Open-access A dupla carreira no futsal praticado por mulheres no Brasil: graus acadêmicos e origens familiares de atletas de elite e de categorias de base da Liga Paulista de Futsal

The dual career in Brazilian women futsal: academic degrees and family background of elite and youth athletes of Paulista Futsal League

La carrera dual en el futsal de mujeres em Brasil: grados académicos y orígenes familiares de deportistas de élite y juveniles de la Liga Paulista de Futsal

RESUMO

A dupla carreira é o desenvolvimento simultâneo de duas carreiras em áreas distintas, por exemplo, a esportiva e a acadêmica. O objetivo deste estudo foi analisar o grau acadêmico de atletas mulheres de futsal do estado de São Paulo, tanto em nível de elite, quanto de categorias de base. Aplicamos questionários sobre as carreiras acadêmicas e esportivas a atletas adultas e das categorias sub-15 e sub-17 da Liga Paulista de Futsal entre os anos de 2019 e 2021, além de informações sobre os graus acadêmicos de seus pais e mães. A carreira no futsal não se mostrou uma barreira à trajetória escolar das atletas, considerando seus graus acadêmicos acima da média populacional e em convergência com suas idades, além da oferta de bolsas de estudos relacionadas ao desempenho esportivo.

Palavras-chave:  Educação; Esporte; Mulheres; Gênero; Sociologia

ABSTRACT

The dual career is the concomitant development of two careers in different areas, such as sport and academic. The aim of this study was to analyse the academic degree of women futsal athletes in the state of São Paulo, Brazil, both in the adult and junior ages. We applied questionnaires about academic and sport careers to adult, under-15 and under-17 athletes of Paulista Futsal League between the years 2019 and 2021, in addition to information about the academic degrees of their fathers and mothers. Futsal career played an important role in supporting the athletes’ academic career, demonstrated by their academic degrees higher than the population average, either by not interfering with their studies in basic education, or by offering scholarships for higher education.

Keywords:  Education; Sport; Women; Gender; Sociology

RESUMEN

La carrera dual es el desarrollo concomitante de dos carreras en diferentes áreas, como el deporte y la academia. El objetivo de este estudio fue analizar el grado académico de atletas mujeres de futsal en el estado de São Paulo, Brasil, tanto en las categorías adulta como junior. Se aplicaron cuestionarios sobre trayectoria académica y deportiva a atletas adultas y de las categorías sub-15 y sub-17 de la Liga Paulista de Futsal entre los años 2019 y 2021, además de información sobre los grados académicos de sus padres y madres. La carrera en futsal tuve un papel importante en el apoyo a la carrera académica de las atletas, demostrado por sus grados académicos por encima de la población, ya sea al no interferir con sus estudios en la educación básica, o al ofrecer becas para la educación superior.

Palabras-clave:  Educación; Deporte; Mujeres; Género; Sociología

INTRODUÇÃO

A dupla carreira pode ser compreendida como o desenvolvimento concomitante de duas jornadas de investimento em áreas distintas, como a combinação entre a carreira esportiva e a acadêmica (Mateu et al., 2020; Morris et al., 2021; Torregrossa et al., 2021). Nesse contexto, estudantes-atletas por vezes encontram dificuldades de conciliação entre essas atividades, podendo vir a priorizar, ou até abandonar, uma delas (Coelho et al., 2021; Costa et al., 2021; Souza et al., 2023).

A dupla carreira acadêmica-esportiva pode apresentar características diferentes de acordo com a modalidade esportiva, o contexto socioeconômico, ou as legislações a que os estudantes-atletas estão submetidos (Melo et al., 2020; Pinto et al., 2023). No Brasil, existe uma escassez de políticas públicas e de programas que auxiliam a conciliação entre as rotinas esportiva e escolar (Miranda et al., 2020; Rocha et al., 2020), especialmente caracterizada por dificuldades de comunicação e acordos formais entre as instituições que envolvem os estudantes-atletas (Rocha et al., 2021). Neste contexto, a implementação de programas de bolsas de estudos, aulas especiais, educação à distância, tutores e outras medidas como parcerias entre clubes, colégios e universidades podem minimizar dificuldades de conciliação entre a dedicação de atletas às carreiras esportiva e acadêmica (Mateu et al., 2020; Stambulova et al., 2015).

