Open-access Negacionismo religioso: Bolsonaro e lideranças evangélicas na pandemia Covid-19

Religious denialism: Bolsonaro and evangelical leaders during the Covid-19 pandemic

Resumos

Resumo: Este artigo visa investigar as conexões entre líderes pentecostais brasileiros e o governo de Bolsonaro no que concerne à gestão da pandemia Covid-19. Partimos do suposto de que algumas importantes lideranças religiosas - nomeadamente sujeitos que encarnam um tipo ideal de pastor, empresário e político - têm colaborado com o governo na gestão da pandemia por meio do negacionismo pandêmico. Argumentamos que o negacionismo é uma linguagem de poder que está fora do escopo da democracia e que se expressa publicamente em diferentes técnicas de negação da ciência - muitas vezes com justificativas religiosas - empregadas em diversos eventos durante a pandemia, com o objetivo de consolidar um projeto político comum.

Palavras-chave: pandemia Covid-19; negacionismo; política; religião; evangélicos


Abstract: This article aims to investigate the connections between Brazilian Pentecostal leaders and the Bolsonaro government regarding the management of the Covid-19 pandemic. We start with the assumption that some important religious leaders - formed of individuals who embody an ideal type of pastor, businessman, and politician - collaborate with the government in managing the pandemic through pandemic denial. We argue that denialism is a language of power that is outside the scope of democracy. It publicly expresses itself in different techniques of scientific denialism - many times with religious justifications - employed during various events during the pandemic, with the aim of consolidating a common political project.

Keywords: Covid-19 pandemic; denialism; politics; religion; evangelicals


Introdução1

Disse Jesus em Mateus 18:20: “Onde houver dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.” Mas o que fazer quando um vírus (agnóstico e penetra) ameaça contaminar a roda de fiéis e levá-los à doença e, em alguns casos, à morte? Em momentos com ares apocalípticos, as religiões são interpeladas a orientar seus adeptos e dar sentido à possibilidade de morte coletiva (Almeida e Guerreiro 2020). No Brasil, as reações de grupos religiosos à pandemia Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus denominado Sars-CoV-2, foram diversas.

Os casos mais controversos ocorreram no meio evangélico,2 em que as reações ao problema teológico-sanitário variaram conforme as denominações e as distintas nuances teológicas e políticas (Almeida e Guerreiro 2020). Quando os prefeitos e governadores decretaram o fechamento de locais com aglomeração de pessoas, no início da pandemia, boa parte das igrejas protestantes históricas3 e diversas igrejas pentecostais apoiaram o isolamento social e fecharam os templos. Alguns locais de culto ficaram abertos apenas para orações e atendimentos individualizados.

Entre esses, argumentava-se que os crentes deveriam “ficar em casa”, afinal Deus teria dado conhecimento aos cientistas para orientar os governantes acerca das políticas de saúde pública. Outros citaram passagens bíblicas como Êxodo 12.21-36, quando os hebreus foram orientados por Deus a permanecerem em casa para não serem atingidos pelo “anjo da morte”. Em certo sentido, a posição desses atores coincide com a pesquisa do Instituto Datafolha de que 82% da população era favorável à suspensão temporária dos cultos (DataFolha 2020).

Algumas igrejas ofereceram seus templos ao poder público para a construção de hospitais de campanha ou se tornaram centros de ajuda aos mais vulneráveis (Sakamoto 2020). Isso coaduna com as análises que destacam a participação das igrejas evangélicas na promoção de diferentes formas de sociabilidade, oferecendo proteção social na ausência do Estado e ampliando sua participação na esfera pública (Scheliga 2010).

Em contrapartida, alguns dos principais líderes evangélicos brasileiros atuaram contra o isolamento social. Esses pastores oscilaram entre tratar a crise sanitária como uma praga diabólica para destruir o Brasil, tal como as dez pragas do Egito, e negar ou relativizar a gravidade da doença. Alguns entre eles profetizaram que o vírus não iria atingir o Brasil. Se chegasse, não contaminaria os evangélicos e as igrejas não seriam focos de surtos da doença, embora diversos casos tenham mostrado o contrário.

Pode a praga se estender neste país, eu declaro aqui, que eu sou voz profética: em nome de Jesus a igreja e crentes não vão ser transmissores de coronavírus! E nós estamos orando e clamando para esse troço ser travado. E, se Deus tem algum propósito, que proteja seu povo. (Malafaia 2020a)

Nesse caso, a palavra profética funciona como uma espécie de vacina teológica para as igrejas milagreiras que dizem curar semanalmente milhares de pessoas, mas não conseguiram estancar a pandemia em curso.

Para os fins dessa pesquisa, limitaremos nosso escopo de observação aos principais líderes pentecostais no Brasil, tais como pastor Silas Malafaia (Assembleia de Deus Vitória em Cristo - ADVEC), bispo Edir Macedo (Igreja Universal do Reino de Deus - Iurd), missionário R.R. Soares (Igreja Internacional da Graça de Deus - IIGD), apóstolo Valdemiro Santiago (Igreja Mundial do Poder de Deus - IMPD) e pastor Marco Feliciano (Assembleia de Deus Ministério Catedral do Avivamento). São empreendedores do ramo da comunicação que integram uma elite política-religiosa-empresarial e reúnem no mesmo sujeito interesses religiosos, políticos e econômicos.

Ao propor esta análise, advertimos que a apresentação dos dados que seguem quase se confunde com nossos cadernos de campo, mas também implica em um exercício de continuidade de nossas pesquisas (Almeida 2009, 2017, 2019 e 2021; Guerreiro 2016). Por um lado, o conjunto de fontes que dispomos é composto de material produzido por atores que temos acompanhado durante anos. Nossos dados são oriundos de rádio, TV e redes sociais, em diversos formatos: vídeos, áudios, podcasts, fotografias, memes e textos. Ao longo do artigo, sempre que possível, indicaremos as fontes diretas de nossas pesquisas. Entretanto, alguns dos materiais que coletamos on-line foram retirados do ar pelos próprios atores ou a mando da justiça, sob a alegação de que eles desinformavam a população acerca da pandemia. Por outro, voltamos nossos olhares ao subcampo de produção de notícias diárias envolvendo a relação entre sujeitos religiosos e o governo brasileiro. Esse conjunto de notícias e artigos de opinião é composto por órgãos de comunicação estatais e veículos de grande alcance.

Nesse ponto, reconhecemos que há uma digitalização da vida em suas mais variadas instâncias. Miller e Horst (2015:92) acentuam que o digital, assim como toda a cultura material, não nos torna menos humanos, mas nos dá a oportunidade de entender nossa própria humanidade. Se, como mostra a etnografia de Cesarino (2020), a eleição de Trump, o referendo sobre o Brexit e a eleição de Bolsonaro em 2018 escancararam as potencialidades da tecnologia na política, o advento da pandemia tem nos instado a olhar para o digital não como um campo alheio às demais esferas do cotidiano, mas reconhecer que o trabalho antropológico não pode prescindir dos ambientes digitais.

