Open-access Padrão de consumo de arranjos domiciliares brasileiros em 2008/2009

Pattern of consumption in household living arrangements in Brazil in 2008/2009

Patrón de consumo en arreglos domiciliarios brasileños en 2008 y 2009

Resumo

Esse artigo busca analisar o padrão de consumo em diferentes arranjos domiciliares no Brasil, a partir de dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008-2009. Para isso, foram estimadas curvas de Engel considerando o tipo de arranjo domiciliar, dentre outras variáveis demográficas. Os resultados indicaram a existência de diferenças no padrão de consumo das famílias associadas ao sexo do responsável pelo domicílio, sobretudo nos arranjos “monoparental” e “unipessoal”. Essas diferenças são mais evidentes sobre as despesas com habitação, saúde e educação/recreação, em que os gastos mensais per capita são muito menores para os tipos “monoparental masculino” e “unipessoal masculino” em relação ao “monoparental feminino” e “unipessoal feminino”. Além disso, verificou-se que a composição da família (presença de filhos, idosos) e o seu tamanho afetam as decisões de consumo das famílias, em que a existência de crianças aumenta os gastos per capita com habitação e saúde e a presença de idosos leva a uma expansão dos gastos com saúde. Quanto ao tamanho da família, há indícios de que as famílias maiores podem se beneficiar dos ganhos de economia de escala e consumo conjunto em relação às despesas com habitação, alimentação e transporte.

Palavras-chave Tipos de famílias; Despesas e gastos; Curvas de Engel; POF 2008-2009

Abstract

The goal of this article was to analyze the pattern of consumption in different household living arrangements in Brazil using data from the 2008-2009 Brazilian Family Budget Survey (POF). We estimated Engel Curves taking into account the type of household living arrangement, among other demographic variables. Results indicated the existence of differences in the patterns of consumption of families associated to the gender of the person in charge of the household, especially in “single parent type with children” and “one person households” living arrangements. These differences are most evident in expenditure on Housing, Health and Education-recreation, in which the monthly per capita expenditure is much lower for single fathers and men living alone relative to single mothers and women living alone. In addition, we verified that family composition (presence of children, seniors) and their size affect household consumption decisions, in which the existence of children increases per capita expenditures on Housing and Health and the presence of seniors leads to an expansion of Health spending. With regard to family size, there are indications that families can benefit from economies of scale and joint consumption gains relative to Housing, Food and Transportation.

Key words Types of families; Expenses; Engel Curves; POF 2008-2009

Resumen

El objetivo de este artículo fue analizar el patrón de consumo en diferentes tipos de arreglos domiciliarios en Brasil utilizando datos de la Encuesta de Presupuesto Familiar (POF) de 2008-2009. Para ello, fueron estimadas curvas de Engel tomando em consideración el tipo de arreglo domiciliario, entre otras variables demográficas. Los resultados indicaron diferencias en el patrón de consumo de las familias asociadas al sexo del responsable del domicilio, sobre todo en los hogares del tipo monoparental y unipersonal. Estas diferencias son más evidentes sobre los gastos de vivienda, salud y educación-recreación, em los que los gastos mensuales per cápita son mucho menores para el monoparental masculino y unipersonal masculino en relación con el monoparental femenino y el unipersonal femenino. Además, se verificó que la composición de la familia (presencia de hijos, ancianos) y su tamaño afectan las decisiones de consumo de las familias, en que la existencia de niños aumenta los gastos per cápita con vivienda y saludy la presencia de ancianos, que lleva a una expansión de los gastos de salud. En cuanto al tamaño de la familia, existen indicios de que las familias pueden beneficiarse de las ganancias de economía de escala y consumo conjunto en relación con los gastos de vivienda, alimentación, transporte.

Palabras clave Tipos de famílias; Gastos; Curvas de Engel; POF 2008-2009

Introdução

A família,1 entendida como as pessoas moradoras do domicílio2 ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência, sem referência explícita ao consumo ou despesas, é considerada um dos eixos principais da sociedade. Ela é fonte de produção doméstica, cria economias de escala, redistribui recursos entre indivíduos e fornece suporte para seus membros. Atualmente, a família é público-alvo de políticas públicas redistributivas, principalmente nos programas de transferência de renda, que possuem como foco o combate à pobreza e a erradicação da miséria (IBGE, 2010a). Na literatura sociológica e antropológica, o conceito de família não se restringe ao grupo domiciliar, uma vez que os laços familiares extrapolam o domicílio, a cidade e até o país. Dessa forma, uma família engloba pessoas com diferentes graus de parentesco, estabelecidos a partir da descendência/ascendência sanguínea, ou por meio do casamento e da adoção (ALVES, 2005). Já o conceito de domicílio está ligado e relacionado à família, às redes de parentesco e aos arranjos de convivência, possuindo três elementos centrais: um social, descrevendo quem está no domicílio e como se relaciona; um espacial, definindo o espaço do domicílio; e um temporal, fixando o tempo no qual as entidades sociais dividem o espaço do domicílio para serem considerados membros do domicílio (STOCKMAYER, 2004).

Nas últimas décadas, as famílias brasileiras passaram por muitas transformações. Especificamente, ocorreram várias mudanças demográficas na sociedade, como redução da mortalidade e da fecundidade, aumento da longevidade e novos valores associados a este comportamento (elevação do número de pessoas que vivem sozinhas, principalmente mulheres em idade avançada, maior inserção das mulheres no mercado de trabalho, etc.). Simultaneamente, houve mudanças no tamanho e na composição das famílias, nas relações de gênero3 e nos padrões de consumo. Ocorreram também modificações no ciclo de vida dos indivíduos, como aumento da idade média ao casar, pessoas que optam por não se casar e surgimento de novas formas de relacionamento, em que, por exemplo, os casais se relacionam sem a coabitação residencial. Há uma tendência para estruturas familiares menores e mais heterogêneas quanto à sua composição (BONGAARTS, 2001; MEDEIROS; OSÓRIO, 2002; PALMER, 2006; ARRIAGADA, 2007; STRHOM et al., 2009; CARVALHO; ALVES, 2012).