No contexto da dupla carreira, o desempenho de estudantes-atletas pode ser relacionado, entre outras dimensões, com a origem familiar, e sua influência no envolvimento dos estudantes-atletas com os campos acadêmico e esportivo (Maquiaveli et al., 2021). Indivíduos que detém uma herança cultural familiar ligada ao campo acadêmico têm maior chance de ingresso e conclusão do ensino superior, em comparação a aqueles com menor acesso a formas legitimadas de capital cultural por meio do convívio familiar (Bourdieu, 1998). Existe uma relação entre o nível de escolarização de pais e mães com o sucesso escolar dos filhos, na qual o jovem herdaria, através da vida familiar, capitais em forma de conhecimento e acesso a bens de disseminação cultural que facilitariam o seu desempenho escolar (Bourdieu e Passeron, 2014). No contexto esportivo da dupla carreira, privilégios ligados à herança cultural dotados por certos estudantes-atletas poderiam facilitar a superação dos conflitos e barreiras próprios da experiência de conciliação de esforços entre a escola/universidade e o esporte (Souza et al., 2023).

No Brasil, o futsal praticado por mulheres apresenta um cenário de relações sociais relevantes ligadas à dupla carreira das atletas (Maquiaveli et al., 2021). Em relação ao desempenho esportivo, o Brasil apresenta destacáveis resultados em competições internacionais em nível de elite – por exemplo, a seleção brasileira é hexacampeã mundial (venceu todas as edições deste torneio) (Mascarin et al., 2019). Porém, as praticantes de futsal no Brasil ainda enfrentam barreiras socioculturais e socioeconômicas importantes, como a discriminação de gênero, a falta de investimentos financeiros e de infraestrutura física por parte dos clubes (Altmann e Reis, 2013), a ausência de suporte da família em diferentes momentos da carreira esportiva, o descrédito e a escassa oferta de profissionalização (Souza e Martins, 2018), a falta de melhor incentivo financeiro público e de patrocínios, a escassez de remuneração e contratos formais, assim como uma melhor divulgação midiática (Altmann e Reis, 2013; Mascarin et al., 2017; Souza e Martins, 2018). Neste cenário, contratos profissionais entre clubes e atletas nem sempre são recorrentes, desfavorecendo o desenvolvimento de uma carreira esportiva longeva e que venha a produzir ganhos financeiros consistentes. São comuns alternativas de negociação de vínculos com as equipes que se pautam não apenas em remunerações não tão volumosas em comparação ao futsal praticado por homens, mas também na oferta de bolsas de estudo em universidades privadas, comumente transformando jogadoras de futsal de elite em estudantes-atletas (Martins et al., 2021). Tal fenômeno, por um lado oportuniza a formação das atletas em uma profissão além do esporte, mas por outro, as expõe aos desafios próprios da conciliação da dupla carreira (Souza et al., 2022).

Neste contexto, mas em uma dimensão diferente do esporte de elite, a oferta de equipes e competições em categorias de base de futsal para mulheres no Brasil ainda é incipiente (Martins et al., 2021). Porém, existe um movimento de aumento e de abertura de novas oportunidades ainda durante a adolescência, o que pode inaugurar um novo panorama de demandas e ações ligadas à dupla carreira das jovens estudantes-atletas (Souza et al., 2022).