O esforço de recortar um grande volume de dados sobre o tema e abordar um fato social no calor do momento4 apresentou-se como um desafio teórico-metodológico para nós, exigindo o reconhecimento de que estamos tratando de um tempo de incertezas políticas e sanitárias. Assim sendo, esse paper não seguirá uma ordem cronológica dos fatos, porém está organizado para nos permitir investigar os elementos que compõem as conexões entre os atores envolvidos. Por outro lado, o artigo foi concluído antes do término da pandemia e de outros movimentos dos líderes religiosos em foco. Nosso recorte temporal principal compreende o período do início da pandemia (em março) a novembro de 2020, mas apresentaremos alguns dados posteriores quando for imprescindível.5

Conforme os dados a seguir, este artigo visa investigar as conexões entre líderes pentecostais brasileiros e o governo de Bolsonaro no que concerne à gestão da pandemia Covid-19. Partimos do suposto de que algumas importantes lideranças religiosas - sujeitos que encarnam um tipo ideal de pastor, empresário e político - têm colaborado com o governo na gestão da pandemia por meio do negacionismo pandêmico. Argumentamos que o negacionismo é uma linguagem de poder que está fora do escopo da democracia e que se expressa publicamente em diferentes técnicas de negação da ciência - muitas vezes com justificativas religiosas - empregadas em diversos eventos durante a pandemia, com o objetivo de consolidar um projeto político comum.

Ao lançarmos mão da noção de linguagem de poder, referimo-nos à categoria proposta por Mbembe para compreender as formas de condução da política para além daquelas que são próprias da democracia, movimento teórico semelhante ao feito por West (2009), ao abordar a “feitiçaria” como uma linguagem que opera no mundo político no norte de Moçambique. Nosso interesse recai, portanto, em analisar a performance pública dessa elite política-religiosa-empresarial e do governo Bolsonaro durante a pandemia Covid-19, com especial atenção para a linguagem de poder e o projeto de gestão dos corpos. Como Mbembe lembrou em seu ensaio sobre o direito universal à respiração durante a pandemia, trata-se de um processo por meio do qual “o poder, enquanto força geomórfica, é atualmente constituído, se exprime, se reconfigura, atua e se reproduz” (Mbembe 2020b).

Inicialmente, faremos uma breve discussão sobre a noção de negacionismo. Depois, abordaremos o fechamento temporário dos templos no Brasil e o decreto das atividades religiosas como serviços essenciais, seguindo-se uma análise das cenas da Semana Santa de 2020, desde a convocação do jejum nacional pelo presidente até à live de Páscoa. Posteriormente, trataremos das diferentes técnicas do negacionismo pandêmico no campo da ciência protagonizadas por esses atores, sobretudo no que concerne a remédios e vacinas, e concluiremos com a retomada de alguns pontos trabalhados ao longo do texto e uma breve crítica.

Negacionismo: linguagem de poder

Ao longo da pandemia Covid-19, certas categorias ganharam peso político e social e passaram a integrar o vocabulário da imprensa, de políticos e as redes sociais. Por seu potencial político, noções como genocídio e negacionismo têm sido disputadas, esvaziadas, tornadas categorias acusatórias ou apropriadas pelos que são acusados com tais expressões.

Historicamente, o termo negacionismo remete às tentativas de revisionismo histórico que, sob o manto da linguagem pseudocientífica, negam o genocídio de judeus sob o regime nazista, minimizando os horrores dos campos de concentração e os efeitos das câmaras de gás.

Em uma definição simples e direta, Dunning (2019) aponta que a negação do “fato científico” tenciona, grosso modo, fazer com que pessoas que desconhecem os dados científicos desacreditem das afirmações da maioria dos cientistas sobre determinado tema. Entre os exemplos mais comuns, citamos as falsas teorias de que não há aquecimento global, a adoção do criacionismo como teoria científica (e não como ensinamento religioso), o terraplanismo, o QAnon (Wallace 2020) e o movimento antivacina.

Do ponto de vista da psicanálise, Jorge, Mello e Nunes (2020:588) sustentam que “a negação é a máscara retirada do rosto e posta, como um poderoso véu, no mundo; uma forma de escapar de uma verdade desconfortável, dolorosa ou mesmo insuportável. [...]”. Segundo os autores, a negação pode se apresentar em níveis mais brandos, quando alguém decide não ver mais noticiários, até aparecer em modalidades mais graves, quando a narrativa negacionista é instituída como política de governo.

Nosso foco aqui recai justamente sobre esse “negacionismo instituído” que coloca o Brasil no time de países liderados por políticos negacionistas, juntamente com os presidentes do Turcomenistão, Belarus, Nicarágua, México e os ex-presidentes dos Estados Unidos e da Tanzânia.

Ao contrário do que o senso comum possa indicar, o negacionismo nem sempre implica na negação pura e simples de um fato científico, mas pode ser modulado em diversas técnicas, tal como identificado por Cook (2017) em sua pesquisa sobre negacionismo científico: falsos especialistas, lógicas falaciosas, expectativas impossíveis, supressão de evidências e teorias da conspiração.

De um lado, a linguagem negacionista adotada pelo governo brasileiro e seus apoiadores religiosos inclui falas claras e uma atitude deliberada de negação de pressupostos científicos. De outro, como tem sido mais comum, aparece sob diferentes técnicas de negação, minimizando os riscos da pandemia.

No Brasil, o negacionismo tem sido uma linguagem recorrente, uma espécie de idioma com um sotaque muito característico da extrema-direita, indicando um alinhamento entre a liderança supracitada e o governo federal. Durante a pandemia, notamos que certas declarações de Bolsonaro eram previamente citadas nas lives de pastores evangélicos ou vice-versa, indicando uma clara sincronia. Isso foi evidenciado em muitas falas e atitudes: a recusa em fechar os templos religiosos; o uso de medicamentos sem comprovação científica para o tratamento da doença, como hidroxicloroquina, cloroquina, azitromicina e ivermectina; as desconfianças em relação às vacinas; a negação da eficácia do uso de máscara facial; a defesa de falsas terapias (como o feijão ungido anunciado pelo apóstolo Valdemiro Santiago); a falácia de que a contagem de mortes é exagerada, coincidindo com as fake news sobre supostos caixões e túmulos vazios ao redor do país; a insistência em uma falsa imunidade nacional; a proposta de isolamento “vertical” e a imunização da população via disseminação do vírus, a chamada “imunidade de rebanho”; a tentativa de popularizar a expressão “vírus chinês” e a insinuação de que a pandemia seria uma “guerra química”; a eleição de um mosaico de inimigos do governo, como a imprensa, os cientistas, a OMS e os prefeitos e governadores; as expressões de indiferença; a negação em prestar condolências às famílias enlutadas; e as profecias sobre um suposto futuro de prosperidade, mesmo diante do cenário econômico agravado pela pandemia, porém já negativo desde o primeiro ano de governo de Bolsonaro (Ribeiro 2021). Com esse repertório, o negacionismo pandêmico parece ter sido a linguagem escolhida pela elite política-religiosa-empresarial para, em conjunto com o governo federal, gerenciar a pior crise sanitária do Brasil nos últimos 100 anos.

Atividades religiosas como serviços essenciais

Quando a OMS declarou a pandemia Covid-19, em março de 2020, estávamos diante de um vírus bastante desconhecido, sem tratamento e sem vacina (WHO 2020a). Diante disso, a comunidade científica ressaltou a importância de “achatar a curva” de contaminação e não sobrecarregar os hospitais. No Brasil, buscou-se preservar o Sistema Único de Saúde (SUS), tão atacado pelas políticas econômicas neoliberais nos últimos anos, mas fundamental para salvar a vida de milhões de brasileiros.

