Resumos
Os objetivos deste artigo são (1) salientar o fato de que a pesquisa conduzida sob as estratégias agroecológicas serve para ilustrar a fecundidade da pesquisa multiestratégica e (2) apontar a relevância da agroecologia no Brasil, bem como sua crescente importância na produção dos alimentos no mundo inteiro.
Agroecologia; Agricultura familiar; Segurança alimentar; Soberania alimentar; Modelo da interação entre as atividades científicas e os valores; Pesquisa multi- estratégia
The aims of the article are (1) to highlight the fact that research conducted under agroecological strategies serves to illustrate the fruitfulness of multi-strategic research, and (2) to point to the relevance of agroecology in Brazil, as well as to its growing importance in the production of foodstuffs throughout the world.
Agroecology; Family farming; Food security; Food sovereignty; Model of the interaction of scientific activities and values; Multi-strategic research
O modelo da interação entre as atividades científicas e os valores (M-CV) é consistente com a existência de uma variedade de estratégias fecundas, inclusive de algumas estratégias sensíveis ao contexto (SC), além das estratégias descontextualizadoras (SD), de modo que a adoção de cada estratégia tenha relações de reforço mútuo com a sustentação de uma perspectiva de valores (Lacey; Mariconda, 2014LACEY, H.; MARICONDA, P. R. O modelo da interação entre as atividades científicas e os valores na interpretação das práticas científicas contemporâneas. Estudos Avançados, São Paulo, v.28, n.82, p.181-99, 2014.). Nesse sentido, M-CV admite a possibilidade da fecundidade da pesquisa multiestratégia (P-MS). Entretanto, o significado de M-CV depende não simplesmente dessa possibilidade, porque ela sozinha não é suficiente para desafiar a justificação alegada para a hegemonia da tecnociência comercialmente orientada (TC), baseada na reivindicação de que não há (e não haverá) pesquisa fecunda conduzida fora do alcance das SD (Lacey, 2006LACEY, H. A controvérsia sobre os transgênicos: questões científicas e éticas. Aparecida: Ideias e Letras, 2006.; 2010_______. Valores a atividade científica 2. São Paulo: Associação Filosófica Scientiae Studia; Editora 34, 2010., cap.7, 8). O significado de M-CV depende da demonstração de que atualmente existem SC fecundas. Os organizadores deste dossiê frequentemente recorrem às estratégias (SAE), usadas em pesquisas da agroecologia (AE), como exemplos de SC fecundas; e as SAE assumiram uma posição de destaque em suas discussões de M-CV.
Este artigo tem dois objetivos modestos: primeiro, o de salientar o fato de que a pesquisa conduzida sob SAE serve para ilustrar a fecundidade da P-MS; segundo, o de apontar a relevância da AE no Brasil, bem como a sua importância crescente na produção dos alimentos no mundo inteiro. Serve, assim, para introduzir o próximo artigo do dossiê (Nodari e Guerra, neste volume), que trata em detalhe de vários aspectos e exemplos importantes da AE, e da pesquisa conduzida sob SAE no Brasil.
A agroecologia
A agroecologia (AE) refere-se tanto a uma forma de lavoura quanto a um corpo de pesquisa
e conhecimento científico que a informa. Ela é diferente de outras formas de agricultura
- tais como a agricultura "convencional" (Nodari e Guerra, neste volume) e aquela
orientada ao uso intensivo de transgênicos - que são capital-intensivas e incorporam em
alto grau a perspectiva de valores do capital e do mercado, {VC&M}, e que
depende do uso de agrotóxicos e de outros insumos derivados da petroquímica. Segundo
Altieri (1998ALTIERI, M. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura
sustentável. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1998.; cf. Lacey, 2006, cap.5; Lacey, 2010_______. Valores a atividade científica 2. São Paulo: Associação
Filosófica Scientiae Studia; Editora 34, 2010., parte 2; Embrapa, 2006EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Marco referencial
em agroecologia. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2006. Disponível em:
<http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/66727/1/Marco-referencial.pdf>.
Acesso em: 12 maio 2013.
http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/b...
; Nodari; Guerra, neste volume), a meta da AE é a de
satisfazer, simultaneamente e em um equilíbrio determinado pelos próprios agricultores e
suas comunidades, uma variedade de fins, os quais refletem a perspectiva de valores da
justiça social, democracia participativa e sustentabilidade, {VJSDPS} (Lacey; Mariconda, 2014LACEY, H.; MARICONDA, P. R. O modelo da interação entre as atividades
científicas e os valores na interpretação das práticas científicas contemporâneas.