Frente a este contexto, torna-se relevante uma melhor compreensão sobre esse fenômeno, de modo a subsidiar intervenções que facilitem a conciliação da dupla carreira para mulheres atletas de futsal no Brasil, tanto no início do desenvolvimento esportivo nas categorias de base, quanto no nível de elite. As perguntas centrais deste presente estudo foram: como se configuram os perfis acadêmicos das atletas de futsal que atuam na elite e nas categorias sub-15 e sub-17 da Liga Paulista de Futsal? Qual é o grau acadêmico dos pais e mães dessas atletas? Como são/foram as oportunidades de estudo dessas atletas em escolas/universidades públicas e privadas? Como é/foi o acesso dessas atletas a bolsas de estudo como forma de subsídio à conciliação na dupla carreira?

O objetivo deste estudo foi analisar o grau acadêmico de atletas mulheres de futsal do estado de São Paulo, tanto em nível de elite, quanto de categorias de base. Os objetivos específicos foram analisar: a) o grau acadêmico das atletas; b) a idade de conclusão de cada grau acadêmico, de modo a aferir o número de atletas que estão em convergência entre sua idade e a escolaridade esperada pelas políticas públicas de educação brasileiras; c) o grau acadêmico dos pais e mães das atletas e a possível manifestação de herança cultural; d) possíveis defasagens e/ou abandono das carreiras acadêmicas e esportivas; e) os tipos de escolas/universidades em que as atletas estudam/estudaram; f) o acesso das atletas a bolsas de estudo.

MÉTODOS

Participantes

As participantes deste estudo foram divididas em dois grupos: atletas de elite e atletas de categorias de base. O primeiro grupo se constituiu de 110 atletas adultas (Midade 23 ± 4,4), sendo aproximadamente 70% do total da população de jogadoras das nove equipes que disputaram as edições de 2019 e 2020 da Copa Paulista Feminina (todas as equipes de 2019 e ausência de duas equipes de 2020, que manifestaram indisponibilidade para participar). O segundo grupo se constituiu por 68 atletas das equipes sub-15 e sub-17 de oito dos nove clubes que disputaram o campeonato da Liga Paulista de Futsal (LPF) no ano de 2021 (Midade 15 ± 1,3). O acesso às jogadoras ocorreu por meio de dirigentes da LPF que intermediaram o contato com os gestores dos clubes e, desse modo, a amostra dos dois grupos foi selecionada por conveniência. Como critério de inclusão na amostra, as participantes do primeiro grupo precisavam estar inseridas em um clube que estivesse disputando a Copa Paulista Feminina nos anos de 2019 e 2020. Já as participantes do segundo grupo precisavam estar inseridas nas categorias sub-15 e sub-17 de um clube que estivesse disputando a LPF no ano de 2021. Este projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa institucional (CAAE: 99897618.5.0000.5659) e todos os parâmetros éticos exigidos foram adotados.

Produção de dados

Para os dois grupos deste estudo foram aplicados questionários estruturados, sendo o grupo das atletas adultas de forma impressa e das atletas de categorias de base de maneira remota pela ferramenta Google Forms (devido às limitações de contato impostas pela pandemia de COVID-19). Tal instrumento foi composto pelas seguintes informações: a) identificação das atletas e informações sobre data e cidade de nascimento e de moradia; b) o grau acadêmico das atletas e idade de conclusão de cada ciclo escolar; c) o tipo de escola/universidade em que frequentam/frequentavam na infância e adolescência; d) o acesso a bolsas de estudos; e) informações sobre o grau acadêmico de seus pais, mães e/ou responsáveis legais. Os questionários foram elaborados e validados pelo método de peritagem (Barreira et al., 2012), com utilização em estudos anteriores do mesmo grupo de pesquisa dos autores do presente trabalho (Coelho et al., 2021; Maquiaveli et al., 2021). Para o processo de validação, o questionário foi enviado a oito pesquisadores especialistas na área, que avaliaram individualmente o roteiro de perguntas, retornando-o à equipe de pesquisa com suas respectivas sugestões e correções. Esse processo foi repetido até cumprir com as expectativas de todos os peritos.

