Open-access Eficácia do pré-condicionamento isquêmico na proteção das lesões de isquemia e reperfusão hepáticas

Ischemic preconditioning efficacy on ischemia-reperfusion injuries protection

Resumo

O pré-condicionamento isquêmico foi estudado inicialmente no coração, onde atenua os efeitos lesivos da isquemia coronariana. Consiste na indução de breves períodos de isquemia seguidos de reperfusão, para tornar o órgão resistente a períodos mais longos de isquemia. Nesta investigação estudamos sua eficácia na proteção das lesões de isquemia-reperfusão hepáticas em ratos. Utilizaram-se 40 animais divididos em grupo Controle (C); grupo Shunt (S), submetido a exposição da cavidade abdominal por 95’; grupo Isquemia (I), submetido a exposição da cavidade abdominal por 10’, isquemia de 80’ e reperfusão de 5’; e grupo Pré-condicionamento (PC), em que realizamos isquemia de 5’, reperfusão de 5’, nova isquemia de 80’ e reperfusão de 5’. As enzimas hepáticas e o potencial elétrico da membrana mitocondrial interna (MMI) foram analisados. Os resultados mostraram aumento nos níveis de ALT,AST e LDH em todos os grupos em relação ao controle e nos grupos I e PC em relação ao grupo S. Houve diminuição significativa do potencial elétrico da MMI no grupo Isquemia em relação aos demais. O aumento nos níveis das enzimas hepáticas nos grupos Isquemia e Pré-condicionamento em relação ao grupo Shunt pode ser atribuído a perda da integridade da membrana citoplasmática provocada pela isquemia de 80’ e reperfusão de 5’. A diminuição do potencial elétrico da membrana mitocondrial interna no grupo Isquemia em relação aos demais pode estar relacionada a lesão da MMI e perda do gradiente de prótons transmembrana. O pré-condicionamento isquêmico atenua essas lesões provavelmente pelo consumo mais lento do ATP durante a isquemia.


EFICÁCIA DO PRÉ-CONDICIONAMENTO ISQUÊMICO NA PROTEÇÃO DAS LESÕES DE ISQUEMIA E REPERFUSÃO HEPÁTICAS

ISCHEMIC PRECONDITIONING EFFICACY ON ISCHEMIA-REPERFUSION INJURIES PROTECTION

Renato S. Lima1 , Maria Cecilia Jordani2; Maria Eliza J. de Souza2; Maria Ap. N.C. Picinato2, Clarice F.F. Franco2, Orlando de Castro e Silva Jr. 3

Núcleo de Pesquisa em Hepatologia Cirúrgica do Departamento de Cirurgia.

Resumo: O pré-condicionamento isquêmico foi estudado inicialmente no coração, onde atenua os efeitos lesivos da isquemia coronariana. Consiste na indução de breves períodos de isquemia seguidos de reperfusão, para tornar o órgão resistente a períodos mais longos de isquemia. Nesta investigação estudamos sua eficácia na proteção das lesões de isquemia-reperfusão hepáticas em ratos. Utilizaram-se 40 animais divididos em grupo Controle (C); grupo Shunt (S), submetido a exposição da cavidade abdominal por 95’; grupo Isquemia (I), submetido a exposição da cavidade abdominal por 10’, isquemia de 80’ e reperfusão de 5’; e grupo Pré-condicionamento (PC), em que realizamos isquemia de 5’, reperfusão de 5’, nova isquemia de 80’ e reperfusão de 5’. As enzimas hepáticas e o potencial elétrico da membrana mitocondrial interna (MMI) foram analisados. Os resultados mostraram aumento nos níveis de ALT,AST e LDH em todos os grupos em relação ao controle e nos grupos I e PC em relação ao grupo S. Houve diminuição significativa do potencial elétrico da MMI no grupo Isquemia em relação aos demais. O aumento nos níveis das enzimas hepáticas nos grupos Isquemia e Pré-condicionamento em relação ao grupo Shunt pode ser atribuído a perda da integridade da membrana citoplasmática provocada pela isquemia de 80’ e reperfusão de 5’. A diminuição do potencial elétrico da membrana mitocondrial interna no grupo Isquemia em relação aos demais pode estar relacionada a lesão da MMI e perda do gradiente de prótons transmembrana. O pré-condicionamento isquêmico atenua essas lesões provavelmente pelo consumo mais lento do ATP durante a isquemia.

Introdução: O pré-condicionamento isquêmico foi estudado inicialmente no coração, onde atenua os efeitos lesivos da isquemia coronariana. Consiste na indução de breves períodos de isquemia seguidos de reperfusão, com a finalidade de tornar o órgão resistente a períodos mais longos de isquemia3,4,6,7 Nesta investigação estudamos sua eficácia na proteção das lesões de isquemia-reperfusão hepáticas em ratos.

Método: Foram utilizados 40 animais divididos em grupo Controle (C); grupo Shunt (S), submetido a exposição da cavidade abdominal por 95’; grupo Isquemia (I), submetido a exposição da cavidade abdominal por 10’, isquemia de 80’ e reperfusão de 5’; e grupo Pré-condicionamento (PC), em que realizamos isquemia de 5’, reperfusão de 5’, nova isquemia de 80’ e reperfusão de 5’. As enzimas hepáticas e o potencial elétrico da membrana mitocondrial interna foram analisados9.

Resultados: Os resultados mostraram um aumento nos níveis de aminotransferases, fosfatase alcalina e desidrogenase lática em todos os grupos em relação ao controle e nos grupos I e PC em relação ao grupo S. (Tabela 1)

Houve diminuição significativa do potencial elétrico da membrana mitocondrial interna no grupo Isquemia em relação aos demais. (Gráfico 1).


Discussão: O aumento nos níveis das enzimas hepáticas nos grupos Isquemia e Pré-condicionamento em relação ao grupo Shunt pode ser atribuído a perda da integridade da membrana citoplasmática provocada pela isquemia de 80’ e reperfusão de 5’.

A interrupção do fornecimento de oxigênio à célula inibe a fosforilação oxidativa e há uma menor formação de fosfatos de alta energia. A diminuição do ATP leva a uma perda da regulação do volume celular pela membrana citoplasmática, resultando em morte celular1,2,5.

A diminuição do potencial elétrico da membrana mitocondrial interna no grupo Isquemia em relação aos demais pode ser atribuída a lesão da membrana mitocondrial interna e perda do gradiente de prótons transmembrana. O pré-condicionamento isquêmico parece atenuar essas lesões provavelmente pelo consumo mais lento do ATP durante a isquemia.

O fígado humano sadio suporta bem 90’ de isquemia. O transplante hepático e ressecções de difícil execução requerem tempo maior de isquemia. Nestes procedimentos o pré-condicionamento isquêmico apresenta-se como recurso em potencial cuja investigação merece ser aprofundada.

Agradecimento a FAPESP pelo apoio financeiro (Processo: 1996/1560-2)

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  • 1
    Acadêmico da FMRP-USP
    2 Bioquímica do Núcleo de Pesq. em Hepatologia Cirúrgica do Depto de Cirurgia e Anatomia da FMRP-USP
    3 Professor Associado do Departamento de Cirurgia e Anatomia da FMRP-USP
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      26 Mar 2001
    • Data do Fascículo
      2000
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