Open-access Rendimento de maxixe adubado com doses de nitrogênio

Yield of the gherkin plant fertilized with nitrogen doses

Resumos

Com o objetivo de avaliar o efeito de doses crescentes de nitrogênio sobre o rendimento do maxixeiro, cv. Nordestino, realizou um trabalho na UFPB, em Areia-PB, entre maio e setembro de 2006, em delineamento experimental de blocos casualizados, com seis tratamentos (0; 50; 100; 150, 200 e 250 kg ha-1 de N), e quatro repetições. Foram utilizadas parcelas de 20 plantas, espaçadas de 2 x 1 m. Foram avaliados a massa média de frutos, o número e a produção de frutos por planta e a produção de frutos. A massa média de frutos atingiu valor máximo de 21 g na dose de 155 kg ha-1 de N. O número máximo (21 frutos) e a produção máxima de frutos por planta de maxixe (469 g) foram alcançados com 153 e 187 kg ha-1 de N, respectivamente. A dose de 188 kg ha-1 de N foi responsável pela produção máxima de 12,7 t ha-1 de frutos. A dose de máxima eficiência econômica foi a de 183 kg ha-1 de N, cuja aplicação proporcionou produção de 12,7 t ha-1 de frutos comerciais, significando incremento de 9,4 t ha-1 na produção de frutos, em relação à ausência do N.

Cucumis anguria L.; adubação mineral; produção


The effect of increasing nitrogen doses was evaluated on the gherkin yield, cv. Nordestino. This study was carried out on the period from May to September 2006, at the Universidade Federal da Paraíba, in Areia, Paraiba State, Brazil, in an experimental design of randomized blocks with six treatments (0; 50; 100; 150, 200 and 250 kg ha-1 N) and four replications. Twenty plants per plot were used, on a spacing of 2 x 1 m. Fruit average mass, number and fruits production per plant, and yield of fruits were evaluated. Fruits average mass reached the maximum value of 21 g using the dose of 155 kg ha-1 of N. The maximum number (21 fruits) and the maximum fruits production per plant of gherkins (469 g) were reached with 153 and 187 kg ha-1 of N, respectively. The dose of 188 kg ha-1 of N was responsible for the maximum yield of 12.7 t ha-1 of fruits. For the highest maximum economic efficiency the dose of 183 kg ha-1 of N was responsible for the yield of 12.7 t ha-1 of commercial fruits, meaning a development of 9.4 t ha-1 in the fruits productivity, relative to N absence.

Cucumis anguria L.; mineral fertilization; yield


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Rendimento de maxixe adubado com doses de nitrogênio

Yield of the gherkin plant fertilized with nitrogen doses

Ademar P de OliveiraI,IV; Arnaldo Nonato P de OliveiraII,IV,V; Anarlete U AlvesIII; Edna U AlvesI; Damiana F da SilvaII; Rodolfo R SantosII; Francisco de Assis P LeonardoII

IUFPB-CCA, C. Postal 02, 58397-000 Areia-PB; ademar@pq.cnpq.br

IIGraduando em Agronomia, UFPB

IIIPós-graduando em Agronomia, UFPB

IVBolsista CNPq

VBolsista PIBIC;

RESUMO

Com o objetivo de avaliar o efeito de doses crescentes de nitrogênio sobre o rendimento do maxixeiro, cv. Nordestino, realizou um trabalho na UFPB, em Areia-PB, entre maio e setembro de 2006, em delineamento experimental de blocos casualizados, com seis tratamentos (0; 50; 100; 150, 200 e 250 kg ha-1 de N), e quatro repetições. Foram utilizadas parcelas de 20 plantas, espaçadas de 2 x 1 m. Foram avaliados a massa média de frutos, o número e a produção de frutos por planta e a produção de frutos. A massa média de frutos atingiu valor máximo de 21 g na dose de 155 kg ha-1 de N. O número máximo (21 frutos) e a produção máxima de frutos por planta de maxixe (469 g) foram alcançados com 153 e 187 kg ha-1 de N, respectivamente. A dose de 188 kg ha-1 de N foi responsável pela produção máxima de 12,7 t ha-1 de frutos. A dose de máxima eficiência econômica foi a de 183 kg ha-1 de N, cuja aplicação proporcionou produção de 12,7 t ha-1 de frutos comerciais, significando incremento de 9,4 t ha-1 na produção de frutos, em relação à ausência do N.