Em praticamente todo o mundo, os governantes decretaram o fechamento de espaços públicos e de serviços não essenciais, afetando setores vitais da economia. Por aqui, muitos governadores e prefeitos, ao menos em um primeiro momento, mostraram-se alinhados com a comunidade científica, buscando seguir as recomendações da própria OMS e do Ministro da Saúde na época, o médico Luiz Henrique Mandetta.

Inicialmente, os estados e municípios deliberaram que permaneceriam abertos apenas os serviços essenciais, tais como hospitais, supermercados, farmácias e postos de combustíveis. Os demais espaços, incluindo templos religiosos, deveriam ficar fechados para evitar aglomerações e conter a disseminação do vírus. A maioria das igrejas voltou-se quase que exclusivamente para o trabalho digital.

A doutrina cristã pressupõe a importância de reuniões coletivas, e o culto público é parte importante da performance das igrejas. Contudo, os ensinamentos neotestamentários também enfatizam a possibilidade de prática ritual em ambientes que não sejam o próprio templo, sobretudo em momentos de excepcionalidade. Boa parte de nossos interlocutores costuma afirmar que mesmo que os fiéis não possam ir ao templo, seria possível sentir a presença divina no corpo através de outras mídias (Meyer 2009). Celulares, computadores, rádios e TVs indicam tanto uma tentativa de produzir um sentido de comunidade quanto uma forma de produção da presença divina que chancele o pertencimento comunitário. Diante das possibilidades de conexões via tecnologia, o isolamento seria mais corporal do que social.

Desconsiderando tais nuances doutrinárias e alternativas, a grita da elite política-religiosa-empresarial por conta do fechamento dos templos foi geral. Uma das grandes ironias nesse processo deve-se ao fato de que esses agentes religiosos têm sido os que mais se valem da internet, da televisão e do rádio (Campos 1997; Cunha 2007; Bandeira 2017). Valdemiro Santiago é um dos mais famosos propagadores de curas milagrosas da TV brasileira. R.R. Soares é conhecido por manter há anos seu programa religioso em horário nobre na TV e é proprietário da Nossa TV. Silas Malafaia é dono da editora Central Gospel e mantém o programa Vitória em Cristo na TV desde 1985. Todavia, o empreendedor religioso mais bem-sucedido é o bispo Macedo, proprietário da segunda maior rede de TV do Brasil, a Rede Record, acionista majoritário do banco Renner e dono do Hospital Moriah (Buriti 2015), entre outras empresas.

Como sugere a pesquisa de Bandeira e Carranza (2020), o pastor mais incisivo em relação ao tema da pandemia foi Malafaia. Com uma retórica inflamada, ele usou seu canal no Youtube para se posicionar contra o fechamento dos templos e defender as ações do governo federal, por meio de uma linguagem negacionista.

Os argumentos de Malafaia podem ser organizados da seguinte maneira. Primeiramente, o pastor fez coro ao falso dilema levantado por Bolsonaro: vida ou economia. De acordo com seu prognóstico, iria morrer muito mais gente de fome no país do que por Covid-19. Ao defender o funcionamento dos templos durante a pandemia, ele lembrou que milhões de trabalhadores estariam rumando ao trabalho nos transportes públicos, expostos ao risco de contaminação. Dessa forma, templos e comércios deveriam permanecer abertos e a vida seguiria normalmente (Malafaia 2020a).

Analisando o caso, Caponi (2020:217) ressaltou que Bolsonaro e seus pares religiosos estariam alinhados com uma razão neoliberal que defende a manutenção da economia às custas da vida humana. A autora lembra que o neoliberalismo produz “modos de ser” de um sujeito que “reivindica por sobre todas as coisas sua liberdade de correr e assumir riscos” e que “acredita ser responsável absoluto por seus êxitos e fracassos, sem nada dever ou pedir ao Estado”. Tais percepções vão ao encontro do que propôs Almeida (2019), ao constatar que uma das linhas de força que compõe a conjuntura político-religiosa no Brasil atual é empreendedora e meritocrática, o que possui espelhamento no incentivo ao empreendedorismo feito por igrejas pentecostais.

Em segundo lugar, Malafaia argumentou que a religião ofereceria um amparo psicológico fundamental para as pessoas desorientadas pelo medo do novo coronavírus (Malafaia 2020a). No começo da pandemia, alguns pastores prometeram curar a Covid-19 com coisas consagradas e ofertas financeiras, como a água sagrada de R.R. Soares e o “feijão consagrado” do Apóstolo Valdemiro. Diante de ação do Ministério Público, a justiça determinou que o governo federal informasse se o ritual de Valdemiro seria ou não eficaz contra a Covid-19 (Assé 2020). O número muito elevado de infecções e mortes pareceu modular a narrativa da cura mágica, pelo menos no período em que os templos permaneceram fechados. Declarando-se psicólogo, Malafaia argumentou que cada templo evangélico seria um “hospital”, defendeu que “fé” e “otimismo” seriam “fundamentais para as defesas imunológicas” e que só fecharia os templos sob ordem judicial (Malafaia 2020a).6

Vai morrer gente pelo coronavírus? Vai. Mas se houver caos social, vai morrer muito mais. As igrejas são essenciais para atender pessoas em desespero, angustiadas, depressivas, que não serão atendidas nos hospitais. (Mello 2020).

Terceiro, o pastor assembleiano considerou que o fechamento dos templos feriria o direito constitucional à liberdade de culto, discussão que tomaria um novo fôlego em 2021 com a decisão liminar do ministro Kassio Nunes Marques (indicado por Bolsonaro ao STF) de manter os templos abertos, o que foi revogado pelo plenário da suprema corte em abril de 2021. Em seu canal do YouTube, Malafaia criticou o ministro do STF Gilmar Mendes, acusando-o de ser “negacionista da Constituição”.

A Constituição é para ser obedecida independentemente do estado em que se passa uma nação. Como é que o senhor, ministro Gilmar Mendes, se sente no direito de mudar uma Cláusula Pétrea, ou seja, ninguém pode mudar, nem mesmo o Congresso? [Ele] Rasga [a Constituição] na maior cara de pau. O senhor é um “negacionista da Constituição”. É o senhor quem apoiou esse absurdo contra o povo brasileiro [...] As suas falas, ministro Gilmar Mendes, eram uma vergonha, com mentiras e asneiras. O senhor tem a coragem de dizer que a igreja contamina mais do que qualquer outra atividade econômica em ambiente fechado? É um absurdo! Debaixo de que pressuposto científico o senhor fala isso? Nenhum. É um cinismo vergonhoso. (Malafaia 2021)

Em sua perspectiva, portanto, um direito individual (liberdade religiosa) poderia se sobrepor ao bem comum e aos interesses sociais mais amplos (saúde coletiva), desconsiderando a excepcionalidade do momento e o fato de que a própria Constituição Brasileira garante o bem-estar de todos os cidadãos, religiosos ou não. Lembremos aqui a percepção de Arendt (1997) de que a transposição de sentimentos individuais e práticas de caráter privado para o espaço público pode produzir conflitos e resultar na priorização de interesses particulares, por vezes violentos e hierarquizantes, em detrimento do bem comum.

Ao fazer isso, o pastor/empresário acionou uma retórica de complexo persecutório (Guerreiro 2015), reclamando de uma suposta perseguição contra os evangélicos. Há que se ressaltar que ele não foi o único a fazê-lo, sendo acompanhado até mesmo por pastores de igrejas protestantes históricas. Em uma escala maior, Bolsonaro também acionou esse complexo persecutório em seu discurso de abertura da Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2020, citando a categoria “cristofobia” (Almeida 2021). A “falácia retórica” (Cunha 2020) foi criticada até entre os conservadores, já que no caso do Brasil os números e fatos mostram o contrário.