A redução no tamanho médio dos arranjos familiares pode ser atribuída a vários fatores, de acordo com Medeiros e Osório (2002), sendo que dois merecem destaque: o aumento do número de arranjos, o que pode, por exemplo, ser resultante do crescimento do número de separações, do número de filhos que passam a viver em seu próprio domicílio, ou do número de idosos que vivem sozinhos; e, o mais importante, a grande queda da fecundidade4 observada nas últimas décadas no Brasil. Cerca de metade da redução do tamanho médio dos arranjos domiciliares brasileiros deve ser atribuída a um menor número de filhos tidos pelas mulheres e, consequentemente, a uma menor quantidade de pessoas disponíveis na população para, potencialmente, ocuparem a posição de filhos nos arranjos (MEDEIROS; OSÓRIO, 2002). A queda da fecundidade deve-se, sobretudo, à redução da mortalidade, bem como ao decréscimo da contribuição econômica dos filhos e ao aumento do uso de pílulas anticoncepcionais. Entre as transformações sociais que contribuíram para as modificações no tamanho e composição das famílias, destacam-se a maior autonomia e empoderamento da mulher e o aumento da inserção feminina no mercado de trabalho desde 1970 (CARVALHO; ALVES, 2012). Embora o arranjo casal com filhos seja aquele de maior frequência no Brasil, há um crescimento do número de famílias constituídas por casais sem filhos, mães com filhos, pessoas que moram sozinhas (principalmente mulheres), casais homossexuais, famílias reconstruídas, famílias com filhos adotivos, etc.

O consumo está associado à renda, ao estilo de vida dos indivíduos, à composição demográfica e às estruturas familiares. A estrutura das famílias (sexo do chefe, presença de provedores e membros dependentes, etc.) define os tipos de gasto de cada unidade familiar, já que a composição dos arranjos desempenha papel importante na determinação das transferências de tempo e dos recursos monetários entre os moradores (cuidado com crianças e idosos, tarefas domésticas, recursos para consumo e para poupança, entre outros) e em sua participação no mercado de trabalho (ARRIAGADA, 1998; MEDEIROS; OSÓRIO, 2002).

Visto que atualmente existe uma grande diversidade de arranjos familiares, analisar os padrões de consumo destes tem grande relevância, pois considerar as especificidades dos distintos grupos pode trazer ganhos significativos à análise. Sabe-se que a composição demográfica de um domicílio afeta o padrão de consumo, mas não se conhece exatamente como se dá essa influência para os arranjos domiciliares no Brasil. Assim, analisar o consumo das categorias agregadas sobre a ótica dos arranjos familiares, considerando também a renda e sexo do responsável5 pelo domicílio, entre outras variáveis demográficas importantes (idade, escolaridade, presença de crianças), pode trazer elementos para a definição de políticas públicas6 que levam em conta, em seu desenho, o impacto diferenciado de sua atuação junto a cada arranjo e indivíduo da família. Já que será possível determinar o padrão de consumo de cada arranjo domiciliar específico, os resultados alcançados poderão ser utilizados para que os programas sociais do governo possam ser direcionados de forma diferente para cada estrutura familiar.

Em relação ao padrão de consumo das famílias brasileiras,7 pode-se destacar o estudo de Carvalho e Alves (2012) que analisa o consumo dos arranjos familiares utilizando dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2002-2003. Os autores constataram que algumas características socioeconômicas (escolaridade, idade, etc.) dos membros familiares, composição da família (presença de crianças) e renda contribuem para aumentar ou diminuir certos tipos de gastos, destacando-se aqueles com alimentação, saúde, educação, recreação e outros. Também concluíram que os gastos percentuais com vestuário e educação são mais elevados entre os arranjos que possuem filhos menores de 15 anos. Contudo, esse estudo faz apenas uma análise descritiva dos dados.

Dessa forma, a principal contribuição do presente trabalho é desvendar a relação entre dispêndio em grandes categorias de consumo agregadas (alimentação, habitação, vestuário, transporte, saúde, educação/recreação, higiene e outras despesas de consumo) e a renda familiar, incluindo outras variáveis relevantes, em diferentes arranjos familiares (casal com filhos, casal sem filhos, monoparental masculino, monoparental feminino, unipessoal masculino, unipessoal feminino, outros8) no Brasil. Assim, será possível responder à seguinte questão: quais são as diferenças nos dispêndios das grandes categorias de consumo agregadas entre os arranjos domiciliares no Brasil? Para isso, pretende-se estimar curvas de Engel, levando em conta algumas especificidades como tipo de arranjo domiciliar, sexo e escolaridade do responsável pelo domicílio, renda familiar, presença de crianças, dentre outras variáveis demográficas.

A hipótese norteadora deste estudo é que a composição da família (presença de crianças, se constituída por pai e mãe casados ou pai/mãe solteiros, etc.) afeta a forma como o dispêndio para cada categoria de consumo é alocado. Dessa forma, acredita-se que considerar os tipos de arranjos familiares na estimação das curvas de Engel pode contribuir para se obterem estimativas diferentes dos impactos das variáveis relevantes em relação a outros trabalhos que não incluíram essa variável. Por exemplo, podem ser atribuídas aos arranjos familiares questões importantes nas decisões de consumo que em outros trabalhos estavam associadas a outras variáveis como idade e escolaridade, pois as decisões de consumo das famílias são feitas, em geral, em função de outras pessoas. Famílias com crianças, por exemplo, geralmente fazem mais refeições em conjunto e dentro do domicílio. Além disso, a presença de filhos e o ciclo de vida do responsável pelo domicílio (solteiro, depois casado, com filhos, ou sozinho em idade mais avançada) exercem um papel fundamental nas decisões de lazer, vestuário, educação, saúde, etc.

Assim, esse artigo busca analisar o padrão de consumo de grandes categorias agregadas em diferentes arranjos domiciliares no Brasil, utilizando dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2008-2009. Os objetivos específicos são os seguintes: determinar a importância de cada categoria de despesa nos arranjos domiciliares; e verificar o papel das características do responsável pelo domicílio (idade, escolaridade, sexo, renda) e de outras variáveis demográficas (composição da família, presença de crianças, presença de idosos) no padrão de consumo.

Metodologia

Base de dados

Neste estudo foram utilizados os microdados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009 realizada9 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010b). As informações são referentes aos 55.970 domicílios entrevistados (IBGE, 2010c).