Análise de dados

Para ambos os grupos foi utilizado o teste Qui-quadrado para análise de comparação de frequências de dados entre: a) o grau acadêmico e tipo de instituição de ensino frequentada pelas atletas de elite e da população brasileira estratificada por gênero e idade (mulheres entre 18 e 24 anos); b) os dados dos graus acadêmicos das atletas de elite com os de seus pais e mães; c) os dados dos graus acadêmicos dos pais e mães das atletas de categorias de base com os da população brasileira estratificada por gênero (homem e mulher) e idade (18 a 24 anos). Os dados da população brasileira utilizados como parâmetro foram obtidos no Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil (http://www.atlasbrasil.org.br), relativos ao Censo Demográfico de 2010. Quando as variáveis de frequência apresentaram valor igual a zero (por exemplo, se nenhuma atleta apresentou um determinado grau de escolaridade), foi utilizado o teste estatístico V de Cramer, como alternativa ao teste Qui-quadrado, tendo seus valores apresentados da mesma maneira que o praticado neste último. Para verificar a correlação entre o grau acadêmico das atletas e dos seus pais e mães, foi utilizado o teste de Correlação de Spearman, por se tratar da avaliação de uma relação monotônica entre duas variáveis contínuas, às quais podem se modificar concomitantemente, mas não necessariamente em uma taxa constante. Para a análise do grau acadêmico das atletas de Categorias de Base, utilizou-se os valores de idade ideal para conclusão dos ciclos de ensino indicado pela legislação brasileira (INEP, 2019), que aponta 14 anos como idade esperada para conclusão do ensino fundamental e 17 anos para o ensino médio. Foi adotado como nível de significância α<0,05, sendo utilizados os softwares SPSS versão 20.0 e Excel 2007 para a aplicação dos testes estatísticos.

RESULTADOS

Os resultados foram divididos em duas seções, sendo a primeira referente ao Grupo de Elite e a segunda ao Grupo de Categorias de Base. Cada uma dessas seções foi dividida em: a) carreira acadêmica das atletas; b) carreira acadêmica das mães e dos pais das atletas.

Grupo de Elite

Carreira acadêmica das atletas

A Tabela 1 apresenta as idades das atletas de elite nos períodos de conclusão dos ensinos fundamental, médio e superior.

Tabela 1
Idade das atletas no período de conclusão dos ensinos fundamental, médio e superior (em anos).

A Tabela 2 apresenta os graus acadêmicos das atletas de elite em comparação com a população brasileira estratificada.

Tabela 2
Graus acadêmicos das atletas em comparação à população brasileira estratificada.

A Tabela 3 apresenta a comparação entre o tipo de instituição de ensino, pública ou privada frequentada pelas atletas e a população brasileira estratificada.

Tabela 3
Tipo de instituição de ensino frequentada pelas atletas em comparação à população brasileira estratificada.

A Tabela 4 apresenta a porcentagem de atletas que receberam ou não bolsas de estudo nos diferentes níveis de ensino. Foram definidos três tipos diferentes de bolsas: acadêmicas (relacionadas ao desempenho escolar); esportivas (relacionadas ao desempenho no futsal); socioeconômicas (relacionadas à renda familiar).

Tabela 4
Bolsas de estudo de acordo com os graus acadêmicos de atletas de elite.
Carreira acadêmica dos pais e mães das atletas de elite

A Tabela 5 apresenta a comparação entre os graus acadêmicos das atletas com os de suas mães.

Tabela 5
Graus acadêmicos das mães em comparação às atletas de elite.

A Tabela 6 apresenta a comparação entre os graus acadêmicos das atletas com os de seus pais.

Tabela 6
Graus acadêmicos dos pais em comparação às atletas de elite.

A Tabela 7 apresenta a correlação entre os graus acadêmicos das atletas e de seus pais e mães.

Tabela 7
Correlação entre os graus acadêmicos das atletas e de seus pais e mães.

Foi encontrada uma correlação positiva fraca em relação ao grau acadêmico das atletas de elite com suas mães e uma correlação positiva desprezível com seus pais, ambas sem significância estatística.