Estudos Avançados, São Paulo, v.28, n.82, p.181-99, 2014.); fins nos quais se incluem a
produtividade, a sustentabilidade dos agroecossistemas, a proteção da biodiversidade, a
segurança alimentar e a saúde das suas comunidades e seus arredores, e o fortalecimento
da sua cultura, agência, valores e bem-estar.
Muitas das tecnologias utilizadas na agricultura capital-intensiva não podem ser inseridas na AE. No caso da transgenia, isso acontece porque, por um lado, o uso dos transgênicos requer condições - por exemplo, o cultivo de monoculturas e a disponibilidade de grandes quantidades de insumos e agrotóxicos - que solaparam as condições exigidas para uma agricultura sustentável, e, por outro lado, a transgenia é hoje (em sua maior parte) controlada pelos direitos de propriedade intelectual que enfraqueceriam a agência daqueles agricultores que aspiram manter seu próprio controle sobre as condições de produção e distribuição. Os transgênicos são não só objetos biológicos e objetos derivados de pesquisa conduzida sob SD (em genética, biologia molecular e biotecnologia), mas são também objetos que incorporam {VC&M}, de modo que o uso deles é incompatível com a incorporação robusta de {VJSDPS} nas práticas agrícolas (Lacey, 2006, cap.2LACEY, H. A controvérsia sobre os transgênicos: questões científicas e éticas. Aparecida: Ideias e Letras, 2006.; Lacey, 2010, cap.6_______. Valores a atividade científica 2. São Paulo: Associação Filosófica Scientiae Studia; Editora 34, 2010.).
Os tipos de tecnologia utilizados na AE refletem as condições culturais, geográficas e ecológicas da lavoura. O contexto é crucial. Por isso, a pesquisa científica, que pode produzir conhecimento relevante às práticas da AE, precisa adotar variedades de SC, que, entre outras coisas, informem variantes e desenvolvimentos das técnicas agrícolas tradicionais, que eram informadas pelo conhecimento local (Altieri, 1998ALTIERI, M. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1998.), por exemplo: rotação e diversificação das culturas; manejo ecológico das pestes; cultivo em policulturas com as variedades e espécies diferentes organizadas em arranjos apropriados; adubos verdes; reciclagem dos nutrientes; fertilizantes naturais de fontes acessíveis localmente; e seleção das safras de sementes para plantações futuras. Em algumas situações, o conhecimento indígena é de grande importância, por exemplo, como o conhecimento que informava a conservação da floresta na região amazônica (Reis da Silva, neste volume; Lacey, 2012).
Ao mesmo tempo, a pesquisa agroecológica recorre a conhecimento obtido sob as SD, uma
vez que o conhecimento de muitos dos componentes dos agroecossistemas (minerais e
bactérias nos solos etc.) deriva de pesquisa conduzida sob as SD. Nessa pesquisa, as SD
e as SC complementam-se entre si. Além disso, há um lugar nas práticas de AE para
algumas inovações derivadas da pesquisa conduzida sob as SD (inclusive da
biotecnologia), em virtude do fato de que, em {VJSDPS}, o exercício do
controle dos objetos naturais permanece um valor, embora subordinado a outros valores
(Lacey; Mariconda, 2014, seção 1.2.3). O que é importante é o contexto de uso das
inovações e quem exerce o controle sobre esse uso; e isso aplica-se mais geralmente em
P-MS, por exemplo, na tecnologia social, TS (Garcia,
2014GARCIA, S. G. A tecnologia social como alternativa para a reorientação
da economia. Estudos Avançados São Paulo, v.28, n.82, dez. 2014. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142014000300015&lng=pt&nrm=iso>.
Acessos em: 20 mar. 2015, e:
<http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142014000300015>.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=s...
).
Geralmente, em P-MS (na AE, na TS, na saúde pública etc.) não é excepcional que as pesquisas envolvam colaboração entre os agentes primários das práticas (no caso da AE, os agricultores), que sustentam {VJSDPS], e "especialistas" técnicos, como acontece nas pesquisas sobre o melhoramento genético participativo de plantas, discutidas por Nodari e Guerra (neste volume).
