity and mortality when not appropriate care is carried out. A literature review of the most recent papers was done by the authors to clarify diagnosis and final treatment. The correct management is a must to preserve and keep the kidney function, moreover, the quality of life after a trauma event.
Kidney; Wounds and injuries
ARTIGO DE REVISÃO
Abordagem do trauma renal - artigo de revisão
Management of renal trauma: review of the literature
Lupércio Faria e SilvaI; Luiz Carlos TeixeiraII; João Baptista Rezende Neto, TCBC-MGIII
ICirurgião Geral e Urologista do Hospital Universitário Risoleta Tolentino Neves, Belo Horizonte - MG-BR
IICirurgião Geral e do Trauma do Hospital Universitário Risoleta Tolentino Neves, Belo Horizonte - MG-BR
IIIProfessor Adjunto do Doutor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFMG-BR
Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Lupércio Faria e Silva E-mail: luperciofaria@bol.com.br
RESUMO
A incidência de traumatismo é uma realidade crescente nos dias de hoje. O acometimento dos reina ocorre em cerca de 10% dos pacientes com trauma abdominal fechado ou penetrante, podendo elevar muito a morbimortalidade quando não bem conduzido. Os autores fizeram um levantamento de artigos recentes para esclarecimentos no diagnóstico e na conduta no traumatismo renal, desde os detalhes anatômicos até o tratamento definitivo. A correta condução do paciente é fundamental para a preservação e manutenção da função do órgão, sobretudo da vida, após o evento traumático.
Descritores: Rim. Ferimentos e lesões.
ABSTRACT
Trauma incidence is increasing nowadays. Kidney injuries occur in about 10% of patients with blunt or penetrating trauma, and those lesions add morbidity and mortality when not appropriate care is carried out. A literature review of the most recent papers was done by the authors to clarify diagnosis and final treatment. The correct management is a must to preserve and keep the kidney function, moreover, the quality of life after a trauma event.
Key words: Kidney. Wounds and injuries.
INTRODUÇÃO
A principal causa de morte entre homens e mulheres com menos de 40 anos é a acidental, que apresenta um crescimento contínuo e paralelo em virtude do desenvolvimento industrial e do aumento da violência urbana1.
O trauma renal ocorre em 3% de todos os pacientes hospitalizados por trauma e em cerca de 10% dos pacientes com trauma abdominal. Na infância, é comum o acometimento renal, em virtude da menor proteção pela gordura perirrenal e pela posição mais baixa do rim nesta idade.
As lacerações no parênquima renal e as lesões renovasculares podem implicar em significativa morbidade e mortalidade. Seu manejo inadequado pode colocar em risco a vida do paciente ou ainda acarretar um número elevado e indesejado de nefrectomias.
Os índices de nefrectomia são aproximadamente 4% no trauma contuso e 21% no trauma penetrantre. O fator mais importante correlacionado com o índice de nefrectomia é a classificação do trauma renal2 .
ANATOMIA
Os rins estão fixados no espaço retroperitoneal superior somente pelo pedículo vascular e pelo ureter, ficando livres no leito gorduroso contido pela fáscia de Gerota. Desta forma, os rins estão expostos a deslocamentos por acelerações ou frenagens violentas que podem produzir avulsão do sistema coletor ou lesão do pedículo vascular. Eles se encontram relativamente bem protegidos por sua localização anatômica, com as vísceras abdominais anteriormente e a musculatura dorsal e coluna vertebral posteriormente.
Os rins patológicos policísticos, com tumores ou com hidronefrose secundária a estenose da junção ureteropélvica são mais susceptíveis aos traumatismos inclusive àqueles com menor impacto. Quando estes traumatismos ocorrem a nefrectomia é necessária em 33% destes casos3.
MECANISMO DO TRAUMA
O rim está envolvido em aproximadamente 10% dos traumatismos abdominais4. O traumatismo renal pode ocorrer por três mecanismos, sendo eles o trauma contuso, o trauma penetrante e a desaceleração em alta velocidade. A grande maioria das lesões renais é resultante de traumatismo contuso (80% a 90 % das lesões renais) 5.