Basta lembrar que o catolicismo foi a religião oficial do Estado brasileiro até 1889. Dados do Censo de 2010 apontavam que 86,8% da população brasileira é cristã e que o cristianismo tem desfrutado de privilégios dos mais variados junto ao Estado. Além disso, como já dissemos, os empreendedores religiosos supracitados têm interesses econômicos na área das comunicações e divulgam abertamente a fé pentecostal e a Teologia da Prosperidade. No Poder Executivo, dois Ministros de Estado são pastores, sendo um presbiteriano e um batista. Em julho de 2021, Bolsonaro indicou para ministro do STF o pastor presbiteriano André Mendonça, então Advogado Geral da União e ex-ministro da Justiça (Brasil 2021), cumprindo sua promessa de indicar alguém “terrivelmente evangélico”. Por fim, os evangélicos seguem com forte atuação no Legislativo com 84 parlamentares, entre deputados federais e senadores (Brasil 2019). Contra o argumento da “cristofobia”, as pesquisas demonstram que historicamente as religiões que mais sofrem com intolerância religiosa são as afro-brasileiras (Silva 2007; Almeida 2009; Guerreiro 2016), vítimas constantes de ataques aos seus templos e símbolos, no bojo do que tem sido classificado como “racismo religioso” (Santos 2016).

Finalmente, Malafaia usa uma linguagem beligerante para atacar governadores e prefeitos (alguns ex-aliados) que teriam um plano de destruição das igrejas evangélicas. Com a declaração do estado de pandemia pela OMS, difundiu-se entre grupos evangélicos o argumento de que os governadores e prefeitos foram negligentes ao permitirem a realização das festas de carnaval em 2020. Para muitos pentecostais, as celebrações foram focos de disseminação da Covid-19 pelo país, embora tenham ocorrido blocos gospel, retiros e um grande evento evangélico, o The Send, que lotou três estádios de futebol e contou com a presença do presidente em Brasília. Nesse período, cultos e eventos públicos acontecerem normalmente, pois ainda não havia sido declarada a pandemia.7

A saída da liderança pentecostal para impedir o fechamento dos templos em 2020 foi a “caneta bic” de Bolsonaro, expressão que o próprio presidente usa para referir-se aos seus atos políticos. Tratamos aqui do decreto nº 10.292/2020, que incluiu as “atividades religiosas de qualquer natureza” na lista de serviços essenciais (Brasil 2020) e acirrou a disputa envolvendo religiosos, políticos e o judiciário. Concordamos com Bandeira e Carranza (2020:19) de que o decreto de Bolsonaro evidencia um esforço dos evangélicos envolvidos na controvérsia de se posicionarem como uma religião pública. Com isso, as autoras referem-se à “uma presença qualificada de atores religiosos na esfera pública”, os quais necessitam “negociar constantemente seus repertórios tradicionais ante outros interlocutores, religiosos ou não, que questionam suas performances social e teologicamente”. Como apontam Bandeira e Carranza (2020), a presença pública desses atores está diretamente ligada às suas reivindicações de que os templos religiosos seriam “essenciais”. Entretanto, a “essencialidade” dos templos foi questionada e gerou intensos debates, como veremos a seguir.

Templo é dinheiro?

A elite política-religiosa-empresarial tem reverberado quase que ipsis literis o discurso negacionista do presidente e de vários empresários do ramo varejista, defendendo que seria possível isolar apenas as pessoas do grupo de risco e deixar que as demais levassem uma vida normal, expostas ao vírus, contaminando propositalmente a população até atingir a “imunidade de rebanho”. De dia, ao trabalho; à noite, ao culto. O problema é que vários cientistas demonstraram que essa estratégia é ineficaz, contribui para o surgimento de novas variantes e resultou em milhares de mortes evitáveis.8

A semelhança entre os discursos do presidente e dos pastores gerou desconfiança entre os próprios evangélicos, como a cantora gospel Ana Paula Valadão, que afirmou:

Dê exemplo de amor e de uma mente equilibrada. Peço para usar o bom senso. Meu temor é que os crentes da nossa geração sejam os propagadores desse vírus, não obedecendo regras básicas de saúde. Estão com medo de que, gente? Todo mundo vai sofrer com a recessão. Estão com medo de perder arrecadação financeira. Eu venho aqui denunciar isso. Deus está falando para ficar em casa. Faça a doação do dízimo online. A casa de Deus é cada um de nós. (Valadão 2020)

A insinuação foi imediatamente rebatida por Malafaia, que disse que enquanto houvesse transporte coletivo circulando, manteria os cultos. Ademais, mesmo que as igrejas fechassem, ele disse que estaria de prontidão para atender os desesperados e, se necessário, imporia as mãos sobre algum infectado pela Covid-19. O pastor ainda afirmou que as acusações seriam “levianas e inescrupulosas” e viriam de alguém que “não tem autoridade espiritual nem moral”, já que a cantora cobraria “cachês milionários” para se apresentar em igrejas. Além disso, Malafaia afirmou que as acusações não fariam sentido no caso de sua igreja: “Se tem uma igreja moderna em tecnologia de dízimo e oferta por on-line, é a minha” (Malafaia 2020a).

A disputa gerou ainda mais discussões nas redes sociais, opondo os que defendiam e os que eram contrários ao fechamento dos locais de culto. Como ficaria a arrecadação de ofertas e dízimos se os templos estavam fechados? Como manter os funcionários das igrejas, os canais de televisão ou os aluguéis dos templos? Se o corpo do fiel é o templo do Espírito Santo, por que a insistência em desconsiderar a excepcionalidade do momento e ir ao templo físico? Se a presença divina pode ser produzida virtualmente, por que é necessário estar presencialmente nas igrejas?

Segundo reportagem do site de notícias Terra sobre o fechamento dos templos, teria ocorrido diminuição de até 40% na arrecadação financeira de algumas igrejas durante a pandemia. Contudo, alguns deputados evangélicos fizeram questão de dizer que não houve queda nas contribuições, assim como Malafaia, que ressaltou que cerca de 80% da arrecadação em sua igreja provém dos meios digitais (Valfré 2021).

Uma possível resposta para a suposta insolvência financeira estaria, de fato, nas arrecadações on-line, com transferências bancárias e doações por meio de cartões de crédito, além de cultos em drive in, como vimos em São Paulo. Outra possibilidade estaria na própria ligação com o governo federal. Exemplo disso foi o perdão concedido às religiões de cerca de 1 bilhão de reais em impostos, em meio à pandemia (Tomazelli e Fernandes 2020). O projeto beneficiou todas as religiões e contou com a adesão de parlamentares de quase todos os partidos da Câmara dos Deputados, após o acordo entre o presidente e o deputado Davi Soares, filho de R.R. Soares.