Grupo de Categorias de Base

Carreira acadêmica das atletas de categorias de base

Para a análise sobre o grau acadêmico das jogadoras, as dividimos em dois grupos: a) aquelas com idade convergente ao indicado pela legislação brasileira (Constituição Federal) para estarem cursando o ensino fundamental (até 14 anos); b) aquelas com idade convergente ao ensino médio (15 a 17 anos). A Tabela 8 apresenta os graus acadêmicos das atletas de categorias de base.

Tabela 8
Graus acadêmicos das atletas de categorias de base.

A Tabela 9 apresenta o tipo de instituição de ensino em que as atletas de categorias de base frequentaram ou frequentam.

Tabela 9
Tipo de instituição de ensino frequentado pelas atletas de categorias de base.

A Tabela 10 apresenta a porcentagem de atletas que receberam ou não bolsas de estudo nos diferentes graus acadêmicos.

Tabela 10
Bolsas de estudo de acordo com os graus acadêmicos de atletas de categorias de base.
Carreira acadêmica dos pais e mães das atletas de categorias de base

A Tabela 11 apresenta os graus acadêmicos das mães das atletas de categorias de base em comparação com a população brasileira estratificada.

Tabela 11
Graus acadêmicos das mães das atletas em comparação com a população brasileira estratificada.

A Tabela 12 apresenta os graus acadêmicos dos pais das atletas de categorias de base em comparação com a população brasileira estratificada.

Tabela 12
Graus acadêmicos dos pais das atletas em comparação com a população brasileira estratificada.

A Tabela 13 apresenta os dados de correlação entre os graus acadêmicos das atletas de categorias de base e de seus pais e mães.

Tabela 13
Correlação entre os graus acadêmicos das atletas de categorias de base e de seus pais e mães.

Foram encontradas correlações positivas fortes entre os graus acadêmicos das atletas com seus pais e mães, com significância estatística.

DISCUSSÃO

O objetivo deste estudo foi analisar o grau acadêmico de atletas mulheres de futsal do estado de São Paulo, tanto em nível de elite, quanto de categorias de base. Os objetivos específicos foram analisar: a) o grau acadêmico das atletas; b) a idade de conclusão de cada grau acadêmico, de modo a aferir o número de atletas que estão em convergência entre sua idade e a escolaridade esperada pelas políticas públicas de educação brasileiras; c) o grau acadêmico dos pais e mães das atletas, e a possível manifestação de herança cultural; d) possíveis defasagens e/ou abandono das carreiras acadêmicas e esportivas; e) os tipos de escolas/universidades em que as atletas estudam/estudaram; f) o acesso das atletas a bolsas de estudo.

Há algumas limitações referentes à aplicação do questionário à distância, principalmente no que diz respeito: à dificuldade de auxílio aos participantes que não compreenderam corretamente as perguntas; ao menor índice de respostas por meio remoto (em comparação com o contato pessoal entre pesquisadores e participantes); não houve garantias de que as participantes devolvessem o documento completamente preenchido. Por outro lado, tal instrumento possibilitou o acesso a informações sobre atletas de categorias de base que se encontravam distantes em termos geográficos, especialmente no contexto de distanciamento social da COVID-19.

Considerando os resultados deste estudo, as atletas de futsal de elite atingiram graus acadêmicos mais altos do que a população brasileira estratificada, especialmente em relação ao ensino superior. No mesmo sentido, todas as atletas de Categorias de Base têm idade convergente ao esperado pelas políticas públicas educacionais brasileiras em relação aos ensinos fundamental e médio. Assim, ambos os grupos não apresentaram, em termos estatísticos, defasagem em relação à carreira acadêmica.

