Open-access Adubação fosfatada em tomateiro industrial em solos do Submédio São Francisco

Phosphorus fertilisation on processing tomato in soils of the Submédio S. Francisco River Valley

Resumos

Analisou-se oito experimentos realizados em áreas irrigadas do Submédio São Francisco, entre os anos de 1988 e 1993, com o objetivo de relacionar a resposta do tomateiro industrial (Lycopersicon esculentum, Mill) à adubação fosfatada em solos com diferentes teores de fósforo disponível determinado pelos métodos Mehlich-1 ou Bray-1. Nos solos com conteúdo de P disponível igual ou inferior a 2 mg.dm-3, os aumentos em produtividade, provocados pela adubação foram, em média, de 190,8%, enquanto no solo com teor de P de 8 mg.dm-3, o aumento foi de apenas 21,7%. Porém, em solos com teor de P igual ou superior a 14 mg dm-3, não foi verificada resposta do tomateiro à adubação fosfatada. Para os dois experimentos onde foi possível ajustar equações quadráticas, as produtividades máximas econômicas de tomate (56,47 e 69,35 t.ha-1) foram obtidas com os níveis de 143 e 182 kg.ha-1 de P2O5, respectivamente.

Lycopersicon esculentum; irrigação; adubação; fósforo no solo; fósforo residual


Results of eight field experiments carried out in irrigated areas of the Submédio São Francisco River Valley, Northeast Brazil, from 1988 to 1993, were statistically analysed to evaluate the response of processing tomato (Lycopersicon esculentum, Mill) to phosphorus fertiliser, in soils with different available phosphorus contents by the methods of Mehlich - 1 or Bray - 1. The analysis showed that in soils where available P content was equal to or lower than 2 mg.dm-3, the mean increment in tomato yield due to P fertilisation was 190.8%, while in soils where the P content was 8 mg/dm³, the increment was only 21.7%. However, in soils with P content equal or higher than 14 mg dm-3, there was no response of the tomato crop to phosphorus fertilisation. In the two experiments where a quadratic response was observed, the maximum economical yields of 56.47 and 69.35 ton. ha-1 of tomatoes were obtained with 143 and 182 kg.ha-1 of P2O5, respectively.

Lycopersicon esculentum; irrigation; fertilisation; soil phosphorus; residual phosphorus


PESQUISA

Adubação fosfatada em tomateiro industrial em solos do Submédio São Francisco

Phosphorus fertilisation on processing tomato in soils of the Submédio S. Francisco River Valley

Clementino M.B. de FariaI; José R. PereiraI; Nivaldo D. CostaI; Celso R. CortezII; Sentaro NakaneII; Francisco A. de A. SilvaIII; Manoel E. AlvesIV

IEmbrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56.300-000 Petrolina - PE

IICICA-NORTE, Av. Antônio Carlos Magalhães, 510, 48.900-000 Juazeiro - BA

IIIFUNDESTONE, Av. Senador Nilo Coelho, s/n, 56.300-000 Petrolina - PE

IVFRUTIVALE, C. Postal 124, 48.900-000 Juazeiro - BA

RESUMO

Analisou-se oito experimentos realizados em áreas irrigadas do Submédio São Francisco, entre os anos de 1988 e 1993, com o objetivo de relacionar a resposta do tomateiro industrial (Lycopersicon esculentum, Mill) à adubação fosfatada em solos com diferentes teores de fósforo disponível determinado pelos métodos Mehlich-1 ou Bray-1. Nos solos com conteúdo de P disponível igual ou inferior a 2 mg.dm-3, os aumentos em produtividade, provocados pela adubação foram, em média, de 190,8%, enquanto no solo com teor de P de 8 mg.dm-3, o aumento foi de apenas 21,7%. Porém, em solos com teor de P igual ou superior a 14 mg dm-3, não foi verificada resposta do tomateiro à adubação fosfatada. Para os dois experimentos onde foi possível ajustar equações quadráticas, as produtividades máximas econômicas de tomate (56,47 e 69,35 t.ha-1) foram obtidas com os níveis de 143 e 182 kg.ha-1 de P2O5, respectivamente.

Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, irrigação, adubação, fósforo no solo, fósforo residual.

ABSTRACT

Results of eight field experiments carried out in irrigated areas of the Submédio São Francisco River Valley, Northeast Brazil, from 1988 to 1993, were statistically analysed to evaluate the response of processing tomato (Lycopersicon esculentum, Mill) to phosphorus fertiliser, in soils with different available phosphorus contents by the methods of Mehlich - 1 or Bray - 1. The analysis showed that in soils where available P content was equal to or lower than 2 mg.dm-3, the mean increment in tomato yield due to P fertilisation was 190.8%, while in soils where the P content was 8 mg/dm3, the increment was only 21.7%. However, in soils with P content equal or higher than 14 mg dm-3, there was no response of the tomato crop to phosphorus fertilisation. In the two experiments where a quadratic response was observed, the maximum economical yields of 56.47 and 69.35 ton. ha-1 of tomatoes were obtained with 143 and 182 kg.ha-1 of P2O5, respectively.

Keywords: Lycopersicon esculentum, irrigation, fertilisation, soil phosphorus, residual phosphorus.

O tomateiro industrial ou rasteiro (Lycopersicon esculentum, Mill) é uma das principais oleráceas cultivadas com irrigação no Vale do Submédio São Francisco, onde existem cinco agroindústrias de processamento de tomate, instaladas nas cidades de Petrolina, PE e Juazeiro, BA.

Na região, a agricultura é intensiva, com dois ou mais ciclos de culturas temporárias por ano e os solos são deficientes em nitrogênio e fósforo (FAO, 1966). Resultados de experimentos comprovam essa deficiência (Poultney, 1968; EMBRAPA, 1993). Para obter produtividades elevadas, os agricultores fazem adubações a cada ciclo de cultura, geralmente, sem disporem dos resultados da análise de solo. Arriscam-se, assim, a ter despesas desnecessárias e a provocar desequilíbrios de nutrientes no solo, com aplicações sucessivas de doses elevadas de fertilizantes, sem o conhecimento de seu efeito residual. Faria et al. (1979) verificaram uma recuperação do fósforo aplicado em três ciclos de cultura, de até 34,8% pelo extrator Mehlich-1 em latossolo vermelho-amarelo, textura arenosa, dessa região.

Grubinger et al. (1993) observaram resposta do tomateiro ao fósforo aplicado em sulco no pré-plantio, apenas em solo com baixo teor de fósforo disponível (2 a 3 mg kg-1 de P), avaliado pelo método Morgan, ou em solo não adubado com fósforo anteriormente ao plantio. Por sua vez, Baumgartner et al. (1983) verificaram que o tomateiro respondeu à aplicação de fósforo em latossólicos roxo com teores de P, extraído com H2SO4 0,05N variando entre 8 e 14 mg dm-3. Em trabalho realizado no Submédio São Francisco em latossolo vermelho amarelo, textura arenosa, foi verificado que o nível de P, determinado pelo método Mehlich-1, que correspondeu a 90% da produtividade máxima do tomateiro, foi de 15,7 mg.dm-1 (Faria et al., 1986). Com uma nova metodologia empregada em olericultura, baseada na resposta da cultura à adubação em relação à produtividade e qualidade dos frutos e à concentração do elemento na planta, comparada a resultados de literatura utilizando os procedimentos tradicionais, as classes de P e K no solo quantificados pelo método Mehlich-1 foram alteradas para cima, ou seja, o que era classificado como um nível muito baixo, passa para um nível baixo, nível baixo, passa para um nível médio, e assim por diante, resultando em recomendações menores de adubação, sem, contudo, provocar prejuízo no rendimento das olerícolas (Hanlon & Hochmuth, 1992).