Nesse ponto, é preciso mais uma vez “limpar o terreno” e ressaltar a diversidade evangélica, em termos de denominação, tamanho e arrecadação. Milhares de pequenas igrejas evangélicas brasileiras têm realidades muito distintas daquelas gerenciadas pela elite alinhada ao governo Bolsonaro, como alguns de nossos interlocutores evangélicos. Um pastor de uma denominação protestante histórica de Pernambuco nos disse que não houve queda na arrecadação de sua igreja na pandemia, mas ouviu reclamações de líderes de outras igrejas. Outro pastor dessa mesma denominação no Rio de Janeiro nos contou que a igreja tem enfrentado dificuldades com as despesas por causa da queda de cerca de 50% nas contribuições. Isso ocorre principalmente porque os idosos da igreja não costumam fazer doações on-line e por causa da diminuição do número de cultos. Mesmo após a liberação das autoridades, as reuniões dessa igreja passaram a ser realizadas apenas aos domingos, com menos fiéis. O líder destacou ainda que a igreja ficou fechada durante vários meses, independentemente do decreto presidencial que declarou os cultos religiosos como “serviços essenciais”.

Desse modo, ainda que a máxima “templo é dinheiro”9 possa ser discutida no caso da elite citada, não deve ser aplicada à realidade fragmentada dos evangélicos e tampouco explica plenamente o interesse em reuniões presenciais. Para muitos crentes, o templo constitui-se, de fato, em um espaço de sociabilidade importante e oferece apoio psicológico, espiritual e material. Nas redes sociais, muitos fiéis disseram que estavam com “saudade” da igreja e que decidiram retornar aos cultos para manter a comunhão, seguindo estritamente os protocolos das autoridades de saúde: poucos fiéis, distanciamento social e uso de máscaras.

Mesmo com a reabertura ao longo da pandemia, muitos de nossos interlocutores decidiram permanecer em casa enquanto não houvesse ampla vacinação. Alguns deles nos disseram que os templos são importantes, mas não fundamentais, pois o corpo do fiel é o “templo do Espírito Santo”. Ao longo da pandemia, eles consolidaram espaços digitais de escuta e compartilhamento de ensinamentos bíblicos e orações,10 já que “as relações sociais não têm existência real, exceto no e através do espaço” (Knott 2005:159). Para esses, “templo não é dinheiro” e igreja não é serviço essencial.

Do jejum à Páscoa: a espiritualização da pandemia

A Semana Santa é considerada uma das ocasiões mais importantes para os cristãos. No Brasil, atendendo ao apelo de apoiadores, Bolsonaro convocou um “jejum nacional” para o Domingo de Ramos como estratégia de combate à Covid-19, em abril de 2020. Cabe lembrar que ele não foi o único político a usar essa estratégia. O prefeito de Ladário (MS), por exemplo, baixou um decreto para que todos os cristãos fizessem 21 dias de jejum e oração para combater a Covid-19 (Tumelero 2020). Alguns líderes mundiais também apelaram para forças sobrenaturais, como os presidentes de Gana (Asamoah-Gyadu 2020) e Tanzânia (Naranjo 2020).11

Embora o jejum seja uma prática comum a várias religiões presentes no Brasil, o vídeo da “santa convocação” de Bolsonaro contou com 32 líderes religiosos, em sua maioria representantes das principais denominações pentecostais, além de poucos batistas e presbiterianos. Na peça de divulgação, não havia nenhum líder católico, judeu, islâmico ou de religião afro-brasileira. Entre os evangélicos ausentes, surgiram críticas, inclusive com acusações de manipulação político-religiosa por parte do presidente.

Em tempos nos quais os médicos e cientistas recomendam alimentar-se regularmente para manter a imunidade alta, os pastores prescreveram o jejum e a oração como receita para vencer o medo do vírus. Apesar do amplo apoio de lideranças ao jejum e à condução da crise sanitária, a grande maioria dos fiéis ficou em suas casas. Alguns dos que aderiram à convocação se espalharam por diversos espaços das cidades brasileiras, incluindo Brasília, onde fizeram orações em frente ao Palácio da Alvorada. Ao redor do país, os fiéis usavam trajes com as cores verde e amarelo, estendiam as mãos sobre certos locais da cidade, dobravam seus joelhos sobre bandeiras do Brasil e de Israel e faziam pequenas passeatas ao redor dos templos, colocando em prática a batalha espiritual. Nas redes sociais, as lives transmitiram “palavras proféticas” dos pastores que declararam que a “praga” não atingiria a “tenda” nacional, como se houvesse um plano divino para imunizar a nação contra um vírus global.

Os “atos proféticos” foram seguidos por outras cenas durante a semana. Romeiros católicos entregaram uma imagem de Nossa Senhora de Fátima ao presidente, apelando para que ele combatesse os “comunistas”. Nas redes sociais, houve diversas postagens de versículos bíblicos e a divulgação de um vídeo do atentado à faca que Bolsonaro sofreu na campanha eleitoral de 2018, seguido de sua recuperação.

O ápice da narrativa foi o Domingo de Páscoa. A emissora estatal TV Brasil exibiu a celebração comandada por Íris Abravanel, evangélica e esposa do empresário e comunicador judeu Silvio Santos (proprietário da rede SBT - Sistema Brasileiro de Televisão, que exibiu parte do evento) e contou com a presença de 17 líderes evangélicos, 3 líderes católicos e um rabino (TV Brasil 2020). A composição religiosa da live, assim como no vídeo de divulgação do jejum, é bastante representativa no que concerne às alianças político-religiosas do governo e indica a formação de uma direita judaico-cristã que tem na liderança políticos, religiosos e empresários.

Entre os pastores, prevaleceu o triunfalismo político-religioso resultante de concepções teológicas entrelaçadas, como Teologia da Prosperidade, Batalha Espiritual e Teologia do Domínio (Freston 1999). O tom triunfalista buscava afirmar que Bolsonaro foi investido de uma autoridade divina para governar o país. Como se tornou uma prática comum em seus vídeos no YouTube, Malafaia profetizou um “tempo de prosperidade” inédito, contrapondo-se aos que ele chamou de “profetas do caos”, possivelmente referindo-se aos políticos favoráveis ao isolamento, às autoridades sanitárias, aos cientistas e à imprensa (TV Brasil 2020).

A fala do deputado pastor Marco Feliciano também foi triunfalista e deixou claro que a live pascoal era parte de um continuum com os demais eventos da Semana Santa. Segundo o deputado, o jejum do domingo anterior teria “parado” o país e isso teria movido “os céus do Brasil”, trazendo “mudanças radicais”, como um suposto reconhecimento da “extrema imprensa” acerca da efetividade da “medicação que o presidente estava indicando” (TV Brasil 2020).

O protagonista da live, entretanto, foi o presidente. Ele voltou a criticar o isolamento social e o trabalho da imprensa e falou em “liberdade”, ao dizer que o país “precisava saber realmente do que estava acontecendo e não através do pânico” [grifo nosso] (TV Brasil 2020). Aqui cabe uma digressão para lembrar que, enquanto uma linguagem de poder, o negacionismo pandêmico também se caracteriza por uma performance na qual o jogo democrático é jogado não somente por atores políticos visíveis, mas também por forças ocultas. Com isso, não nos referimos somente aos religiosos que recorrem a seres sobrenaturais para a solução de problemas públicos, mas ao fato de essa linguagem de poder jogar com o oculto no mundo da política, o que coincide com uma das técnicas negacionistas explicadas por Cook (2017).