A adoção das SAE tem relações de reforço mútuo com a sustentação de
{VJSDPS}, a qual fornece motivação tanto para adotar SAE na
pesquisa quanto para o engajamento na agricultura agroecológica. Mas, a longo termo, a
justificação da adoção continuada de SAE depende da demonstração de sua
fecundidade. O registro empírico já disponível dá suporte à reivindicação de que as
SAE são bastante fecundas (Altieri,
1998ALTIERI, M. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura
sustentável. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1998.; Vandermeer, 2011VANDERMEER, J. H. The ecology of egroecosystems. Boston: Jones and
Bartlett, 2011.; Nodari e Guerra, neste volumeNODARI, R. O.; GUERRA, M. P. A agroecologia: estratégias de pesquisa e
valores. Estudos Avançados, São Paulo, v.29, n.83, p. 183-207, 2015. [Neste
volume]), dá suporte também
para o fato de que a AE contribui (em certas condições) para manter a segurança
alimentar das comunidades de agricultores, e que ela pode ser desenvolvida de modo a
contribuir para a alimentação de muito mais pessoas (ver referências em Lacey, 2013_______. Food sovereignty and safeguarding food security for everyone:
issues for scientific investigation. In: CONGRESSO "FOOD SOVEREIGNTY: A CRITICAL
DIALOGUE". Yale University, 14 set. 2013. Disponível em:
<http://www.yale.edu/agrarianstudies/foodsovereignty/papers.html#lacey>. Acesso
em: 12 maio 2014.
http://www.yale.edu/agrarianstudies/food...
). Quais sejam os limites dessa
contribuição potencial da AE - por exemplo, de que a AE pode ser eventualmente capaz de
proporcionar as necessidades de alimentação das populações das grandes cidades - somente
pode ser descoberto a partir da pesquisa científica, e pesquisa conduzida com a
utilização de SC relevantes.
A importância da agroecologia no Brasil e no mundo inteiro
Juntos, os três fatores - a sustentação de {VJSDPS}; a fecundidade já
demonstrada da SAE; e o sucesso atual e a promessa das práticas da AE -
explicam por que a AE é um componente integral das políticas e práticas de "soberania
alimentar", propostas pelo movimento rural internacional, Via Campesina, e outros grupos
que sustentam {VJSDPS}. Segundo os seus proponentes, essas políticas e
práticas oferecem prospectos mais propícios do que aqueles disponíveis na agricultura
dominada pelo agronegócio para assegurar e proteger o direito de segurança alimentar
para todo o mundo (Via Campesina, 2010VIA CAMPESINA. Plataforma da Via Campesina para a agricultura, 26 maio
2010. Disponível em:
<http://www.mst.org.br/Via-Campesina-apresenta-plataforma-para-agricultura>.
Acesso em: 13 maio 2014.
http://www.mst.org.br/Via-Campesina-apre...
; Martinez-Torres; Rosset, 2010MARTINEZ-TORRES, M. E.; ROSSET, P. M. La Vía Campesina: the birth and
evolution of a transnational social movement. The Journal of Peasant Studies, v.37,
n.1, p.149-75, 2010.). "Soberania
alimentar" refere-se à aspiração (alguns dizem ao direito), interpretada à luz de
{VJSDPS}, de agricultores familiares - e de suas comunidades, movimentos e
organizações, em colaboração com outras instituições e governos em seus países e regiões
- (1) de controlar a estrutura e todos os aspectos do sistema alimentar; (2) de produzir
comida saudável, em quantidade suficiente e de modo culturalmente apropriado e
ecologicamente sustentável, nas suas próprias regiões ou próximo delas; (3) de utilizar
e desenvolver as abordagens agroecológicas; (4) de proteger os direitos dos agricultores
às sementes, terra, água e um mercado justo, bem como de fortalecer as suas comunidades,
seus meios da vida e a sustentabilidade ambiental; e (5) do desenvolvimento de políticas
regionais, nacionais e internacionais que tornariam a administração dos sistemas
alimentares num procedimento democrático, que avançaria a realização de (1)-(4) (Lacey, 2013_______. Food sovereignty and safeguarding food security for everyone:
issues for scientific investigation. In: CONGRESSO "FOOD SOVEREIGNTY: A CRITICAL
DIALOGUE". Yale University, 14 set. 2013. Disponível em:
<http://www.yale.edu/agrarianstudies/foodsovereignty/papers.html#lacey>. Acesso
em: 12 maio 2014.
http://www.yale.edu/agrarianstudies/food...