Palavras-chave:Cucumis anguria L., adubação mineral, produção.

ABSTRACT

The effect of increasing nitrogen doses was evaluated on the gherkin yield, cv. Nordestino. This study was carried out on the period from May to September 2006, at the Universidade Federal da Paraíba, in Areia, Paraiba State, Brazil, in an experimental design of randomized blocks with six treatments (0; 50; 100; 150, 200 and 250 kg ha-1 N) and four replications. Twenty plants per plot were used, on a spacing of 2 x 1 m. Fruit average mass, number and fruits production per plant, and yield of fruits were evaluated. Fruits average mass reached the maximum value of 21 g using the dose of 155 kg ha-1 of N. The maximum number (21 fruits) and the maximum fruits production per plant of gherkins (469 g) were reached with 153 and 187 kg ha-1 of N, respectively. The dose of 188 kg ha-1 of N was responsible for the maximum yield of 12.7 t ha-1 of fruits. For the highest maximum economic efficiency the dose of 183 kg ha-1 of N was responsible for the yield of 12.7 t ha-1 of commercial fruits, meaning a development of 9.4 t ha-1 in the fruits productivity, relative to N absence.

Keywords:Cucumis anguria L., mineral fertilization, yield.

O maxixe, pertencente à família das cucurbitáceas, tem seus frutos ricos em cálcio e outros minerais, como fósforo, ferro, sódio e magnésio, além de vitaminas A, C e do complexo B. Foi introduzido da África pelos escravos, disseminando-se pelas Américas e pelo mundo. No Brasil, é muito consumido nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, sendo comercializado diariamente nos mercados e feiras livres; enquanto que na região Sul e parte da região Sudeste, sua comercialização é intermitente e, em geral, regionalizada. Em centros consumidores, como São Paulo, onde a população nordestina é grande, encontra-se maxixe com mais facilidade do que nas cidades do interior. É utilizado na forma de fruto imaturo, podendo ser consumido in natura (salada), em conserva (picles) ou cozido (refogados, sopas, etc.). Na Região Nordeste, é empregado para o preparo de um prato denominado de maxixada. De modo geral, é uma hortaliça subutilizada como alimento tanto no Brasil como no resto do mundo (Bates et al., 1999; Robinson & Decker-Walters, 1997).

O maxixe adapta-se melhor a solos arenosos, leves e soltos. Quanto à sua fertilização, muitos produtores não realizam adubações, pois ele se beneficia de resíduos de nutrientes aplicados anteriormente. Não obstante, em solos pobres é recomendado o fornecimento de matéria orgânica, nitrogênio, fósforo e potássio (Pimentel, 1985; Filgueira, 2000).

As exigências de nitrogênio pelas plantas variam dependendo do estádio de desenvolvimento e, em algumas culturas, o excesso desse nutriente pode causar desenvolvimento vegetativo em detrimento da produção. Em outras espécies, pode proporcionar folhas mais suculentas e suscetíveis a doenças ou reduzir a produção. Portanto, seu fornecimento em doses adequadas favorece o crescimento vegetativo, expande a área foliar e eleva o potencial produtivo das culturas (Raij, 1991).

Em algumas hortaliças produtoras de frutos comercializáveis, o nitrogênio desempenha papel fundamental. No morangueiro, o fornecimento de N proporcionou a mais elevada produção de frutos por planta (Bonini et al., 2000). No pimentão, o N na forma amoniacal elevou a produção comercial de frutos (Silva et al., 2000). No tomateiro, aplicado via fertirrigação promoveu elevação na produção de frutos comerciais (Kano et al., 2000). Em feijão-vagem proporcionou incremento na produção de vagens (Oliveira et al., 2003a). No quiabeiro o aumento na produtividade de frutos pode ser obtido pelo uso de adubação nitrogenada em cobertura (Oliveira et al., 2003b).