Para alguns dos atores que pesquisamos, há sempre um segredo (muitas vezes imaginário) que se localiza nos interstícios da política, da religião e da economia. No caso do Brasil, os que usam o negacionismo como linguagem de poder pressupõem que há algum(ns) inimigo(s) oculto(s) com um plano de destruição do país através da pandemia: a China, o comunismo, os governadores, os prefeitos, os cientistas, a Organização Mundial de Saúde (OMS), a imprensa e ex-aliados que discordaram do governo na gestão da pandemia. Nesse sentido, a pandemia serviria a um grupo de capitalistas bilionários que, informados pelo que eles chamam de “marxismo cultural”, teriam um plano de dominação universal denominado “globalismo”. Se assim for, a pandemia não existe ou não é tão grave quanto a imprensa e os cientistas demonstram.

Ao levantar novamente a falsa dicotomia entre saúde e economia, Bolsonaro afirmou que estaria “começando a ir embora essa questão do vírus, mas está chegando e batendo forte a questão do desemprego” (TV Brasil 2020). Quanto à segunda assertiva, ele estava certo, já que o Brasil vive um dos piores momentos da história recente, em termos de desemprego e informalidade. Concernente ao vírus, ele errou novamente ao ignorar que naquele momento tínhamos mais de 22 mil casos confirmados e mais de 1.200 mortos. As profecias sobre a suposta imunidade não se cumpriram, já que os números cresceram exponencialmente. Atualmente temos mais de 20 milhões de casos e mais de 580 mil mortos (dados de 31/8/21) (Worldometers 2021).

Na esteira da narrativa triunfalista, ele lembrou que o Brasil é o país mais cristão do mundo, contradizendo-se em relação ao discurso falacioso da cristofobia. De acordo com Py (2020), o encontro de domingo estava no escopo do que foi elaborado durante toda a semana: a “cristologia pascoal bolsonarista.” Nessa narrativa, o presidente aparece como um “servo sofredor que luta para viver e para defender a nação”. A cruz de Cristo é substituída pela facada sofrida durante a campanha eleitoral e sua quase morte se torna um tipo de ressurreição: “Eu queria falar uma coisa, já que hoje se fala em ressurreição [...]. Eu não morri, mas estive no limite da morte.” Política, religião e tragédia pessoal se misturam, e a eleição é interpretada como um “milagre” divino (TV Brasil 2020).

Em certo sentido, os episódios anteriores guardam semelhança com a estética construída desde o batismo de Bolsonaro no Rio Jordão (Israel), ministrado pelo assembleiano pastor Everaldo, antes da eleição de 2018. Desde então, Bolsonaro tem aparecido publicamente ao lado de pastores evangélicos inúmeras vezes. Cada vez que ele ajoelha diante de um pastor, como na consagração feita pelo bispo Macedo no Templo de Salomão, as redes sociais são inundadas com a informação de que ele “aceitou a Jesus”, categoria êmica que indica conversão a alguma igreja evangélica. Nessas redes, também se espalha que nunca um presidente havia proclamado um dia de jejum e oração nacional. Isso parece fazer toda a diferença no imaginário evangélico, apesar de Bolsonaro continuar católico. Até o momento, a narrativa dos seus apoiadores insiste que ele é o “escolhido por Deus” para resgatar a nação brasileira e os valores da família tradicional, o que é reforçado por suas afirmações de que sua esposa e pelo menos dois de seus filhos são evangélicos, tornando-o mais próximo dos evangélicos do que muitos políticos pentecostais. Apesar disso, mais uma vez lembramos: há milhões de evangélicos que se posicionam frontalmente contra Bolsonaro e denunciam sua suposta incoerência com os princípios bíblicos.

Além disso, esse simbolismo é reforçado pela repetição exaustiva de bordões como “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” e o versículo de João 8.32 “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Embora Bolsonaro careça de um habitus evangélico, os códigos têm funcionado até então e ele continua jogando com isso quando faz afirmações do tipo “Eu sou Messias, mas não faço milagre”, ao classificar sua gestão da pandemia (Ribeiro 2021).

Santificação de remédios e negação de vacinas

Em março de 2020, após a OMS declarar a pandemia, alguns pastores especularam que haveria uma grande fraude em curso, uma histeria coletiva para confinar as pessoas, como parte de uma tática diabólica produzida internacionalmente para destruir o governo do presidente escolhido por Deus. Vejamos a afirmação de Edir Macedo:

[...] não se preocupe com o coronavírus. Porque essa é a tática, ou mais uma tática, de Satanás. Satanás trabalha com o medo, o pavor. Trabalha com a dúvida. E quando as pessoas ficam apavoradas, com medo, em dúvida, as pessoas ficam fracas, débeis e suscetíveis. Qualquer ventinho que tiver é uma pneumonia para elas. (Bergamo 2020)

Cerca de três meses depois, a imprensa divulgou que o bispo Macedo estava internado para se tratar de Covid-19 no Hospital Moriah (Mendonça 2020), usando o pseudônimo Josué. Após sua recuperação, as mídias ligadas à Igreja Universal - Rede Record, Portal R7 e Universal.org - noticiaram que ele teria sido curado após usar hidroxicloroquina (Universal 2020), aproveitando a oportunidade para divulgar um dos medicamentos que esteve no centro das discussões sobre o chamado “tratamento precoce”.

As controvérsias sobre o uso de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid-19 - cloroquina (antimalárico), hidroxicloroquina (antimalárico), azitromicina (antibiótico) e ivermectina (vermífugo) - se iniciaram quando da divulgação de resultados iniciais de pesquisas que apontavam que eles seriam eficazes contra a doença.

Donald Trump, presidente dos EUA na época, tornou-se uma espécie de garoto propaganda dos medicamentos, formando uma “aliança da hidroxicloroquina” com o Brasil (Casarões e Magalhães 2021). Como em tantos outros casos, seus passos foram replicados por Bolsonaro, que passou a defender o que ficou conhecido como “tratamento precoce” e a divulgar medicamentos em suas entrevistas e lives. Em um ato que pareceu beirar o surrealismo, mas que na verdade faz parte da linguagem de poder negacionista, o presidente chegou a mostrar uma caixa de medicamento a uma ema. As redes sociais foram inundadas de propaganda de remédios e houve grande procura por medicamentos do “kit covid” nas farmácias, resultando em automedicação preventiva e politização das discussões sobre a droga.

Embora pesquisas iniciais tenham sugerido a possibilidade de usar alguns desses medicamentos em pacientes graves, estudos randomizados apontaram que não haveria diferença entre os grupos que usaram os fármacos e os que receberam placebo (Skipper 2020; Bolware 2020; Mitjà 2020). Diante disso, a OMS abandonou definitivamente os estudos com os medicamentos cloroquina e hidroxicloroquina (WHO 2020b), posição semelhante à da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), que não recomenda o uso desses remédios em nenhuma fase da Covid-19 (SBI 2020).

Cabe um parêntese para lembrar que houve polêmica na classe médica. De um lado, a discussão envolveu a alt-science, termo que Casarões e Magalhães (2021:199) usam para descrever um movimento difuso de “ciência alternativa” formado por “alegados buscadores da verdade” que se baseiam em “evidências parciais, pseudociência e teorias da conspiração”. De outro, até mesmo médicos e cientistas que gozavam de respeito na comunidade científica - como Anthony Wong, médico no Hospital das Clínicas em São Paulo, e Paulo Zanoto, professor do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP - defenderam o uso dos medicamentos, contrariando a grande maioria dos pesquisadores.