).
A aspiração da soberania alimentar pressupõe que poderia ser implementado um novo
sistema alimentar, a partir da introdução de políticas públicas apropriadas, que
incluiriam suporte para o desenvolvimento de uma variedade apropriada de TS, inclusive
da AE, e para o empreendimento de pesquisa (que utiliza SC relevantes) que possa
informá-las. (Sobre a relação entre TS e AE, cf. Jesus,
2014JESUS, V. M. B. Para além da "apropriação": disputas entre
racionalidades e construção de novos códigos técnicos em uma experiência de
tecnologia social. 2014. Tese (Doutorado em Geologia) - Instituto de Geociências,
Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2014..) O novo sistema seria baseado em uma multiplicidade de abordagens
complementares para a produção de alimentos; essas abordagens seriam localmente
específicas, localmente escolhidas e localmente administradas. Essas abordagens
simultâneas, quando combinadas apropriadamente: (a) seriam altamente produtivas de
alimentos nutritivos, dariam sustentabilidade aos ambientes e seriam protetoras da
biodiversidade; (b) estariam afinadas com - e fortaleceriam - as comunidades rurais e a
diversidade geográfica e cultural de suas aspirações, valores e interesses; (c) seriam
aplicáveis em contextos (por exemplo, pequenas fazendas em regiões empobrecidas) onde as
abordagens do agronegócio sejam pouco aplicáveis; (d) quando acompanhadas por métodos
apropriados de distribuição localmente orientados, seriam capazes de desempenhar uma
função integral na produção necessária para alimentar a crescente população mundial; e
(e) seriam particularmente convenientes para assegurar que populações rurais em setores
pobres do mundo sejam bem alimentadas e nutridas (Lacey,
2013_______. Food sovereignty and safeguarding food security for everyone:
issues for scientific investigation. In: CONGRESSO "FOOD SOVEREIGNTY: A CRITICAL
DIALOGUE". Yale University, 14 set. 2013. Disponível em:
<http://www.yale.edu/agrarianstudies/foodsovereignty/papers.html#lacey>. Acesso
em: 12 maio 2014.
http://www.yale.edu/agrarianstudies/food...
). Obviamente, essa pressuposição da soberania alimentar está fora do
alcance da pesquisa conduzida sob SD (e, portanto, da TC), mas não está fora do alcance
da P-MS. Para aqueles, que sustentam {VJSDPS}, pesquisas que possam resultar
na confirmação, qualificação, ou mesmo na rejeição desse pressuposto terá alta
prioridade.
As propostas de soberania alimentar - e a ênfase na agricultura familiar, na AE, e na
multiplicidade de formas de produção localmente apropriadas - estão sendo, cada vez
mais, incorporadas nas recomendações de organizações internacionais (cf. Nodari e
Guerra, neste volume). A FAO (Organização das Nacões Unidas para Agricultura e
Alimentação), por exemplo, designou 2014 como "o ano da agricultura familiar", em
reconhecimento dos fatos de que "a agricultura familiar está indissociavelmente
vinculada à segurança alimentar, nacional e internacional", e de que "a agricultura
familiar é a forma predominante no setor da produção de alimentos, não só nos países em
desenvolvimento, mas também nos desenvolvidos" (FAO,
2014FAO - ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDOS PARA AGRICULTURA E ALIMENTAÇÃO. Ano
Internacional de Agricultura Familiar 2014. Disponível em:
<http://www.fao.org/family-farming-2014/pt/>. Acesso em: 12 maio
2013.
http://www.fao.org/family-farming-2014/p...
), e para encorajar os governos a dar mais suporte para a pesquisa e o
desenvolvimento nessa área. Além disso, os relatórios do relator especial do direito à
alimentação do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidos, Olivier de Schutter, têm
contribuído para a conscientização dos governos e das agências internacionais para o
papel importante da AE na produção atual de alimentos. Ele afirmou, por exemplo, em seu
relatório final à Assembleia Geral das Nações Unidos: "o avanço na direção de modos
sustentáveis de produção agrícola é vital para o futuro da segurança alimentar, e esse é
um componente essencial do direto à alimentação. A agroecologia tem enorme potencial a
esse respeito" (Schutter, 2014).