Acidentes automobilísticos e quedas são responsáveis pela maioria dos traumas renais no mundo atual. Contudo, os traumas penetrantes estão mais associados a lesões renais graves, requerendo maior número de intervenções cirúrgicas e nefrectomia5-8. Pacientes admitidos em um hospital com lesões penetrantes tiveram lesões renais detectadas em 4% a 8%9.
A maioria das lesões renais é leve. Os traumatismos renais mais graves, incluindo lacerações e lesões vasculares, correspondem a 27% a 68% em pacientes com trauma penetrantes comparados a 4% a 25% nos contusos10,11.
Nos ferimentos por arma branca há baixo risco de lesão renal, havendo necessidade de algum tipo de abordagem cirúrgica em poucos casos. Os ferimentos produzidos por arma de fogo merecem especial atenção, uma vez que provocam maior dissipação de energia cinética, o que pode levar à necrose tecidual tardia.
CLASSIFICAÇÃO
Existe uma diversidade de classificações para as lesões do rim e todas se baseiam na gravidade das mesmas. A classificação mais utilizada atualmente foi estabelecida em 1989 pela comissão de trauma do Colégio Americano de Cirurgiões (Tabela 1).
Avaliação Inicial do Paciente com Trauma Renal
A avaliação do trauma renal deve ser conduzida com as condições clínicas do paciente. A condição hemodinâmica deve ser estabelecida logo nos primeiros contatos com o paciente. Nos pacientes estáveis, dados específicos devem ser coletados que poderão orientar na conduta. No exame físico deve ser atentada para localização de orifícios de entrada e saída, equimose em região lombar, fraturas de costelas, massa palpável no flanco12.
A hematúria está presente em 90% dos pacientes com trauma renal, mas sua intensidade não se relaciona diretamente com a gravidade da lesão. A ausência de hematúria pode ocorrer, por exemplo, nos casos de avulsão do ureter ou mesmo em extensas lesões do parênquima ou do pedículo renal, situações em que nem urina e nem sangue alcançam a bexiga.
O rim permite duas formas de tratamento. Em decorrência do estado hemodinâmico do traumatizado, do correto diagnóstico e da classificação das lesões, pode-se optar por tratamento operatório ou não operatório. A maioria das lesões renais é tratada de forma não operatória. Nos traumas renais contusos aproximadamente 10% das vítimas têm indicação de cirurgia. Situação inversa acontece nos ferimentos penetrantes, em que a maioria dos pacientes é operada, principalmente pela presença de lesões associadas na cavidade.
Métodos de Imagem no Trauma Renal
Os quatro principais objetivos dos métodos de imagem no trauma renal são: Definir a dimensão do trauma; Reconhecer doenças pré-existentes; Definir o funcionamento do rim contralateral; Identificar possível lesão de órgão associada.
No passado a urografia excretora e a arteriografia eram usadas para classificar o trauma renal. Atualmente a tomografia computadorizada (TC) é o método de imagem de escolha para avaliação do trauma renal.
Vários trabalhos descrevem a TC com contraste endovenoso como método de escolha na abordagem inicial dos pacientes com suspeita de trauma renal. A TC tem boa acurácia na detecção das lesões vasculares, lacerações do parênquima, extravasamento de urina e hematoma perirrenal13,14.
A urografia excretora pode ser realizada em pacientes hemodinamicamente instáveis através de uma única radiografia ( "one-shot"), dez minutos após a infusão do contraste endovenoso (2ml por quilo de peso corpóreo).
A urografia excretora padrão é um método de imagem apropriado como segunda linha em pacientes com estabilidade hemodinâmica com suspeita de trauma contuso e quedas. A acurácia da urografia excretora e da TC é estimada entre 65% e 95% em diferentes séries13,14.
A arteriografia deve ser considerada como método adjuvante para diagnóstico na era da TC helicoidal. Indicações para arteriografia incluem as suspeitas de trombose da artéria renal ou lesões arteriais segmentares (lacerações ou pseudoanerismas) nas quais a radiologia intervencionista, colocação de stent ou embolização respectivamente podem ser consideradas. É um método relativamente invasivo com demanda de tempo e pessoal habilitados.