Em meio aos testes dos medicamentos em pacientes graves e à falta de consenso na comunidade científica sobre a eficácia dos remédios para tratar a Covid-19, o Ministério da Saúde mudou o protocolo e passou a permitir a utilização das drogas em pessoas com sintomas leves, mediante prescrição médica e desde que os pacientes assinassem um termo de consentimento (Verdélio 2020). O governo federal chegou a avaliar a distribuição do chamado “kit covid”, contendo hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina (Vargas 2020).

A politização dos medicamentos redundou em discussões nas redes e nas ruas e o negacionismo assumiu uma linguagem político-religiosa. Marco Feliciano sugeriu romper com a OMS e insistiu na pretensa cientificidade bolsonarista, afirmando que o presidente se baseava em opiniões médicas. O pastor também divulgou um estudo belga que supostamente comprovaria a eficácia do uso da hidroxicloroquina no “tratamento precoce”. A pesquisa (Catteau & Dauby & Montourcy 2020) indica uma redução da mortalidade em pessoas que receberam doses baixas de hidroxicloroquina, mas não é conclusivo sobre o “tratamento precoce”, pois ressalta que não há estudos clínicos randomizados que atestem a eficácia do medicamento.

Mesmo assim, apoiadores do governo insistiram na santificação e politização do fármaco. Alguns o apelidaram de “remédio de Bolsonaro”, “cloroquina de Jesus” e “cloroquina lá do SUS”, enquanto outros disseram que Deus “revelou” o remédio para o presidente. A narrativa é muito semelhante ao que diz Bolsonaro, que chegou a afirmar que “a nossa cloroquina chegou na China”, quando da liberação do uso do medicamento no país asiático (Carvalho 2020).

Familiares do presidente, ministros, apoiadores, servidores do Palácio do Planalto e o presidente declararam que usaram o(s) medicamento(s) como prevenção. Entretanto, isso não evitou infecções entre eles. Alguns se recuperaram, mas outros aliados não tiveram a mesma sorte, como o senador Arolde de Oliveira, um dos nomes mais importantes da Frente Parlamentar Evangélica, que se tratou com o medicamento, mas acabou falecendo, vítima de Covid-19 (Salles 2020).

O negacionismo pandêmico tomou novo fôlego com as discussões sobre as vacinas contra a Covid-19 e a discussão sobre os imunizantes escaparam do âmbito científico. Na extrema-direita brasileira, a vacina CoronaVac, testada e produzida no Brasil em parceria do Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac, foi apelidada de “vachina”. Em um de seus vídeos nas redes sociais, Malafaia defendeu que o povo brasileiro não poderia “ser cobaia de ninguém, muito menos de chinês” (Malafaia 2020b) e disse que a obrigatoriedade da vacina seria um absurdo. Isso coincide com o que Bolsonaro afirmou, em uma postagem do Facebook, ao mandar suspender a compra da CoronaVac: “O povo brasileiro não será cobaia de ninguém” (Bolsonaro 2020).

A discussão nos remete imediatamente às disputas geopolíticas envolvendo a China e os EUA, com as posições do governo brasileiro em defesa de Trump. Desde o surgimento da pandemia, diversas fake news levantaram suspeitas sobre equipamentos médicos e medicamentos oriundos da China. Uma das teorias negacionistas é a de que o 5G produzido pelos chineses espalharia o vírus, o que é curioso porque o Brasil importa vários produtos do país asiático.

O governo brasileiro ensaiou crises diplomáticas com os chineses, culpando-os pela crise mundial, já que até o momento os cientistas consideram que Wuhan foi o local de surgimento da pandemia (Tang & Tambyah & Hui 2020). Políticos e jornalistas que apoiavam o governo tentaram classificar o Sars-CoV-2 como “vírus chinês”. Em outubro de 2020, em entrevista à Rádio Jovem Pan, que apoia fortemente as ideias do presidente, Bolsonaro fez a seguinte declaração sobre a CoronaVac: “Da China nós não compraremos. É decisão minha. Não acredito que ela [vacina] transmita segurança suficiente a população pela sua origem, esse é o pensamento nosso” (Coletta 2020).

No mesmo sentido, Marco Feliciano publicou um tweet em maio de 2020 sobre os progressos dos testes da vacina produzida pela Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca, em parceria com o Instituto Fiocruz.

Grande notícia! Universidade de Oxford, uma das mais conceituadas do mundo, promete concluir pesquisa da vacina contra o COVID19 até agosto! DEUS É BOM! DEUS É FIEL! (Feliciano 2020).

Muitos seguidores, entretanto, discordaram e sugeriram um complô para implantar o comunismo no mundo, sob a liderança de atores bastante improváveis para a suposta tarefa, como os bilionários capitalistas George Soros, Bill Gates e Jorge Lehman, em parceria com a China, com a OMS e com os demais “globalistas”. Segundo eles, os testes no Brasil estariam fazendo os brasileiros de cobaia (como ratos) e somente um imunizante de origem norte-americana seria confiável.

Em um nível mais direto, Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, travaram uma discussão pública sobre os imunizantes. Enquanto o governo federal apostava na “vacina de Oxford”, Doria defendia a inclusão da CoronaVac no calendário nacional de vacinação. Doria defendeu a vacinação obrigatória, mas Bolsonaro disse que vacinas devem ser obrigatórias somente para cachorros e que não iria comprar “a vacina chinesa de João Doria”. Em meio às disputas, o Ministério da Saúde chegou a assinar um protocolo de intenção de compra da CoronaVac, mas voltou atrás por ordem do presidente. A compra foi concretizada apenas em 2021.

Os elementos do negacionismo ficaram evidentes com a morte de um participante dos testes da CoronaVac. O fato resultou em uma paralisação temporária dos estudos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), embora o órgão tenha sido informado de que a causa da morte (suicídio) do voluntário não estava relacionada aos testes. Ainda assim, o presidente usou as redes sociais para celebrar a morte:

Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha. (Paraguassu 2020).

Como afirmaram Gherman e Almeida (2020), o vírus é o “aliado” de um governo genocida e conta com o suporte de militares. Ao contrário da narrativa da maioria dos países ao redor do globo, em que o Sars-CoV-2 é visto como um inimigo invisível perigoso, no Brasil os cientistas e médicos infectologistas são perseguidos como os inimigos que devem ser combatidos (Hallal 2021; The Lancet 2020). Nesse caso, um governo que enxerga a morte de uma pessoa como uma vitória “trabalha a favor do vírus, não contra ele”.

Tal discussão nos remete ao conceito bastante conhecido de Mbembe (2018), necropolítica. O Estado, imbuído do poder de “fazer morrer e deixar viver”, escolhe quais corpos são passíveis de morte. A morte deixa de ser exceção e passa a se tornar banalizada, como é evidente em várias afirmações do presidente, corroboradas por seus aliados: “Vírus superdimensionado”; “Não podemos entrar numa neurose”; “Tivemos vírus muito mais graves que não provocaram essa histeria”; “Se o vírus pegar em mim, não vou sentir quase nada. Fui atleta”; “Gripezinha ou resfriadinho”; “Conversinha de segunda onda”; “Não estou acreditando nesses números”; “Todos nós vamos morrer um dia”; “Vírus está indo embora”; “Eu não sou coveiro, tá?”; “E daí? Lamento”; “Quer que eu faça o quê?”; “Enfrentar [o vírus] como homem, pô, não como moleque”; “Aqui todo mundo vai morrer”; “Tem que deixar de ser um país de maricas” (Ribeiro 2021).