A POF 2008-2009 possui um plano amostral denominado conglomerado em dois estágios, com estratificações geográfica e estatística das unidades primárias de amostragem. Primeiro, os setores são selecionados por amostragem com probabilidade proporcional ao número de domicílios existentes no setor, dentro de cada estrato final, formando a amostra mestra. A subamostra de setores é selecionada por amostragem aleatória simples em cada estrato, sendo que as unidades secundárias de amostragem foram os domicílios particulares permanentes, selecionados por amostragem aleatória simples sem reposição, dentro de cada um dos setores selecionados. Em um segundo momento, os setores são distribuídos ao longo dos quatro trimestres da pesquisa, o que garante que em todos os trimestres os estratos geográfico e socioeconômico sejam representados pelos domicílios selecionados (IBGE, 2010C).

O IBGE classifica os gastos das famílias em três grupos: despesas correntes;10 aumento do ativo;11 e diminuição do passivo.12 Há uma predominância das despesas correntes com 92,1% dos gastos totais, destacando-se, nesse grupo, as despesas de consumo,13 que correspondem a mais de 80% dos dispêndios totais das famílias. Neste estudo, serão consideradas apenas as despesas de consumo no sistema de curvas de Engel, devido à sua importância na parcela de gastos das famílias, sendo estas constituídas pelos dispêndios com alimentação, habitação, vestuário, transporte, higiene e cuidados pessoais, assistência à saúde, educação, recreação e cultura, fumo, serviços pessoais e outras despesas diversas. No entanto, algumas categorias tiveram que ser agregadas de forma a facilitar a estimação: os gastos com educação foram somados com aqueles referentes à recreação e cultura, formando a categoria “despesas com educação/recreação”. Já as despesas com fumo, serviços pessoais e diversas formaram a categoria “outras despesas de consumo”.

Dos 55.970 domicílios14 entrevistados pela POF, 355 registravam presença de pensionista, empregado doméstico e/ou parente de empregado doméstico, sendo retirados da amostra, pois não é possível identificar a participação destes no orçamento da unidade de consumo. Também foram excluídos da amostra domicílios que possuíam mais de uma família e aqueles em que a renda total familiar era igual a zero, devido à impossibilidade de identificar separadamente a renda de cada família, totalizando 2.971 observações. Por fim, foram retiradas observações outliers.15 Dessa forma, a amostra final possui 52.610 domicílios; considerando os pesos amostrais, estima-se que a amostra represente aproximadamente 54.314.548 domicílios brasileiros (Tabela 1 do Anexo).

Modelo econométrico e variáveis utilizadas

Visto que será analisado o padrão de consumo dos arranjos domiciliares brasileiros, recorre-se às curvas de Engel, que relacionam a quantidade consumida de determinado bem ou serviço à renda ou ao dispêndio total. As curvas de Engel também são frequentemente definidas como a relação entre o gasto com o bem i e a renda (ou dispêndio total com todos os bens). Dessa forma, a curva de Engel pode ser expressa por:

p i q i = g i ( x ) (1)

Onde: qi refere-se a quantidades não negativas do bem i; pi é o preço do bem ou serviço i; gi * é uma função matemática; e x é a renda (ou dispêndio total).

Para estimar as curvas de Engel, foi utilizado o sistema de equações aparentemente não relacionadas (seemingly unrelated regressions – SUR), assim como Queiroz (2015) e Fontes et al. (2016). Este modelo é frequentemente empregado em estimações de sistemas de demanda, já que a estimação de todas as equações é feita simultaneamente (COELHO, 2006). A principal vantagem deste método reside no fato de ele considerar que os termos de erro das equações sejam correlacionados no mesmo período de tempo. Isso aumenta a eficiência da estimação em relação a outros métodos, como Mínimos Quadrados Ordinários (MQO). Acredita-se que fatores não observáveis que afetem uma das oito categorias de consumo também devem afetar as demais categorias de forma simultânea. Isso é muito provável de acontecer quando se analisam gastos domiciliares. Por exemplo, expectativas quanto à atividade econômica podem impactar de forma simultânea mais de uma categoria de gastos analisada.

O modelo de equações aparentemente não relacionadas, de acordo com Greene (2012), pode ser escrito como:

y i = X i β i + ε i , i = 1 , . . . , 8 (2)

Onde: βi é o vetor dos parâmetros desconhecidos; yi corresponde ao gasto total mensal per capita do domicílio por categoria de despesa (GTDik ); i representa os bens adquiridos inseridos em uma das oito categorias de despesas (alimentação, habitação, vestuário, transporte, saúde, educação/recreação, higiene e outras despesas de consumo); Xi é um vetor de variáveis explicativas de localização domiciliar, características domiciliares e tipo de arranjo familiar (Quadro 1); e εi representa um vetor de erros aleatórios.

QUADRO 1
Variáveis presentes no sistema de equações de curvas de Engel

As variáveis explicativas do modelo permitem captar as diferenças no padrão de consumo entre os diferentes tipos de arranjos familiares analisados. Por meio das dummies de localização domiciliar, é possível verificar diferenças de consumo entre as regiões geográficas e as zonas de residência.

A inclusão das demais variáveis explicativas no modelo tem como objetivo captar diferentes fatores que podem motivar as famílias a distribuírem seus gastos entre as diversas categorias de consumo. As preferências são incorporadas no modelo por meio das variáveis idade, sexo do responsável pela família, escolaridade, raça, presença de crianças e idosos e tamanho da família.

Em relação à renda, o rendimento da mulher é incluído separadamente de forma a tentar captar se, de fato, a mulher se preocupa mais com o bem-estar da família, destinando sua renda para gastos essenciais como alimentação, saúde e educação, por exemplo. Inclui-se também uma variável com o intuito de controlar as transferências governamentais (Bolsa-família).

Também foram incluídas dummies para captar os efeitos dos diferentes tipos de arranjos familiares sobre as grandes categorias de despesas de consumo agregadas. Dado que a renda e a escolaridade são variáveis importantes para explicar as despesas de consumo, foram incluídas dummies de interação entre a renda e o tipo de arranjo familiar e entre a escolaridade do responsável pelo domicílio e o tipo de arranjo familiar. Acredita-se que os efeitos da renda e da escolaridade podem ser diferentes para cada tipo de arranjo. Assim, a partir das interações, será possível captar diferenças do efeito de um aumento de uma unidade monetária da renda sobre cada tipo de despesa agregada para cada arranjo familiar, bem como diferenças do efeito de um ano a mais de estudo sobre as despesas de consumo de cada arranjo familiar.