A ultra-sonografia (US) deve ser realizada em pacientes alérgicos ao meio de contraste e em mulheres grávidas que não devem receber irradiação. Este exame diagnostica 90% dos traumatismos renais, havendo limitações em caracterizar as lesões vasculares na maioria dos casos. Atualmente, com o Ecodoppler, as lesões vasculares têm sido mais bem avaliadas15-17.
Além da sua utilidade diagnóstica, o ultra-som pode ser utilizado no seguimento das coleções líquidas perirrenais, lacerações renais tratadas conservadoramente e hidronefroses18.
A ressonância nuclear magnética oferece detalhes da anatomia renal, mas não oferece vantagens quando comparada à tomografia computadorizada19,20.
A pielografia retrógrada tem seu uso limitado no trauma renal, sendo reservada a casos selecionados nos quais a TC convencional não exclui lesões no sistema coletor ou avulsão da junção uretero-piélica.
Seguimento nas Lacerações e Extravasamento Urinário
O controle radiológico do trauma renal é recomendado nas lesões renais graves conduzidas conservadoramente21. TC abdominal seriada, com injeção de contraste endovenoso, é recomendada 36 a 48 horas após o primeiro exame nas lacerações classificadas como grau IV e grau V.
O seguimento radiológico posterior das lesões classificadas como grau IV (apenas pelo extravasamento de urina) não é consenso, sendo pouco recomendada por alguns autores, a não ser que haja piora das condições clínicas do paciente. Quando o paciente apresenta febre inexplicada, dor ou massa no flanco, ou sangramento, a TC ou US podem ser utilizados na tentativa de identificar urinoma ou abscesso.
Conduta nos Pacientes com Trauma Renal
Existem poucas indicações absolutas de exploração cirúrgica do rim nos pacientes traumatizados e numerosas indicações relativas. Um dos modelos mais aceitos para a classificação no trauma renal é o "Organ Injury Scaling for Kidney Trauma" desenvolvido pela Associação Americana de Cirurgia do Trauma (AAST). Entretanto, a classificação, baseada na avaliação radiológica, não é indicador principal da necessidade de tratamento cirúrgico. Muitos outros fatores devem ser considerados como adjuvantes na tomada da decisão correta7 de instabilidade hemodinâmica. Outros fatores que devem ser considerados são o tipo do trauma, a necessidade de transfusão, os valores das escórias renais e a classificação radiológica
Dentre os fatores a serem considerados o mais importante é a presença da lesão7.
Indicações Absolutas
· Hematoma retroperitonial em expansão.
· Hematoma retroperitonial pulsátil.
· Instabilidade hemodinâmica refratária.
· Traumatismo renal associado à lesão de outras vísceras.
Indicações Relativas
· Grandes extravasamentos de urina (resolução espontânea em 76% a 87% dos casos).22-25
· Presença de tecido renal não viável.
· Trombose arterial instalada há mais de 4 horas.
Tratamento Conservador
· Contusões renais (grau I) decorrentes de traumatismo fechado ou penetrante (arma branca ou projétil de arma de fogo), com lesão renal isolada e com orifício de entrada posterior à linha axilar posterior.
· Lacerações renais (graus II, III e IV), mesmo com a presença de grande hematoma perirrenal, desde que o paciente permaneça hemodinamicamente estável (o aparecimento de instabilidade hemodinâmica é indicação de imediata exploração cirúrgica).
Medidas de Suporte
· Repouso no leito até a resolução da hematúria macroscópica.
· Hematócrito seriado.
· Monitoração intensiva.
· Antibioticoterapia (coberturas para gram negativos e enterococos, necessitando combinação de Ampicilina com cefalosporinas ou quinolonas), caso haja indicação clínica.
· Ansiolíticos.
· Transfusão sanguínea quando necessária.
· TC em intervalos regulares de acordo com a evolução do paciente.
· Exercícios físicos intensos devem ser evitados por seis semanas.
Conduta Cirúrgica no Trauma Renal
Controle Vascular Precoce
A abordagem transperitoneal para nefrectomia com abordagem precoce do pedículo vascular foi primariamente descrita por Scott e Selzman26. Segundo Mc Aninch e Carroll esta abordagem reduz o índice de nefrectomias de 56% para 18%27.