Sobulo et al. (1978) verificaram resposta do tomateiro em um solo com 2,5 mg dm-3 de P (Bray-1) até a dose de 120 kg.ha-1 de P2O5. Em um solo com 6,5 mg.dm-3 de P (Mehlich-1), no Estado de Santa Catarina, a dose ótima de fósforo para o tomateiro envarado foi de 259 kg.ha-1 de P2O5 (Silva Júnior & Vizzotto, 1990). No Estado de São Paulo, em um solo com 1 mg de P.dm-3 (H2SO4 0,05N), verificou-se que o tomateiro rasteiro apresentou boas respostas até a dose de 300 kg ha-1 de P2O5 e atribuiu-se esse comportamento ao baixo teor de fósforo disponível do solo e à alta taxa de adsorção do nutriente (Barbosa, 1993). Atualmente, no Submédio São Francisco, onde os solos têm baixa adsorção de P (0,124 a 0,636 mg.g-1), segundo Pereira & Faria (1998), a adubação para o tomateiro é indicada pela Comissão Estadual de Fertilidade do Solo (1989) da Bahia, que recomenda doses de 40, 80, 120 e 160 kg.ha-1 de P2O5, conforme os teores de P no solo determinado por Mehlich-1, encontram-se entre 21 a 40, 11 a 20, 6 a 10 e 0 a 5 mg.dm-3, respectivamente.

Esse trabalho teve como objetivo, avaliar a resposta do tomateiro rasteiro às adubações fosfatadas e associá-la ao teor de fósforo do solo em experimentos realizados no Vale do Submédio São Francisco.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho compreendeu a análise dos dados de teor de fósforo disponível no solo, doses de fósforo usadas na adubação e produtividade do tomateiro rasteiro de oito experimentos realizados em áreas irrigadas no Submédio São Francisco, com clima classificado como BSwh', Koepen. Dois dos experimentos foram desenvolvidos no Campo Experimental de Bebedouro, da Embrapa Semi-Árido, em 1989 e 1989 (experimentos 1 e 2) e três em campo da empresa CICA (Companhia Industrial de Conservas e Alimentos) do Nordeste, em 1990, 1991 e 1992 (experimentos 3, 4 e 5), localizados em Petrolina, PE. Os demais experimentos foram realizados em Juazeiro, BA. Um deles em Campo Experimental da CICA do Nordeste em 1988 (experimento 6), e dois em campo da empresa FRUTIVALE (Fruticultura do Vale São Francisco) em 1992 e 1993 (experimentos 7 e 8). Amostras de solo, retiradas da camada de 0-20 cm de profundidade, anteriormente ao plantio, foram analisadas quimicamente (Embrapa, 1997). Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 1.

O delineamento do experimento 1 foi de blocos ao acaso em esquema fatorial com três níveis de fósforo: 60, 120 e 180 kg.ha-1 de P2O5 (26,2; 52,4 e 78,5 kg ha-1 de P) e duas épocas de aplicação: todo no plantio e metade do P no plantio e a outra metade trinta dias depois; e um tratamento adicional (sem P), com três repetições. Para o experimento 2, foi de blocos ao acaso em esquema fatorial com quatro níveis de fósforo: 60, 120, 180 e 240 kg.ha-1 de P2O5 (26,2; 52,4, 78,5 e 104,7 kg ha-1 de P) e sete fontes de P: termofosfato goiazfértil (19% de P2O5); rota não convencional (13% de P2O5 e 3% de N); dapinho (20% de P2O5, 18% de CaO, 9% de N e 38% de SO4-2); fosfato parcialmente acidulado (FPA) 0,5 (42% de P2O5); FAP 1,0 (44% de P2O5); superfosfato triplo (48% de P2O5); superfosfato triplo + gesso (32% CaO e 53% de SO4-2); e um tratamento adicional (sem P), com quatro repetições. O dos experimentos 3 e 4 foi em blocos ao acaso com três repetições e seis tratamentos: 0, 40, 80, 120, 160 e 200 kg.ha-1 de P2O5 (0; 17,4; 34,9; 52,4; 69,8 e 87,3 kg ha-1 de P). O experimento 5 foi semelhante ao 1, sendo porém, com quatro repetições. O delineamento do experimento 6 foi de blocos ao acaso com três repetições e cinco tratamentos: 0, 40, 80, 120 e 240 kg ha-1 de P2O5 (0; 17,5; 34,9; 52,4 e 104,7 kg ha-1 de P). O experimento 7 foi semelhante ao 5. O delineamento do experimento 8 foi de blocos ao acaso em esquema fatorial de quatro níveis de fósforo: 0, 60, 120 e 180 kg ha-1 de P2O5 (0; 26,2; 52,4 e 78,6 kg ha-1 de P) e quatro níveis de nitrogênio: 0, 50, 100 e 150 kg.ha-1 de N, com quatro repetições. Em todos experimentos, cada parcela tinha uma área total de 43,2 m2 e uma área útil de 14,4 m2.