No maxixeiro, são poucas as informações sobre o emprego do nitrogênio na sua fertilização. Para solos pobres Pimentel (1985) recomenda aplicar apenas 30 g de uréia em cobertura e Filgueira (2000) recomenda o fornecimento 30 kg ha-1 de nitrogênio na semeadura e 40 kg ha-1 em adubação de cobertura. Portanto, diante da escassez de informações para adubação nitrogenada nessa cultura, conduziu-se este trabalho com o objetivo de avaliar a produção do maxixeiro em função de doses crescentes de nitrogênio.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido em área experimental da Universidade Federal da Paraíba, em Areia, entre maio e setembro de 2006 em solo Neossolo Regolítico Psamítico Típico (Embrapa, 1999), textura areia franca, com as características química e física: pH = 6,9; P = 11,24 mg dm-3; K = 54,12 mg dm-3; Al+3 = 0,00 cmolc dm-3; Ca2+ = 3,35 cmolc dm-3; Mg2 + = 0,65 cmolc dm-3; Na+ = 0,07 cmolc dm-3; H + Al = 2,56 cmolc dm-3; SB = 4,21 cmolc dm-3; CTC = 6,77 cmolc dm-3 e matéria orgânica = 14,93 g kg-1 (Embrapa, 1997); areia = 841,50 g kg-1; silte = 88,00 g kg-1; argila = 70,50 g kg-1; densidade global = 1,37 g cm-3; densidade de partículas = 2,61 g dm-3; e porosidade total = 0,47 m3 m-3. O preparo do solo constou de roçagem, capinas e abertura de covas de plantio.

Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados com seis tratamentos (0, 50, 100, 150, 200 e 250 kg ha-1 de N), e quatro repetições. As parcelas continham 20 plantas espaçadas de 2,0 m entre fileiras e 1,0 m entre plantas. A instalação da cultura foi realizada por meio de semeadura direta, colocando-se quatro sementes por cova da cultivar Nordestino, produzida e comercializada pela Hortivale, realizando-se desbaste quinze dias após, para duas plantas.

A adubação seguiu as recomendações do Laboratório de Química e Fertilidade de Solo da UFPB e consistiu da aplicação de 10 t ha-1 de esterco bovino, 80 kg ha-1 de P2O5 e 20 kg ha-1 de K2O no plantio e do fornecimento das doses de N descritas no delineamento experimental associadas a 50 kg ha-1 de K2O, parceladas em quantidade iguais, aos 30 e 60 dias após a semeadura. Foram utilizadas como fontes de P2O5, N e K2O, superfostato triplo, uréia e cloreto de potássio, respectivamente. Realizaram-se os tratos culturais normais para a cultura, incluindo irrigação por aspersão, com turno de rega de três vezes por semana, nos períodos de ausência de precipitação e capinas com auxílio de enxadas.

As colheitas, em número de 12, foram efetuadas a cada três dias, entre 60 e 120 dias após a semeadura, quando os frutos se encontravam imaturos e com coloração verde intensa. Os frutos colhidos foram transportados para o galpão, para avaliação das características: massa média, número e produção de frutos por planta e produtividade de frutos.

Os resultados obtidos foram submetidos a análises de variância e de regressão polinomial, utilizando o teste F para comparação dos quadrados médios. Na análise de regressão, foram testados os modelo linear, quadrático e cúbico, sendo selecionado aquele capaz de melhor expressar cada característica, empregando-se o SAEG (2000).