Em certo sentido, isso coincide com a percepção de Mbembe (2020a: 22) de que há um processo planetário de desumanização em curso, em que os “impulsos violentos” não somente não são reprimidos, como são incentivados. Mesmo antes do Sars-CoV-2 tornar-se uma ameaça constante à nossa existência, Mbembe (2020a) já apontava que os corpos considerados “virulentos” são muito mais passíveis de morte do que outros, por isso são considerados descartáveis e alvos constantes do poder do Estado.12 No Brasil, esse parece ser o caso dos corpos de pobres e negros, os que mais sofreram com o negacionismo pandêmico (Santos 2020).

Considerações finais

O negacionismo de Bolsonaro tem sido classificado pela imprensa, pela oposição e por parte do senso comum como fanfarronice, loucura, insanidade, irracionalidade ou inconsequência (Diogo 2020). Entretanto, como ressaltamos ao longo do artigo, não é analiticamente produtivo interpretar a negação da pandemia nesses termos.

A nosso ver, o negacionismo é mais do que simples chavão da imprensa ou arma retórica de acusação, mas uma linguagem de poder que indica conexões políticas, religiosas e empresariais que excedem o escopo da pandemia. Foi possível notar que o governo brasileiro, a extrema-direita internacional e as principais lideranças evangélicas do Brasil compartilharam diversas técnicas de negação, evidenciando um forte alinhamento entre eles. Em outros termos, o negacionismo pandêmico evidencia um projeto político comum.

Nesse mesmo sentido, lembramos que essa linguagem de poder pode assumir contornos religiosos, mas não necessariamente é capaz de superar aflições e impedir as milhares de mortes de pessoas que lutam pelo direito de respirar e viver. Nesse tipo de racionalidade, o vírus é fortalecido por uma liderança política-religiosa-empresarial que defende uma lógica do sacrifício, na qual as mortes de determinadas pessoas são vistas como perfeitamente aceitáveis, em oposição àquelas que teriam o direito a continuar vivendo.

Finalmente, mesmo identificando que a necropolítica em curso é reforçada por determinada elite religiosa que compartilha uma linguagem de poder na gestão da Covid-19, gostaríamos de mais uma vez ter o cuidado de enfatizar que essa postura está longe de ser unânime entre os religiosos no Brasil. Em um campo eivado de fissuras, há quem vá continuar defendendo “cloroquina de Jesus” e “semente de feijão ungido”. Em contrapartida, há os que se negam a adotar o negacionismo como linguagem e preferem oferecer seus templos como espaços de acolhimento e humanização.

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  • TV BRASIL. (2020), Celebração de Páscoa no Palácio da Alvorada Disponível em: Disponível em: https://www.facebook.com/watch/live/?v=2616329938692876&ref=watch_permalink Acesso em: 14/06/20.
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  • VALADÃO, Ana Paula (2020), DENÚNCIA! Não sou profeta do caos, mas sou uma voz pela sensatez [S. l.], 18/03/2020. Instagram: @anapaulavaladao. Disponível em: Disponível em: https://www.instagram.com/tv/B94l7l4Hx5q/?utm_source=ig_embed&ig_rid=f459dfa0-7347-4ca1-96ba-cae7a5eb164e Acesso em: 24/07/21.
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  • BRASIL. (2019), Diário da Câmara dos Deputados Ano LXXIV, nº 60, Brasília.
  • BRASIL. (2020), Decreto nº 10.292/2020, de 20 de março de 2020. Regulamenta a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, para definir os serviços públicos e as atividades essenciais Brasília.
  • BRASIL. (2021), Diário Oficial da União Ed. 130, Seção 1, Página 5. Publicado em: 13/07/2021. Brasília.
  • 1
    Algumas das discussões deste texto resultam do diálogo com diversos pesquisadores latino-americanos no seminário virtual Reações Religiosas à Covid-19 na América Latina, promovido pelo Laboratório de Antropologia da Religião (LAR), na Unicamp. Somos gratos a diversos colegas pela interlocução e aos editores, organizadores do dossiê e pareceristas anônimos pelas sugestões, mas ressaltamos que possíveis equívocos analíticos são de nossa inteira responsabilidade. Alguns pequenos trechos deste artigo estão em Almeida e Guerreiro (2020). Pesquisa realizada com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, através dos processos 2017/24663-0 e 2019/21237-5.
  • 2
    Embora os casos envolvendo as igrejas evangélicas tenham tido grande destaque, há controvérsias envolvendo outras religiões. Em Campo Grande (MS), houve um caso de um terreiro de candomblé que realizou um ritual sem distanciamento social e com pessoas sem máscara. A notícia revoltou outros praticantes de religiões de matriz africana, que, em sua maioria, paralisaram todas as atividades ou fizeram apenas atendimentos individuais (Zurutuza 2020).
  • 3
    Batistas, presbiterianos, congregacionais, metodistas, luteranos e anglicanos.
  • 4
    Durante a escrita da primeira versão deste texto, as pesquisas mostravam que o apoio evangélico ao governo Bolsonaro era muito forte. Seu principal aliado internacional, Donald Trump, ainda era presidente dos Estados Unidos e ainda não estava em curso a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a participação de membros do governo em escândalos de corrupção na compra de vacinas. Ademais, de novembro de 2020 a agosto de 2021, os casos passaram de 6 milhões para mais de 20 milhões. O número de mortos saltou de 172 mil pessoas para mais de 580 mil vidas perdidas (dados de 31/8/21) (Worldometers 2021).
  • 5
    Isso foi possível ser feito no processo de editoração do artigo.
  • 6
    Após as decisões judiciais em favor do fechamento dos templos, Malafaia chegou a seguir as ações de pastores não alinhados com Bolsonaro e ofereceu os templos da Advec para serem utilizados como hospitais de campanha. Após o aparente recuo, o pastor seguiu questionando os números da pandemia.
  • 7
    Com a reabertura dos templos ao longo da pandemia, acompanhamos on-line dezenas de cultos em que não se respeita o distanciamento social e não se exige o uso de máscaras, mostrando que o aparente incômodo com o carnaval parecia ser de fundo moral.
  • 8
    Uma pesquisa conduzida pelo epidemiologista Pedro Hallal estimou que 400 mil vidas poderiam ser salvas no Brasil caso o governo tivesse adotado uma postura diferente na condução da pandemia (Cardim 2021).
  • 9
    Expressão popularizada na ácida denúncia de um ex-pastor da Igreja Universal (Campos 1997).
  • 10
    Além da pandemia, alguns de nossos interlocutores resolveram continuar se reunindo on-line por discordarem do alinhamento de suas igrejas com Bolsonaro e se sentirem pressionados por suas críticas ao governo.
  • 11
    O presidente da Tanzânia, John Magufuli, faleceu em março de 2021. Tindu Lissu, líder da oposição no país, declarou que ele teria morrido de Covid-19 (Naranjo 2021).
  • 12
    Os dados assustadores de mortos e infectados revelam que, ao contrário do que foi aventado inicialmente, não estamos “no mesmo barco”. A desigualdade social mostra que uns são certamente mais vulneráveis (e menos vacináveis) do que outros e há fatores determinantes para isso: faixa etária, condições de saúde, raça e classe (Santos 2020).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Out 2021
  • Data do Fascículo
    May-Aug 2021

Histórico

  • Recebido
    01 Dez 2020
  • Aceito
    19 Ago 2021
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