Quanto aos familiares, as mães e os pais das atletas de elite apresentaram graus acadêmicos inferiores e sem correlação estatística significante com o de suas filhas. Isso sugere, de acordo com uma fundamentação sociológica pautada em Pierre Bourdieu (Bourdieu, 1998), origens familiares e herança cultural menos favoráveis ao alcance dos graus acadêmicos apresentados. Por outro lado, os pais e mães das atletas de categorias de base mostraram um maior grau acadêmico em relação às populações estratificadas, com correlação estatística com as jogadoras, mesmo considerando que elas ainda não têm idade, em sua maioria, para cursarem o ensino superior. As famílias das atletas de categorias de base apresentaram histórico de formação acadêmica em graus mais altos, o que permite afirmar a existência de uma certa herança cultural (Bourdieu, 1998) mais favorável à carreira acadêmica deste grupo em comparação às atletas de elite.

De acordo com Bourdieu e Passeron (2014, p. 27), “…de todos os fatores de diferenciação, a origem social é, sem dúvida, aquela cuja influência exerce-se mais fortemente sobre o meio estudantil, mais fortemente em todo caso do que sexo e a idade e sobretudo mais do que um ou outro fator claramente percebido”. Entretanto, um grau acadêmico convergente ou acima do esperado pode, muitas vezes, ser justificado não apenas pela herança cultural, mas também pelo acesso a programas de suporte e auxílio, como a oferta de bolsas de estudo esportivas por instituições de ensino, clubes ou órgãos governamentais (Maquiaveli et al., 2021). Esse parece ter sido o caso das atletas de elite desse estudo. Embora sejam oriundas de famílias com graus acadêmicos não tão altos, elas conseguiram superar a população estratificada, em parte, devido a bolsas de estudo relacionadas à carreira no futsal. Neste caso, pode-se afirmar que a dupla carreira e o envolvimento com o esporte puderam possibilitar acessos a instituições privadas de ensino, nos níveis fundamental, médio, e principalmente, no superior.

Neste último grau acadêmico, todas as atletas do grupo de Elite declararam ter sido contempladas com bolsas de estudos esportivas. Isso demonstra que a participação na carreira no futsal pode ter sido um fator facilitador para a ascensão social no campo acadêmico, e futuramente, no campo do trabalho fora do esporte. Neste cenário, o investimento na carreira no futsal se mostra não como um fator concorrente à carreira acadêmica, mas sim, como possibilitador de acesso a níveis de ensino que, considerando o histórico acadêmico familiar e os graus acadêmicos da população brasileira estratificada, talvez não seriam alcançados por tais atletas.

No estudo de Martins et al. (2021), a carreira esportiva também pode ter tido um papel fundamental na continuidade dos estudos das atletas de elite, principalmente em nível superior, sendo este um indicativo de como as relações de cooperação entre os clubes e as escolas/universidades podem vir a apoiar a conciliação da dupla carreira, contribuindo tanto para as atletas que querem investir na carreira esportiva em alto nível, quanto para aquelas que priorizam a permanência nos estudos como meio de preparação para uma outra profissão. Dados semelhantes foram encontrados em estudo com atletas mulheres da seleção brasileira de futsal, em que 100% das participantes obtiveram bolsas para ingresso e eventual conclusão do ensino superior (Maquiaveli et al., 2021). Portanto, nossos dados, similarmente aos estudos de Martins et al. (2021) e Maquiaveli et al. (2021), destacam que o investimento na carreira no futsal para mulheres, no nível de elite, pode ser considerado como um fator de facilitação da conciliação entre as rotinas acadêmica e esportiva.

Por outro lado, para o grupo de Categorias de Base, dentre as 68 atletas do presente estudo, apenas dez receberam auxílios de bolsas de estudo esportivas durante o ensino fundamental e nove durante o ensino médio. Tais dados sinalizam para um cenário de menor oferta de bolsas e programas de suporte à dupla carreira de jovens atletas mulheres de futsal durante a educação básica, diferente do que ocorre na idade adulta e nível de elite, com oferta mais abundante de bolsas para o ensino superior. Apesar disso, foi possível observar que em ambos os grupos a maioria das atletas frequenta/frequentou escolas públicas nos ensinos fundamental e médio, coincidindo com a população brasileira, e reforçando que a diferenciação de oportunidades de alcance de maiores graus acadêmicos é quase que restrita às atletas de futsal adultas.