A fonte de P foi o superfosfato triplo (42% de P2O5), aplicado em sulco, antes do plantio quando a época de aplicação não foi um dos fatores estudados. Na análise do experimento 2 considerou-se apenas o superfosfato triplo como fonte de P. Todos experimentos receberam a mesma adubação potássica (cloreto de potássio — 60% de K2O) e, também nitrogenada (uréia — 45% de N) quando o nitrogênio não foi uma das causas de variação. As doses utilizadas seguiram a recomendação da Comissão Estadual de Fertilidade do Solo (1989) da Bahia. As cultivares de tomate utilizadas foram: Petomech para o experimento 6 e IPA-5 para os demais. Empregou-se um espaçamento de 1,2 m x 0,3 m. O sistema de irrigação foi por sulco nos experimentos 1, 2, 6, 7 e 8 e por pivô central nos demais.

Os dados de níveis de fósforo e de produtividade do tomateiro foram submetidos a análise de variância e de regressão segundo Snedecor & Cochran (1971), utilizando-se o programa de computação SAS (1990). A partir da equação de segundo grau ajustada, calculou-se o nível de fósforo que proporcionou produtividade máxima econômica, igualando-se a derivada segunda às relações entre preços do produto e do insumo, vigentes em Petrolina-PE, em 1996, que foram R$ 928,20 por tonelada de P2O5 e R$ 58,00 por tonelada de tomate, ressaltando porém, que essa relação de preços pode variar a cada ano, conforme a demanda e oferta. Adotou-se a classificação dos teores de fósforo no solo da Comissão Estadual de Fertilidade do Solo (1989) da Bahia, para a discussão dos resultados do trabalho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos experimentos em esquema fatorial, não foi verificada interação significativa entre os fatores. Os dados de produtividade do tomateiro em função dos níveis de fósforo, de todos os experimentos, variaram de 18,35 a 82,32 t/ha (Tabela 2). Apenas nos experimentos em que o teor de P do solo foi igual ou menor que 8 mg.dm-3 (experimentos 1, 2 e 3) houve resposta significativa do tomateiro à adubação fosfatada. Quando o teor de P foi igual ou inferior a 2 mg.dm-3, os aumentos máximos em produtividade devidos à adubação fosfatada foram de 190,8% em média, enquanto que do experimento 3, com teor de P de 8 mg.dm-3, o aumento foi de apenas 21,7%. Para o experimento 8, onde o teor de P disponível (Bray-1) do solo foi de 14 mg.dm-3 não houve resposta do tomateiro ao nutriente, indicando que no vertissolo, o nível crítico de P é inferior a esse valor.

Nesse estudo dois aspectos devem ser considerados: 1) o extrator Bray-1 remove quantidade menores de fósforo que o Mehlich-1 em solos calcáreos. No trabalho de Pereira & Faria (1978), realizado no mesmo vertissolo do presente trabalho, 14,5 mg P dm-3 extraídos por Bray-1 corresponderam a 21,5 mg P dm-3 extraídos por Mehlich-1; 2) o vertissolo é um solo muito argiloso, apresentando maior capacidade de reposição de fósforo que os solos de textura arenosa da região, onde 15,7 mg P dm-3 extraídos com Mehlich-1 corresponderam a 90% do rendimento máximo do tomateiro (Faria et al., 1986).