Forma funcional

O sistema de equações estimado simultaneamente pelo método SUR16 para determinar o GTDik é o seguinte:

G T D i k = β 0 + β j X k (3)

As variáveis da equação (3) estão detalhadas no Quadro 1. As mesmas estão indexadas por i, representando os bens adquiridos inseridos em uma das oito categorias de despesas (alimentação,17 habitação, vestuário, transporte, saúde, educação/recreação, higiene e outras despesas de consumo), e por k, representando o domicílio; X é um vetor de variáveis explicativas de localização domiciliar, características domiciliares e tipo de arranjo familiar (Quadro1); βj corresponde aos parâmetros a serem estimados, onde j refere-se ao número de parâmetros, sendo que j=1,...,39; εik é o termo de erro.

Resultados e discussão

Análise descritiva das variáveis

Em relação às características da amostra, os valores médios das variáveis de localização e características domiciliares por tipo de arranjo familiar são apresentados na Tabela 1.

TABELA 1
Médias amostrais das variáveis de localização e características domiciliares para os arranjos familiares Brasil – 2008/2009

Quanto à localização, observa-se um padrão de distribuição dos arranjos por região, sendo que a maioria se concentra no Sudeste, seguido por Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Norte. Ressalta-se que o arranjo do tipo “unipessoal” está mais concentrado no Sudeste do que os outros arranjos. Verifica-se que 44% do total de domicílios encontram-se no Sudeste (Tabela 2, coluna 4), sendo que mais de 50% dos domicílios unipessoais localizam-se nessa região. Além disso, todos os arranjos estão predominantemente situados na área urbana. Destaca-se que 89,49% dos arranjos do tipo “monoparental” estão localizados na área urbana.

Em relação às características domiciliares, nota-se predominância da mulher como responsável pelo domicílio nos arranjos do tipo “monoparental” e “outros”. Já o “unipessoal” é o mais equilibrado, uma vez que 49% desse tipo de arranjo é composto por homem só e 51% por mulher só. Além disso, as famílias do tipo “casal com filhos” apresentam o responsável pelo domicílio com maior nível de escolaridade, com média de 7,72 anos de estudo (não tendo completado o ensino fundamental), e a mulher com média de 10,11 anos de estudo (ensino médio incompleto). Quanto à raça/cor do responsável pelo domicílio, tem-se que, nos arranjos “casal sem filhos” e “unipessoal”, o responsável pela família é predominantemente de cor branca. Ressalta-se que o arranjo “unipessoal” possui a maior idade média, de cerca de 54 anos, refletindo provavelmente o grande número de idosos nesse tipo de arranjo.

Quanto à renda per capita deflacionada, verifica-se que o arranjo “unipessoal” possui uma renda per capita média (R$ 979,25) mais alta em relação aos outros tipos. No que se refere ao rendimento monetário per capita deflacionado da mulher, observa-se que o arranjo “casal sem filhos” é aquele no qual elas possuem a maior renda (R$ 56,08).18

Em relação à composição familiar, verifica-se que as famílias constituídas por “casal com filhos” possuem maior porcentagem de crianças com idade entre 7 e 12 anos. Já no arranjo “monoparental”, há uma parcela maior de adolescentes de 13 a 18 anos. As famílias constituídas por “casal com filhos” possuem o maior número de membros por domicílio, tendo, em média, cerca de quatro pessoas. Além disso, 18,54% dessas famílias recebem o benefício do Bolsa-família.

Resultados do sistema de equações

Os resultados do sistema de equações aparentemente não relacionadas são apresentados na Tabela 2. Foram estimados simultaneamente as equações dos gastos mensais per capita com alimentação (GTD_Alim), habitação (GTD_Hab), transporte (GTD_Transp), higiene (GTD_Hig), saúde (GTD_Saud), educação/recreação (GTD_E_R) e outras despesas de consumo (GTD_Outr). Dos 313 parâmetros estimados, 40 são relacionados às variáveis demográficas, 128 às características domiciliares, 48 ao tipo de arranjo familiar, 48 às interações entre tipo de arranjo familiar e a renda, 48 às interações entre tipo de arranjo familiar e a escolaridade e 1 ao intercepto. Desses, 254 foram estatisticamente significativos (cerca de 81%), considerando o nível de significância de 10%. Ressalta-se que serão discutidos apenas os resultados mais importantes da pesquisa.19

TABELA 2
Associação entre as despesas de consumo e as variáveis de localização domiciliar, características domiciliares e tipo de arranjo familiar Brasil – 2008/2009

Quanto às características domiciliares, tem-se que 109 parâmetros dos 128 estimados foram significativos ao nível de significância de 10%. Em relação à variável explicativa renda, as despesas de consumo apresentaram uma relação de U invertido com a “renda monetária per capita da mulher” e também com a “renda per capita do domicílio” (excluindo a renda monetária da mulher). Dessa forma, as despesas per capita crescem incialmente, atingem um máximo e depois decrescem com a renda. O máximo, entretanto, se dá num nível de renda muito elevado, fazendo com que o efeito da renda seja praticamente sempre positivo. Por exemplo, considerando as despesas per capita mensais com alimentação, a “renda per capita da mulher” atinge seu máximo em R$ 2.790,70, enquanto a “renda per capita do domicílio” alcança R$ 42.500,00.

Em relação ao efeito da renda sobre as despesas de consumo, nota-se que o efeito da “renda da mulher” parece ser consistentemente maior para todas as despesas de consumo. Esse maior efeito da renda feminina sobre as despesas de consumo também foi encontrado por Galvão (2015). Assim, tal resultado sugere que a “renda per capita do domicílio” pode ter maior efeito sobre outras despesas que não foram analisadas, como aumento do ativo (compra de imóveis, por exemplo) e/ou diminuição do passivo, já que as famílias destinam sua renda para esses três tipos de despesa. Pinheiro e Fontoura (2007) perceberam em sua análise que a despesa com aumento do ativo, para as famílias chefiadas por homens, constitui um dos cinco maiores componentes dos gastos totais mensais, sejam eles pertencentes a qualquer estrato da renda.