No Brasil, a pesquisa agroecológica já produziu desenvolvimentos fecundos (Embrapa, 2006EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Marco referencial
em agroecologia. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2006. Disponível em:
<http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/66727/1/Marco-referencial.pdf>.
Acesso em: 12 maio 2013.
http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/b...
; Tavares, 2009TAVARES, E. D. Da agricultura moderna à agroecologia: análise da
sustentabilidade de sistemas agrícolas familiares. Fortaleza: Banco do Nordeste do
Brasil; Emprapa, 2009.; Nodari e Guerra, neste
volumeNODARI, R. O.; GUERRA, M. P. A agroecologia: estratégias de pesquisa e
valores. Estudos Avançados, São Paulo, v.29, n.83, p. 183-207, 2015. [Neste
volume]); e o uso e o desenvolvimento da AE fazem parte dos programas de vários
movimentos sociais e de grupos de agricultores no Brasil que
sustentam{VJSDPS}.1ALTIERI, M. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura
sustentável. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1998. Além disso, em
sintonia com propostas de organizações internacionais, existem programas e políticas do
governo brasileiro e agências públicas para a extensão do uso da AE. Por exemplo, a
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) dá apoio a um grupo de
pesquisadores para desenvolver projetos de AE (Embrapa,
2006EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Marco referencial
em agroecologia. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2006. Disponível em:
<http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/66727/1/Marco-referencial.pdf>.
Acesso em: 12 maio 2013.
http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/b...
; Tavares, 2009TAVARES, E. D. Da agricultura moderna à agroecologia: análise da
sustentabilidade de sistemas agrícolas familiares. Fortaleza: Banco do Nordeste do
Brasil; Emprapa, 2009.), e a Sistema de
Produção Agroecológica, Integrada e Sustentável (Spais) é um dos programas implementados
pela Rede de Tecnologia Social (Jesus,
2014JESUS, V. M. B. Para além da "apropriação": disputas entre
racionalidades e construção de novos códigos técnicos em uma experiência de
tecnologia social. 2014. Tese (Doutorado em Geologia) - Instituto de Geociências,
Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2014.).2DE SCHUTTER, O. Report of the special rapporteur on the right to food.
Human Rights Council. Assembleia Geral das Nações Unidas, 24 jan. 2014. Disponível
em:
<http://www.srfood.org/images/stories/pdf/officialreports/20140310_finalreport_en.pdf>.
Acesso em: 12 maio 2014.
http://www.srfood.org/images/stories/pdf...
Finalmente, a Presidência da
República decretou em 2012 a instituição da Política Nacional de Agroecologia e Produção
Orgânica (PNAPO), que tem o "objetivo de integrar, articular e adequar políticas,
programas e ações indutoras da transição agroecológica e da produção orgânica e de base
agroecológica, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida da
população, por meio do uso sustentável dos recursos naturais e da oferta e consumo de
alimentos saudáveis" (PR, 2012PR - PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Decreto n.7.794, 20 agosto 2012.
Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Decreto/D7794.htm>.
Acesso em: 12 maio 2014.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_At...
); e em 2013, o
Ministério do Desenvolvimento Agrário publicou o plano para implementar essa política
(MDA, 2013MDA - MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. Brasil agroecológico: plano
nacional de agroecologia e produção orgânica - Planapo, 2013. Disponível em:
<http://portal.mda.gov.br/portal/arquivos/view/BrasilAgroecologico_Baixar.pdf>.
Acesso em: 12 maio 2014.
http://portal.mda.gov.br/portal/arquivos...
).
Referências
- ALTIERI, M. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1998.
- DE SCHUTTER, O. Report of the special rapporteur on the right to food. Human Rights Council. Assembleia Geral das Nações Unidas, 24 jan. 2014. Disponível em: <http://www.srfood.org/images/stories/pdf/officialreports/20140310_finalreport_en.pdf>. Acesso em: 12 maio 2014.
» http://www.srfood.org/images/stories/pdf/officialreports/20140310_finalreport_en.pdf - EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Marco referencial em agroecologia. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2006. Disponível em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/66727/1/Marco-referencial.pdf>. Acesso em: 12 maio 2013.
» http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/66727/1/Marco-referencial.pdf - FAO - ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDOS PARA AGRICULTURA E ALIMENTAÇÃO. Ano Internacional de Agricultura Familiar 2014. Disponível em: <http://www.fao.org/family-farming-2014/pt/>. Acesso em: 12 maio 2013.