Em relação à conciliação dos estudos com a prática do futsal durante a adolescência das atletas de categorias de base, é possível afirmar que o investimento na carreira esportiva parece não ser uma barreira para a carreira acadêmica das atletas, uma vez que todas se encontram em idade condizente aos ensinos fundamental e médio. Porém, a escassez de ofertas de bolsas de estudo esportivas, principalmente nos anos iniciais de suas carreiras, sugere que o futsal pode não ser o principal facilitador para oportunidades de estudo em escolas privadas, que em sua generalidade, apresentam melhores índices relacionados à formação acadêmica em comparação às instituições públicas no Brasil, sendo esse um fator de distinção e diferenciação social (Calçade, 2018).

Neste contexto, a maior oferta de bolsas de estudos esportivas para as atletas de elite pode estar ligada ao fato de que o futsal de mulheres apresenta dificuldades em relação ao financiamento e profissionalização das jogadoras (Martins et al., 2021). Tais benefícios acadêmicos acabam servindo como uma forma de recompensa, ou compensação pelos baixos salários como atletas, servindo de estímulo ao investimento na carreira esportiva como meio de ascensão social por vias acadêmicas, e posterior adesão a outra carreira profissional (Souza e Martins, 2018). A dificuldade de ascensão social por ganhos financeiros oriundos da carreira no futsal se deve, principalmente, às diversas barreiras que o futsal de mulheres enfrenta no Brasil (Souza e Martins, 2018; Souza et al., 2022). Para se afirmar enquanto prática legitimada, mudanças sociais precisam acontecer, especialmente ligadas a questões de discriminação de gênero e oferta de oportunidades a garotas e mulheres praticantes deste esporte (Mascarin et al., 2017; Oliveira et al., 2022).

Devido a essa marginalização existente no campo esportivo brasileiro, principalmente pelas baixas e/ou inexistentes remunerações, poucos postos de trabalho disponíveis e ausência de vínculo formal com os clubes (Silva e Nazário, 2018), muitas atletas buscam a prática do futsal em nível de elite como um possível fator de conversão de capitais esportivos em acadêmicos - em termos propostos por Pierre Bourdieu (1986) -, através do diploma de ensino superior. As atletas de elite têm acesso, através da carreira no futsal, não apenas a uma possibilidade de trajetória esportiva com fim em si mesma, mas como um meio de acesso a capitais que seriam mais difíceis de se conquistar sem o auxílio das instituições que permeiam o campo esportivo (Martins et al., 2021; Souza et al., 2022).

Martins et al. (2021) destacam a existência de um número reduzido de jogadoras de futsal com idades mais avançadas nas competições adultas do estado de São Paulo, e uma das principais razões desse abandono esportivo precoce seria a conclusão do ensino superior por parte de tais jogadoras que, devido às desfavoráveis perspectivas profissionais no campo do esporte, preferem investir em sua carreira vocacional ligada aos estudos. Os nossos achados no presente trabalho corroboram esse panorama e sugerem que se tornar uma atleta de elite de futsal pode ser não apenas um movimento de busca por uma posição mais legitimada no campo esportivo, mas também uma forma de investimento simultâneo no campo acadêmico e, após a conquista do diploma de ensino superior, também no mundo do trabalho. Sendo assim, as atletas de futsal constroem um habitus esportivo (Bourdieu, 1983) de elite, mas, simultaneamente, percebem a possibilidade, por meio na carreira no futsal, de acessarem o ensino superior e, consequentemente, de terem a oportunidade de construir um habitus acadêmico em graus mais elevados para buscarem novas possibilidades de carreira profissional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No grupo de atletas de Elite observou-se uma maior existência de suporte para a dupla carreira, especialmente por meio de bolsas de estudo esportivas, com maior concentração no ensino superior. Essa parece ser uma característica do futsal adulto de mulheres do estado de São Paulo, que demonstra certa condição de profissionalismo ainda incipiente. Já o grupo de atletas de Categorias de base contam com menos bolsas de estudos, o que pode tanto ser um cenário atualizado de diminuição desses recursos em comparação ao período da adolescência das atletas de elite, quanto um reflexo de certo nível de desempenho esportivo não tão alto dessas jovens jogadoras em relação a aquelas que já chegaram ao alto rendimento (muitas delas podem vir a não participarem de campeonatos na categoria adulta), como também ser uma característica própria da intersecção entre os campos acadêmico e esportivo do futsal de mulheres na adolescência, com menor oferta de bolsas de estudo esportivas em comparação à idade adulta.