Em relação às características do responsável pelo domicílio, como era esperado, observa-se que o padrão de consumo muda à medida que o indivíduo envelhece. As relações das despesas com a idade também se dão de forma diferente. Observa-se que os gastos de consumo per capita mensal crescem inicialmente com a idade da pessoa de referência, atingem um ponto máximo e depois decrescem. Por exemplo, considerando as despesas mensais per capita com alimentação, a “idade” atinge seu máximo em 62,43 anos; no caso das despesas com habitação, o máximo é atingido em 94,37 anos. Esse comportamento só não é observado para as despesas com saúde e vestuário. Para as despesas com saúde, a idade apresenta uma relação crescente e exponencial, ou seja, à medida que a pessoa de referência envelhece, seus gastos com saúde são crescentes, como era esperado, pois acredita-se que uma pessoa mais velha tenda a ir com maior frequência ao médico, gastar mais com medicamentos e plano de saúde. Já para as despesas com vestuário, a variável idade tem efeito muito pequeno e negativo, mostrando que os gastos diminuem muito lentamente com a idade do responsável pelo domicílio.

Se a mulher for a responsável pelo domicílio, observam-se menores gastos com todas as despesas de consumo em relação ao homem,20 principalmente em despesas com transporte, alimentação e habitação, resultado semelhante ao encontrado por Carvalho e Alves (2012),que constataram que, nos arranjos em que o homem é a pessoa de referência, o peso com as despesas de alimentação e transporte é maior.

A “escolaridade” do responsável pelo domicílio afeta positivamente todas as despesas de consumo, tendo maior efeito sobre os gastos per capita com habitação, seguidos pelos dispêndios com transporte, alimentação e educação/recreação. Esse resultado parece ser coerente, pois pessoas com maior nível de escolaridade terão maior probabilidade de estarem empregadas, tendo que se deslocar da sua casa até o trabalho, aumentando assim os gastos com transporte, e provavelmente realizam mais refeições fora de casa, principalmente almoço (poupando tempo). Essa relação entre maior escolaridade e elevação do consumo também foi encontrada por Almeida (2002), que observou que um incremento no grau da escolaridade do chefe do domicílio aumenta a probabilidade de dispêndio da maioria dos agregados de consumo, como alimentação fora do domicílio, produtos farmacêuticos, assistência à saúde, comunicação e transporte, roupas, viagens, lazer, nas famílias com e sem idosos.

Quanto à presença de filhos no domicílio, conforme esperado, verificam-se padrões de consumo diferentes de acordo com a faixa etária. Nota-se que famílias com crianças entre 0 e 6 anos tendem a apresentar gastos per capita maiores com habitação e saúde e menores com alimentação; o mesmo é válido para as famílias com filhos entre 7 e 12 anos, porém esse efeito é maior na primeira. Essa relação positiva entre presença de crianças e gastos com saúde pode ser explicada pelo fato de que crianças tendem, em geral, a ficar doentes mais facilmente, aumentando o gasto com medicamentos, e normalmente são levadas ao pediatra com frequência. Já a relação entre presença de crianças e aumento dos gastos per capita com habitação poderia estar associada ao fato de que famílias com crianças geralmente optam por imóveis maiores, mais espaçosos, apresentando assim um gasto mais elevado com aluguel. Por sua vez, a relação negativa entre presença de crianças e despesas per capita com alimentação pode estar ligada aos ganhos de escala, uma vez que em uma família o acréscimo de um membro não aumentará significativamente os gastos com esse tipo de despesa. Além disso, famílias que possuem filhos entre 13 e 18 anos apresentam gastos maiores com vestuário e educação/recreação em comparação às famílias que não possuem filhos nessa faixa etária. Pode-se inferir que tal relação ocorra, pois nessa faixa etária os pais procuram investir mais na educação dos filhos com o intuito de aumentar suas chances de se saírem bem no vestibular ou no Enem. Ademais, como estão na adolescência, os filhos têm maior poder de decisão na compra de roupas, aumentando assim os gastos com vestuário. Fontes et al. (2016) também verificaram que famílias com crianças apresentam um maior gasto com educação e vestuário (devido ao seu crescimento físico).

Já no que se refere à presença de idosos, conforme esperado, notou-se um aumento dos gastos mensais per capita com saúde em R$14,26 em comparação às famílias que não possuem idosos em sua composição. Como os idosos, em geral, tendem a ficar doentes mais facilmente ou sofrerem de algum tipo de doença crônica, há maiores gastos com medicamentos e planos de saúde. Ademais, geralmente buscam atendimento médico com mais frequência, aumentando assim esse tipo de despesa. Essa relação também foi obtida por Almeida (2002), notando que, à medida que os indivíduos vão envelhecendo, aumenta a probabilidade de gastar com produtos e serviços de saúde.

Em relação ao tamanho da família, observa-se uma relação negativa com os gastos per capita em habitação, alimentação e transporte, havendo indícios de que famílias maiores poderiam se beneficiar dos ganhos de economia de escala e consumo conjunto, ou seja, obteriam ganhos com compras em maiores quantidades, fariam uso conjunto de imóveis (fazendo com que haja divisão nos gastos com aluguel para um maior número de pessoas) e automóveis, etc.

Passando para a análise do efeito do tipo de arranjo familiar sobre o padrão de consumo, 34 dos 48 parâmetros estimados foram estatisticamente significativos até o nível de significância de 10%, cerca de 71% do total. Dessa forma, pode-se inferir que, de fato, o tipo de arranjo familiar, conforme esperado, afeta o padrão de consumo das famílias, mesmo quando se controla por outras variáveis como renda, escolaridade e idade do responsável pelo domicílio, por exemplo. Em relação às despesas per capita mensais com alimentos, apenas o tipo de arranjo “monoparental masculino” apresentou gastos estatisticamente diferentes, e menores do que o das famílias constituídas por “casal com filhos” (base de comparação) ao nível de significância de 5%. Isso pode sugerir uma menor preocupação com a alimentação nesse tipo de arranjo, que se materializa em menores gastos per capita com esse tipo de despesa. Resultado semelhante foi encontrado por Ziol-Guest et al. (2006), que, após controlar as características econômicas e demográficas das famílias, concluíram que famílias com pais solteiros (monoparental masculino) dedicam uma parcela menor do seu orçamento com alimentos em comparação às famílias constituídas por pais casados. As diferenças nas despesas com alimentação, de acordo com os autores, podem refletir uma restrição de tempo nas famílias “monoparentais”. Assim, pais solteiros podem ter maior probabilidade de fazer suas refeições fora de casa.

