O câncer mais frequente na cabeça e pescoço é o carcinoma epidermóide, sendo que o diagnóstico ocorre em fase avançada (estádios clínicos III e IV) em 70% a 80% dos casos. A detecção precoce e o estadiamento corretos são importantes no planejamento terapêutico e no prognóstico do paciente. Após o tratamento inicial, o momento do diagnóstico da recidiva loco-regional é essencial no planejamento do resgate cirúrgico, visto que 70% das recidivas ocorrem nos primeiros 24 meses, como lesão residual ou apresentação subclínica. Ademais, a presença da metástase hematogênica comumente é irresponsiva à terapêutica habitual, apesar de sua baixa frequência (inferior a 10%).
Exame direto completo e minucioso é acessível ao especialista, e, quando associado ao exame histopatológico pode fornecer o diagnóstico e o estadiamento na apresentação inicial do paciente. Aos exames complementares convencionais urge a necessidade de criação de protocolos de estadiamento na decisão terapêutica inicial e, especialmente, no re-estadiamento para validação científica de uma ferramenta científica, ainda, pouca utilizada em vários centros médicos no país.
Mudança do paradigma patológico - O carcinoma epidermóide é histologicamente bem definido. Dentre os critérios histológicos como fatores prognósticos de maior impacto temos a ruptura capsular macroscópica e relação entre a fronte de invasão e o estroma. A partir da década de 70, surgiram novas técnicas nos laboratórios de patologia e imuno-histoquímica, com o objetivo de auxiliar na identificação de linhagens histogênicas, incorporando-se mais tarde, às pesquisas de fatores prognósticos. Os biomarcadores teciduais ganharam cada vez maior importância, em especial, no que se refere ao diagnóstico precoce, monitoramento e planejamento terapêutico. Dentre os inúmeros marcadores moleculares, inexiste um painel universal, sendo os mais estudados o p16, p53, CCNDI, EGF, VEGF e HPV.
Mudança no paradigma imagenológico - O estudo dos métodos de imagem pode auxiliar no estadiamento clínico, avaliando a extensão profunda da lesão primária e eventuais disseminações linfonodais e/ou à distância, interferindo em muitos casos, nas decisões terapêuticas. Os principais métodos de imagem do estadiamento do carcinoma epidermóide da cabeça e pescoço são a tomografia (CT) e a ressonância nuclear magnética (RNM).
A tomografia por emissão de pósitrons associada à técnica do 18F-FDG-PET tem utilização recente para o câncer de cabeça e pescoço e indicação crescente. Todavia, a discussão de sua utilização no diagnóstico e tratamento inicial tem indicações limitadas, nas quais o exame direto e eventuais exames de imagens convencionais são suficientes para uma terapêutica adequada.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
May-Jun 2014