A dose de máxima eficiência econômica de N foi calculada igualando-se a derivada primeira da equação de regressão à relação entre preços do insumo (R$/kg de N e do produto (R$/kg de frutos) (Raij, 1991; Natale et al., 1996), sendo os vigentes em Areia-PB em dezembro de 2006, de R$ 2,5/kg de N e R$ 1,0/kg de frutos, ressaltando-se, porém, que o preço do quilograma de frutos correspondeu ao utilizado pelo produtor, podendo variar a cada ano, conforme a demanda e oferta.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises de variância e de regressão revelaram efeitos significativos das doses de N (p<0,05) sobre a massa média de frutos, número e produção de frutos por planta e produtividade de frutos, onde as médias se ajustaram a modelos quadráticos de regressão.

A massa média de frutos atingiu valor máximo de 21 g na dose de 155 kg ha-1 de N (Figura 1), superior àquele verificado por Leal et al. (2000) de 19,6 g para a cv. Maxixe do Norte, no sistema convencional de produção, mas foi inferior ao obtido por Modolo & Costa (2000) que determinaram massa média de fruto de 37,4 g, também para um acesso de maxixe do tipo comum. O número máximo (21 frutos) e a produção máxima de frutos por planta de maxixe (469 g) foram alcançados com 153 e 187 kg ha-1 de N, respectivamente (Figuras 2 e 3). Esses valores foram menores do que aqueles verificados por Azevedo Filho & Melo (2003) que obtiveram médias de 41 frutos por planta e produção média de 1,47 kg de frutos por planta. A superioridade dos resultados obtidos por Modolo & Costa (2000), para a massa média de frutos e por Azevedo Filho & Melo (2003), para o número e produção de frutos por planta, possivelmente se deva à variabilidade genética entre maxixes do tipo comum, bem como às condições controladas dos experimentos desses autores, que envolveram fertirrigação por gotejamento.




Foi calculada a dose de 188 kg ha-1 de N como aquela responsável pela produção máxima de 12,7 t ha-1 de frutos (Figura 4). A fórmula obtida para determinação da dose de máxima eficiência econômica de N foi:


onde Y é a relação entre os preços do insumo e do produto. Dessa forma a dose mais econômica de N foi de 183 kg ha-1, para Y = 2,5, com produção de 12,7 t ha-1 de frutos comerciais, o que representa incremento de 9,4 t ha-1 de frutos, em relação à ausência do insumo.

A dose de máxima eficiência econômica de N foi próxima daquela responsável pela produção máxima de frutos. Sob o ponto de vista do rendimento, o resultado obtido em função da dose de N responsável pela produção máxima de frutos, superou a produtividade de 4,0 a 5,0 t ha-1 relatada por Filgueira (2000) como adequada para a espécie, e as produtividades médias do estado do Maranhão de 8,0 t ha-1 (Martins, 1986) e a do estado de São Paulo, de 12 t ha-1 (Melo & Trani, 1998), indicando os benefícios do seu emprego na produção de frutos no maxixeiro. O nitrogênio, fornecido em quantidade adequada, desde o início do desenvolvimento nas culturas, em geral, estimula o desenvolvimento da parte aérea e incrementa a sua produção (Filgueira, 2000). No melão (Faria et al., 2003) e na melancia (Garcia & Souza, 2002), obtiveram incrementos de mais de 40% na produtividade de frutos pelo uso de nitrogênio.

Embora o nitrogênio seja exigido na maioria das hortaliças (Pereira & Fontes, 2005), alguns autores verificaram queda no rendimento em hortaliças frutos em função de doses elevadas de nitrogênio (Bonini et al. 2000; Oliveira et al., 2003b; Oliveira et al., 2003c). Para o maxixeiro, doses acima de 188 kg ha-1 de N, proporcionaram queda na produção de frutos, o que pode indicar que esta hortaliça é sensível a doses excessivas desse elemento.

(Recebido para publicação em 15 de outubro de 2007; aceito em 31 de outubro de 2008)

(Received in October 15, 2007; accepted in October 31, 2008)

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Fev 2009
  • Data do Fascículo
    Dez 2008

Histórico

  • Aceito
    31 Out 2008
  • Recebido
    15 Out 2007
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