Observa-se que, para as famílias com as mesmas características (renda, escolaridade, etc.), o fato de ser um arranjo “casal com filhos” traz gastos per capita maiores ou iguais do que todos os outros arranjos. Nota-se também que o tipo “casal sem filhos” não apresenta gastos com alimentação e saúde estatisticamente diferentes dos gastos do “casal com filhos”, o que poderia indicar que a presença de filhos não tem um impacto significativo sobre essas despesas. Tal resultado, a princípio inesperado, pode estar relacionado a uma reorganização dos gastos per capita com alimentação e saúde entre os indivíduos das famílias do tipo “casal com filhos”. Dessa forma, os pais podem gastar menos consigo (menos despesas com alimentação fora de casa, por exemplo) e destinar uma parte maior do orçamento para a saúde e alimentação dos filhos no domicílio, não aumentando substancialmente os dispêndios com esses tipos de despesas.

Quanto ao arranjo “monoparental”, observa-se que o efeito do “monoparental masculino” sobre os gastos mensais per capita com todas as despesas de consumo é negativo em relação ao arranjo-base. Ressalta-se que o único arranjo que apresentou gastos com alimentação estatisticamente significativo e menor do que o “casal com filhos” foi o “monoparental masculino”. Queiroz e Coelho (2019) constataram que, se a família for do tipo “monoparental”, os gastos com almoço fora do domicílio aumentam e, embora esses domicílios possam ter mais restrições de renda, a limitação de tempo parece ser mais relevante. Ressalta-se que o efeito negativo das famílias compostas por homem com filhos sobre as despesas com saúde é muito maior do que o apresentado por domicílios constituídos por mulher com filhos. Esse resultado poder indicar que, nas famílias do tipo “monoparental”, se o responsável for do sexo feminino, há maior preocupação com questões ligadas à saúde, que se materializa em maiores gastos per capita. Galvão (2015) também chegou a um resultado semelhante: mulheres que trabalham têm sua renda impactando em despesas com produtos voltados para a família como um todo.

Já no que se refere ao arranjo “unipessoal”, observa-se que o “unipessoal masculino”, dentre todos os tipos analisados, apresenta menores gastos mensais per capita com habitação, vestuário, transporte, higiene, saúde, educação/recreação. Assim, verifica-se grande diferença entre as famílias com responsáveis do sexo masculino e feminino. Essas diferenças são mais evidentes sobre as despesas com habitação, saúde e educação/recreação, em que os gastos mensais per capita são muito menores para o “unipessoal masculino”.

As interações entre os tipos de arranjos familiares e a renda per capita mensal do domicílio, excluindo a renda monetária da mulher, foram, em geral, significativas ao nível de significância de 10%. A renda é uma das variáveis mais importantes para explicar os gastos das famílias brasileiras. Além disso, a interação renda-arranjo é positiva para os gastos de consumo em todos os arranjos analisados. Isso significa que o efeito da renda sobre as despesas de consumo, para todos os arranjos, é superior em relação ao arranjo-base. Esse resultado pode estar associado ao fato de que a renda de todos os arranjos analisados começa a um nível menor do que a apresentada pelo arranjo “casal com filhos”, resultando em um efeito mais expressivo devido a um aumento na renda sobre as despesas analisadas.

Como pode ser visto, o tipo de arranjo mais sensível a variações na renda é o “monoparental masculino”: um aumento de uma unidade monetária da renda provoca um crescimento das despesas de consumo desse arranjo em maior magnitude do que nos outros analisados. No entanto, tendo em vista que este tipo de arranjo representa apenas 1,59%, seus resultados devem ser analisados de forma cautelosa.

Quanto à interação da escolaridade do responsável pelo domicílio com os arranjos familiares, observa-se que, em geral, as variáveis foram estatisticamente significativas ao nível de significância de 10%, apresentando um sinal positivo. Isso implica que o efeito da escolaridade sobre as despesas de consumo para todos os arranjos é superior em relação ao tipo “casal com filhos”. Tal resultado pode estar associado ao fato de que a escolaridade de todos os arranjos analisados começa a um nível menor do que a apresentada pelo arranjo “casal com filhos”, resultando em um efeito marginal maior da educação sobre as despesas de consumo em relação ao arranjo-base.

Observa-se que a escolaridade tem mais efeito, em termos de magnitude e também maior número de parâmetros significativos, sobre o tipo de arranjo “unipessoal”, tanto masculino quanto feminino, para todos os gastos per capita mensais analisados. Ressalta-se que esse tipo de arranjo é constituído por pessoas idosas e também por jovens/adultos que moram sozinhos e estão estudando e/ou trabalhando (representam 59% do arranjo “unipessoal”).

Em suma, verificaram-se padrões de consumo distintos entre as famílias devido à sua composição familiar, confirmando a hipótese levantada incialmente. Verificou-se que a presença de filhos, idosos, o tamanho da família e o tipo de arranjo familiar podem aumentar ou diminuir certos tipos de despesas de consumo. Quanto aos arranjos familiares, essas diferenças de gastos com consumo ficaram mais evidentes ao se compararem arranjos que são semelhantes em sua composição, (“monoparental masculino” x “monoparental feminino”, “unipessoal masculino” x “unipessoal feminino”), em que tais dessemelhanças podem ser associadas ao sexo do responsável pelo domicílio. Dessa forma, notou-se que, nos arranjos “monoparentais” e “unipessoais”, parece haver uma menor preocupação com questões relacionadas a habitação, saúde e educação/recreação, quando o homem é o responsável pelo domicílio, traduzindo-se em menores gastos per capita com esses tipos de despesa.

Resultados por classes de renda

Devido à importância da renda para explicar os gastos das famílias brasileiras e à possibilidade de efeitos diferenciados das variáveis explicativas para diferentes classes de renda, foram feitas estimações considerando três faixas de renda. Os resultados para as classes de renda inferior, intermediária e superior estão disponíveis, respectivamente, nas Tabelas 3, 4 e 5 do Anexo. As classes de renda foram criadas com base na distribuição da renda domiciliar per capita. As famílias de renda inferior são aquelas que pertencem ao primeiro quartil da distribuição da renda domiciliar per capita, ou seja, domicílios com renda de até R$ 323,48 por pessoa. No grupo de renda intermediário, estão as famílias com renda per capita entre R$ 323,49 e R$ 705,73, pertencentes ao segundo e terceiro quartis. Por fim, as famílias da classe de renda superior são aquelas que pertencem ao quarto quartil da distribuição, cuja renda per capita é superior a R$ 705,73.