Se houver hematoma sobre os vasos renais, a exploração precoce com controle do pedículo renal deve ser considerada antes da abertura da fáscia perinefrética.
Reconstrução Renal
A preservação renal por renorrafia ou nefrectomia parcial requer exposição completa do rim traumatizado, debridamento do tecido inviável, ligadura dos vasos com sangramento ativo, reparo das lesões no sistema coletor e fechamento dos defeitos no parênquima28. A preservação renal é possível na maioria dos traumatismos renais tendo relação com o grau da lesão. Caso seja realizada a preservação pode haver comprometimento da função renal na unidade remanescente29,30.
Nefrectomia
Os índices de nefrectomia na exploração imediata variam consideravelmente, dependendo do tipo e do grau da lesão. Em pacientes clinicamente instáveis com lesões graves pode chegar próximo a 100%31-33.Traumas penetrantes por armas de alto calibre e injúrias associadas estão associados com maiores índices de nefrectomias3.
Reparo dos Vasos Renais
O reparo cirúrgico das lesões vasculares requer tratamento por especialistas e necessitam ser realizados com estabilidade hemodinâmica. A nefrectomia pode ser necessária em 67% a 86% dos pacientes com lesão da artéria renal, em 25% a 56% daqueles com lesão da veia renal e em nenhum com lesão única em vasos segmentares34,35.
Em vista dos pobres resultados com tratamento cirúrgico, a reconstrução arterial deve ser indicada em pacientes com rim único, traumatismo renal bilateral36, ou quando a resolução com arteriografia é possível37. Auto-transplante ou remoção renal para controle das lesões antes do reimplante devem ser opções raras.
Lesões da veia renal esquerda próxima à veia cava podem ser tratadas com a ligadura da mesma. Neste caso, a drenagem renal passaria a ser realizada pelas veias gonadal e adrenal do mesmo lado. Lesões na veia renal direita devem ser reparadas.
Angio-Embolização
Arteriografia renal seletiva e embolização para contensão de hemorragia em pacientes estáveis após traumatismos contusos ou penetrantes tem sido sucesso crescente em vários centros. A exploração cirúrgica é reservada para os casos em que haja falha do método38. As taxas de sucesso da embolização de um seguimento da artéria renal isolado podem alcançar até 80%39,40.
Vários tipos de materiais podem ser utilizados para controle de sangramentos locais (gelatinas, auto-coagulantes) 41.
Seguimento após o Trauma
A conduta conservadora no traumatismo renal exige a internação para acompanhamento e realização de métodos de imagens subsequentes caso necessário (Tabela 2).
A realização de método de imagem de controle também deve ser considerada caso não haja evolução satisfatória do quadro, com uma queda persistente dos níveis de hemoglobina.
O acompanhamento da função renal com exames laboratoriais também é fundamental e, se necessário, faz-se o uso de cintilografia renal.
Complicações do Trauma Renal
Urinoma e Abscesso Perinefrético
O extravasamento de urina associada à laceração do parênquima renal tem resolução espontânea em 80% a 90% dos pacientes, podendo em muitos casos ter conduta expectante. Fatores de risco para o desenvolvimento destas complicações incluem presença de fragmentos desvitalizados e coexistência de trauma entérico ou pancreático.
O urinoma é normalmente assintomático, mas pode levar a desconforto, presença de massa ou dor no flanco, íleo funcional e febre baixa42. Hidronefrose e não identificação da junção uretero-vesical sugere o diagnóstico. Uma coleção perirrenal de baixa densidade é evidenciada à TC. O urinoma pode aparecer desde três semanas a 34 anos decorrentes após o traumatismo43.
Historicamente os pacientes com urinoma são submetidos a tratamento cirúrgico aberto, atualmente podem ser conduzidos por procedimentos endourológicos e drenagem externa44. Este tratamento também deve ser considerado quando se trata de urinoma infectado ou abscesso.