» http://www.fao.org/family-farming-2014/pt/ - GARCIA, S. G. A tecnologia social como alternativa para a reorientação da economia. Estudos Avançados São Paulo, v.28, n.82, dez. 2014. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142014000300015&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em: 20 mar. 2015, e: <http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142014000300015>.
» http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142014000300015&lng=pt&nrm=iso - JESUS, V. M. B. Para além da "apropriação": disputas entre racionalidades e construção de novos códigos técnicos em uma experiência de tecnologia social. 2014. Tese (Doutorado em Geologia) - Instituto de Geociências, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2014.
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- _______. Valores a atividade científica 2. São Paulo: Associação Filosófica Scientiae Studia; Editora 34, 2010.
- _______. Pluralismo metodológico, incomensurabilidade, e o status científico do conhecimento tradicional. Scientiae Studia, v.10, n.3, p.425-53, 2012.
- _______. Food sovereignty and safeguarding food security for everyone: issues for scientific investigation. In: CONGRESSO "FOOD SOVEREIGNTY: A CRITICAL DIALOGUE". Yale University, 14 set. 2013. Disponível em: <http://www.yale.edu/agrarianstudies/foodsovereignty/papers.html#lacey>. Acesso em: 12 maio 2014.
» http://www.yale.edu/agrarianstudies/foodsovereignty/papers.html#lacey - LACEY, H.; MARICONDA, P. R. O modelo da interação entre as atividades científicas e os valores na interpretação das práticas científicas contemporâneas. Estudos Avançados, São Paulo, v.28, n.82, p.181-99, 2014.
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- MDA - MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. Brasil agroecológico: plano nacional de agroecologia e produção orgânica - Planapo, 2013. Disponível em: <http://portal.mda.gov.br/portal/arquivos/view/BrasilAgroecologico_Baixar.pdf>. Acesso em: 12 maio 2014.
» http://portal.mda.gov.br/portal/arquivos/view/BrasilAgroecologico_Baixar.pdf - PR - PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Decreto n.7.794, 20 agosto 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Decreto/D7794.htm>. Acesso em: 12 maio 2014.
» http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Decreto/D7794.htm - REIS DA SILVA, A. T. A conservação da biodiversidade entre os saberes da tradição e a ciência. Estudos Avançados, São Paulo, v.29, n.83, p. 233-59, 2015. [Neste volume]
- SCHUTTER, O. de Report of the Special Rapporteur on the right to food. Human Rights Council, Assembléia Geral das Nações Unidos, 24/1/2014. Disponível em: http://www.srfood.org/images/stories/pdf/officialreports/20140310_finalreport_en.pdf.
» http://www.srfood.org/images/stories/pdf/officialreports/20140310_finalreport_en.pdf - TAVARES, E. D. Da agricultura moderna à agroecologia: análise da sustentabilidade de sistemas agrícolas familiares. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil; Emprapa, 2009.
- VANDERMEER, J. H. The ecology of egroecosystems. Boston: Jones and Bartlett, 2011.
- VIA CAMPESINA. Plataforma da Via Campesina para a agricultura, 26 maio 2010. Disponível em: <http://www.mst.org.br/Via-Campesina-apresenta-plataforma-para-agricultura>. Acesso em: 13 maio 2014.
» http://www.mst.org.br/Via-Campesina-apresenta-plataforma-para-agricultura
-
1
Para exemplos do sucesso de agricultores familiares na prática da AE no Brasil, ver o site e o boletim semanal, Agricultura Familiar e Agroecologia, da AS-PTA: <http://aspta.org.br/>.
-
2
Podem-se encontrar as informações desse programa no site: <http://www.rts.org.br/>.
-
Hugh Lacey é mestre em História e Filosofia da Ciência pela Universidade de Melbourne, PhD. em História e Filosofia da Ciência pela Universidade de Indiana, Scheuer Family Professor de Filosofia Emeritus no Swarthmore College, Pensylvania, Estados Unidos, Pesquisador Colaborador do Projeto Temático Fapesp 2011/51614-3: "Gênese e significado da tecnociência: das relações entre ciência, tecnologia e sociedade" e membro do Grupo de Pesquisa em Filosofia, História e Sociologia da Ciência e da Tecnologia do IEA-USP. @ - hlacey1@swarthmore.edu
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
Jan-Apr 2015
Histórico
-
Recebido
26 Maio 2014 -
Aceito
31 Jul 2014