Ao analisar a renda do domicílio, observa-se que seu efeito é maior para as famílias de renda inferior, principalmente sobre os gastos com alimentação, habitação e transporte. Esse resultado indica que famílias com renda mais baixa destinam a maior parte do seu orçamento para despesas mais básicas, resultado também encontrado por Silveira et al. (2003), Almeida e Freitas (2007) e Galvão (2015). Já o efeito da renda sobre famílias de renda superior é estatisticamente significativo e positivo para todos os tipos de despesas analisados, mas bem menos expressivo do que o apresentado para as famílias de renda inferior. Esses resultados vão ao encontro da “Lei de Engel”, pois verificou-se que, para as classes de renda superior, o peso das despesas com alimentação é menor e o de outras despesas de consumo, como habitação, saúde, educação/recreação, é maior.

Um resultado interessante é que a renda da mulher é estatisticamente significativa para todas as despesas nas famílias de renda superior, mas seu efeito sobre as despesas com alimentação, vestuário e higiene é mais expressivo para as famílias de renda inferior. Esse resultado pode indicar que, para as famílias de renda mais baixa, independentemente de quem é o provedor da renda, a maior parte dela é destinada a essas despesas.

Quanto ao tipo de arranjo familiar, os resultados encontrados seguem o mesmo padrão da seção anterior. Para a classe de renda mais alta, em geral, observa-se que o tipo de arranjo familiar é importante para explicar a diferença de gastos com consumo entre as famílias, apresentando um efeito maior, em termos de magnitude e parâmetros estatisticamente significativos, em relação aos resultados encontrados para as demais classes de renda. Além disso, apenas para a classe de renda mais alta observa-se que o arranjo “monoparental masculino” leva a gastos menores com alimentação em relação ao “casal com filhos”. Esse resultado pode indicar que, em um nível de renda maior, pais solteiros realizam mais refeições fora do domicílio. Em suma, verifica-se que, em geral, os arranjos apresentam gastos estatisticamente menores ou iguais àqueles das famílias constituídas por casal com filhos (base de comparação) para a maioria das despesas.

Considerações finais

Há atualmente uma grande diversidade de arranjos familiares no Brasil, mais heterogêneos quanto à sua composição e cada vez menores. Assim, analisar o padrão de consumo entre os arranjos familiares brasileiros é de grande relevância, pois permite captar heterogeneidades no padrão de consumo das famílias que ocorrem em função de sua composição. Dessa forma, a principal contribuição do presente estudo foi estabelecer uma relação entre dispêndio em grandes categorias de consumo agregadas e a renda familiar, incluindo outras variáveis relevantes, em diferentes arranjos familiares no Brasil. Dessa forma, o presente trabalho avançou em relação a estudos anteriores brasileiros e internacionais, ao analisar o padrão de consumo segundo o tipo de arranjo familiar e utilizando uma metodologia ainda pouca explorada na área de demografia. A escolha do método SUR permite considerar que os termos de erro das equações sejam correlacionados no mesmo período de tempo, ou seja, que fatores não observáveis que afetem uma das oito categorias de consumo também devem afetar as demais categorias de forma simultânea. Isso é muito provável de acontecer quando se analisam gastos domiciliares. Por exemplo, expectativas quanto à atividade econômica podem afetar de forma simultânea mais de uma categoria de gastos analisada.

O presente estudo possibilitou aprofundar o conhecimento sobre o padrão de consumo dos arranjos brasileiros. Em suma, verificaram-se diferenças substancias no padrão de consumo das famílias “tradicionais” e dos “novos” arranjos familiares, além de diferenças devido à composição da família (presença de crianças, idosos) e relacionadas ao sexo do responsável pelo domicílio, confirmando a hipótese inicialmente estabelecida. Quanto aos arranjos familiares, o tipo “casal com filhos” registra gastos per capita mensais maiores ou iguais aos de todos os outros arranjos. Já para os “novos” arranjos familiares, observaram-se diferenças de consumo especialmente associadas ao sexo do responsável pelo domicílio, sendo estas mais evidentes ao se analisarem os arranjos do tipo “monoparental” e “unipessoal”. Notou-se que, quando o responsável pelo domicílio desses arranjos é do sexo masculino, há um efeito negativo maior sobre as despesas com habitação, saúde e educação/recreação. Esse resultado pode indicar uma maior preocupação da mulher em relação à saúde e educação dos membros do domicílio.

Verificou-se que a renda, bem como a composição familiar (presença de crianças, adolescentes e de idosos no domicílio), é importante para determinar a alocação do dispêndio das famílias. Constatou-se que a presença de crianças (0 a 12 anos) induz a maiores gastos per capita com habitação e saúde em relação às famílias que não possuem filhos com essa faixa etária. Já a presença de adolescentes (13 a 18 anos) eleva os gastos per capita com vestuário e educação/recreação em relação aos domicílios que não possuem adolescentes. A presença de idosos se traduz em maiores gastos per capita com saúde, sendo observado também que, à medida que o responsável pelo domicílio envelhece, os gastos com esse tipo de despesa crescem exponencialmente. Assim, considerando as mudanças demográficas que estão ocorrendo e se refletem na composição da família, em especial o maior número de pessoas que vivem sozinhas, principalmente mulheres, pode-se esperar uma tendência de crescimento dos gastos com saúde no Brasil.

Uma limitação desse estudo é não considerar explicitamente famílias constituídas por pessoas do mesmo sexo, devido à base de dados utilizada. Assim, estudos posteriores podem avançar em relação ao presente trabalho, identificando o padrão de consumo desse tipo de família, que vem crescendo no Brasil. Além disso, uma análise considerando mais períodos de tempo permitiria captar como aconteceram as mudanças no padrão de consumo dos arranjos familiares ao longo do tempo. Dado que a estrutura da família tem se modificado ao longo das últimas décadas, o padrão de consumo das mesmas também se alterou. Por exemplo, para os “novos arranjos familiares”, pode-se verificar que o consumo de alimentos diminuiu dentro de casa e aumentou fora do domicílio. Também pode haver um crescimento expressivo dos gastos com saúde, especialmente para o arranjo unipessoal, já que houve aumento do número de idosos que vivem sozinhos.

O presente trabalho foi realizado com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – Brasil.