Os elevados teores de P do solo dos experimentos 4, 5, 6 e 7 (Tabela 1) são resultados das elevadas doses de fertilizante aplicadas nos sucessivos cultivos de culturas, o que retrata a situação da maioria dos solos das áreas irrigadas do Submédio São Francisco, onde são encontrados teores de P superiores a 100 mg.dm-3.

Observa-se, ainda, que a produtividade no experimento 5 foi bastante alta, o que se deve à incorporação de restos culturais de milho e ao bom preparo do solo realizados anteriormente à instalação do experimento (Tabela 2).

Dos três experimentos em que foi observada resposta do tomateiro a fósforo, em dois foi possível ajustar equações quadráticas, descritas a seguir:

Y = 18,26 + 0,475X - 0,0016X2; r2 = 0,99 (experimento 1);

Y = 26,65 + 0,453X - 0,0012X2; r2 = 0,91 (experimento 2);

onde Y representa a produtividade do tomateiro em t/ha e X, os níveis de fósforo em kg/ha de P2O5. Os níveis de fósforo que proporcionaram as produtividades máximas econômicas de 53,47 e 69,35 t.ha-1 foram de 143 e 182 kg.ha-1 de P2O5, para os experimentos 1 e 2, respectivamente.

Os dados mostram que as maiores produtividades foram conseguidas com maiores aplicações de P. A média desses níveis de P (162,5 kg.ha-1 de P2O5), aproxima-se do nível de 160 kg.ha-1 de P2O5 recomendado para o tomateiro na região, para os solos classificados como contendo teor de P muito baixo (Comissão Estadual de Fertilidade do Solo (1989) da Bahia. Por outro lado, se existe a perspectiva de serem obtidas produtividades elevadas (superiores a 60 t.ha-1), deveriam ser recomendadas doses de P superiores a 160 kg.ha-1 de P2O5 para solos com teores muito baixos de P. Como não foi possível o ajuste de equação quadrática para o experimento 3, aplicou-se o teste Duncan. Este indicou que a produtividade de 55,11 t.ha-1 obtida com 120 kg.ha-1 de P2O5 foi significativamente superior à da testemunha (47,27 t.ha-1) e não diferiu da maior produtividade (57,55 t.ha-1) obtida com o maior nível de fósforo (200 kg.ha-1 de P2O5). O nível de 120 kg.ha-1 de P2O5 coincide com a dose de fósforo recomendada pela Comissão Estadual de Fertilidade do Solo (1989) para o tomateiro em solo com teor baixo de P, como o desse experimento (Tabela 1).

Os níveis econômicos de fósforo obtidos no presente trabalho são bem menores que os 259 e 300 kg ha-1 de P2O5, recomendados, respectivamente, por Silva Júnior & Vizzoto (1990) e Barbosa (1993), como níveis adequados para o tomateiro em solos com teores de P baixo e muito baixo nos Estados de Santa Catarina e São Paulo. A baixa capacidade de adsorção de P dos solos do Submédio São Francisco, em torno de 0,160 mg.g-1 (Pereira & Faria, 1998), que é relacionada com a capacidade tampão de P dos solos (Bahia Filho & Braga, 1975; Silva & Braga, 1992) deve ser a principal causa dessa diferença.

Pode-se concluir que a maioria dos solos irrigados do Submédio São Francisco apresenta elevados teores de fósforo, como consequência das elevadas doses de fertilizantes aplicadas nos sucessivos cultivos. A probabilidade do tomateiro responder à adubação fosfatada em solo com P igual ou superior a 15 mg dm-3 é mínima. Nos solos que nunca foram adubados, onde o teor de P situa-se em torno de 2 mg dm-3, o tomateiro pode responder até 180 kg ha-1 de P2O5 (78 kg.ha-1 de P), conforme o nível de sua produtividade.

LITERATURA CITADA

Aceito para publicação em 19 de abril de 1999

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Jun 2012
  • Data do Fascículo
    Jul 1999

Histórico

  • Aceito
    19 Abr 1999
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