Hemorragia Secundária
A hemorragia tardia é uma complicação comum nas lacerações profundas do parênquima, principalmente nos pacientes vítimas de queda45. O intervalo entre o trauma e a hemorragia tardia varia de 2 a 36 dias. Normalmente trata-se de uma fístula arterio-venosa ou pseudoaneurismas. Quando a conduta é expectante nos traumas de graus III e IV, a hemorragia tardia pode ocorrer em 13% a 25% dos casos.
A fístula arterio-venosa pode ser tratada com nefrectomia, nefrectomia parcial, ligadura ou embolização de um ramo arterial do seguimento envolvido, alcançando sucesso em 82% dos casos46,47.
Hipertensão
A patofisiologia da hipertensão após trauma renal é associada a excesso de secreção de renina causada pela isquemia renal. Pode resultar de trombose da artéria renal ou compressão do parênquima renal por hematoma ou fibrose. A fístula arterio-venosa também pode levar à hipertensão.
A incidência da hipertensão pós-traumática é influenciada pelo grau da lesão, pela existência de hipertensão antes do trauma, o que, por sua vez, é influenciada pela idade, sexo e raça da população.
O tempo de aparecimento da hipertensão renovascular varia e tem sido reportado desde 37 dias até décadas após o trauma, com uma média de 34 meses. Os pacientes vítimas de trauma renal com risco de hipertensão (lesões graus IV e V) devem ter a pressão arterial aferida regularmente48.
Nefrectomia é o tratamento mais comum em casos de hipertensão renovascular após trauma49,50. Raros casos de sucesso no reparo de estenoses arteriais ou nefrectomias parciais são descritos51. A resolução espontânea da hipertensão renovascular mesmo anos após seu aparecimento também tem sido relatada52,53.
Insuficiência Renal
Um estudo multi-institucional em 89 pacientes com lesões graus IV e V demonstrou insuficiência renal pós-traumática em 6,4%, redução da função renal em 16% e hipertensão em 4,5%35. A embolização é associada com até 10% de perda da função no rim afetado54.
Traumatismo Renal em Crianças
A conduta conservadora no trauma renal do adulto é considerada mais segura uma vez que existem mais trabalhos na literatura. A opção pelo tratamento não operatório na criança se baseia no sucesso da conduta conservadora em traumatismos de outros órgãos como fígado e baço.
A estratégia terapêutica baseada nos achados radiológicos impõe tratamento conservador nas contusões renais e lacerações superficiais, devendo-se manter a criança acamada por dois meses e com monitoração da pressão arterial pelo menos um ano. A exploração cirúrgica deve ser reservada para os casos de rins multilacerados, com amplo seguimento desvascularizado ou com volumoso hematoma separando os seguimentos renais. A cirurgia também deve ser considerada com a queda progressiva da hemoglobina.
Devido à maior mobilidade e menor proteção renal, qualquer traumatismo é considerado potencial fator para lesão renal. A hematúria, mesmo microscópica deve ser sinal importante para consideração na realização de um método de imagem para estudo do rim.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O traumatismo renal acaba sendo uma patologia frequente nos centros de referência de trauma. No trauma exclusivo do rim a tendência é cada vez mais conservadora. Dentre os indicadores cirúrgicos o principal é a presença ou não de instabilidade hemodinâmica associada. Caso não haja instabilidade deve-se realizar um método de imagem, sendo a tomografia computadorizada o método de escolha.
A classificação radiológica da lesão é um importante fator na decisão da conduta, sendo a grande maiora das lesões entre graus I e III de tratamento não operatório. A lesão de grau V tem quase sempre indicação cirúrgica. Na lesão de grau IV existe atualmente uma tendência ao tratamento não operatório de imediato e sim das possíveis complicações como colocação de stent ureteral ou drenagem de coleções perirrenais. Tal tendência se deve a maior chance e nefrectomia em um possível intervenção precoce.
Recebido em 30/09/2008
Aceito para publicação em 24/11/2008
Conflito de interesse: nenhum
Fonte de financiamento: nenhuma
Trabalho realizado no Serviço Cirurgia Geral e do Trauma e Serviço de Urologia Hospital Universitário Risoleta Tolentino Neves - Belo Horizonte-MG-BR.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
01 Fev 2010 -
Data do Fascículo
Dez 2009
Histórico
-
Aceito
24 Nov 2008 -
Recebido
2080