  • 1
    Economicamente, o termo família é utilizado para designar um tipo de agente econômico cujas principais funções na economia são consumir bens e serviços, sendo simultaneamente as proprietárias dos fatores de produção. Para efeito de análises e divulgações de resultados, na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) o termo “família” tem sido utilizado para representar o conceito de unidade de consumo. A unidade de consumo compreende um único morador ou conjunto de moradores que compartilham a mesma fonte de alimentação (isto é, utilizam um mesmo estoque de alimentos e/ou realizam um conjunto de despesas alimentares comuns) ou compartilham as despesas com moradia (IBGE, 2010b).
  • 2
    Domicílio é a unidade amostral da POF. Pode ser definido como “uma moradia estruturalmente separada e independente, sendo que as condições de separação (local de moraria é limitado por paredes, muros, cercas e outros, coberto por um teto e permite que seus moradores se isolem, arcando com parte ou todas as suas despesas de alimentação ou moradia) e independência de acesso (quando o local de moradia tem acesso direito, permitindo que seus moradores possam entrar e sair sem passar por local de moradia de outras pessoas) devem ser satisfeitas. Só se caracteriza corretamente domicílio quando forem atendidos simultaneamente os critérios de separação e independência” (IBGE, 2010b).
  • 3
    As abordagens de gênero são fundamentais para a compreensão das mudanças no padrão familiar. As desigualdades entre homens e mulheres na família e na sociedade fazem com que os cuidados com os familiares, especialmente os filhos, e trabalhos domésticos sejam repartidos desigualmente entre os gêneros, o que afeta as decisões reprodutivas e de consumo (SORJ, 2005; BRUSCHINI, 2007).
  • 4
    Com a adoção por parte das mulheres de métodos contraceptivos eficazes, houve um reforço do advento “novos valores” em prol de uma maior liberdade sexual, promovendo a separação entre sexualidade e reprodução (CIOFFI, 1998).
  • 5
    Mesmo escassos, estudos têm mostrado que homens e mulheres gastam diferentemente, sobretudo devido à diferença de papéis atribuídos socialmente a cada sexo, refletindo opções de consumo distintas, sejam elas tomadas de maneira individual, sejam de modo coletivo (PINHEIRO; FONTOURA, 2007).
  • 6
    Políticas de combate à pobreza, voltadas para a saúde ou educação das famílias brasileiras. No Brasil, pode-se destacar o Bolsa-família, um programa de transferência direta de renda direcionado às famílias em situação de extrema pobreza em todo o país.
  • 7
    Ver, por exemplo, Castro e Magalhães (1998), Silveira et al. (2003), Almeida e Freitas (2007), Pinheiro e Fontoura (2007), Carvalho e Alves (2010a, 2010b), Dominik (2010), Melo et al. (2014) e Galvão (2015).
  • 8
    Famílias constituídas por pessoa responsável pelo domicílio com outros parentes e/ou agregados.
  • 9
    O período de realização da POF 2008-2009 foi de 19 de maio de 2008 a 18 de maio de 2009. Janeiro de 2009 é o mês de referência para os valores da pesquisa.
  • 10
    Grupo constituído pelas despesas de consumo e outras despesas correntes. As outras despesas correntes correspondem a despesas com impostos pagos (imposto sobre a propriedade de imóveis, imposto de renda, imposto sobre serviços, imposto sobre propriedade de veículos e emplacamento de veículo), contribuições trabalhistas, serviços bancários, pensões, mesadas, doações e previdência privada (IBGE, 2010c).
  • 11
    Corresponde a despesas com aquisição de imóveis, construção e melhoramento de imóveis próprios e outros investimentos (IBGE, 2010c).
  • 12
    Estão incluídas as despesas com pagamentos de débitos, juros e seguros de empréstimos pessoais (IBGE, 2010c).
  • 13
    Correspondem às despesas realizadas pelas unidades de consumo com aquisições de bens e serviços com intuito de atender diretamente às necessidades e desejos pessoais de seus componentes no período da pesquisa (IBGE, 2010c).
  • 14
    Na Tabela 2 do Anexo é possível observar o número de arranjos, bem como o número aproximado de domicílios que os mesmos representam.
  • 15
    Para identificação dos outliers, foi utilizado o comando extremes do Stata versão 15.0.
  • 16
    A equação (3) foi estimada simultaneamente utilizando o comando “sureg” do software Stata 15. Uma limitação do presente estudo é a impossibilidade de se incorporar o peso amostral ao utilizar o comando sureg, o que pode levar a estimativas ineficientes. No programa Stata, pesos amostrais podem ser incorporados às estimações ao se utilizar um comando referente à análise survey. No entanto, o modelo SUR não tem suporte para a análise survey empregando o comando sureg (QUEIROZ, 2015). Entretanto, Queiroz (2015) verificou que usar ou não o plano amostral pouco afetou os resultados estimados, sinalizando que os resultados dos trabalhos que não consideram os aspectos amostrais na estimação dos modelos de demanda para o caso brasileiro não mudariam muito caso fosse considerado o plano amostral.
  • 17
    São consideradas apenas as despesas com alimentação dentro do domicílio.
  • 18
    Nesse arranjo, nos domicílios em que a renda per capita da mulher é maior que zero, a renda média desta é de R$ 108,02.
  • 19
    Neste artigo, por questões de espaço, os resultados em relação à localização domiciliar não serão discutidos.
  • 20
    Para higiene, o efeito é positivo, mas não significativo.

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Anexo

TABELA 1
Número de observações, pesos médios e soma dos domicílios representados Brasil – 2008/2009
TABELA 2
Tipos de arranjo familiar, segundo número de observações, domicílios representados e composição do arranjo familiar Brasil – 2008/2009
TABELA 3
Associação entre as despesas de consumo e as variáveis de localização domiciliar, características domiciliares e tipo de arranjo familiar para classe de renda baixa Brasil – 2008/2009
TABELA 4
Associação entre as despesas de consumo e as variáveis de localização domiciliar, características domiciliares e tipo de arranjo familiar para classe de renda intermediária Brasil – 2008/2009
TABELA 5
Associação entre as despesas de consumo e as variáveis de localização domiciliar, características domiciliares e tipo de arranjo familiar para classe de renda alta Brasil – 2008/2009

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Maio 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    12 Fev 2020
  • Aceito
    24 Mar 2020
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