Observa-se que a carreira acadêmica das mães e pais das atletas é diferente entre os grupos estudados. Não é possível afirmar a existência ou não de uma herança cultural familiar no caso das atletas de Elite, pois as correlações fracas com os graus acadêmicos de seus pais e mães e a vasta oferta de bolsas de estudo, especialmente no ensino superior, demonstram uma considerável influência do futsal enquanto meio de ascensão social no campo acadêmico em comparação à herança cultural. No caso das atletas de Categorias de base, há uma forte correlação entre seus graus acadêmicos e de seus pais e mães. Isso, associado à pequena oferta de bolsas de estudos na educação básica, permite considerar a possibilidade de estarem em convergência entre suas idades e os graus acadêmicos como uma consequência de contextos familiares e esportivos que, no limite, não atrapalham a dedicação aos estudos.

Desse modo, o futsal se apresentou, inclusive, como um importante agente de suporte ao desenvolvimento escolar das atletas, especialmente as do grupo de elite. O investimento na carreira no futsal não parece prejudicar a construção de um habitus acadêmico nos dois grupos estudados. No entanto, destaca-se a falta de infraestrutura e apoio para o início da carreira esportiva das atletas, corroborados principalmente pelos achados do grupo Categorias de Base.

Apesar da possibilidade de ascensão social por meios acadêmicos, a carreira profissional no futsal ainda pode não ser atraente e lucrativa o suficiente para que as atletas continuem no esporte de forma mais longeva. Desse modo, é importante criar políticas para auxiliar a conciliação entre as rotinas esportivas e de estudos dessas atletas desde as categorias de base, visto que a dupla carreira é uma realidade para as mulheres que praticam futsal em diversas idades. É fundamental que os clubes e federações construam um processo de desenvolvimento esportivo em longo prazo que permita que essas atletas permaneçam investindo em suas carreiras no futsal, inclusive em âmbito profissional, de forma conciliada e em continuidade após a conclusão de suas carreiras acadêmicas.

Frente aos resultados deste estudo sobre aspectos socioculturais que influenciaram a dupla carreira das atletas de futsal de elite e das categorias sub-15 e sub-17 do futsal do estado de São Paulo, é possível apontar que há lacunas para serem investigadas futuramente, por exemplo, a análise das rotinas das atletas, suas prioridades na dupla carreira, o tempo de dedicação aos estudos e ao esporte, outras formas de parceria entre clubes, instituições de ensino e órgãos governamentais. Futuras incursões de pesquisa, especialmente pautadas em abordagens qualitativas, podem contribuir de modo a oferecer análises sobre tais aspectos, assim como sobre os efeitos da herança cultural de forma relacional à dupla carreira acadêmica-esportiva.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todas as atletas e familiares participantes deste estudo, também aos gestores dos clubes e da Liga Paulista de Futsal.

  • FINANCIAMENTO
    Este trabalho contou com os seguintes auxílios financeiros, no formato de bolsas de Iniciação Científica: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, Nº de processos: 19/18729-3 e 20/09366-1. Pró-reitoria de Graduação da Universidade de São Paulo, Programa Unificado de Bolsas, Nº de processo: 2020/626.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Dez 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    28 Jul 2023
  • Aceito
    16 Out 2023
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